O país conta, desde a semana passada, com um novo matadouro industrial, erguido no distrito de Panda, província de Inhambane. Com capacidade instalada para abate de 50 animais por dia, o matadouro “New Sub Industry” vai processar 120 mil toneladas de carne por ano e 10 mil em cada mês.
Informações partilhadas pelo gestor do matadouro, Edson Peula, indicam que a indústria resulta de um investimento de 4.5 milhões de USD de capitais chineses. Numa primeira fase, o matadouro conta com gado bovino de criadores locais e, a posterior, prevê fazer a sua própria produção.
Procedendo à inauguração da infra-estrutura, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, disse tratar-se do segundo maior matadouro que o país passa a ter.
“Até a inauguração deste estabelecimento hoje, Moçambique só tinha dois centros de processamento funcionais, nomeadamente, um na província de Maputo e o outro em Manica. Temos unidade fechada há mais de dois anos na província de Gaza, há uma quarta em construção na província de Tete. A inauguração da infra-estrutura, a segunda maior do país, coloca esta província como um verdadeiro pilar de desenvolvimento agro-pecuário de Moçambique” afirmou Correia.
Olhando para as acções levadas a cabo no âmbito da Estratégia Nacional de Desenvolvimento do Sector Pecuário, o governante disse, com um elevado grau de confiança, que com entrada em funcionamento da infra-estrutura e do matadouro de Tete, dentro dos próximos três meses, o país passará daqui a três anos, a ser auto-suficiente no processamento de carne de primeira e de segunda de qualidade. Esse facto irá dispensar a importação de carne.
“Fazemos essa projecção, primeiro porque a nossa capacidade de processamento com esta fábrica, a de Tete e Manica, de Gaza que esperamos que reinicie a actividade o mais depressa possível, permite produzir para nós, mas também para exportar. Mas também através do Sustenta iremos lançar uma iniciativa de melhoria genética do nosso efectivo. Neste momento o Governo já fez a aquisição de 1000 toros para o efeito”, explicou o Ministro.
Falando do impacto da indústria, a Administradora da Panda, Mércia Cossa, afirmou que uma das bandeiras do distrito é a criação de gado bovino, com 35.6 mil cabeças, assegurando 66.5 toneladas de carne. Doravante, disse esperar que o número de cabeças se multiplique para alimentar ainda mais a indústria.
“Este matadouro é reflexo do Fórum de Investimento Distrital ocorrido em 2018, em que o investidor manifestou interesse de instalar uma unidade de processamento de carne. Estamos cientes de que este empreendimento vai assegurar o fornecimento de carne bovina localmente, assim como a distritos vizinhos. Vai trazer mais postos de emprego e promover o efectivo bovino para 36 mil cabeças”, afirmou a Administradora de Panda.
Entretanto, olhando para os números, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural anunciou, na cerimónia, um crédito para a empresa adquirir mais gado em outros distritos da província para garantir maior quantidade de animais para o abate e processamento.
“Queremos aqui anunciar que, através do Sustenta, esta empresa, depois do investimento de 4.5 milhões de USD, irá beneficiar-se de um crédito que estará disponível a partir de agora para fazer aquisição de gado para o abate em toda a província de Inhambane. Portanto, estão criadas condições de haver um intercâmbio interdistrital para que a carne possa sair de Inhambane processada e com valor acrescentado”, afirmou Correia.
Mais 151 novos extensionistas para Inhambane
Na mesma ocasião, o governante procedeu à entrega de meios diversos de produção para agricultores, no âmbito da preparação da campanha agrária do Sustenta 2021-2022. Correia orientou ainda a leitura de juramento de 151 novos extensionistas que se irão juntar aos 196 já existentes.
A todos os extensionistas, o Ministro desafiou a transferência de conhecimento e tecnologia para catapultar a produção dos agricultores, aumentando a sua renda dos actuais cinco mil por ano para 30 mil Meticais por agricultor.
Avalêncio José é um dos novos extensionistas e disse, em declarações à “Carta”, esperar que na próxima campanha agrária “possa transformar cada agricultor do sector familiar em pequeno empresário. Afecto ao distrito de Panda, um dos desafios é fazer com que o produtor de gado produza não só para sobreviver, mas também para vender”. (Evaristo Chilingue)