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Economia e Negócios

Moçambique perdeu, em 2020, mais de 3.3 mil milhões de Meticais, devido ao contrabando de pedras preciosas. A informação foi avançada na última terça-feira pelo Inspector-Geral do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Obede Matine, à margem do VI Conselho Coordenador daquele Ministério, que decorre na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado.

 

Sem avançar a quantidade de pedras preciosas contrabandeadas em 2020, o dirigente revelou que as autoridades conseguiram apreender, no ano passado, mais de uma tonelada de pedras preciosas, o que permitiu a recuperação de pouco mais de 67 milhões de Meticais.

 

Já neste ano, disse Matine, foram recuperados cerca de 800 Kg de ouro puro, que estava prestes a ser contrabandeado. As províncias de Nampula, Zambézia, Tete e Manica são apontadas como as principais vítimas do contrabando de minérios. (O.O.)

A produção de diversas espécies pecuárias em Moçambique tende a aumentar de 2016 a 2020. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados em “Anuário Estatístico 2020”, indicam que a produção de galinhas é a que mais cresceu nos últimos cinco anos.

 

Em 2016, o país registou uma produção de 17.3 milhões de galinhas, mas quatro anos depois, o número cresceu para 20.7 milhões. O gado bovino é outra espécie que verificou crescimento significativo. Aqui, a produção aumentou de 1.8 milhão, em 2016, para 2.1 milhões de cabeças de gado registadas em 2020.

 

Os caprinos são a espécie cuja produção acelerou consideravelmente. De 3.7 milhões de caprinos registados em 2016, quatro anos depois, o número aumentou para 4.6 milhões. A produção de suínos (porcos) foi marcada por altos e baixos. Em 2016, o INE contabilizou 1.6 milhão de cabeças. Este número cresceu para 1.7 milhão de cabeças em 2019, mas em 2020 caiu para os níveis de 2016, registando 1.6 milhão de porcos produzidos.

 

A tendência de crescimento não foi, porém, linear em todas as espécies. A produção de ovinos (ovelhas) tendeu a cair. Em 2017, o INE contabilizou 233.2 mil cabeças, mas em 2020 registou menos 155.4 mil cabeças em todo o país.

 

Dados da Autoridade Estatística Nacional ilustram ainda que a carne produzida a partir dessas espécies pecuárias também tendeu a aumentar. A carne de frango cresceu de 75.7 mil toneladas em 2016, para 120 mil toneladas em 2020.

 

Em 2016, o país produziu 13.2 mil dúzias de ovos, tendo o número aumentado para 17.4 mil dúzias em 2020. A carne suína cresceu de 2 mil toneladas em 2016 para 2.8 mil toneladas em 2020. A carne de vaca registou uma redução de pouco mais de 300 toneladas, pois, em 2016, a produção total foi de 15.4 mil toneladas, mas em 2020, a quantidade caiu para 15.1 mil toneladas. (Evaristo Chilingue)

O país conta, desde a semana passada, com um novo matadouro industrial, erguido no distrito de Panda, província de Inhambane. Com capacidade instalada para abate de 50 animais por dia, o matadouro “New Sub Industry” vai processar 120 mil toneladas de carne por ano e 10 mil em cada mês.

 

Informações partilhadas pelo gestor do matadouro, Edson Peula, indicam que a indústria resulta de um investimento de 4.5 milhões de USD de capitais chineses. Numa primeira fase, o matadouro conta com gado bovino de criadores locais e, a posterior, prevê fazer a sua própria produção.

 

Procedendo à inauguração da infra-estrutura, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, disse tratar-se do segundo maior matadouro que o país passa a ter.

 

“Até a inauguração deste estabelecimento hoje, Moçambique só tinha dois centros de processamento funcionais, nomeadamente, um na província de Maputo e o outro em Manica. Temos unidade fechada há mais de dois anos na província de Gaza, há uma quarta em construção na província de Tete. A inauguração da infra-estrutura, a segunda maior do país, coloca esta província como um verdadeiro pilar de desenvolvimento agro-pecuário de Moçambique” afirmou Correia.

