O fornecimento de água às cidades de Maputo, Matola e vila de Boane, que actualmente é feito em dias alternados, poderá agravar-se nos próximos tempos devido à fraca queda de chuvas numa altura em que a época chuvosa aproxima-se do fim. Neste momento, o número de famílias afectadas pela escassez de água, sobretudo nas zonas periféricas de Maputo e Matola, é de aproximadamente 14.577. Muitas dessas famílias queixam-se de mesmo sem água estarem a receber facturas, com ameaças de corte caso procedam ao respectivo pagamento. A barragem dos Pequenos Libombos tem capacidade para armazenar pouco mais de 400 milhões de metros cúbicos de água, mas há pouco mais de cinco (5) anos que está sem reserva suficiente. Neste momento, aquela infra-estrutura apenas tem capacidade para satisfazer 80% das necessidades, situação que poderá agravar-se com a prevista seca derivada da escassez de chuvas.
Segundo Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, que falava durante a visita que efectuou na semana finda à barragem dos Pequenos Libombos, os bairros da Machava, Tsalala e outros das cidades de Maputo e Matola são os mais afectados pela crise de água. Para minimizar este cenário prevê-se a abertura de novos furos para satisfazer a procura daquele precioso líquido, mas enquanto isso não acontece a água será fornecida em dias alternados. Ainda de acordo com João Machatine, prevê-se a entrada em funcionamento da nova estacão de tratamento de água na província de Maputo.
“Até aqui existem 12 mil metros cúbicos de água como resultado da abertura de 10 furos. Até Junho deste ano a previsão é de incrementar no sistema mais de 30 mil metros cúbicos, através do tratamento de água na zona de Sabié onde se esperm 60 metros cúbicos por dia”, acrescentou o ministro. Perante a actual crise, o Ministério das Obras Públicas diz que será dada prioridade ao fornecimento da água para o consumo.. Os agricultores são abastecidos com 30 por cento de água, e a previsão para os próximos dias é de receberem 15 por cento. Porque o problema da água pode durar mais tempo, apela-se para o seu uso racional. As restrições no fornecimento de água começaram quando a Estacão de Tratamento de Água de Umbeluzi (ETA) reduziu o seu nível de produção para 150 mil metros cúbicos diários. (M.A.)
Em Moçambique são diagnosticados anualmente mais de 20 mil novos casos de cancro, diz a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a OMS, os cancros do colo do útero, da mama e sarcoma de kaposi são os que mais afectam as mulheres. Este último e o cancro de fígado são mais comuns nos homens. Uma alternativa viável para pessoas padecendo de cancro consistiria nos cuidados paliativos, mas de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde a escassez dos medicamentos para os sintomas e alívio da dor causada por aquela enfermidade impedem a expansão e implementação dos cuidados paliativos em Moçambique. É por esse motivo que pessoas com melhores condições em termos financeiros optam por deslocar-se ao estrangeiro, onde lhes são garantidos cuidados que o tratamento do cancro exige.
Ana Lurdes sofre de cancro desde 2015, e um ano mais tarde foi-lhe amputado um dos seios por ter-se descoberto tardiamente que ela padecia daquela doença. Quando Lurdes iniciou as consultas na Oncologia do Hospital Central de Maputo (HCM), o horário era das 07h00 às 12h00. Actualmente, devido ao aumento do número de pacientes sofrendo do cancro foi estabelecida uma hora específica de atendimento. Diariamente, cada um dos cinco médicos da Oncologia do HCM atende 15 a 17 pacientes.
Por ocasião do Dia Mundial do Cancro que se comemorou esta segunda-feira (04), a jovem activista Énia Lipanga organizou uma oficina de turbantes na Oncologia do HCM, como forma de devolver a auto-estima aos doentes de cancro. A iniciativa deveu-se ao facto de um dos efeitos secundários da quimioterapia- processo que faz parte do tratamento daquela doença- ser a queda do cabelo, o que geralmente retira a auto-estima dos pacientes, mulheres em particular. Outra finalidade da oficina de turbantes era de ensinar as diversas formas de amarrar uma capulana na cabeça em substituição de um lenço próprio, para que as pacientes de cancro se sintam mais bonitas mesmo estando a passar por uma fase difícil das suas vidas.
As capulanas usadas como turbantes dos pacientes são provenientes de doações de pessoas de boa vontade. Énia Lipanga diz que de certa forma sente algo indescritível como pessoa ao desenvolver este tipo de actividades. “Para mim, o activismo é exactamente isso: levar a esperança para aqueles que a perderam, oferecer palavras de conforto às pessoas que tanto precisam”, afirmou aquela activista. Alguns hospitais da cidade de Maputo têm levado a cabo campanhas de rastreio para diagnóstico precoce do cancro, como forma de evitar que mais pessoas sejam afectadas pela doença. Factores como envelhecimento, tabaco, luz solar, álcool, entre outros, podem representar um risco para o surgimento do cancro. Muitos desses factores são evitáveis, mas existem outros, como o histórico familiar, de que não se pode fugir. (M.A)
O recluso agredido até à morte há cerca de duas semanas na cadeia da Central na Machava tinha ameaçado denunciar à direcção daquele estabelecimento penitenciário os guardas e reclusos envolvidos em tráfico de drogas, contrabando de bebidas alcoólicas e entrada ilegal de mulheres para prática de relações sexuais. Ele foi agredido violentamente até perder a vida.
