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Redacção

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Nos últimos dias, o Dólar dos Estados Unidos da América chegou a custar quase 70 Meticais. O custo elevado do Dólar resulta da menor circulação da moeda, em altura de maior procura, facto que sufoca e desvaloriza o Metical.

 

Contudo, para o vice-Governador do Banco de Moçambique, Víctor Gomes, a actual desvalorização da nossa moeda não pode ser vista como um problema.

 

“É natural. Se olhar para a história do país irá ver que esse ciclo é sempre permanente. Sempre neste período. Não é um problema”, afirmou Gomes, sem adiantar mais detalhes, momentos antes da investidura do Presidente da República para o segundo e último mandato.

 

Embora a desvalorização do Metical face ao Dólar seja maior após a quadra festiva, o problema tem-se verificado há vários anos e, principalmente, depois que em 2016 os doadores congelaram o financiamento ao Estado, por causa da descoberta das “dívidas ocultas”.

 

Referir, por exemplo, que o próprio Banco Central relatou em Dezembro de 2019 que, até ao décimo mês do ano, o Metical depreciou face ao Dólar 4,26%, devido em parte à fraca produção da economia do país, o que resultou em maiores importações, em detrimento das exportações.

 

Por outro lado, agentes económicos têm acusado as medidas do regulador do sistema, em restringir o livre uso da moeda estrangeira em transacções domésticas como outro factor que contribui para desvalorização do Metical face ao Dólar.

 

Perante o actual estado do Metical, o vice-Governador do Banco de Moçambique garantiu, na ocasião, que a instituição que dirige vai continuar, no próximo quinquénio, a desenvolver acções com vista ao fortalecimento da nossa moeda, através da estabilização de preços. (Evaristo Chilingue)

quinta-feira, 16 janeiro 2020 06:43

Requerer energia eléctrica passará a ser gratuito

Actualmente, requerer energia eléctrica à Electricidade de Moçambique (EDM) custa no mínimo 3500 Meticais – isto sem incluir outros valores cobrados, ilegalmente, pelos técnicos daquela empresa pública, fruto de esquemas de corrupção.

 

Contudo, os cidadãos moçambicanos não mais vão pagar aquela taxa, pois, doravante, requerer energia eléctrica passará a ser gratuito. A promessa foi anunciada ontem, pelo Presidente da República Filipe Nyusi no seu discurso de investidura para o segundo mandato, que termina em 2024.

 

“Para eliminar a barreira da falta de poder económico das famílias para aceder à energia eléctrica, o meu governo irá eliminar a taxa cobrada para os requerentes de novas ligações. Esta medida será implementada ainda este ano”, afirmou o Chefe de Estado durante a apresentação das promessas do seu Governo, para os próximos cinco anos.

 

E porque requerer energia tem sido muito caro para as famílias, a promessa de Nyusi mereceu uma salva de palmas de milhares de moçambicanos que presenciaram a tomada de posse. 

 

Durante o discurso, o PR explicou que a isenção da referida taxa deriva da necessidade de promover ainda mais a electrificação do país, um dos principais desafios do seu governo.


E porque a agenda é “Desenvolver Moçambique”, o Chefe de Estado sublinhou que a energia eléctrica deverá, nos próximos cinco anos, cumprir o seu papel de impulsionador do desenvolvimento social e económico, assegurando o apoio ao crescimento da agricultura e da industrialização.

 

Para o próximo quinquénio, Nyusi prometeu aumentar a disponibilidade de energia, promovendo investimentos públicos e privados que assegurem, pelo menos, mais 600 Megawatts, em novas infra-estruturas de geração.

 

“Vamos garantir uma contribuição cada vez maior das energias renováveis. Prosseguiremos com a expansão e reforço da rede eléctrica nacional, e a construção dos primeiros sectores de 50 km da nova espinha dorsal do sistema de transporte de electricidade de alta tensão a 400 KV".(Evaristo Chilingue)

quinta-feira, 16 janeiro 2020 06:28

Retrato da Cerimónia de Investidura de Filipe Nyusi

Tomou posse na manhã desta quarta-feira o Presidente da República, Filipe Nyusi, eleito nas eleições de 15 de Outubro último. Filipe Nyusi, que vai para o seu segundo mandato, é, na verdade, o terceiro presidente de Moçambique, desde a introdução do multipartidarismo no país.