 

Olhando para as acções levadas a cabo no âmbito da Estratégia Nacional de Desenvolvimento do Sector Pecuário, o governante disse, com um elevado grau de confiança, que com entrada em funcionamento da infra-estrutura e do matadouro de Tete, dentro dos próximos três meses, o país passará daqui a três anos, a ser auto-suficiente no processamento de carne de primeira e de segunda de qualidade. Esse facto irá dispensar a importação de carne.

 

“Fazemos essa projecção, primeiro porque a nossa capacidade de processamento com esta fábrica, a de Tete e Manica, de Gaza que esperamos que reinicie a actividade o mais depressa possível, permite produzir para nós, mas também para exportar. Mas também através do Sustenta iremos lançar uma iniciativa de melhoria genética do nosso efectivo. Neste momento o Governo já fez a aquisição de 1000 toros para o efeito”, explicou o Ministro.

 

Falando do impacto da indústria, a Administradora da Panda, Mércia Cossa, afirmou que uma das bandeiras do distrito é a criação de gado bovino, com 35.6 mil cabeças, assegurando 66.5 toneladas de carne. Doravante, disse esperar que o número de cabeças se multiplique para alimentar ainda mais a indústria.

 

“Este matadouro é reflexo do Fórum de Investimento Distrital ocorrido em 2018, em que o investidor manifestou interesse de instalar uma unidade de processamento de carne. Estamos cientes de que este empreendimento vai assegurar o fornecimento de carne bovina localmente, assim como a distritos vizinhos. Vai trazer mais postos de emprego e promover o efectivo bovino para 36 mil cabeças”, afirmou a Administradora de Panda.

 

Entretanto, olhando para os números, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural anunciou, na cerimónia, um crédito para a empresa adquirir mais gado em outros distritos da província para garantir maior quantidade de animais para o abate e processamento.

 

“Queremos aqui anunciar que, através do Sustenta, esta empresa, depois do investimento de 4.5 milhões de USD, irá beneficiar-se de um crédito que estará disponível a partir de agora para fazer aquisição de gado para o abate em toda a província de Inhambane. Portanto, estão criadas condições de haver um intercâmbio interdistrital para que a carne possa sair de Inhambane processada e com valor acrescentado”, afirmou Correia.

 

Mais 151 novos extensionistas para Inhambane

 

Na mesma ocasião, o governante procedeu à entrega de meios diversos de produção para agricultores, no âmbito da preparação da campanha agrária do Sustenta 2021-2022. Correia orientou ainda a leitura de juramento de 151 novos extensionistas que se irão juntar aos 196 já existentes.

 

A todos os extensionistas, o Ministro desafiou a transferência de conhecimento e tecnologia para catapultar a produção dos agricultores, aumentando a sua renda dos actuais cinco mil por ano para 30 mil Meticais por agricultor.

 

Avalêncio José é um dos novos extensionistas e disse, em declarações à “Carta”, esperar que na próxima campanha agrária “possa transformar cada agricultor do sector familiar em pequeno empresário. Afecto ao distrito de Panda, um dos desafios é fazer com que o produtor de gado produza não só para sobreviver, mas também para vender”. (Evaristo Chilingue)

O Porto da Beira, centro de Moçambique, está a cada dia a dinamizar o transporte marítimo da região da África Austral e do mundo. Em causa está o facto de a Cornelder de Moçambique, SA e o Corredor da Beira terem visto um aumento contínuo na demanda pelos seus serviços por parte dos exportadores de cobre dos países do hinterland, nos últimos três anos.

 

Durante os exercícios económicos de 2018 e 2019, essa procura traduziu-se num aumento significativo de 42% no cobre da Zâmbia e um impressionante aumento de 700% na República Democrática do Congo (RDC), o que contribuiu para que o porto manuseasse mais de 270.000 toneladas de cobre naquela época.

 

A tendência crescente foi persistente e, em 2020, as exportações da RDC aumentaram até 116%, enquanto, para a Zâmbia, registou-se um crescimento de 88%. A quantidade total de cobre manuseada excedeu 500.000 toneladas transportadas por via de contentores.

