Há 55 anos promovendo milhares de empresas nacionais e internacionais. Há meio século, a Feira Agro-pecuária, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM) projecta a economia nacional e de países da África, bem como de outros continentes. Entretanto, ainda não dispõe de infra-estruturas próprias, facto que constitui uma grande preocupação à Agência para a Promoção de Investimentos e Exportações (APIEX), instituição responsável pela organização do evento.
Com este desafio, o director-geral da APIEX, Lourenço Sambo, falando ontem em Ricatla, no distrito de Marracuene, província de Maputo, aquando da inauguração da 55ª edição da FACIM, pediu ao Presidente da República de Moçambique (que foi quem dirigiu a cerimónia), para promover projectos de construção de infra-estruturas convencionais e permanentes naquele espaço, ao invés de continuar-se a usar tendas provisórias.
“Ou seja, neste espaço devem ser edificadas instalações modernas que respondam, por um lado, aos padrões exigidos internacionalmente e, por outro, à demanda do mercado de forma a garantir melhores condições de participação de expositores nacionais e estrangeiros, bem como a realização de feiras intermitentes e, para complementar esta actividade, instalar parques de diversões, restaurantes e outras actividades similares”, acrescentou Sambo.
Para além de apresentar desafios, o director-geral da APIEX lembrou, na ocasião, que a primeira edição da FACIM surge no dia 24 de Julho de 1965, na então Lourenço Marques, através de uma iniciativa de um grupo de empresários portugueses ligados a variados interesses financeiros agrícolas com o objectivo de demonstrar a virtude e a vitalidade económica da então província ultramarina de Moçambique.
Segundo Sambo, cinco anos depois da primeira edição, a FACIM foi admitida como membro do pleno direito na União das Feiras Internacionais como reconhecimento da importância do papel que desempenhava na divulgação das actividades económicas na região em que se enquadrava.
Este ano, no evento que decorre desde ontem (26) até ao dia 01 de Setembro, sob lema “Moçambique e o Mundo: Alargando o Mercado, Promovendo Investimento e Potenciando parcerias”, participam 23 países (com destaque para Egipto pela primeira vez), cerca de dois mil expositores, das quais cerca de 1700 nacionais (provenientes de todas as províncias) e as restantes estrangeiras. (Evaristo Chilingue)
Discursando, na tarde de ontem, em Ricatla, distrito de Marracuene, na província de Maputo, na abertura da 55ª edição da Feira Agro-pecuária, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM), o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, desafiou os agentes económicos nacionais a valorizar a produção, consumo e exportação de bens nacionais criando maior robustez das empresas moçambicanas.
Além disso, o Chefe de Estado disse ser “necessário que as empresas nacionais apostem na certificação de qualidade dos produtos e serviços prestados, bem como garantam a regularidade do seu fornecimento porque só assim podemos ganhar e competir no mercado internacional”.
Sublinhando a importância da FACIM para a economia nacional, o PR destacou, na ocasião, a tendência crescente de exportações nos últimos anos. Segundo Nyusi, em 2018, as exportações atingiram mais de 5 biliões de USD, como resultado, em parte, da promoção de exportação de produtos com valores acrescentados, no âmbito daquele evento. Ao sector privado, o Chefe de Estado desafiou ainda a dinamização do movimento de substituição de importações, para que as exportações acelerem o seu crescimento.
Falando em exportações, o Presidente da República enalteceu as 23 empresas que se destacaram na exportação dos seus bens e serviços. Na categoria Pequenas e Médias Empresas, o destaque dos laureados vai para “Olam Moçambique” que, no ano passado (na 54ª edição da FACIM), ocupou o primeiro lugar das empresas que exportam a Castanha de caju, coco, frutas e oleaginosas.
Ainda na mesma categoria, dos mais exportadores em 2018, destacou-se também “Pescas Maravilhas”, na exportação de peixe seco, “Mina Alumina” em alumínio e seus concentrados, para além da “Saboeira Industrial Moçambique” que se dedica ao processamento de óleos de coco, de palmiste e suas fracções.
