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segunda-feira, 11 fevereiro 2019 14:24

Por que continuamos a ser tratados como vampiros quando emigramos para Europa?

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A migração é o deslocamento de indivíduos de um lugar para o outro. Esse deslocamento começou há 120.000 anos, desde que o ser humano se conhece como “Homo Sapiens”, com origem em África, mais precisamente em Moçambique na Província de Tete, distrito de Mutarara, de acordo com o canal televisivo norte-americano National Geographic. De Tete, o “Sapiens” deslocou-se para China, Eurásia, Mediterrâneo, Austrália e posteriormente para as Américas (Wikipédia). Antes que se prove o contrário, a Humanidade teve origem em África!

 

O Daily Telegraph em 2015 publicou um estudo sobre “47 Human Teeth”, onde se evidencia uma dentadura africana nas Caves de Calcário de Daoxian, na província de Hunan, China, há 100.000 anos.  Da Universidade de Oxford UK, Michael Petraglia afirma que as primeiras evidências de seres humanos na Europa datam de há 45.000 anos, resultante da migração da Eurásia em particular das planícies Persas (actual Irão). Desde há 120.000 anos que os seres humanos circulavam (migravam) livremente. 

 

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os países europeus restringiram a circulação de cidadãos exigindo passaportes que viriam a ser homologados pela Liga das Nações - Conferência de Paris em 1920. A exigência de passaportes e vistos de entrada foi mutuamente imposta por razões económicas. A Europa, devastada e empobrecida pelas guerras (Guerra dos 30 anos, Guerra dos 7 anos e WW1), estabeleceu regras defensivas a fim de se proteger. A história dita que os povos se respeitavam, cooperaram durante milhares de anos antes dos europeus se atreverem a descer o Oceano Atlântico a partir do século XV.

 

Os europeus, ávidos de acesso ao desenvolvimento, modernismo, minerais, matérias-primas e acessórios, e incapazes de furar a passagem pelo mediterrâneo, sob controlo dos árabes, tiveram que descer o Oceano Atlântico e subir o Oceano Índico. Nesta aventura foram atracando por diferentes portos africanos. Invejaram a riqueza destes e regressaram hipocritamente abusando a hospitalidade destes povos, ocupando estes territórios a força - apelidando a violência de epopeia, ficando notoriamente designada de “Era dos Descobrimentos”.

 

O caro leitor não tem uma ideia da catástrofe que esses “descobrimentos” representaram para os povos africanos, sul-americanos e asiáticos - empobrecer, empobrecer e empobrecer. Pior ainda foi a humilhação a que os povos acima referidos foram alvos e continuam a ser até a data, por responsabilidade própria (nossa).

 

A nossa FALTA de DIGNIDADE faz com que não acreditemos que somos iguais, que somos capazes e que também podemos conseguir. Continuamos a encorajar racistas, de que os africanos são uma espécie inferior do ser humano, como afirmaram nos anos 1600 os “políticos e cientistas” britânicos e alemães quando levaram africanos para os seus laboratórios, testando-os até a morte e, mesmo depois da morte, escrevendo inúmeras teses incivilizadas e ignorantes, que “confirmavam” a nossa irracionalidade.

 

Se o leitor acha que o parágrafo anterior faz parte da história da ignorância engana-se. Recomendo que leia o texto escrito pela Sra. Luzia Moniz a 05/12/2018 - CPLP escolhe escravocrata para patrono de projecto juvenil -,  referindo-se ao poeta português Fernando Pessoa que, em 1917, escreveu e, passo a citar, “a escravatura é lógica e legítima; um zulu (sul-africano) ou um landim (moçambicano) não representa coisa alguma de útil neste mundo”.  Fernando Pessoa acrescenta: “Civilizá-lo, quer religiosamente, quer de outra forma qualquer, é querer-lhe dar aquilo que ele não pode ter”, fim de citação. Estas, entre muitas outras, são declarações incivilizadas e animalescas do considerado “grande poeta português”. 

 

Para os mais distraídos, dizer que nós os africanos de Língua Portuguesa (Moçambique incluso) somos maioria na CPLP presidida neste momento por Cabo Verde. No entanto, os nossos representantes aceitaram designar um símbolo racista (Fernando Pessoa) como patrono desse programa. É ridículo e ofensivo. A história serve de referência, para que não se repitam os erros do passado.  Continuamos a ver a justiça europeia pressionada pelos euro-judeus a perseguir actores do holocausto Nazi, cuja maioria tem quase 100 anos de idade, prendendo-os, julgando-os e condenando-os, porquê? Porque é preciso desresponsabilizar os europeus colectivamente, restabelecendo a sua DIGNIDADE, através de bodes expiatórios, rescrevendo a história.

