As torneiras das Águas da Região de Maputo (AdeM) jorram água com um nível de turvação acima dos padrões, o que deixa consumidores preocupados no que concerne ao uso da mesma. De acordo com um documento facultado à “Carta” pela AdeM, o facto deve-se a reparação feita na conduta de 800mm na estação de tratamento do Rio Umbeluzi, que originou um arrastamento de sedimentos dos tubos e aumentou a turvação da água.
Em relação ao aspecto da água, a AdeM explicou que o mesmo deve-se também a alteração da água bruta do Rio Umbeluzi, que tem perdido a oxigenação por falta de chuvas. Por outro lado, a AdeM constatou durante o processo do controlo da qualidade da água, que a mesma está sendo distribuída com um cheiro forte, contendo algas e por vezes com uma cor acentuada.
Enquanto busca-se por soluções definitivas para este problema, embora o actual sistema de tratamento de água não tenha sido concebido para lidar com esta situação, estão a decorrer actividades de modo a serem retiradas as algas dos rios usando para tal a mão-de-obra local; no entanto, a AdeM garante que a água pode ser consumida porque cumpre com os parâmetros químicos e microbiológicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde. (M.A.)
O MISA Moçambique afirma que o jornalista Amade Abubacar foi “raptado”, pois a sua detenção não foi antecedida da emissão, por um tribunal, de um mandado de captura, como reconhece o próprio Ministério Público – quando afirma que a detenção “não se mostra legal porque não consta dos autos qualquer mandado de captura ordenada pelas autoridades competentes, por se tratar de uma prisão fora do flagrante delito”. Ernesto Nhanale, em representação do MISA Moçambique, argumentou que é inaceitável num Estado de direito democrático a detenção de um jornalista em pleno exercício de funções, pois “a actividade jornalística é liberal, o que torna os seus profissionais sempre ligados a diversos órgãos de informação que os solicitam ou os contratam para, sempre que se justificar, recolher, tratar e difundir informação de interesse público.”
Sobre a acusação que recai sobre Amade, a de possuir uma lista nominal dos jovens do Al-Shabab que criam terror em Cabo Delgado, o MISA refere que, como qualquer jornalista profissional, Amade Abubacar deve possuir o seu arquivo de informação. Acrescenta ainda que a lista é resultante de meses de recolha de informação sobre os nomes dos insurgentes, o seu perfil e suas origens. “Este exercício é muito normal em jornalistas trabalhando em contextos democráticos (de que Moçambique faz formalmente parte, a avaliar pelo estabelecido na CRM), pelo que é errado tal ser visto, a existir, como um acto de espionagem”. O facto de Amade ser um jornalista residente e bastante influente em Macomia, é apontado pelo MISA como sendo um factor que facilita “o acesso a diversas fontes de informação, jornalistas e pesquisadores”.
A mesma instituição defende que há forte possibilidade de, durante os 13 dias em que Amade esteve detido no quartel militar, ter sido coagido, sob ameaças ou tortura, a confessar crimes que nunca cometeu e levanta, por outro lado, a possibilidade “de os seus captores terem fabricado ‘evidências’ contra o jornalista, bastando para tal obrigá-lo a ingerir substâncias que o tornassem inconsciente e de seguida introduzirem nos seus bolsos ou telemóvel substâncias ou informação que usariam como ‘provas’ do seu envolvimento em actos conspiratórios”.
O MISA-Moçambique lamenta e condena, a todos os títulos e magnitude, que certos órgãos de comunicação social do sector público – que vivem dos impostos dos cidadãos – se tornem prestáveis a campanhas de insinuações sobre um inexistente envolvimento de um jornalista em actos terroristas, especialmente quando estes mesmos órgãos nunca se dignaram a prestar qualquer informação ao público sobre a detenção, ou mesmo as circunstâncias ilegais em que o mesmo foi detido. “O MISA-Moçambique reitera, em termos veementes, o seu apelo às autoridades de justiça a libertarem o jornalista mediante termo de identidade e residência (TIR) ou, alternativamente, mediante o pagamento de caução”. (S.R.)
