O Fundo Nacional de Estradas suspendeu temporariamente o pagamento da portagem na ponte sobre o rio Incomáti, designadamente numa estrada terciária que liga Moamba a Sabié. A medida foi tomada depois dos protestos protagonizados pelos transportadores semi-colectivos de passageiros, na manhã da última quarta-feira, os quais paralisaram a circulação de veículos e exigiram a interrupção do desembolso do valor referente à taxa cobrada pelo uso daquela infra-estrutura.
No decurso da manifestação, os transportadores argumentaram que não fazia sentido pagar uma portagem, ao mesmo tempo que vão somando prejuízos nas suas viaturas, dado o estado avançado de degradação daquela via, o que dificulta a sua transitabilidade. Diante da pressão dos “grevistas”, o Fundo Nacional de Estradas viu-se obrigado a interromper a cobrança de portagem, cedendo, deste modo, ao desejo transportadores. (Carta)
O Tribunal Judicial do Distrito Municipal KaMpfumo (4ª Secção Criminal) acaba de acusar os arguidos Felisberto António Manganhela (engenheiro informático), Nurbibi Ismael Lacman (contabilista), Roberto Evaristo Simbe (designer gráfico), Rosário Evaristo Simbe (comerciante), Valdemar Constantino Nhandzilo (agente da PRM) e Felício Justino Mazive (também polícia da PRM), suspeitos de terem orquestrado a um rombo de milhões no Centro de Desenvolvimento de Sistema de Informação de Finanças (CEDSIF), no passado mês de Setembro.
Os arguidos, segundo a cópia da acusação em nossa posse, urdiram um estratagema para obter proveitos económicos através de transferências para as suas contas pessoais. A “gang” subtraiu dos cofres do Estado moçambicano 2.032.000 Mts. Enquanto se espera pela data do julgamento, e de acordo com uma decisão do Tribunal, os réus Nurbbi Ismael Lacman, Felisberto António Manganhela, Valdemar Constantino Nhandzilo e Felício Justino Mazive manter-se-ão em prisão preventiva. Já os réus Roberto Evaristo Simbe, e Rosário Evaristo Simbe aguardarão os próximos passos do processo em liberdade provisória mediante o pagamento de caução em depósito bancário no valor de 120.000, 00 Meticais cada um.
“Carta” soube, entretanto, que o advogado da ré Nurbibi Lacman remeteu ao tribunal uma petição que visava a sua libertação imediata para aguardar os próximos passos dos termos processuais em liberdade. Todavia, tal petição foi rejeitada. A defesa de Lacman suspeita que haja pressões extra-judiciais para manter a sua constituinte sob prisão preventiva quando, tal como os que foram libertos provisoriamente, ela também podia beneficiar desse relaxamento da medida de coação a que está agora sujeita, a prisão preventiva. (S.R.)
Um caso que já perdura há quatro anos, envolvendo o Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo e 150 militares desmobilizados das Forças Armadas e Defesa de Moçambique (FADM), que esperam ser integrados na Unidade de Intervenção Rápida (UIR), não tem tido os devidos desenvolvimentos devido às constantes exclusões no processo de selecção. Eles sentem-se marginalizados e desvalorizados sempre que arranca mais uma formação, revelaram à “Carta”.
De acordo com os desmobilizados baseados em Maputo, os outros grupos das províncias já têm enquadramento, facto que os deixa revoltados e com os nervos à flor da pele. Segundo nos revelaram, sempre que solicitam esclarecimento, o departamento do pessoal da PRM, na cidade de Maputo, alega insuficiência de vagas, enquanto por detrás se enquadram outras pessoas que não provêm das FADM. Os lesados afirmam que esta situação está a criar uma onda de descontentamento e poderá degenerar em desacatos nos próximos dias.
Curiosamente, na manhã desta quinta-feira, quando “Carta” pretendia inteirar-se da situação, os homens foram intimidados por responsáveis do processo a nível do Departamento do Pessoal da PRM da cidade de Maputo. Refira-se que este processo ainda apresenta muitas zonas de penumbra que prometemos revelar nas próximas edições. (Omardine Omar)
A um mês do prazo dado pelo Governo para reassentar definitivamente as vítimas do desabamento da lixeira do Hulene, as famílias afectadas não conhecem sequer o local onde serão erguidas as suas residências. Recorde-se que foi na madrugada de 19 de Fevereiro, do ano passado, que moradores do Bairro do Hulene foram surpreendidos pelo desabamento da lixeira. Dezassete pessoas morreram e cinco ficaram gravemente feridas. Entre choros, gritos de desespero e de socorro, várias famílias viram suas casas se desmoronarem.
