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quarta-feira, 06 setembro 2023 06:55

A FACIM que (não) queremos!

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Estavam criadas todas, mas todas mesmo, as condições para ser um dia bastante memorável na palhota dos Cossa. O pai da família, a esposa, os filhos e suas namoradas tinham combinado visitar a nossa Feira Agro Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM), na sua designação inicial, que se mantém até hoje, sábado e, depois disso, sentarem-se, todos juntos, almoçarem, pôr a conversa familiar em dia e reforçarem os laços! A feira estava a correr, todos tinham disponibilidade, curiosidade de ver e conhecer o que lá estava a ser exibido e estômago para degustar certas iguarias, como a tilápia que lhes tinha sido recomendada por um amigo - todos os condimentos reunidos para um dia especial.

 

No entanto, nem sempre vence o provérbio segundo o qual “querer é poder”!

 

Primeira contrariedade é que, por volta das 11 horas, começaram a circular nas redes sociais mensagens segundo as quais as portas da nossa maior exposição nacional estavam encerradas por conta de um programa superior que duraria até às 13. Os dois chefes de estado - o nosso e o de Gana - iam visitar a exposição. A indignação tomou conta dos Cossa. É/era mesmo necessário fechar as portas ao público?!… já ouvimos falar de chefes de estado que visita, eventos e eventos, mas, mandar vedar ao público… afinal, o objectivo não era bater o recorde de 50 mil pessoas a visitarem a FACIM-2023? Orgulho para todos nós! Se sim, como é que se ia bater tal recorde com… restrições desta envergadura! O sábado, que as pessoas tinham reservado para “perderem” todo o seu tempo lá, como o fizeram tradicionalmente, desde a fundação do evento, vendo e conhecendo coisas de outras e muitas realidades e culturas do seu país e de outros que lá se fizeram presentes, num total de… 26!?… Pareceu uma medida completamente insensata, mas… como se diz, manda quem pode! No entanto, veio-se a saber que, afinal, tal ordem não era “superior” como muitas outras… era dum boisse aí pelo meio e mandou-se cancelar. Mas a confusão já estava decretada, em curso e a florescer.

 

A segunda, maior e mais dramática, foi o acesso. Que se saiba, o trajecto para se chegar à FACIM é, necessariamente, a EN1-Cruzamento da FACIM e virar-se à esquerda ou à direita, consoante a proveniência. Da paragem do bairro Agostinho Neto até ao cruzamento, levava-se cerca de uma hora e meia naquele sábado. Durante perto de 40 minutos, os carros que pretendiam entrar para a feira não se moviam meio centímetro… Passado esse tempão todo… uma escolta militar imponente, sumptuosa, com todos os sirenes e tudo, lá veio da FACIM e fez-se à EN1 - precisamos de tudo isso? Todos respiraram de alívio, mas… o calvário só prosseguiu. Os polícias de trânsito, no lugar de permitir que os automobilistas seguissem pela ruela que dá acesso à feira, mandaram todos fazer u-turn para os que vinham da cidade de Maputo, com a indicação de irem entrar pela via de saída! Que tamanha enormidade. Lá seguiram os carros e, na arenosa via, vieram mais dissabores: estrada estreita, de areia, rural, de… terceira, mas os carros, uns atrás dos outros, tinham que se cruzar certos a saírem e outros, muitos, a entrarem; e as viaturas ligeiras, de pequena cilindrada e sem tração, iam ou “sentando” no chão, ou… enterrando-se. Pior, foi quando se chega ao último troço, rente à entrada. A confusão entre viaturas que vinham e as que iam era total! TOTAL, agravada com os enterros que a estrada arenosa ia proporcionando! O QUE CUSTOU (CUSTA) PAVIMENTAR A ESTRADA RURAL DE SAÍDA DA MAIOR FEIRA DE MOÇAMBIQUE - desde que foi transloucada da cidade de Maputo? Uma FEIRA NACIONAL!…

 

De modo que, das 11 horas programadas para começar o programa dos Cossa, só conseguiram acesso cerca das… 17 horas! E os filhos e respectivas namoradas, 18:40!… Cossa e esposa, que tinham conseguido chegar primeiro, ainda foram ver às correrias este mais aquele pavilhão, mas não completaram, era impossível completar àquela hora. Aos rapazes, que chegaram depois… ainda que tenham entrado, porque tinham que inutilizar os bilhetes, não lhes foi permitido ver… nada de nada. Em todo o lado por onde passavam, “já estamos a fechar”… era-lhes dito pelo pessoal dos stands, que, ao mesmo tempo, já desmobilizavam os materiais.

 

Porque cabia aos pais encontrar o local para o almoço em família, Cossa e esposa tiveram que interromper a visita aos pavilhões. Tinha-lhes sido recomendado para irem saborear a tilápia num restaurante dentro do pavilhão de um ministério. Agoiro: “Já não temos tilápia… já não temos nada, estamos a fechar!” Estas palavras iriam ouvi-las por todo o percurso… Desceram para os restaurantes da parte baixa… mesmas palavras! Subiram para os de entrada, que pareciam mais luxuosos, mesmíssimas palavras! E estava-se por aí 18:40…

 

Grandiosíssima indignação: sábado, como é que às 18:30 horas os restaurantes já não tinham comida e estavam a fechar na FACIM, a maior e mais importante exposição nacional? Não era suposto funcionarem até às tantas, em se tratando do último dia? Algo errado não está certo. Se calhar, a velha questão da localização da instituição e sem transporte efectivo. É esta a FACIM que queremos?!… Pondo melhor: esta é a FACIM que não queremos? Custa organizarmos um evento de excelência? Top. Sem máculas?!…

 

E tudo o que era um programa de uma família foi por água abaixo! E quantas famílias?

 

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