Lembro-me como se fosse ontem: quando Celso Correia foi nomeado ministro, o mundo quase que ia desabando. Dizia-se, na altura, que Correia era um menino de recados e mimado de Armando Guebuza que, por isso, ia ao ministério para sabotar o Presidente Nyusi. Correia era marionete e puto de boladas sujas do Guebuza.
Celso Correia não era nada ministeriável, logo para um sector importante e sensível como o da terra, ambiente e desenvolvimento rural. Não tinha experiência. Era um miúdo atrevido e ambicioso que não tinha noção das coisas.
Já o Rajendra de Sousa entrou no ministério cheio de sabedoria e de coisas para dar. Enquanto vice-ministro, fez sombra ao próprio ministro. Tanto que não foi surpresa para ninguém que Rajendra passasse a ministro. Era o mais sensato. Era o que se esperava.
Do primeiro ao último dia, havia sempre uma expectativa em relação ao Rajendra de Sousa. As pessoas sempre acreditavam que Rajendra guardava uma carta da sabedoria na manga e que poderia tirá-la a qualquer momento. Mas nada!
Hoje, Celso Correia é o tal ministro. O ministro irreverente, atrevido, ousado e criativo. Aquele ministro que não pode ser descartado. O ministro que é capa na FRELIMO. O ministro apoiado pela opinião pública. Hoje, Celso Correia e João Machatine são os tais ministros.
Enquanto isso, o Rajendra sumiu. Um grande académico e intelectual com voz de Jazzista na menopausa entrou gritando e saiu mudo. Perdeu ideias. Nunca vou-me esquecer daquele dia que o Rajendra apareceu na tê-vê apelando ao consumo massivo de "nhewe"/"tseke" porque, segundo ele, amolecia as fezes. Ali logo me apercebi que a bússola do cota estava avariada. Nunca consegui entender a relação entre a maciez do nosso côcô e a industrialização e comercialização do país.
CONCLUSÃO
Por causa dessa e outras realidades, custa-me avaliar o governo, de acordo com as experiências ou diplomas das pessoas nomeadas. Tenho medo de comprar gato por lebre. Para fazer uma validação saudável do governo é preciso conhecer o objectivo do Estado. Ou seja, onde queremos ir. É preciso conhecer a Missão, a Visão e os Valores do Estado, como um todo, e dos Ministérios, como áreas de apoio.
Por exemplo, qual é o objectivo da educação? Aqui parece que cada ministro cria a sua própria estratégia. É tudo pessoalizado. Ora 2ª classe tem exame, ora não tem; ora há 2ª época, ora não há; ora há exame extraordinário, ora não há; ora o ensino básico vai até 7ª classe, ora vai até 9ª; ora os exames são corrigidos em Maputo, ora cada um corrige sozinho; ora a passagem é automática, ora é semi-automática; ora é electrónica, ora é quase-mecânica; ora o livro deste ano é desta editora, ora é daquela editora; ora isto, ora aquilo. Afinal, qual é a visão do Estado para a Educação a longo prazo?
Parece que estamos a construir um edifício que ninguém conhece o projecto. O pedreiro, o carpinteiro, o canalizador, o electricista e o serralheiro não sabem como será o edifício, apenas sabem que é para residência. Por isso, o critério de avaliação do trabalho de cada profissional é a sua esperteza e a sorte.
Então, é aqui onde moram os meus limites.
- Co'licença