O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, enalteceu esta quarta-feira, em Nampula, várias medidas que contribuíram para apreciação do Metical face ao Dólar dos Estados Unidos da América e estabilização de preços no país.
Falando na abertura do 46.º Conselho Consultivo da instituição, Zandamela começou por lembrar que 2021 iniciou num ambiente marcado por elevados riscos e incertezas resultantes da rápida propagação da Covid-19, forte pressão cambial, intensificação dos ataques terroristas na zona norte do país e a ocorrência de calamidades naturais.
Na conjuntura internacional, a fonte reavivou que o ano foi caracterizado pelo surgimento de novas vagas de infecções e variantes do coronavírus, pela volatilidade dos preços internacionais das mercadorias e pelo fortalecimento do Dólar dos Estados Unidos da América.
Como consequência de factores internos e externos, Zandamela disse que o Banco Central viu-se obrigado a rever em alta as perspectivas de inflação para o presente ano, o que exigiu a tomada de medidas correctivas que garantissem a estabilidade macroeconómica e do sistema financeiro do país.
Além de pespectiva de inflação, o Banco de Moçambique, após um ciclo de redução das taxas de juro de referência em 2020, decidiu igualmente rever em alta a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 10,25 por cento para 13,25 por cento, na primeira reunião do Comité de Política Monetária que teve lugar em Janeiro do presente ano.
A instituição reforçou ainda as medidas referentes ao cumprimento da legislação cambial, com destaque para o aumento das inspecções on-site às instituições de crédito e sociedades financeiras.
“Em resultado destas medidas, alcançámos o nosso objectivo de estabilidade de preços e testemunhamos a estabilidade do Metical em relação ao Dólar dos Estados Unidos da América. Com efeito, a inflação anual situou-se em 6,0 por cento em Setembro de 2021, dentro da banda de um dígito, e o Metical apreciou-se em relação ao Dólar dos Estados Unidos da América em 15,0 por cento, de Janeiro até à data”, afirmou Zandamela.
Adicionalmente às medidas aludidas, o Banco Central fortaleceu a posição externa de Moçambique, com a manutenção das reservas internacionais brutas em níveis confortáveis, o que permite cobrir mais de seis meses de importações.
Segundo o Governador do Banco de Moçambique, o aumento das reservas internacionais contou, também, com a alocação dos Direitos Especiais de Saque pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no montante equivalente a 308 milhões de USD.
Em face da reabertura gradual das economias, impulsionada pelo relaxamento progressivo das medidas restritivas contra a Covid-19, num contexto de redução de infecções e de maior vacinação a nível mundial, registou-se uma melhoria na procura global a partir do segundo trimestre do corrente ano.
Com efeito, Zandamela lembrou que após uma variação ténue de 0,1% no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto real registou um crescimento anual de cerca de 2%, no segundo trimestre de 2021, contra uma contracção de 3,5%, em igual período de 2020.
“Perante os resultados positivos alcançados nos indicadores sob nossa gestão, na última reunião do Comité de Política Monetária, realizada em Setembro de 2021, decidimos reduzir substancialmente os coeficientes das reservas obrigatórias em moeda nacional e estrangeira. A redução dos referidos coeficientes de reservas obrigatórias permitiu injectar mais de 500 milhões de dólares dos Estados Unidos da América no sistema financeiro, que poderão contribuir para o processo de recuperação económica em curso”, reportou o Governador do Banco Central.
Para além desses resultados, Zandamela lembrou também todas as acções levadas a cabo pelo Banco de Moçambique, de Janeiro a esta parte, com destaque para a assinatura, com o Governo Francês, de um Memorando de Entendimento para a implementação do programa de assistência técnica na componente do branqueamento de capitais e combate ao financiamento do terrorismo, bem como à assinatura dos acordos interbancários de subvenção com o banco alemão, KfW, no valor global de 6 milhões de euros, com o objectivo de apoiar financeiramente as micro, pequenas e médias empresas afectadas pela pandemia da Covid-19.
O Conselho Consultivo é um órgão de consulta do Conselho de Administração do Banco de Moçambique, onde são discutidos, em particular, temas de interesse institucional e da economia nacional, em geral.
Para o Conselho Consultivo deste ano, o Banco de Moçambique escolheu como tema “Desafios e Oportunidades na Comercialização e Processamento da Castanha do Caju: O Caso de Nampula”. (Carta)
A Costa do Marfim, líder mundial na produção de castanha de caju, vai construir três fábricas de transformação deste produto a partir de 2022, anunciou hoje a entidade nacional gestora do setor, Cotton and Cashew Council (CCA).
"As explorações agroindustriais de Brobo (centro), Yamoussoukro (centro) e Bondoukou (leste) vão processar quase 300.000 toneladas por ano a partir de 2022", anunciou Karim Berthé, diretor de transformação da CCA, em declarações à agência France Presse.
