Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
quarta-feira, 03 julho 2024 07:00

GUN da África do Sul integra 11 partidos

Escrito por

“O Governo de Unidade Nacional da África do Sul, liderado pelo Presidente Cyril Ramaphosa, não será de fácil gestão, pese embora, o Líder do Partido DA tenha reconhecido o fim das acusações e início da conciliação. A questão é que são 11 partidos com ideologia e visão diferentes sobre a mesma África do Sul. Entretanto, o facto de o MK liderado por Jacob Zuma não fazer parte do GUN pode tornar a vida deste mais difícil ainda, contudo, é preciso reconhecer que, tendo Jacob Zuma criado o MK por desinteligências com o ANC, seria difícil uma conciliação pós-eleitoral. Deve prevalecer nos partidos políticos a vontade de ver uma África do Sul mais unida e desenvolvida. Vamos esperar para ver.”

 

AB

 

“Não nos devemos enganar, pensando que tudo isso será fácil. E não nos devemos deixar levar pela importância do momento, a verdade é que o caminho a seguir será difícil, sabemos que o tempo de confronto acabou, o tempo da colaboração chegou, mas esta colaboração não é apenas entre líderes políticos, é agora também necessária entre o GUN e os que votaram para criá-lo.”

 

Discurso do Líder do DA John Steenhulsen.

 

Definitivamente, acabaram as especulações sobre o Governo de Unidade Nacional da África do Sul, que resulta das eleições de 29 de Maio de 2024, em que o Partido histórico sul-africano, ANC, não conseguiu atingir a maioria parlamentar, tendo conseguido apenas 159 assentos parlamentares dos 400 possíveis.

 

O novo Governo de Unidade Nacional, apresentado na noite do último domingo, 30 de Junho de 2024, integra 32 Pastas Ministeriais. Destas, 12 são para os Partidos da Oposição e os restantes para o ANC, que há 30 anos liderava sozinho o destino dos sul-africanos, mais precisamente desde as primeiras eleições pós-apartheid em 1994, ganhas sob liderança de Nelson Mandela.

 

De acordo com o Presidente eleito, Cyril Ramaphosa, uma das prioridades do GUN é a “criação de uma sociedade mais justa”. Esta afirmação cria algum ruido, uma vez que, com a abolição do regime segregacionista do Apartheid, esperava-se que os sucessivos Governos na África do Sul trabalhassem, exactamente, para a criação de uma sociedade mais justa. Assim sendo, existe, na minha opinião, alguma incredulidade em relação a esta afirmação.

 

Não é perceptível que o Governo do ANC, desde 1994 a esta parte, sozinho, não tenha logrado esse sucesso, esperando que o GUN, hoje, possa lograr isso. Aliás, se for a interpretar com honestidade as palavras de John, Líder da Aliança Democrática (DA), fica claro que o sucesso deste GUN depende muito da atitude dos 11 partidos que o integram, o que significa em outras palavras que, antes de mais, é importante a aproximação de posições entre as lideranças do GUN!

 

Segundo, na minha opinião, entre os membros dos diferentes partidos integrantes do GUN, o que não se afigura tarefa fácil, mas o tempo poderá ditar o sucesso ou não deste Governo de Unidade Nacional, que resulta da perda da maioria por parte do ANC e não propriamente por se considerar que todos devem trabalhar juntos a bem da sociedade sul-africana, o que torna a tarefa um grande desafio.

 

A indicação, no novo Governo de Unidade Nacional, do Líder do DA para a pasta de Agricultura pode ser o relançamento desta actividade primordial para a maioria dos sul-africanos, do ponto de vista de produção de alimentos. Lembre que, nos últimos anos, a produção de alimentos no território sul-africano tendia a decrescer com alguns farmeiros renomados a deixarem o País. Mas não é tudo, ainda existe o desafio das reformas da terra e a questão é o que fará este novo Governo em relação a isso. Fica o ponto de interrogação.

 

As outras pastas confiadas ao Partido liderado por John Steenhulsen são: Ambiente, Educação, Assuntos Internos, Obras Públicas e Comunicação num total de seis pastas Governamentais. Com excepção para assuntos internos, as restantes pastas, na minha opinião, assentam como as “LUVAS” nas mãos. O DA pode ajudar a recuperar a confiança na Educação, um sector importante, para um País que esteve muitos anos dividido. O Ambiente e a Comunicação mostram-se relevantes também.

 

Quanto ao Partido maioritário, o ANC, ao ficar com as pastas das Finanças, negócios estrangeiros, Energia, Polícia e Justiça, entre outros, não sei se fez bem ou mal. Na minha opinião, as Finanças e a Justiça deveriam merecer outra sorte, poderia ser um outro partido, mas o ANC deveria abdicar destas pastas, de modo a deixar outras sensibilidades liderarem. O tempo é o melhor conselheiro, vamos esperar para ver!

 

Adelino Buque

Sir Motors

Ler 430 vezes