 

E por se tratar de um momento único e impar da história da jovem história do país, “Carta” descreve, nas próximas linhas e de forma minuciosa, a cerimónia de investidura daquele que é o quarto presidente de Moçambique, isto contando com Samora Machel (na era da República Popular), Joaquim Chissano e Armando Guebuza.

 

Saída da ponta vermelha

 

Oficialmente, tal como vinha descrito no programa oficial, a cerimónia de investidura tinha o seu início marcado para as 9 horas. E tal como previsto, assim aconteceu. A cerimónia iniciou. Mas, muito antes da hora marcada, os convidados à cerimónia foram chegando ao local do evento, no caso a Praça de Independência, na cidade de Maputo, onde também, há anos, foram investidos os dois anteriores estadistas, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza.

 

Números de diversos grupos culturais preencheram o período que antecedeu a chegada do Presidente Eleito ao local do evento. Em meio aos cânticos e danças típicas das diversas províncias do país, os convidados (os dois antigos estadistas moçambicanos, Chefes de Estados estrangeiros, deputados da Assembleia da República, antigos governantes, antigos combatentes e pessoas singulares) iam compondo a praça da Independência.

 

Quando eram 9 horas e 40 minutos, Filipe Nyusi saía do interior do Palácio da Ponta Vermelha, a residência oficial do Chefe de Estado. Acompanhado da sua esposa, Isaura Ferrão Nyusi, dirigiu-se até a viatura que estava estacionada defronte a entrada da sua residência oficial. Cinco minutos depois, o Presidente eleito e ainda em exercício, iniciou a sua marcha rumo à Praça de Independência, mas antes de deixar a Ponta Vermelhe, mesmo na entrada, recebeu a saudação protocolar da guarda presidencial.

 

Para chegar a Praça da Independência, seguiu a Av. Julius Nyerere, Eduardo Mondlane, Karl Max, cortou a Av. 24 de Julho e foi desaguar na Av. Ho chi Min. As 9horas e 59 min, Filipe Nyusi chegava finalmente ao local da cerimónia. Depois de uma pequena confusão com o protocolo (a primeira dama estava desorientada mesmo à entrada da tribuna presidencial), Filipe Nyusi parou no tapete vermelho para entoar o hino nacional e, seguidamente, precisamente quando eram 10:04h passar em revista a guarda honra, composta por oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

 

Seguidamente, seguiu a tribuna Presidencial. Às 10:07h, Filipe Nyusi procedia a devolução dos símbolos do poder, nomeadamente, a Constituição da República (CR), Bandeira Nacional, o Emblema Nacional, o Pavilhão Presidencial e o Martelo à Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro.

 

Depois da entrega dos símbolos do poder, seguiu-se o momento das orações, onde perfilaram algumas congregações religiosas. Aliás, é de notar que, enquanto decorriam as orações, e largamente fora da hora convencionada, Hage Geingob e Paul Kagame, Presidentes da Namíbia e Ruanda, respectivamente, chegaram ao local do evento e entraram para tenda das individualidades “pela porta dos fundos”. Geingob chegou as 10 horas e 10 minutos e Kagame as 10 horas e 15 minutos.

 

Findas as orações, iniciou-se a leitura dos poemas laudatórios, isto quando o relógio já marcava 10 horas e 27 min e estendeu-se até por volta das 10:40 horas.

 

Início da Cerimónia de investidura (10 e 43 min)

 

Às 10:41h iniciava o acto de investidura do novo Presidente da República. A Presidente do CC é quem conduziu, tal como manda a Constituição da República. Lúcia Ribeiro convidou ao Juiz Conselheiro, Mateus Saize, para conferir a identidade do cidadão Filipe Nyusi.

 

Quando eram 10:43h, Filipe Nyusi iniciava a leitura juramento, tendo no final assinado o referido documento. Enquanto procedia a assinatura do juramento, o grupo cultural das FADM entoava uma clássica canção tsonga, comumente entoada nos cultos e encontros familiares, no sul do país. Seguidamente, Mateus Saize leu o auto de investidura que posteriormente foi entregue à Filipe Nyusi para que pudesse assinar, acto que foi acompanhado, igualmente, pela referida canção do grupo cultural das FADM.