Das grandes empresas foram distinguidas a “Vale Moçambique”, na exportação de carvão mineral. Nesta categoria, está também a “Mozambique Leaf Tobacco” que se destacou na exportação de tabaco, Pescamar, na exportação de peixes e crustáceos.
Das grandes empresas está também a “Kenmare Moma Processing” que se destingiu na exportação de areias naturais e pedras preciosas, para além da “Merec Industries” como maior exportador de produtos alimentares manufacturados.
A estas empresas, “queremos felicitar e aconselhá-las para que continuem a dar mais para o seu crescimento porque é deste modo que o país evolui, que as rendas das famílias moçambicanas aumentam”, disse Nyusi.
Na 55ª edição da FACIM, que decorre desde ontem (26) até ao dia 01 de Setembro, sob lema “Moçambique e o Mundo: Alargando o Mercado, Promovendo Investimento e Potenciando parcerias”, participam 23 países (com destaque para Egipto pela primeira vez), cerca de dois mil expositores, das quais cerca de 1700 nacionais (provenientes de todas as províncias) e as restantes estrangeiras. (Evaristo Chilingue)
O Exim, Banco de Exportações e Importações dos EUA, deverá financiar fornecimentos para as obras de exploração de gás natural no Norte de Moçambique e apoiar 16.400 postos de trabalho norte-americanos, anunciou em comunicado.
A direcção do banco pediu autorização ao Congresso norte-americano, órgão legislativo, para atribuir "um empréstimo directo de cinco mil milhões de dólares" ao consórcio da Área 1 de Moçambique, "para apoiar a exportação de bens e serviços de vários estados [dos EUA] para as obras do projecto de gás natural na península de Afungi", refere o documento consultado hoje pela Lusa.
O empreendimento, que deverá catapultar a riqueza gerada em Moçambique nas próximas décadas, terá também impacto nos Estados Unidos.
"Estima-se que o financiamento do Exim apoie 16.400 postos de trabalho americanos ao longo do período de cinco anos de construção, incluindo postos em fornecedores do Texas, Pensilvânia, Geórgia, Nova Iorque, Tennessee, Florida e distrito de Colúmbia", acrescenta.
Através de "vendas subsequentes, milhares de postos de trabalho adicionais podem ser criados nos EUA". A petrolífera norte-americana Anadarko, recentemente comprada pela Occidental (também dos EUA), lidera o consórcio da Área 1 que receberá o empréstimo.
Os bens e serviços dizem respeito à engenharia, construção e aquisições diversas e o apoio do Exim justifica-se porque "as exportações norte-americanas estão a enfrentar competição directa de financiamento oferecido por outras agências de crédito estrangeiras".
Em termos financeiros, o empréstimo pode render 600 milhões para os contribuintes dos EUA, sublinha.
O Exim aponta ainda a operação financeira como uma forma de impulsionar a iniciativa África Próspera da administração do presidente Trump, lançada em Dezembro de 2018, juntando mais de 15 agências norte-americanas para promover oportunidades de negócio.
O projecto "não é apenas uma vitória para empresas e trabalhadores americanos, apoiando mais de 10 mil empregos nos Estados Unidos, mas também para o povo de Moçambique", refere Wilbur Ross, secretário do Comércio da administração dos EUA, citado no comunicado.
As jazidas de gás natural da bacia do Rovuma, ao largo da costa Norte de Moçambique, província de Cabo Delgado, vão começar a ser exploradas dentro de três anos por petrolíferas multinacionais e colocar o país lusófono entre os dez principais fornecedores mundiais. (Lusa)
Em preparação, logo depois da ocorrência dos ciclones Idai e Kenneth (em Abril e Maio passados), o seguro contra ciclones e cheias para Moçambique estará pronto até ao final deste ano, conforme avançou, sexta-feira finda (23), à “Carta”, Pietro Toigo, representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no país, instituição responsável pela preparação do seguro.