"Estas unidades irão aumentar a taxa de transformação local de 10 para 40%", acrescentou Berthé.
No ano passado, a produção bruta de caju da Costa do Marfim atingiu, pela primeira vez, o milhão de toneladas - contra 850.000 toneladas em 2019 - de acordo com números oficiais. Mas apenas 10% dessa produção foi transformada localmente.
A Costa do Marfim, que tem 250.000 produtores agrupados em cerca de vinte cooperativas, e persegue o objetivo de colocar a taxa de transformação local da sua produção bruta de castanha de caju nos 50% até 2025.
Para atingir alcançar essa meta, o governo da Costa do Marfim e o Banco Mundial concluíram um acordo em 2018 para o desenvolvimento de quatro zonas agroindustriais (ZAI) dedicadas ao processamento, um investimento com um custo total estimado de 200 milhões de dólares (172,4 milhões de euros).
O miolo da castanha de caju é utilizado na culinária e cosmética, enquanto a resina contida na sua casca é utilizada em várias aplicações industriais, nomeadamente em sistemas de travagem de aviões.
As castanhas de caju cru são exportadas para a Índia, Vietname e Brasil, onde existem indústrias transformadoras, antes de chegarem aos principais países consumidores: Índia, Estados Unidos, União Europeia, China, Emirados Árabes Unidos e Austrália. (Lusa)
A robustez das empresas privadas caiu no terceiro trimestre de 2021. Dados partilhados esta terça-feira, em Maputo, pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), indicam que o Índice de Robustez Empresarial (IRE) apresentou, no período em análise, uma tendência de redução face ao segundo trimestre, de 29 para 26%.
Em briefing económico sobre o desempenho das empresas do sector privado, o Director-Executivo da CTA, Eduardo Sengo, explicou que a redução do IRE deriva, essencialmente, do aperto das restrições no âmbito do combate à Covid-19, aumento dos custos de transporte devido à recente crise global de logística, depreciação cambial e aumento dos salários mínimos.
Quanto ao ambiente macroeconómico, Sengo explicou que, entre o segundo e terceiro trimestre de 2021, se nota uma tendência de deterioração, tendo o Índice de Ambiente Macroeconómico registado uma queda em 3pp, de 50% para 47%, devido à depreciação cambial e aceleração da inflação, num contexto de manutenção das taxas de juros de crédito.
Apresentando os resultados da análise do desempenho das empresas privadas, o Director-Executivo da CTA disse igualmente que o trimestre em análise foi, também, marcado por mudanças legislativas que impactaram adversamente o ambiente de negócios, com destaque para a aprovação do novo regulamento de Selagem de Bebidas Alcoólicas e Tabaco Manufacturado que tem como impacto o agravamento dos custos do sector empresarial, sobretudo, as indústrias cervejeiras.
Contudo, a CTA não deixou de destacar medidas regulatórias que impactaram positivamente o ambiente de negócios, durante o período em referência. O destaque vai para a “eliminação da garantia provisória em concursos para contratação de empreitada de obras públicas e fornecimento de bens e serviços ao Estado; e aprovação da instrução que impõe maior disciplina na fiscalização rodoviária aos comandos provinciais da Polícia da República de Moçambique”.
Durante o evento, Sengo fez saber que a CTA introduziu nesta VI edição do IRE o Índice de Tendências de Emprego, que entre o segundo e terceiro trimestre de 2021 registou uma redução, de 111.24 para 106.46 empregos, o que representa uma queda de 4.74 pontos.
A fonte explicou que a queda do índice de emprego é explicada pela tendência desfavorável dos factores que representam a procura pelo factor de trabalho do lado das empresas, nomeadamente, a “disposição a contratar mais trabalhadores, número de vagas de emprego, e empregos temporários e em tempo parcial”.
Durante o último trimestre, a CTA notou ainda que o custo da mão-de-obra impulsionado pelo ajustamento do salário mínimo ocorrido no período em análise, de uma média de 8.000 para 8.320 Meticais, também contribuiu para a contracção deste indicador.
Para o IV e último trimestre de 2021, no geral, a CTA espera uma melhoria do desempenho empresarial devido ao alívio das medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, anunciado a partir de Setembro, que poderão contribuir para a retoma do funcionamento da máquina empresarial.
Embora o alívio das medidas recentemente anunciadas possa contribuir positivamente para o desempenho empresarial, a CTA defende a adopção de medidas excepcionais em sectores gravemente afectados pelas restrições, sobretudo, o ramo da hotelaria e restauração.
Das várias medidas, o sector privado defende a abertura das praias de segunda à sexta-feira, das 06 às 17h para os banhistas, assegurando o acesso à praia dos hóspedes dos hotéis com base numa senha que confirma a sua condição de hóspede, para os hotéis que estão à beira do mar, bem como o aumento do número de pessoas nos eventos sociais em recintos adequados ou que tenham cumprido com o protocolo sanitário.