 

Às 10:50h, a Presidente do CC procedia a entrega dos símbolos do poder (Constituição da República; Bandeira Nacional, Emblema da República, Pavilhão Presidencial e Martelo). Dois minutos depois, Lúcia Ribeiro declarava investido o cidadão Filipe Nyusi ao cargo de Presidente da República.

 

Terminada a investidura, seguiu-se, as 10:53 horas, a apresentação das individualidades convidadas ao evento com destaque para os Chefes de Estados e de Governos, nomeadamente, Jorge Carlos Fonseca (Cabo Verdade); Paul Kagame (Ruanda); Edgar Lungo (Zâmbia); MoKgweetsi Masisi (Botswana); Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal); João Lourenço (Angola); Emmerson Mnangagua (Zimbabwe); Cryil Ramophosa (África do Sul); Hage Geingob (Namíbia); Edward Ssekandi (vice-presidente do Uganda) e Kassim Majaliwa (Primeiro-Ministro da Tanzania).

 

Enquanto aguardava-se pelo discurso do já Presidente da República, para o mandato 2020-2014, o protocolo convidou aos presentes a assistir a mais um momento cultural. O bailado foi encabeçado pelo conceituado músico moçambicano Stewart Sukuma.

 

Finalmente, quando eram 11 horas e 26 minutos, Filipe Nyusi dirige-se à Nação, já na qualidade de Presidente da República. Na sua inervação começou por passar em revista os seus primeiros cinco anos em que esteve a frente dos destinos do país, destacado que muito teria sido feito, senão fosse choques climáticos (seca e cheias), a retirada do apoio dos parceiros internacionais e os ciclones IDAI e Keneth. Apesar deste quadro desfavorável, “ganhos importantes foram alcançados nestes primeiros cinco anos”.

 

Para o quinquénio que hoje iniciou, Filipe Nyusi garantiu que tudo fará para que Paz e a concórdia prevaleçam no país. “Fome Zero, Trabalho e Emprego” são os principais desafios assumidos por Filipe Nyusi para os próximos cinco anos, atirando que não vai poupar as suas energias de modo a que esses obstáculos sejam ultrapassados. O discurso de Filipe Nyusi teve a duração de quase 1 hora de tempo.

 

Depois do Discurso de Investidura, novamente, assistiu-se a um momento cultural, isto por volta das 12h:25 min. O grupo continuadores foi que em preencheu o momento.

 

Pelas 12.32 horas, Filipe Nyusi descia do palanque principal para entoar o hino nacional que foi acompanhado por 21 salvas de canhão, um momento que durou cinco minutos. Seguidamente, o Chefe de Estado passou, novamente, em revista a guarda de honra.

 

Depois de passar em revista a guarda de honra, Filipe Nyusi regressou à tribuna presidencial, de onde assistiu ao desfile dos ramos que compõem as Forças de Defesa e Segurança, em saudação ao Comandante em Chefe. A Parada Militar iniciou as 12 horas e 41 minutos e prolongou-se até as 12 horas e 55 minutos, momento em que o Mestre de Cerimónia anunciou o término Oficial da cerimónia.

 

O Presidente da República retirou-se do local as 12:58h para o Palácio Presidencial, onde ofereceu almoço aos seus convidados. De acordo com a organização do evento, cerca de 3 mil pessoas assistiram, no local, a cerimónia de investidura do Presidente da República. (I.B)

O antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, defendeu que a única saída para os conflitos que se vivem no centro e norte de Moçambique é que haja união entre os moçambicanos. Chissano respondia, assim, a uma questão colocada pela imprensa, relativamente aos possíveis caminhos conducentes a uma paz efectiva.

 

Para Joaquim Chissano, a solução passa por “todos os moçambicanos, sem distinção de cor partidária, estarmos unidos para encontrarmos formas de acabar com estes conflitos. O conflito do centro é diferente do conflito do norte, mas a solução é a mesma. No norte acrescentamos a necessidade de uma maior cooperação com a comunidade internacional, sendo os nossos vizinhos em primeiro lugar”.

 

Numa outra passagem da breve entrevista que concedeu aos media, Chissano defendeu que “o Presidente Nyusi deve falar menos e fazer mais”.