Envolvendo, igualmente, o Banco Mundial, instituições governamentais nacionais, como o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), a preparação técnica do seguro contra ciclones e cheias consiste em recolher dados estatísticos para, no final, estimar-se em um modelo, qual é a relação de um evento climático e seus efeitos no tecido económico e social da província, região (ou em todo o país) quando afectada por determinada calamidade.
Segundo Toigo, os dados estão a ser recolhidos com base num Software que, para ser fornecido, o Governo assinou, em Maio passado, um Memorando de Entendimento com o African Risc Capacity, uma agência pública (com que o BAD trabalha) da União Africana, que serve como seguradora para mais de 30 países africanos.
Para além da recolha de dados estatísticos (desde económicos, sociais até meteorológicos), o processo de preparação do seguro climático, consiste, igualmente, no treinamento de funcionários de várias instituições visadas, com destaque para o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) em matérias de aviso prévio.
“Achamos que todo esse trabalho se vá completar entre Novembro e Dezembro (...) E, no primeiro trimestre de 2020, teremos os pacotes financeiros. Uma vez tendo opções, o Governo vai depois analisar e decidir que tipo de produto quer comprar”, afirmou o representante do BAD em Moçambique.
Segundo Toigo, quanto mais países africanos aderem ao seguro climático, menor é o custo do prémio a pagar quando um evento acontece. “Então, acho que nos primeiros anos seria justo eticamente, mas também do ponto de vista económico, ter um forte subsídio a Moçambique para pagar os prémios. E, estamos a interagir com vários parceiros que manifestaram interesse em apoiar o país nesse esforço”, assegurou o nosso interlocutor.
Entretanto, durante a fase de negociação do pacote financeiro, o BAD espera do Governo garantia da sustentabilidade do seguro, “porque se nós dizemos que o país terá um subsídio muito forte (até 100 por cento dos custos) nos primeiros três ou cinco anos, qual é a estratégia do Governo depois desse período de assumir a responsabilidade de pagar o seguro a longo prazo?” interrogou Toigo, que espera ter resposta a esta questão (e não só) com um novo “Conselho de Ministros após as eleições”. (Evaristo Chilingue)
O Japão concedeu um empréstimo de 44 milhões de USD a Moçambique para viabilizar projectos da Central Termoeléctrica de Maputo (CTM), tendo o respectivo acordo sido assinado sexta-feira em Maputo pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, e pelo embaixador do Japão em Moçambique, Toshio Ikeda.
Um comunicado oficial divulgado na capital moçambicana informa que o empréstimo permitirá a realização de um contrato de manutenção de longo prazo e tornará possível a continuação da manutenção e a gestão apropriada, através da verificação da medição do ciclo correcto, fornecimento de peças sobressalentes e transferência de tecnologias através do trabalho conjunto na central.
A Central Termoeléctrica de Maputo, de ciclo combinado de gás, foi inaugurada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Agosto de 2018, tendo sido o maior investimento do governo de Moçambique e da estatal Empresa Electricidade de Moçambique (EDM) em infra-estruturas de produção de energia eléctrica nos últimos 30 anos.
A construção da Central Termoeléctrica de Maputo, orçada em 180 milhões de USD, foi financiada com um empréstimo da Agência Japonesa de Desenvolvimento de 167 milhões de USD com um período de pagamento de 40 anos, cabendo ao Governo participar com os restantes 13 milhões de USD, tendo o apoio japonês incluído, além da construção da central, a formação dos quadros da EDM na operação e manutenção, bem como seis anos de serviços de manutenção a ser feita pelo fabricante do equipamento. (Macauhub)
É mais um parecer de uma auditoria independente que vem confirmar a situação calamitosa em que se encontram as contas das empresas públicas e/ou participadas pelo Estado. Depois de ter manifestado incertezas em relação à continuidade das operações da empresa pública Petróleos de Moçambique (Petromoc), a Delloite, firma independente de auditoria, voltou a emitir um parecer preocupante, desta vez em torno da situação financeira da empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM).