 

Se visitarmos a História Universal, os actos incivilizados de violência bárbara foram no Continente Europeu  as Cruzadas desde ano o 1030 (durante 300 anos), a Inquisição no ano de 1500 (queimaram vivos milhares de cientistas, intelectuais, artistas, etc., por intolerância religiosa), o Calvinismo em 1552 (guerra intolerante Cristã), a Guerra dos 30 anos, de 1618 a 1648 (o primeiro conflito intercontinental religioso Cristão), WW1 e WW2 onde morreram 50 milhões de soldados e 100 milhões de cidadãos, vítimas de epidemias resultante dessas guerras. Milhões de europeus vítimas da pobreza emigraram para África. Hoje partilhamos e convivemos alegremente com os seus descendentes, nacionais de pleno direito sem discriminação. Uma vez mais os africanos demonstram a sua civilidade, justeza e hospitalidade. 

 

África tem aproximadamente 800 milhões de habitantes. A União Europeias tem aproximadamente 300 milhões de habitantes. África teve até a data 13 milhões de emigrantes para os países da OCDE equivale a 1,6% da população africana. A Europa teve até a data 40 milhões de emigrantes para os países da OCDE, equivalente a 13% da população europeísta. África nunca ocupou (até que se prove o contrário) territórios europeus, nunca escravizou europeus (com excepção dos povos da margem sul do Mediterrâneo ‘África Branca’ que escravizaram os Europeus da margem norte), nunca colonizou países e povos europeus, nunca explorou recursos europeus, nunca pilhou riqueza europeia, nunca criou golpes de Estado e guerras na Europa.

 

A pergunta que não se quer calar é a razão deste texto - porquê é que continuamos a ser tratados como vampiros quando emigramos para Europa? Existe reciprocidade? Existe civilidade? Existe memória histórica? Existe moral? A razão desta migração desenfreada para Europa deve-se fundamentalmente a:

 

  • Envelhecimento demográfico europeu, que torna a sua economia insustentável. Os europeus precisam dos nossos emigrantes para sua economia, porém querem escolher os que mais lhes convém, de preferência os africanos brancos;
  • Continuação do roubo dos recursos naturais (hidrocarbonetos e minerais) através da invasão militar e destruição dos respectivos países.

 

Comparemos o número de europeus em África versus africanos na Europa. Comparemos o rendimento (valor exportável) dos migrantes africanos na Europa, versus rendimento dos europeus em África. Para que serve a União Africana, CPLP, Commonwealth, ONU, etc.? Sabia que 10,8% dos emigrantes africanos para OCDE têm formação superior? Os europeus emigrados para OCDE com formação superior são 5,3%, e os americanos (USA) emigrados com formação superior são 0,5%.

 

Sabia por exemplo que a colonização portuguesa em África só foi possível graças aos indianos (Goa, Damão e Diu) porque o nível de iletrados do colono português era de 99%. Mas afinal quem precisa de quem? A questão que temos que avaliar é a quem beneficiam os investimentos estrangeiros em África e América do Sul? DIGNIDADE não tem preço! Será que alguém tem honra, quando para sustentar a sua família, comunidade e país, tem que mendigar? Se os nossos recursos naturais não servem para criar postos de trabalho directo e indirectamente aos cidadãos nacionais, então a quem servem?

 

Será que estamos a valorizar a nossa independência quando acreditamos que a solução vem dos “doadores”?  Nenhum país se desenvolve sem cobrar impostos, em particular aos investidores de recursos naturais. Responsabilidade social é da responsabilidade do Estado, não das empresas. O Governo tem que beneficiar sempre o seu Patrão. Nós também podemos. Precisamos de resgatar a nossa dignidade. Temos que ter coragem e determinação. Humildes para mobilizar os cidadãos para um bem comum. Exigir reciprocidade a quem quiser negociar connosco. Calculo que o apoio ao Orçamento Geral do Estado pelos “doadores” não representa o valor dos juros do dinheiro - africano e moçambicano - depositado nos bancos europeus e americanos.

 

Renegociar faz parte do jogo económico. As multinacionais e os seus países estão sempre a renegociar: o que era ontem já não é hoje. Trump cancelou unilateralmente 75% dos acordos internacionais dos USA, e está a renegociá-los. Quando nós queremos renegociar, dizem-nos que não somos sérios e nós acreditamos. Temos inúmeras soluções...

 

A luta continua!

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