 

Relativamente à aposta do novo executivo em apontar a empregabilidade da juventude como prioridade, Chissano disse: “emprego é uma questão de desenvolvimento, portanto, como nós estamos optimistas que o desenvolvimento deve acontecer a breve trecho, obviamente que há que priorizar o emprego, até porque emprego não é coisa que se compra na loja e depois distribui-se, mas sim é algo que se cria conforme o desenvolvimento”.

 

Joaquim Chissano explicou que tudo depende da juventude, pois esta já foi ensinada a inventar e inovar, incluindo inventar o que fazer, para satisfazer a sua vida e a de seus amigos.

 

“Temos tudo que é necessário no país, temos a terra, temos um clima que, apesar de variações, não é dos piores no mundo, temos uma juventude com todas as escolas necessárias. Ensinamo-los a ser empresários, a ser empreendedores, por isso, mandamo-los para a escola, porque nós não sabíamos fazer tudo isso”, adiantou o antigo estadista moçambicano.

 

Acrescentando o posicionamento acima citado, Joaquim Chissano instou os jovens a usarem os conhecimentos científicos e tecnológicos adquiridos para inventarem e inovarem para que possam criar autoemprego e emprego para os outros, embora o governo esteja empenhado em trazer investimentos como tem feito.

 

De acordo com o antigo presidente, o desenvolvimento da economia moçambicana depende da entrega da juventude e do trabalho que o governo tem feito ao longo dos anos, tal como foi o caso da renovação de regadios, a construção de estradas e pontes, a expansão da energia e a criação de bases de desenvolvimento que a juventude deve usar. (O.O)  

“Espero que haja paz e que haja desenvolvimento”. Este é o desejo manifestado pelo antigo Chefe de Estado, Armando Guebuza, quando questionado pela “Carta” em relação às suas expectativas, relativamente aos próximos cinco anos de Filipe Jacinto Nyusi na Presidência da República.

 

Falando a jornalistas momentos antes do início da cerimónia de investidura de Filipe Nyusi ao cargo de Presidente da República para o quinquénio 2020-2024, Armando Guebuza defendeu, de forma reiterada, que o maior desafio deste quinquénio é alcançar-se a paz que os moçambicanos tanto perseguem.

 

“Que este seja um momento que vai garantir que, efectivamente, o grande desejo do povo moçambicano se alcance, isto é, a paz em todo Moçambique e maior unidade nacional para alcançarmos o desenvolvimento”.

 

Questionado pela “Carta” sobre o que estará a falhar para que os sucessivos Acordos de Paz, assinados, sequencialmente, por Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama (1992), Armando Guebuza e Afonso Dhlakama (2014) e Filipe Nyusi e Ossufo Momade (2019) não tenham tido sucesso desejado, o antigo estadista respondeu:

 

“Pode ser uma das pessoas que pode esclarecer o que está a falhar, mas o certo é que, infelizmente, apesar dos esforços que foram feitos, neste sentido, ainda não alcançamos a paz. Os moçambicanos morrem. Não se podem movimentar por todo o país, por isso esse é objectivo central: alcançarmos a paz”.

 

Para Armando Guebuza, alcançar a paz é a condição sine qua non para que se cumpra o manifesto desenhado pelo seu partido (Frelimo) para os próximos cinco anos.

 

Lembre-se que foi durante a governação de Armando Guebuza que recrudesceu a violência armada na zona centro do país, concretamente, na Serra da Gorongosa, caracterizada por ataques militares protagonizados por homens da Renamo, na altura liderados pelo falecido Afonso Dhlakama, então Presidente daquela formação política. A intolerância e a exclusão políticas eram apontadas, pela liderança da Renamo, como os principais motivos para o regresso às armas. (A.M.)

"Não podemos criticar nos outros, aquilo que achamos aceitável a nível pessoal. Transformar o mundo só pode acontecer quando tivermos a coragem de nos mudarmos a nós próprios. Os maiores constrangimentos, se queremos ser verdadeiros, estão dentro de nós, no nosso modo de pensar, de trabalhar e julgar o mundo. Precisamos de deixar de culpar os outros para explicar as nossas próprias dificuldades”. Estas foram as palavras encontradas por Filipe Jacinto Nyusi para iniciar a avaliação dos seus primeiros cinco anos de governação, iniciados a 15 de Janeiro de 2015.