 

As interrupções da cadeia de suprimentos experimentadas globalmente, devido aos bloqueios relacionados à Covid-19, causaram atrasos nos cronogramas de navios e na falta de contentores, o que dificultou as cadeias de abastecimento de cobre a nível global, não poupando a rota da Beira. Estes factores tiveram um impacto negativo na produção de cobre do hinterland em mais de 50%, num momento em que o preço internacional deste minério sofre aumentos e beneficiará, significativamente, as economias do interior.

 

Como tal, o porto e os membros do corredor deram importantes passos no sentido de reintroduzir o carregamento de cobre a granel da Beira, quase duas décadas depois de terem mudado para o sistema de carregamento por contentores.

 

Participaram desta memorável operação com a Cornelder a Access World, na qualidade de agente de carga, e o Agente de Navios, Terra Mar Logistics, provando que os transportes fracionados são uma alternativa eficaz ao transporte de contentores de cobre para fora da Beira.

 

A operação foi bem-sucedida com 15.000 toneladas de cátodos de cobre carregados entre os dias 30 de Setembro a 5 de Outubro de 2021, tendo o navio desatracado nas primeiras horas do dia 06 de Outubro.

 

Durante a operação, a segurança foi sempre a principal preocupação, o que contribuiu para que fosse possível concluir a operação sem ferimentos ou comprometimento da integridade da carga. O porto manteve os seus habituais e imprescindíveis protocolos de segurança, para o manuseio de cobre em contentores para carga fracionada. Como tal, a operação foi bem-sucedida sem quaisquer violações ou incidentes de segurança.

 

Os prestadores de serviços de logística de carga do porto e corredor da Beira estão empenhados em maximizar o potencial do transporte de carga fracionada, para aliviar a actual crise do transporte de contentores e continuarão a oferecer esta solução aos valiosos clientes do corredor. (Carta)

O Relatório Anual e as Demonstrações Financeiras auditadas do exercício findo a 30 de Junho de 2021, da Companhia Nacional de Hidrocarbonetos (CMH), parte da Empresa Moçambicana de Hidrocarbonetos (ENH), revelam que o lucro da empresa derrapou em 2021. O recém-nomeado Presidente do Conselho Administrativo (PCA) da empresa, Arsénio Mabote, explica que as receitas foram influenciadas por baixos preços de petróleo no mercado internacional devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.

 

O Relatório da CMH mostra um total do rendimento integral positivo (lucro líquido) de 11.4 milhões de USD, o que representa uma redução acentuada de cerca de 54%, quando comparado com os resultados do exercício financeiro de 2020, que atingiram 24.7 milhões de USD.

 

Essa receita resultou da produção e venda de 179.35 Milhões de Giga joules de Gás Natural e Condensado contra os 176.19 Milhões de Giga joules vendidos no ano económico de 2020. Aliado aos efeitos da pandemia da Covid-19, o PCA da CMH diz em relatório que um dos principais desafios é a disponibilidade de reservas provadas, para assegurar o fornecimento de gás ao abrigo dos contratos assinados.

 

“Precisamos de investir urgentemente em projectos adicionais, tanto de compressão de gás, como de furos para recuperar mais gás dos reservatórios de Pande e de Temane, a fim de aumentar os respectivos volumes a serem fornecidos, para cobrir a quantidade total contratada, mitigando deste modo o défice de reservas”, afirma o PCA da CMH em Relatório anual.

 

Para além dos aludidos desafios, a CHM debate-se também com outros desafios técnicos e operacionais em termos de investimento em novos furos para sustentar o plateau e restaurar os furos de produção, que têm registado problemas de integridade, a fim de manter a actual capacidade de produção de gás, para satisfazer os contratos assinados.

 

Não obstante os constrangimentos referidos, o novo PCA da CHM diz que a empresa continua comprometida em pagar níveis satisfatórios de dividendos aos accionistas, tendo sido já pagos todos os dividendos declarados.