Com um mandato que termina a 7 de Fevereiro próximo, o presidente interino do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, Domingos de Albuquerque, não se coibiu de efectuar mudanças na forma como a instituição vinha funcionando. Ontem, ele emitiu uma carta dirigida aos bancos BCI e Standard Bank no sentido de que sejam cancelados todos os movimentos, feitos por via de cheques da EMUSA (Empresa Municipal de Saneamento) e do FIIA (Fundo de Investimento, e Iniciativa Autárquica). Segundo o autarca, a medida visa regular os procedimentos administrativos e financeiros do Município de Quelimane.
Outra medida tomada por Albuquerque foi nomear dois quadros superiores que tinham sido afastados por Manuel de Araújo. Trata-se de Calisto Silva, que passa a ser assessor para a área de Administração e Finanças, e Zaida Milato, que vai prestar assistência à EMUSA. Os recém-nomeados são membros seniores do Movimento Democrático de Moçambique – MDM, em Quelimane. Tanto Milato como Silva já ocuparam cargos de relevo na autarquia de Quelimane, tendo perdido o espaço com a saída de Manuel de Araújo do MDM para a Renamo. Silva foi vereador de Administração e Finanças, e há anos que se ocupa da área de contabilidade, enquanto Zaida Milato é membro do MDM, fazendo parte da Liga da Mulher neste partido, a nível daquela autarquia.
De salientar que Domingos de Albuquerque tomou posse na segunda-feira e terá sob sua alçada, durante duas semanas, o Município de Quelimane, findas as quais terá, por força da lei, que se afastar do cargo. (Omardine Omar)
A direcção da Rádio Comunitária de Catandica (RCC – Manica) deverá ceder as suas pastas, até quinta-feira, a um novo grupo eleito “às escondidas” entre elementos do Governo Distrital (que também são membros da Frelimo).
O Coordenador da RCC, Joaquim Mantrujar Meque, vê nesta atitude “uma perseguição, protagonizada pelo presidente do Município de Catandica e seus comparsas, aos jornalistas da RCC”. Meque mostra-se revoltado porque “(…) nós servimos a comunidade, e somente a comunidade, e não vamos admitir que um grupinho com influência política contrarie a vontade de milhões de moçambicanos para beneficiar os seus assuntos obscuros”.
Contemos a estória por partes…
Tudo começou no dia 5 do mês em curso, quando um grupo composto pelo actual presidente do Conselho Municipal de Catandica e outros indivíduos se reuniram na sala de conferências do Governo Distrital de Báruè, em que se decidiu marcar uma assembleia geral para o dia 19 de Janeiro, tendo sido convidada a equipa da Rádio Comunitária Catandica. A reunião foi dirigida por Tomé Alfândega Maibeque (presidente do Município de Catandica), Augusto Franze (director distrital da Educação e Desenvolvimento Humano de Báruè); Sebastião Cangera (docente do Instituto de Chigodhore - para filhos de antigos combatentes), Simão Maduku (director do STAE ao nível do distrito de Báruè), Geraldo Albino Sexta-Feira (funcionário do Conselho Municipal de Catandica afecto à residência do presidente do município), e Abel Guilherme (docente da Escola Armando Emílio Guebuza).
O que se esperava desta AG era que o Conselho de Direcção da Associação Factos de Báruè apresentasse o seu relatório. Todavia, o referido corpo directivo não tinha produzido nenhum documento e, assim sendo, foi solicitado à equipa técnica da RCC que fizesse uma apresentação sobre como funciona a rádio e falasse dos obstáculos que vem enfrentando diariamente. Joaquim Mantrujar Meque assim o fez.
No mesmo dia, a assembleia geral da Associação “virou o disco” e assunto passou a ser… a RCC. Os dirigentes presentes no encontro decidiram que se devia eleger uma nova Direcção Executiva para a RCC, um acto que nunca tinha tido lugar a nível da rádio. “Sem nenhum voto, o meu executivo perdeu as eleições, tendo sido escolhido para chefe da RCC o funcionário do Município afecto à residência do presidente, Geraldo Albino Sexta-Feira”.
Segundo o coordenador, o que se constatou naquela sala foi um autêntico “teatro político” onde a ditadura do voto montado falou mais alto.
“Nós entendemos que, devido ao reconhecimento que a RCC vem tendo nos últimos dias, estamos a incomodar os políticos. Falo concretamente do destaque que foi manifestado pelo Conselho Constitucional, que se referiu ao órgão como uma das rádios que teve um excelente desempenho durante as eleições de 10 de Outubro. A par da Rádio Encontro de Nampula, temos estado a divulgar acções protagonizadas por funcionários públicos a nível do Governo Distrital, PRM, Hospital Distrital e, principalmente, do Conselho Municipal de Catandica”, desabafou a fonte.