 

Sem citar as “dívidas ocultas”, que motivaram a suspensão do apoio ao Orçamento de Estado pelos parceiros internacionais, em 2016, Filipe Nyusi justificou o seu desempenho no primeiro mandato com a seca prolongada que se verifica na zona sul; cheias na zona norte; ciclones tropicais (Idai e Kenneth), que tiveram lugar no último ano do seu mandato; a queda dos preços dos principais produtos de exportação no mercado internacional; a suspensão do apoio ao Orçamento de Estado pelos parceiros internacionais – sem explicar os motivos – e os ataques militares que se verificam na zona centro do país e na província de Cabo Delgado.

 

Segundo o Chefe de Estado, o peso conjugado de todos estes factores “poderia criar condições para que a nossa governação não desse certo”, porém, “fomos capazes não apenas de resistir, mas de manter a mão segura no leme do barco onde todos nós viajamos”.

 

Filipe Jacinto Nyusi foi investido esta quarta-feira, 15 de Janeiro de 2020, para mais um mandato na Alta Magistratura da Nação Moçambicana: a Presidência da República. Eram 10 horas e 43 minutos, quando o Estadista moçambicano, reeleito no escrutínio do passado dia 15 de Outubro de 2019, jurou, por sua honra, “respeitar e fazer respeitar a Constituição, desempenhar com fidelidade o cargo de Presidente da República de Moçambique, dedicar todas as minhas energias à defesa, promoção e consolidação da unidade nacional, dos direitos humanos, da democracia e ao bem-estar do povo moçambicano e fazer justiça a todos os cidadãos”.

 

O juramento, prestado perante os deputados da Assembleia da República, titulares dos órgãos de soberania e Chefes de Estados e de Governos de alguns países, marcava assim o início de mais um mandato em frente dos destinos da República de Moçambique, depois de os ter conduzido entre os anos 2015-2019.

 

“Renovo o meu compromisso em respeitar a Constituição e actuar sempre como Presidente de todos os moçambicanos, sem distinção ou com base em simpatias, filiação política, região de origem, etnia, religião, género, raça ou outro tipo de descriminação”, garantiu a fonte, no seu primeiro discurso como Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para o presente quinquénio: 2020-2024.

 

No seu discurso, proferido em quase uma hora, a partir da Praça da Independência, na capital moçambicana, Maputo, local onde decorreu a cerimónia de investidura, Nyusi reiterou o compromisso assumido a 15 de Janeiro de 2015, quando recebeu, pela primeira vez, os símbolos do poder (Bandeira Nacional, Constituição da República, Emblema Nacional, Pavilhão Presidencial e Martelo), de “trabalhar pelo Moçambique que todos sonhamos”.

 

Assim, assegurou o Chefe de Estado, “a nossa agenda é desenvolver Moçambique” e sublinha que “esse desenvolvimento não seja feito à custa da injustiça, da prepotência e da desigualdade”.

 

Segundo Filipe Nyusi, a visão apresentada em 2015 foi considerada “ambiciosa”, com uma “fasquia demasiado elevada”, porém, terminado o primeiro ciclo de governação, “podemos afirmar que esses nossos compromissos estiveram à altura da vontade e da capacidade de realização dos moçambicanos”.

 

“Dissemos, por exemplo, que faríamos prevalecer o diálogo construtivo com todas as forças vivas da nossa sociedade. Dissemos então que teríamos de instalar em todo o país uma cultura que recusasse a intolerância, de uma cultura que recusasse o ódio. Se queríamos paz não podíamos continuar a ver a diferença política como um motivo ameaça”, elencou algumas promessas, para depois anunciar alguns dos resultados conquistados.

 

“As negociações iniciadas com o falecido Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, permitiram dar um passo importante para a paz e estabilidade política. Essa foi a plataforma que permitiu a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades e o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Os consensos alcançados conduziram à tomada de medidas concretas, como a aprovação dos pacotes relativos à descentralização”, defendeu o Chefe de Estado.

 

Para o Presidente da República, a paz “foi e será a nossa prioridade absoluta”. Neste mandato, assegura Nyusi, continuará a apostar na preservação da paz como condição indispensável do desenvolvimento.

