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segunda-feira, 03 dezembro 2018 03:00

A penosa missão do Elias

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Para muitos, Elias Dhlakama é apenas irmão de Afonso, também Dhlakama, o falecido líder da RENAMO. É uma irmandade despoletada em forma de propaganda política da FRELIMO e de Filipe Nyusi quando, só em 2015, Elias foi promovido a dois cargos de relevo nas Efe-A-Dê-Eme: em Fevereiro, promovido a comandante do comando de reservistas e, em Setembro, promovido da patente de coronel para brigadeiro. De resto, foram duas cerimónias pomposas e mediáticas vistas por alguns analistas como arranjo de cavalheiros. Golpe político.

Fora isso, Elias não passa de um profeta bíblico que significa "Jeová é meu Deus" que tenta a todo custo infiltrar-se e benzer a RENAMO. Elias não passa de uma menina mimada que não ajuda a escolher o feijão, nem a acender e a soprar o fogão, mas que aparece, fazendo aquele sorriso administrativo, na hora de comer.

As pessoas perguntam onde andava o Elias quando o Afonso era perseguido e emboscado? Onde andava o Elias quando o Bissopo era atacado e espancado? Onde andava o Elias quando o Ossufo era seviciado? Onde andava o Elias quando a Ivone (sua legítima sobrinha) era ameaçada de morte (graças à arma que encravou)? De que lado estava o brigadeiro Elias Dhlakama quando o deputado Armindo Milaco dava o peito às balas da ofensiva do regime?

Elias Dhlakama pode até concorrer à presidência da RENAMO em Janeiro, mas para granjear simpatias, dentro e fora do grupo, tem de comer muito feijão, como se diz por aqui. O atual contexto político do país requer da RENAMO um líder que conhece e que seja conhecido nas duas hostes: a militar e a diplomática. Mais do que conhecido que seja reconhecido. Um militante de peito aberto. Um peito sem colete a prova de balas. Ao Elias, eu só olho. É uma missão penosa. Não será fácil convencer e vencer em 45 dias que restam. Não é fácil apagar a ideia de que Elias estava desde 1992 nas Efe-A-Dê-Eme comendo a vida com a colher grande. O difícil mesmo é comparar-se ao seu falecido irmão Afonso que preferiu morrer na selva da Gorongosa a viver refastelado na capital às custas do Estado, tudo em nome da democracia e do povo. Enfim, o que os membros da RENAMO querem hoje é um líder que não morreu ontem por mera sorte. Não querem apelidos, muito menos carreira militar formal. Quando precisamos de sal não adianta trazer açúcar, diz o ditado.

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