Opinando em relação aos resultados financeiros daquela empresa, no exercício económico de 2018, tornados públicos semana finda, que confirmam o sinal vermelho que caracteriza as contas pelo gestor dos aeroportos e aeródromos do país, a Delloite afirma que o facto de os passivos correntes da ADM excederem os activos correntes “indica a existência de incerteza que pode colocar em dúvida sobre a capacidade da entidade em se manter em continuidade”.
Recorrendo ao Balanço, a Deloitte enfatiza que os passivos correntes da ADM (que a 31 de Dezembro passado se situavam nos 5.7 biliões de Mts) excedem em 3.8 biliões de Mts os activos correntes da instituição, que até ao fecho do ano passado eram de 1.8 bilião de Mts.
Em comparação com o ano 2017, o auditor demonstra que, no ano passado, a situação agudizou-se. Refere que, em 2017, os passivos correntes (no valor de 6.02 biliões de Mts) da ADM eram superiores aos activos correntes (no valor de 2.7 biliões de Mts) em 3.04 biliões de Mts.
A Deloitte. Diz, porém que a continuidade das operações depende da materialização de acções como a realização, pela empresa, de operações lucrativas no futuro. Face ao futuro incerto da ADM, o auditor afirma que o accionista enviou uma carta conforto, através da qual se compromete a apoiar a continuidade das operações da Sociedade. Contudo, “a nossa opinião não é modificada com respeito a esta matéria”, sublinha a firma.
No mesmo Relatório e Contas, o Conselho Fiscal da ADM concorda com a opinião da Deloitte por isso que “aqui (…) integralmente reproduzido”.
No documento, a ADM justifica que o desempenho financeiro e económico da instituição em 2018 foi influenciado de forma significativa pelo volume de investimento em infra-estruturas aeroportuárias que a empresa tem vindo a realizar nos últimos anos. “Tais investimentos culminaram com a entrada em funcionamento de infra-estruturas modernas e de gabarito internacional, sendo que a 31 de Dezembro de 2018 a construção de outras infra-estruturas ainda se encontrava em decurso”, lê-se no Relatório e Contas.
Relatando a análise que faz do desempenho económico e financeiro institucional, a ADM afirma que pelo efeito combinado de crescimento das imparidades de clientes, amortização integral da pista do Aeroporto Internacional de Maputo e depreciação do Metical face às principais moedas de referência, os resultados de 2018 foram afectados, pelo que os resultados líquidos acumulados deterioraram em 19 por cento; os resultados financeiros decresceram em 200 por cento, para além de decrescer em 8 a percentagem dos activos.
Da análise financeira, a ADM afirma, igualmente em Relatório, que por causa da depreciação do Metical perante outras moedas de referência, “a posição financeira da empresa (…) pode ser descrita com os seguintes indicadores: crescimento do capital próprio (0 por cento) e crescimento dos empréstimos obtidos em 11 por cento”.
Relativamente aos empréstimos, dados fornecidos em Junho passado, pelo Ministro dos Transportes e Comunicações (órgão que tutela a ADM), Calos Mesquita, indicam que a empresa tem uma dívida avaliada em 17 biliões de Mts com a banca nacional, dos quais 820 milhões com o extinto Nosso Banco.
Falando em Conselho Coordenador da ADM, havido há dois meses, Mesquita disse ser preocupante “a tendência do elevado endividamento que as contas da empresa apresentam. Como Governo estamos atentos a esta situação, estando a ser dispensada toda a atenção que a situação requer”. Neste sentido, o Ministro instou os gestores da empresa a prosseguir a negociação, com vista à reprogramação da dívida. (Evaristo Chilingue)