 

“Continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e promover a paz. Estimularemos o diálogo franco e aberto como mecanismo privilegiado de prevenção e resolução de conflitos e promoção da coesão nacional. Continuaremos a implementar acções que visam a valorização da nossa diversidade etnolinguística, religiosa e racial como nação una e indivisível e orgulhosa da sua diversidade. A nossa soberania não será nunca negociada ou hipoteca”, garantiu Filipe Nyusi perante mais de cinco mil pessoas presentes na Praça da Independência, entre convidados, jornalistas, seguranças e anónimos.

 

Num discurso quase contraditório à realidade vivida nos primeiros cinco anos de governação, em que académicos e membros de partidos políticos da oposição foram agredidos e outros assassinados por criticarem a governação do “dia”, Filipe Nyusi insistiu que não se pode ter medo de “quem pensa diferente”.

 

“O pensar diferente é uma riqueza. É no pensar diferente que encontramos alternativas para solucionar os nossos problemas. Os tratados e acordos são imprescindíveis para sanar conflitos. Mas, é no respeito pelos que pensam diferente que está o segredo da verdadeira reconciliação dos irmãos moçambicanos”, defendeu.

 

Aliás, no seu discurso, Nyusi fez questão de “saudar” os cidadãos que não votaram no seu projecto de governação, afirmando que “uma nação é feita destas diferenças”. “De uma vez por todas, temos de tomar essas diferenças como uma mais-valia para aquilo que é o nosso destino comum e que é sempre uma nação, onde todos se sintam em casa, onde todos sejam parte da mesma família”.

 

Lembre-se que Filipe Nyusi foi investido no cargo de Presidente da República, após vencer as VI Eleições Presidenciais que tiveram lugar no passado dia 15 de Outubro de 2019, com 73% do total dos votos, validamente expressos. Em segundo lugar, com 21,88%, esteve o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, enquanto Daviz Simango, Líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), obteve 4,38%. Mário Albino, candidato pela Ação de Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI), conquistou apenas 0,73%. (Abílio Maolela)

À margem da cerimónia de investidura do Presidente da República Filipe Nyusi, a activista e membro sénior do partido Frelimo, Graça Machel, defendeu que “para além de trazer grandes expectativas, o novo ciclo de governação terá também de enfrentar grandes desafios, entre as quais as calamidades naturais, a paz e a segurança”.

 

Para Graça Machel: “o maior desafio é aquilo que é trazido pelas calamidades naturais: nós temos neste momento as zonas centro e norte com cheias, com quebras de estradas, de pontes e energia. E portanto, a reconstrução disso tudo vai desviar os recursos que nós devíamos usar para andar para frente. Teremos de repor aquilo que está a ser destruído pelas calamidades naturais” considerou. 

 

E disse mais: “o impacto disso nas pessoas é muito grande, especialmente no que respeita à produção de alimentos, que é a condição básica para a sobrevivência. Vai ser um grande desafio. Na zona sul temos uma seca devastadora, portanto, o país vai para esta segunda governação com desafios de sobrevivência – este é o primeiro ponto que me preocupa”.

 

Relativamente ao controlo da situação da guerra no norte do país, a activista mostrou certo cepticismo, referindo: “O segundo desafio é a questão da paz e da segurança: não estamos claros que a situação da guerra que nos é imposta na zona norte do país esteja sob controlo. Nós, sim, trabalhamos pela paz, mas aparentemente temos desafios grandes para conseguir a estabilidade, harmonia e paz social, em particular na zona norte do país”.

 

Graça Machel entende ainda: “as grandes expectativas são de que nós agora temos grandes investimentos que estão a acontecer e vão ter impacto a partir de 2021, 22 ou 23, mas, neste momento, a prioridade são os desafios que mencionei acima”.

 

Questionada a respeito da instabilidade no centro do país, Graça Machel exortou os órgãos de comunicação social presentes a remeterem a questão aos dirigentes da Renamo. (O.O)

O Presidente Filipe Nyusi foi investido ontem para mais um mandato de cinco anos. Face a esta nova etapa governativa, “Carta” ouviu a antiga Primeira-ministra de Moçambique, Luísa Diogo, o economista e presidente do Conselho de Administração Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá, e o escritor moçambicano, Mia Couto.

