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segunda-feira, 08 julho 2019 07:02

Em directo de um lugar chamado zona

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Chegam-nos notícias segundo as quais, nos próximos 25 anos, nenhum presidente daqui da zona concederá uma entrevista à Ere-Dê-Pê e à Ere-Tê-Pê da Tuga. Tudo por causa de duas senhoras das estações televisiva e radiofónica da Tugalândia que tentaram engasgar o presidente durante uma entrevista na semana passada. Esta decisão foi tornada pública pelo capitão da seleção nacional dos bajuladores, vulgo Gê-40, nas redes sociais. 

 

Na Tuga, a notícia foi recebida como um autêntico tsunami. Informações em nosso poder dão conta que os tugueses estão em pânico geral. A bandeira está à meia-haste. É luto nacional. É uma catástrofe de grandes proporções. Tuga não pode (sobre)viver social, política e economicamente se os seus repórteres não tiverem acesso aos estadistas daqui da zona. Isso é catastrófico! Se se concretizar, Tuga corre risco de ser banido da União Europeia e das Nações Unidas e poderá estar isolado do resto do mundo. 

 

Não entrevistar um presidente daqui da zona durante um ano já é trágico demais, imagina então durante 25 anos! É calamitoso, funesto, cataclísmico, desastroso, sinistro e outros tantos adjectivos pessimamente dramáticos que a humanidade já inventou. Não é por acaso que analistas entrevistados pelo nosso repórter falam do "fim da Tugalandia!". Alguns cidadãos já estão a fugir da Tuga para países vizinhos. Não entrevistar um presidente daqui da zona é a pior sanção que uma empresa jornalística do mundo pode ser imposta. É como se um asteróide tivesse caído sobre o teto da redação. 

 

Os efeitos desta medida estão a criar um caos sem precedentes em toda a Europa e no mundo. A queda do presidente Marcelo é eminente. O exército está a caminho de Belém para o esperado golpe. O vinho do Porto caiu na bolsa de valores. A FIFA vai retirar todas as Bolas de Ouro de Cristiano Ronaldo. O Secretário-Geral das Nações Unidas, Guterres, vai se demitir. Todos os livros que o jornalista da Ere-Tê-Pê, Dos Santos, vendeu serão devolvidos e os clientes serão ressarcidos. O Vaticano vai "des-santificar" as aparições da Nossa Senhora de Fátima. O Sumo Pontífice considera que a pena é bastante severa para um país como aquele que depende inteiramente daqui da zona em todos aspectos. Tocova terá enviado uma carta ao presidente pedindo que ele reconsiderasse a decisão. Hoje haverá uma vigília de orações em latim na Basílica de São Pedro, com os dois Papas vivos e a respectiva Cúria Romana orando por Tuga. Nos próximos dias o povo tuguês vai marchar contra esta medida catastrófica. A imprensa mundial só fala disso. Praticamente, é o fim do mundo. 

 

Espera-se que as duas jornalistas que matrecaram o presidente sejam julgadas e condenadas à prisão perpétua. Aquelas são perguntas!?!  Imagina se o prensidente tivesse morrido por "asfixia-argumentativa"!? Mesmo repetindo "ene-vezes" que era presidente da zona não o pouparam. Cada abuso tem seu preço. 

 

O sindicato dos bajus diz que aquilo foi tentativa de assassinato em "Três-Dê", associação criminosa para delinquir e formação de quadrilha. Um crime fosforicamente premeditado. Tentaram "killar" o presidente daqui da zona com recurso a perguntas. Um golpe de estado em conluio com o Matias e o seu chefe Veloso. Mais tarde, esses dois poderão responder em sede de tribunal daqui da zona por criação de interrogatórios ilícitos, branqueamento de questinários e tráfico de perguntas perigosas para o exterior. 

 

Sem querer ser apriorístico - mas já sendo - o Gê-40 deve estar a pensar seriamente em criar a sua própria Ere-Tê-Pê, onde o entrevistado será recebido com leques de pluma de ganso criado em cativeiro, paninhos de linho quentes e perfumados, massagem tailandesa, sauna a vapor e ainda com direito de ser o próprio convidado a fazer as perguntas e a responder sozinho. O estudio também terá à disposição um Historiador para estudar se as perguntas já foram feitas na antiguidade ou durante a luta de libertação nacional, um Fisico para estudar a velocidade, a potência e a intensidade de cada pergunta, e um papagaio, não se sabe para quê. 

 

Portanto, que fique bem claro, aqueles lá podem sumir do mapa, se os seus jornalistas não entrevistarem o presidente daqui da nossa zona. Presidente desta zona não é um "qualquer".

 

Mais desenvolvimentos com o nosso repórter posicionado num lugar chamado zona, atrás do Fundo-do-Poço, nos próximos serviços noticiosos. 

 

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