 

“No dia 29 de Setembro de 2020, realizou-se a Assembleia Geral Ordinária em que os accionistas da CMH aprovaram a distribuição de 75% do lucro líquido apurado no exercício financeiro de 2020. Portanto, no presente exercício, a CMH pagou aos seus accionistas um montante total de USD 18.578.217 de dividendos, sendo que USD 11.181.425 foram pagos no dia 27 de Outubro de 2020 e USD 7.396.792 foram pagos no dia 13 de Abril de 2021”, detalha Mabote.

 

Relativamente aos impostos e contribuições, a CMH pagou um montante total de 25.974.153 de USD ao Estado, dos quais 94% representam imposto sobre o rendimento de pessoas colectivas (IRPC), 5% impostos sobre rendimentos de pessoas singulares (IRPS) e 1% contribuições destinadas à segurança social (INSS).

 

Compulsando sobre o ano económico findo a 30 de Junho de 2021, Mabote sublinhou, em Relatório, que as acções da CMH continuaram a ser transaccionadas no mercado de valores mobiliários da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). Durante o ano financeiro, a fonte anotou que se verificou uma variação do preço da acção da CMH de 2.750 Meticais para 3.500 Meticais, tendo atingido o preço de 4.600 Meticais em Dezembro de 2020.

 

Refira-se que a CMH, SA é a parceira moçambicana no Consórcio (JO - Joint Operation) do Projecto de Gás Natural de Pande e Temane (PGN). São parceiros da operação conjunta a Sasol Petroleum Temane (SPT), que é a operadora dos campos de gás de Pande e Temane e é entidade moçambicana subsidiária da sul-africana Sasol Exploration and Production International (SEPI), com participação de 70%. A CMH conta com participação de 25%, e o International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, com participação de 5%. (Evaristo Chilingue)

A pesca industrial e semi-industrial realizada em todo o território nacional vem, nos últimos três anos, experimentando momentos difíceis. Como consequência, a quantidade de pescado capturado tendeu a reduzir de 2018 a 2020.

 

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) constantes em “Anuário Estatístico 2020” indicam que, no ano de 2018, a quantidade de pescado capturado foi de 38.8 mil toneladas. No ano seguinte, o cenário foi de queda, tendo a quantidade registada se fixado em 36.7 mil toneladas de diversos tipos de pescados. Em 2020, a queda foi profunda. O INE registou 15.3 mil toneladas de pescado em todo o país.

 

O destaque para o tipo de pescado vai para os crustáceos, cuja quantidade de pescado caiu, em 2019, de 6.4 mil toneladas para 3.8 mil toneladas em 2020. Outro realce vai, igualmente, para a captura do peixe que caiu de 29.6 mil toneladas em 2018, para 10 mil toneladas em 2020. A captura de moluscos também derrapou, de 514 toneladas em 2018 para 162 toneladas em 2020. Por fim, o realce vai para a captura de fauna acompanhante que baixou de 2 mil toneladas em 2018, para 1.2 mil toneladas em 2020.

 

Com a queda de quantidades de pescado, as vendas do negócio também reduziram proporcionalmente. Com todas as capturas, a indústria conseguiu 2.8 mil milhões de Meticais em vendas, no ano de 2018. No ano seguinte, as vendas caíram para 2.5 mil milhões de Meticais e, por fim, em 2020, a venda atingiu 1.1 mil milhão de Meticais.

 

Olhando para as vendas por tipo de pescado, constata-se que o peixe é que apresenta o maior prejuízo. Em 2018, a receita obtida foi de 1.5 mil milhão de Meticais, mas em 2020 caiu para 426.9 milhões de Meticais. Por seu turno, as vendas da captura dos crustáceos baixaram de 1.2 mil milhão em 2018, para 701.4 milhões de Meticais, em 2020. A quebra da venda da captura da fauna acompanhante foi de 26.6 milhões de Meticais em 2018, para 16.9 milhões em 2020. Por fim, a venda dos moluscos caiu de 34.4 milhões em 2018, para 10.8 milhões de Meticais em 2020. (Evaristo Chilingue)