Dias depois o Governo ordenou o encerramento daquela lixeira, porém, até aqui isso ainda não aconteceu. Entretanto, como forma de ajudar as vítimas, as autoridades providenciaram um termo de compromisso, garantindo o pagamento mensal de 10.000 Mts para o arrendamento de moradias no prazo de um ano. Os dias se vão e, a um mês do término do período estipulado, centenas de famílias não sabem sequer onde irão viver.
António Paulo Matias, antigo chefe do quarteirão da zona atingida pela tragédia e também vítima, vive com sua esposa e cinco filhos numa casa arrendada no mesmo bairro. “Tivemos que voltar a arrendar no mesmo local por causa da escola das crianças, mas é bastante complicado para quem já teve casa própria ser hoje inquilino; o Governo dá-nos 30.000 Mts de três em três meses, no entanto, ainda não nos mostrou o local onde serão construídas as nossas residências”.
Quem também sofre com situação é Otília Cumbe, que trabalha como empregada doméstica na Coop e é mãe de três meninas. “Estamos nas mãos de Deus, não sabemos até aqui o que vai ser de nós, o pior é não sabermos sequer para onde vamos e em que pé esta o processo de construção das casas. Disseram-nos apenas que vamos para a zona de Possulane, que foi recentemente parcelada”, lamentou Otília, num tom de desespero.
De acordo com Paulo Santos Rui, actual chefe do quarteirão 77, o Governo ainda não indicou o local onde as famílias vão residir. Segundo ele, fala-se de Possulane, no distrito de Marracuene, lugar que se encontra coberto de mato. São mais de 300 as casas que devem ser erguidas para o reassentamento destas famílias que viviam nas proximidades da lixeira de Hulene. A protecção social parece ser uma miragem em Moçambique. (M.A.)
Quatro jovens turistas sul-africanos encontram-se desaparecidos desde a segunda-feira nos mares ao largo da Ilha dos portugueses, localizada a noroeste da Inhaca. De acordo com informações publicadas pela imprensa sul-africana, os quatro fazem parte de um grupo de oito jovens que gozavam férias em Moçambique, tendo feito um cruzeiro de barco para a Ilha dos Portugueses. Os membros do grupo foram nadar, mas depois varridos da costa por uma corrente forte. Um deles conseguiu voltar para a praia, mas quatro são dados por desaparecidos desde as 15 horas de segunda feira. Uma das meninas, que mora em Groblersdal, em Mpumalanga, enviou uma mensagem de whatsApp dizendo que o barco que as levou para a ilha fez buscas durante horas, mas não conseguiu localizar os desaparecidos. A busca foi suspensa ao anoitecer.
Na terça-feira de manhã, residentes locais e outros turistas sul-africanos uniram forças com as autoridades moçambicanas, ajudando na procura dos quatro. Os pais dos jovens desaparecidos partiram de Groblersdal para Moçambique na manhã de terça-feira. A identidade dos jovens ainda não foi ainda revelada. Um ex-morador de Middelburg, que está em Moçambique há 10 anos, deslocou-se à ilha, onde a busca está sendo conduzida. Ele disse que vários barcos, bem como um helicóptero, estão ajudando na procura dos nadadores desaparecidos. Acrescentou que o lugar onde os jovens desapareceram é bem conhecido pelos habitantes locais por causa das suas fortes correntes. (Carta)
A praia estava cheia, apesar de se ter interrompido, no sábado, a circulação dos pequenos barcos devido ao mau tempo que se avizinhava. Os transportes que chegam à Catembe por via da ponte foram a saída encontrada por todos aqueles que queriam “fugir” da onda de calor…
Catembe ficou com o rosto “desfeito”: latas de cerveja atiradas ao mar, cacos de garrafas pelo chão, restos de comida em toda praia, dunas transformadas em autênticos sanitários públicos. Este cenário registou-se no último fim-de-semana.
“Carta” apurou, dos comerciantes da praia, que esta situação se repete quase em todos os fins-de-semana e já é tida como “normal”. A ponte é vista como sendo “a santa infraestrutura” que tornou a praia de Catembe numa das mais concorridas da cidade de Maputo e não só. “Com a inauguração da ponte a movimentação, aqui na praia, aumentou muito”, disse uma das vendedeiras.
Os agentes da Salvação Pública estiveram, no local, para “vigiar” os banhistas, todavia seu efectivo era reduzido, o que veio a dificultar o respectivo trabalho. Mesmo com a presença dos agentes era possível ver banhistas embriagados fazendo-se ao mar, facto proibido pelas autoridades. Crianças sozinhas que se faziam ao mar e banhistas com garrafas de cerveja também mergulhando eram imagens predominantes nesta praia.
O fim-de-semana passou e a praia continua com as marcas de sujeira deixadas em todo lado. Como dizia um pescador que falou à ”Carta”: “Quando chega o fim-de-semana, a nossa praia fica sempre suja”. (S.R.)