 

Para Luísa Diogo, “o discurso foi a reafirmação do compromisso de Sua Excia presidente Filipe Jacinto Nyusi para com a nação moçambicana, para com o seu povo. Foi um discurso para nos recordarmos que o nosso trabalho é para frente, com uma grande visão, muita clareza e um enfoque muito grande nesta questão do trabalho, para cada um de nós e para todos os moçambicanos. E também para empoderar-nos, no sentido de que nós temos responsabilidades no desenvolvimento do país”.

 

Luísa Diogo entende que o discurso do PR foi completo porque trouxe elementos de confiança e certeza, que preparam os moçambicanos para os próximos cinco anos. Diogo mostra confiança na liderança de Filipe Nyusi, no novo governo e considera que, com ele, os moçambicanos poderão alcançar os seus sonhos e começar a construir aquela base segura para o futuro.



“Estamos ainda a construir a nossa nação”, disse a antiga governante, para quem o presidente Nyusi está a dar passos e a tomar medidas históricas de modo a fazer de Moçambique um país sólido.

 

Para a antiga PM, Filipe Nyusi “está a trabalhar na consolidação das instituições, na consolidação da paz, na promoção da harmonia social, fraternidade e inclusão” e considera que o reconhecimento das diferenças entre as pessoas é uma riqueza e não uma fraqueza nossa. A entrevistada disse ainda que cada moçambicano deve saber aproveitar tudo isto para construir Moçambique.

 

Por sua vez, Omar Mithá, PCA da ENH, entende que os pontos apresentados pelo presidente Filipe Nyusi, relativamente às questões macroeconómicas, nomeadamente no que tange à industrialização, agricultura e inclusão demonstram que é possível transformar o capital humano moçambicano.

 

Mithá realçou que é importante que se acautelem os aspectos realçados pelo Chefe do Estado como “a prevenção da responsabilização, da independência, da honestidade, da transparência, da gestão destes fundos para que estes beneficiem, de facto, todos os moçambicanos”.

 

Já o escritor Mia Couto disse ter uma grande esperança e fé, pois, a seu ver, há novas condições para que o país avance, sobretudo a partir da atitude do presidente da República, que é um convite para que se ponha fim à «cultura de confronto, à cultura de quem não escuta o outro e de quem não respeita as diferenças.

 

Para Mia Couto, esta atitude do PR é essencial porque “vamos virar uma página. O presidente está a dizer que a democracia também é feita escutando os que são minoria e que estes podem também ter razão, logo, é preciso que a verdade não tenha cor partidária”.  

 

Questionado sobre o conflito em Cabo Delgado, Mia Couto disse que é um assunto que foge ao nosso domínio e compreensão. Mas considera que, em relação ao centro, é possível resolver-se porque existe uma entidade com a qual se pode dialogar, o que não acontece no norte do país. Relativamente ao conflito no centro, o escritor entende que Filipe Nyusi conseguiu dialogar com a Renamo, e que há uma parte dela que se mostra aberta a cumprir o acordo.

 

Para Couto, a instabilidade que se vive em Moçambique não é incomum e acontece em vários cantos do mundo, principalmente quando há um acordo de paz: aparecem sempre grupos beligerantes que se demarcam e querem dar continuidade ao conflito, daí que acredita que o conflito no centro seja uma situação temporária. (O.O)           

Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse ontem que está disposto a dar a vida pela preservação da paz no país, considerando esse compromisso uma prioridade absoluta.

 

"No mandato que agora começa, continuaremos a apostar na preservação da paz, como condição indispensável do desenvolvimento, continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e promover a paz", insistiu Filipe Nyusi, no seu discurso de tomada de posse para um segundo e último mandato na Presidência da República.

 

A paz foi e será a prioridade absoluta nos próximos cinco anos, tal como foi no primeiro mandato, referiu o chefe de Estado moçambicano.

 

Filipe Nyusi prometeu estimular o diálogo franco e aberto com todas as forças políticas e sociais, como mecanismo privilegiado de preservação e resolução de conflitos e promoção da coesão nacional.

 

"A nossa força vem da nossa diversidade e da nossa riqueza social e cultural, continuaremos a implementar ações que visam a valorização da nossa diversidade etnolinguística, religiosa e racial, como nação una e indivisível", assinalou, num discurso várias vezes aplaudido pelo público presente.