Tomé Alfândega Maibeque, presidente do CM Catandica reage
Contactado pela “Carta”, o presidente do Conselho Municipal de Catandica, Tomé Alfândega Maibeque, disse que participou na assembleia geral como convidado, porque não faz parte da Associação. Todavia, Maibeque desdramatiza tudo e refere que “(…) ele [Joaquim Mantrujar Meque] concorreu à sua própria sucessão, e teve direito a voto, mas não foi o vencedor, num acto em que eram candidatos apenas dois concorrentes”. O autarca afirma ainda que o actual “cabeça” da rádio pode ir parar na barra da justiça porque submeteu à apreciação dos associados e convidados um relatório de contas muito estranho. “Apresentou um relatório que foi chumbado pelos membros que ele dirige”. Maibeque diz ainda que a assembleia foi preparada com antecedência e quase todos foram informados. Deste modo, Joaquim Mantrujar Meque, o coordenador da RCC, deve entregar os bens da rádio e as suas chaves à nova equipa executiva formada, na sua maioria, por membros do Governo. (Carta)
Um cenário trágico é o que se pode assistir na Beira. A chuva não dá tréguas há dias: ruas intransitáveis, casas alagadas, árvores tombadas, gente desesperada que perde os seus haveres a cada minuto que passa. Este drama surge na sequência da tempestade tropical “Desmond” que vem fustigando a zona centro do país, com especial incidência a província de Sofala. O Município do Dondo, a paredes-meias com a capital provincial, também se encontra a viver na mesma situação de pânico: enxurradas que não dão tréguas há dias.
Na Beira, os moradores queixam-se de até ao momento não terem recebido qualquer tipo de apoio por parte das autoridades. Muitas pessoas tiveram de abandonar as suas casas, por se encontrarem alagadas, tendo procurado abrigo em locais seguros (zonas altas). De referir que em Julho de 2017 foi inaugurado o novo sistema de drenagem do rio Chiveve, na cidade da Beira, uma obra pomposa que consistiu na reabertura do canal e edificação de comportas e bacias de retenção de águas pluviais, com capacidade para 250 mil metros cúbicos, tendo sido construídas casas de máquinas a partir de onde é feito o controlo da entrada e saída das águas do mar.
A grande verdade é que este novo empreendimento não tem estado a aliviar os beirenses do martírio provocado pelo “Desmond”. De recordar que a cidade da Beira se situa abaixo do nível das águas do mar. A sua localização geográfica, com grande exposição ao oceano, marés cada vez mais elevadas e um grande nível de erosão costeira, tem feito com que, ciclicamente, situações de mau tempo, conjugadas com tempestades marítimas, provoquem inundações.(Carta)
As obras de construção da estrada que liga o Campo do 1º de Maio, na Av. Milagre Mabote, ao entroncamento de Compone, na Av. Vladimir Lenine, estão a decorrer a passo de camaleão, uma não há consenso entre o Conselho Municipal de Maputo e os proprietários das casas afectadas pelo empreendimento, que se recusam a demolir parte dos seus quintais para dar espaço à nova via. Os trabalhos deveriam ter sido concluídos há um ano. A via “corta” praticamente todo o bairro da Maxaquene, ligando as avenidas Vladimir Lenine e Milagre Mabote. A pavimentação desta rua vai ajudar a diminuir o congestionamento que se verifica, especialmente na Vladimir Lenine, nas horas de ponta.
Entretanto, alguns munícipes abrangidos pela obra são unânimes em afirmar que o empreendimento será uma mais-valia, porque poderá alavancar o volume de negócios dos comerciantes daquela zona, devido ao movimento que se verificará após a sua conclusão. Todavia, apelam ao CMM para que sejam colocadas lombas como forma de se evitarem acidentes, para além de se tratar de uma zona onde existem muitas crianças. Ontem à tarde uma criança foi atropelada mortalmente. Antes do acidente de ondem já tinha havido dois atropelamentos. A via terá uma extensão de 3 km e o custo da obra está avaliado em pouco mais de 150 milhões de Mts. (Carta)