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BCI
segunda-feira, 22 julho 2019 05:53

Sobre umas ressonâncias do Omar Mithá

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O PCA da ENH foi de uma valente perspicácia na colocação das previsões do encaixe fiscal e não fiscal que o Estado terá decorrente  do gás do Rovuma. Ele clarificou "pão pão, queijo, queijo" nossas dúvidas sobre uma tal retórica que estaria empolando os beneficios.

 

Ainda bem! Daqui a poucos anos ja vai dar para monitorar essas previsões. 

 

No mesmo diapasão, o INP também veio a terreiro dizer de sua justiça. E foi interessante ver essa avalanche reactiva do regulador e do operador petrolífero nacional a uma entrevista do Dr Magid Osman na STV, da qual eu apenas amplifiquei na Carta de Moçambique suas ideias centrais. 

 

As reações revelaram um défice de comunicação das duas entidades. Dados relevantes sobre a economia do gás do Rovuma são  publicados de modo reactivo.

 

Agora é preciso que as projecções das duas entidades sejam publicadas de modo permanente nos respectivos websites. Estou curioso para ver essa dimensão de transparência.

 

Mas é preocupante que nenhuma das entidades tenha abordado sobre os desafios de controle dos custos recuperáveis, aspectos fundamentais na determinação da matéria tributável e profit oil. 

 

Por outro lado, mais do que desmentir os dados de Magid Osman e fazer troça de quem foi apenas o meio de uma mensagem que continha uma perpectiva diferente, ficou no ar um sinal indelével de que o pensamento diferente é tido como ruim. 

 

Dir-se-á que não se trata de conjenturas mirabolantes mas de números concretos decorrentes dos "project finance" relevantes. E que quem está directamente envolvido manipula melhor os dados que qualquer "outsider". Mas estamos perante um projecto de escala globlal pelo que andam por aí projeções  distintas.

 

De qualquer forma, os dados publicados são eloquentes sobretudo pelo seu nível de desagregação. E, por isso, o mérito de Magid Osman em trazer uma abordagem que forçou que mais dados fossem liberados.

 

Uma coisa, no entanto, deve ser reconhecida humildemente. O financiamento da ENH para sua participação nos dois projetos do Rovuma será um grande desafio. E isso não decorre da "conjuntura económica", qual eufemismo! Decorre do calote da dívida oculta e do "default" que enterrou nosso "rating" no lixo. A necessidade de financiamento da ENH para participar nos projectos do Rovuma e a situação da dívida decorrente do calote jogam uma contra outra. 

 

Para recuperarmos alguma  credibilidade é preciso que o Governo consiga uma urgente reestruturação da dívida oculta com alguns dos credores. Depois disso, lá mais o fim do ano, a ENH terá mais chances. Negar esta situação é tentar tapar o sol com a peneira.

 

De resto, ficamos com mais dados, agora divididos entre uma visão mais comedida e uma propaganda de encher a barriga...com os bilhões.

Sir Motors

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