A CTA espera igualmente a revisão do Regulamento para o exercício da actividade de agenciamento de navios, mercadorias e serviços complementares; aprovação do Regulamento para os provedores e utilizadores de internet; aprovação da Lei cambial e Regulamento geral do acesso à energia Fora da Rede. (Evaristo Chilingue)
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) defende medidas que possam garantir em segurança sanitária a reabertura das 21 principais praias moçambicanas, interditadas para prevenir a covid-19. "O fecho das nossas praias representa um grande obstáculo à retoma do nosso turismo" e torna urgente que haja "regras para que o uso das praias seja possível o quanto antes, sem que a saúde das pessoas seja posta em causa", lê-se em comunicado,
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou um alívio de restrições em 23 de setembro, incluindo a reabertura das praias, mas sem aglomerações. No entanto, em 06 de outubro, o Governo decidiu interditar as principais praias do país devido às enchentes, entretanto, verificadas. Na última comunicação à Nação, em 24 de outubro, o chefe de Estado prolongou a medida até 20 de dezembro, um dia antes do início do verão em Moçambique e do principal período de férias no país.
A situação tem prejudicado as principais estâncias turísticas, num setor que tem sido dos mais afetados com o impacto económico da pandemia de covid-19.
"Temos reunido, temos apresentado os problemas e dificuldades da atualidade do nosso sector, mas também soluções e propostas concretas que o setor privado está preparado para implementar de imediato", refere a CTA. Entre as medidas, está a "inscrição para a vacinação de todos os colaboradores do sector".
As praias interditadas na zona sul de Moçambique são Costa do Sol, Katembe, Ponta do Ouro e Macaneta na região de Maputo, Bilene e Xai-Xai na província de Gaza e ainda Tofo, Barra e Guinjata, na província de Inhambane. No centro, estão fechadas as praias do Estoril, Macúti e Ponta Gêa na cidade da Beira, a praia da Zalala em Quelimane e a praia fluvial do Revubué em Tete. No norte estão interditadas as praias de Fernão Veloso e Chocas-Mar em Nampula, as praias de Wimbe, Maringanha, Sagal e Inos na cidade de Pemba e a praia de Chuanga em Metangula, no lago Niassa.
O país vive uma descida de todos os indicadores epidemiológicos desde julho, altura em que viveu a terceira vaga de covid-19. Hoje tem um total acumulado de 1.930 mortes e 151.292 casos de covid-19, dos quais 98% recuperados e sete internados. (Lusa)
A riqueza do país, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes e na óptica de rendimento cresceu só 221.8 biliões de Meticais nos últimos cincos anos, contra um crescimento de 219.7 biliões de Meticais registados de 2011 a 2015. Em média, o PIB cresceu 44,3 biliões de Meticais por ano, no último quinquénio.
Dados disponibilizados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que, em 2016, o PIB de Moçambique a preços correntes ascendia os 752.7 biliões de Meticais, mas cinco anos depois incrementou para 974.5 biliões de Meticais, uma diferença de 221.8 biliões de Meticais.
Do quinquénio anterior consta que a riqueza do país partiu em 2011 de 418 biliões de Meticais para 637.7 biliões de Meticais em 2015, um incremento de 219.7 biliões de Meticais, uma média de 43.9 biliões de Meticais por ano.
Numa perspectiva comparativa dos dois quinquénios, constata-se que, de 2016 a 2020, a actividade económica produziu muito pouca riqueza para o país, pois, a diferença dos crescimentos é de 2.1 biliões de Meticais. Entretanto, com a soma de ambas produções, conclui-se que a riqueza de Moçambique cresceu 441.5 biliões de Meticais nos últimos 10 anos. (Evaristo Chilingue)
O Governo prevê que, no próximo ano, a produção e exportação de energia eléctrica registem decréscimos de 1% e 13%, respectivamente, em relação às projecções de 2021, devido à diminuição da energia produzida na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), que tem um peso de mais de 80% nas estruturas de produção e exportações.
Essas projecções constam da Proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para 2022, aprovado recentemente pelo Conselho de Ministros e que já se encontra na Assembleia da República para discussão e aprovação.
De acordo com a fonte documental, a geração de electricidade a partir das centrais térmicas vai, porém, apresentar um aumento percentual de 3%, representando o maior desempenho da central a diesel, seguido pela central térmica a gás de Maputo com 101% e 8% respectivamente, tendo o menor grau percentual na geração de electricidade a partir de gás natural.
Para o exercício de 2022, o Executivo espera um crescimento na geração de energia a partir da fonte solar de 135% em virtude da evolução do desempenho global em relação à projecção para o corrente ano. A central de Mocuba prevê um decréscimo de 4%; por sua vez, as centrais de Mavago, Muembe, Mecula, e outras centrais solares terão um crescimento com o início da produção das centrais de Cuamba e Metoro. (Carta)