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quarta-feira, 29 julho 2020 06:27

O 'culupado' é o Reitor

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É simples: se Filipe Nyusi ligar-me agora e dizer que quer-me nomear ao cargo de Reitor da U-É-Eme, eu vou recusar. Também vou recusar, se Gianni Infantino ligar-me e dizer que quer-me dar a Bola de Ouro 2020. Quem está a concorrer para isso é malta Lewandowski, Ronaldo, Messi, De Bruyne, Neymar, Mbapé, Mané e companhia. Não vou aceitar também, se, em Agosto do próximo ano, Thomas Bach disser que quer-me dar a medalha de melhor atleta olímpico 2021 de 100 metros com barreiras. A mim, só se for em olimpíadas contra Mahindras.

 

Então, sobre o assunto do Presidente da República nomear reitores sem respeitar as propostas dos 'Conselhos de Direcção', eu tenho a dizer o seguinte: a culpa não é do Presidente da República. Talvez ele esteja a tentar a salvaguardar os seus interesses escondendo-se por detrás da (ir)responsabilidade que a lei lhe confere. Mas, também, a culpa, não é da lei. A lei está a cumprir a vontade do legislador simplesmente. O 'culupado', quanto a mim, é o próprio nomeado. A culpa é do REItor-paraquedista que aceita ser coroado REItor de um reino sem a tradicional escolha espiritual e consanguínea. É como um Papa que aceita ser coroado sem o tradicional fumo branco do Conclave da Capela Sistina. É demoníaco!

 

O nomeado é quem deve ter a consciência e a humildade de dizer 'não!'. 'Excelência Senhor Presidente, não posso aceitar esta posição porque eu não concorri'. 'Senhor Presidente, sinto-me lisonjeado com a escolha a minha pessoa, mas, infelizmente, eu não posso aceitar porque eu sei que há pessoas que se candidataram a esta posição e estão a concorrer forte lá na universidade'. 'Excelência, por uma questão de respeito e consideração pelos candidatos, eu não posso aceitar esta posição'. 'Excelência, não seja assim... por acaso, o senhor iria gostar se o Conselho Constitucional declara-se Yaqub Sibindy ou João Massango vencedor das últimas eleições presidenciais?'. Tão simples quanto isso! É uma questão de boa educação, de coerência, de peso de consciência, de vergonha na cara e... 'má-nada'! E isso não precisa de Constituição da República... é berço.

 

Quem vence concursos são os legítimos concorrentes. Quem vence eleições são os legítimos candidatos. Eu falei disso aquando da nomeação do Professor Doutor Jorge Ferrão ao cargo de Reitor da U-Pé. Até hoje não consegui engolir. Nada contra a pessoa do Professor, muito pelo contrário. É uma figura que respeito e me curvo aos seus méritos... mas, não engoli o seu paraquedismo enquanto outros se digladiavam em eleições internas (renhidas, diga-se!). É muita humilhação!

 

Eu não entendo esta coragem que certas criaturas têm de acordar, tomar banho, pavimentar-se com creme, enfiar-se nuns ternos slim-fit, fundear uma gravata na goela e fumegar-se com 'Tom Ford - Lost Cherry' para ir receber uma medalha de um torneio que não participou. Para mim, esse indivíduo é um insurgente. É um golpista. É um traidor. É um gatuno. Devia estar na tabela de Téo. É um Chopstick académico. 

 

Estou a ver que este assunto está a ser tratado de forma muito escolástica. O assunto está a ser discutido como uma equação quadrática, com régua, transferidor, compasso, tabuada e calculadora científica. Há excesso de diplomacia jurídica neste debate. Ser reitor de uma universidade, seja pública ou privada, transcende a própria academia, pelo que o seu debate transcende também o fórum académico. Os bois devem ser domados pelos cornos e chamados pelos próprios nomes. Vergonha na cara não é uma questão de lei, é bom senso. Um paraquedista académico é um energúmeno e... ponto final!

 

- Co'licença!

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