 

O chefe de Estado moçambicano defendeu que a diferença de opinião é um valor que deve ser estimulado, porque é gerador de alternativas na solução dos problemas do país.

 

O aprofundamento das instituições democráticas e a consolidação do processo de descentralização serão também os pilares do ciclo governativo que se iniciou hoje, apontou o chefe de Estado.

 

"Não haverá inclusão nem participação dos cidadãos nos processos da governação, se cada um dos moçambicanos não tiver as mesmas oportunidades de acesso aos serviços públicos, à justiça e aos recursos nacionais", destacou.

 

Filipe Nyusi abordou o tema da corrupção, assinalando que o seu Governo vai apostar no combate a este mal, mas repudiando a "caça às bruxas".

 

"Não haverá pequenos e grandes corruptos, tocáveis ou intocáveis. Neste exercício de combate à corrupção, nos distanciaremos dos que pretendem substituir a ação institucional da justiça por uma operação de caça às bruxas", frisou o Presidente moçambicano.

 

Os funcionários públicos, empresas públicas e privadas devem atuar com integridade, ética e deontologia profissional, visando consolidar a cultura de transparência, prestação de contas e responsabilização, acrescentou.

 

Filipe Nyusi apontou a criação do emprego, principalmente para os jovens, como um dos eixos da sua governação e pilar para o desenvolvimento e estabilidade.

 

"Moçambique é um país de jovens, não haverá desenvolvimento de Moçambique sem o envolvimento de jovens", sublinhou.

 

Nesse sentido, prosseguiu, será intensificada a aposta na edução e formação profissional dos jovens, bem como o seu envolvimento no espaço político e na produção e produtividade.

 

"Ligado à Presidência, funcionará um gabinete que irá lidar, de forma exclusiva e diretamente com os assuntos relacionados com a juventude e emprego", anunciou o chefe de Estado moçambicano.

 

O Presidente moçambicano concluiu o seu discurso de investidura com a frase que mais tem pronunciado nos últimos tempos.

 

"Sempre disse e continuo a dizer que Moçambique tem tudo para dar certo", concluiu.(Lusa)

A Insurgência em Cabo Delgado está a ser motivo para as Forças de Defesa e Segurança se aproveitarem da situação e, à margem da lei, estabelecerem mecanismos para usurpar cidadãos e empresas ao longo das estradas.

 

É um facto. Algumas empresas pagaram às FDS posicionadas no posto de controlo de Awasse, no distrito de Mocímboa da Praia, valores que variam entre 8 e 10 mil meticais, para garantir que a sua mercadoria fosse escoltada daquele posto policial até às zonas de Miangalewa e de Mocímboa da Praia. Hoje estas zonas são consideradas de alto risco e propensas a ataques pelos insurgentes.

 

Um motorista de uma companhia chinesa que opera em Cabo Delgado disse à “Carta” que as empresas vítimas são aquelas que, supostamente, não estão ligadas ao Governo.

 

A negociação sobre as cobranças é feita logo que o carro estaciona em Awasse, onde depois chegam os agentes que avisam os motoristas que a situação de segurança não é boa na região, e que para chegar ao destino em segurança, estes precisam de escolta, sendo que a mesma deve ser paga.

 

Ao motorista que se recusa é dado algum tempo e depois é-lhe dito para estacionar a viatura longe do posto policial, sob o risco de receber multa.

 

A fonte explicou que, depois da negociação, cujo resultado é partilhado com o patrão, os agentes nunca aceitam o dinheiro em transacções electrónicas, ou seja, preferem que o pagamento seja em dinheiro vivo e não por via m-Pesa ou banco. Ou seja: os fundos são primeiro transferidos via m-Pesa para o ajudante e este canaliza em mão aos beneficiários.

 

À “Carta”, a fonte disse mais: às empresas ligadas às multinacionais que pretendem explorar petróleo no rio Rovuma, aos carros das firmas Lalgy e Êxito Combustíveis não são cobradas taxas, supostamente, por estas terem ligações com o Governo.

 

Os motoristas que não conseguem pagar são obrigados a recorrer, como alternativa a partir de Awasse, à via Mueda-Muidumbe-sede até Xitaxi. (Carta)