Ir a Inhambane é daquelas coisas que dão prazer e fascínio a qualquer um. É sempre um sonho. Até de gente de… Patagônia! De todos os cantos do mundo, há procissão para a nossa bela província. É que Inhambane, a terra a que os portugueses chamaram de "terra de boa gente", tem muita coisa que não se encontra em nenhum outro sítio do mundo. Lindíssimas e um infindável número de praias. Praias das melhores do mundo. Ao longo de toda a sua costa, basta entrar no seu espaço geográfico, são praias e praias. E ilhas! E praias nas ilhas! Considerável número delas já estão a ser exploradas. Mas há quem ainda considere que há umas tantas ainda por descobrir e explorar.
A natureza foi-nos demasiado benevolente nesta região geográfica, mas não só, no nosso litoral em geral. Moçambique tem das melhores praias do mundo. Deixemos de lado as outras riquezas, as minerais, tipo hidrocarbonetos, minérios, fauna e flora, por aí fora. A natureza foi-nos muito mãe - não madrasta. MÃE! Deu-nos um mar que, em muitos pontos, é muito brando, pacífico, carinhoso, muito mansinho. Águas bastante límpidas e lindas, azuladas (veja só Inharrime e Inhassoro…) Os manhambanas foram bastante abençoados. Nenhuma outra província tem a quantidade e a qualidade de praias que Inhambane tem. Algumas das praias fazem parte do top dez mundial! Todo e qualquer catálogo de turismo faz menção às praias de Inhambane. Muita riqueza, muito fascínio, muita beleza…
Além das suas maravilhosas praias e ilhas, Inhambane tem estâncias turísticas de classe mundial. Muitas das "casas" que se encontram em Inhambane adentro são de padrões mundiais, irrepreensíveis. Autêntico luxo. Autênticos paraísos. Não é por acaso que muitos turistas têm "invadido" vezes sem conta o nosso país à procura de usufruir do que a natureza nos deu. Assim que as restrições ditadas pelo coronavírus foram aliviadas, veremos a "nossa província de Inhambane", como costuma dizer o nosso bom amigo Daniel Chapo, literalmente abarrotada, tomada, inundada de gente fluindo de todos os quadrantes mundiais.
Este é o Inhambane romântico, bonito, paradisíaco, paraíso, azul (ou cor de rosa) - foi feliz a escolha de Vilankulo (Inhambane) como albergue da conferência "Crescendo Azul". Se nós conseguíssemos optimizar Inhambane turisticamente, podia ser uma grande fonte de receitas para o nosso desenvolvimento - Seychelles, Maurícias, Cabo Verde e outros mais países vivem de turismo!
Entrementes, há um outro Inhambane escondido. Conhecido, mas pouco revelado. Infelizmente! Bem escondido nas mentes. Mas bastante desestabilizador. Funesto. Assustador. Aterrador. Que tira do sério! Imponente. Gigante. Este Inhambane funesto está no dia a dia dos automobilistas. É vivido por todo aquele que vai ao volante de qualquer automóvel, à luz do dia. Em ambos os sentidos, sul-norte, norte-sul.
Conduzir para Inhambane tornou-se um grande pesadelo. Ir para Inhambane é e será sempre maravilhoso. Maravilha autêntica. Pesadelo, terror ou horror é conduzir para Inhambane, ou de lá para Maputo, estes dias. São duas coisas diferentes, é certo. Ser conduzido e conduzir. Terror é para os que conduzem!...
Um terror bem localizado. Entre Zandamela e Inharrime. Bate-se duro naquelas bandas!
Por razões profissionais, nos últimos dois anos tenho ido frequentemente a Inhambane, até Inhassoro, mais precisamente. Não passa um mês sem me fazer ao volante. Umas vezes a conduzir, outras a ser conduzido pelo colega. Para não nos sobrecarregarmos, convencionamos que, se formos dois, um conduz até se cansar e depois passa o volante para o outro; se formos três, dividimos o percurso em três secções, como bem ensinou a ANE: um conduz de Maputo a Xai-Xai, outro de Xai-Xai a Maxixe e o último de Maxixe a Vilankulo e vice-versa. Assim não nos matamos!
De Zandamela a… Inharrime… é um terror conduzir. Há uma inacabável quantidade de tripés caçando o automobilista em excesso de velocidade. O mais triste e revoltante é que a sinalização não é clara nem abundante o suficiente. A marcação de terra na via é precária, a fábrica de cal ou de tinta branca fechou há muito, nem se sabe onde se localiza. O condutor precisa de super atenção para vislumbrar as dificilmente visíveis linhas… e em muitos sítios inexistentes!
Os sinais de regulação da velocidade… a própria arma secreta dos homens do tripé! O verdadeiro trunfo. Numas situações, tem-se chapas que obrigam a baixar a velocidade para 100 km/h e, depois, para 60; para, atravessada a localidade, haver outras a cancelarem a limitação de 60 km e depois a de 100. No entanto, muitos são os casos em que há a proibição de velocidade de 60 km/h e depois 100 km/h mas já não há, atravessadas as localidades, outras duas chapas a cancelarem a limitação imposta anteriormente. E depois, de repente, aparece um tripé a atazanar o automobilista. Quando o condutor acha que está numa zona livre de limitação, eis que, do nada, o homem do tripé se impõe no meio da estrada e insistentemente faz sinal para parar a viatura, enquanto o militar da AKM remexe na arma… num cenário próprio de caça a um criminoso!
Exactamente como quando o leão já tem a gazela dominada. Vão-te perorar sobre o valor da multa… oito mil, seis mil, quatro mil… limitação de condução por três, seis meses, um ano… etc., etc., até porque devias ir preso… Um autêntico momento de terror, cinco, dez, quinze minutos. Bombardeamento fulgurante. Massacre impiedoso. E a vítima, receosa de ficar um ano sem a carta… obedece, como aquela mulher apaixonada! Entrega as notas!…
Este terror não conhece nacionalidade. O bombardeamento é indiscriminado. Não há nenhum momento de educação, sensibilização, repreensão verbal… aos automobilistas. Nada. É só e só para largar. Ali só se negoceia quanto o condutor deve largar.
É óbvio que isto deve estar a ser feito para com todos os turistas, incluindo os estrangeiros.
Compatriotas, há terror entre Zandamela e Inharrime. Os automobilistas estão a ser vítimas do terrorismo dos detentores dos tripés.
Senhora Ministra do Interior, SOCORRA-NOS!
ME Mabunda