De acordo com fontes de “Carta”, o malogrado terá revelado a alguns guardas e responsáveis do estabelecimento penitenciário que pretendia revelar à direcção os mecanismos do tráfico e do contrabando de bebidas e da “venda” de sexo. Mas, ao comunicar essa intenção, ele deitou tudo a perder, ditando a sua própria sentença de morte.
Com efeito, volvidas algumas horas depois de ele ter destapado o segredo, foi agredido até à morte, com recurso a algumas armas brancas incluindo facas. A agressão foi protagonizada por 21 colegas (reclusos). A nossa fonte também contou que três dos reclusos envolvidos no crime haviam sido retirados das celas de máxima segurança onde se encontravam. “O sistema funciona com a conivência dos guardas e oficiais da penitenciária”, disse a fonte de “Carta”, adiantando que os reclusos de maior peso movimentam os seus negócios a partir da prisão, com recurso a telemóveis.
Como ficou confirmado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, o recluso assassinado à pancada era chefe da disciplina interna, tendo sido nessa qualidade que pretendia denunciar os desmandos referidos, longe de pensar que se estava a expor à uma violência que resultaria na sua própria morte. Presume-se que foram os guardas que facilitaram a passagem das armas brancas usadas para mata-lo.(Omardine Omar)
O despenhamento no dia 29 de Dezembro de 2018 do helicóptero Robson 44 II em que viajava Rogério Manuel, único passageiro/tripulante, do qual resultou a sua morte, deveu-se a cinco causas humanas, diz o relatório preliminar da Comissão de Investigação. Numa conferência de imprensa realizada ontem em Maputo, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), João de Abreu, disse que poderá ter concorrido para o acidente um “erro do piloto”, por não possuir qualificação para efectuar voos por instrumentos. Também coloca-se a hipótese de uma “falha humana”, pela não observância das normas e regulamentos relativos às regras IFR. Consideram-se também outras hipóteses, como a “desorientação situacional" e a “não observância da altitude de segurança para o sector a sobrevoar e desvio da rota principal”.
Não houve falha mecânica
De acordo com João de Abreu, a queda do helicóptero não está relaccionada com qualquer falha mecânica, porque das diligências feitas pela Comissão de Investigação, incluindo deslocações ao local do acidente, auscultação aos órgãos operativos do Aeroporto Internacional de Maputo, testemunhas, intervenientes do voo, verificação dos destroços e da documentação do piloto e do helicóptero, não se atestou indícios de falha mecânica nem influência das condições atmosféricas.
João de Abreu referiu que, antes do piloto (Rogério Manuel) levantar voo, o helicóptero recebeu 75 litros de combustível AVGAS 100L, suficiente para um voo com duração de três horas, de forma autónoma. O PCA da autoridade reguladora da aviação civil revelou que em Moçambique não são permitidos voos nocturnos com aquele tipo de aeronave, pelo que Rogério Manuel não deveria ter voado naquele período.
Questionado sobre quem teria autorizado o voo, ou se era a primeira vez que Rogério Manuel efectuava voos nocturnos, João de Abreu respondeu que esse assunto faz parte de um outro processo. Disse que não cabia ao IACM culpar pessoas, mas acrescentou estarem em curso investigações paralelas para apurar quem terá autorizado o voo do helicóptero Robson 44 II no fatídico dia 29 de Dezembro de 2018.
Entretanto, a Comissão de Investigação constatou que a duna na qual embateu o helicóptero que era pilotado por Rogério Manuel tinha 25 metros de altura. Isso prova que o malogrado estava a voar abaixo do nível recomendado em Moçambique, que é de mil pés (300 metros).
Criação de uma equipa multissectorial
Durante a entrevista, João de Abreu disse que o recomendável neste tipo de casos é a criação de uma equipa multissectorial. Acrescentou que isso foi feito pelo Ministério dos Transportes e Comunicações logo que o acidente aconteceu, sempre respeitando a Convenção de Chicago e os regulamentos da IACM. Também referiu ter sido por essa razão que se criou uma Comissão de Investigação composta por seis inspectores e especialistas, que tinha a responsabilidade de em 30 dias trazer o relatório preliminar. Dentro de um ano a mesma Comissão vai trazer o relatório final.
O helicóptero em que viajava Rogério Manuel, com destino a Bilene, despenhou-se na localidade de Macandza, posto administrativo de Machubo, distrito de Marracuene. O enterro do finado realizou-se no dia 3 de Janeiro deste ano em Magude, província de Maputo. (Omardine Omar)
Da África do Sul, Malawi, Zimbabwe e Tanzânia foram deportados em 2018 para Moçambique cerca de 43.130 moçambicanos, o que corresponde a uma redução de 5% comparativamente a 2017. A permanência ilegal naqueles países, de acordo com o porta-voz do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), foi o principal motivo da tomada de tal medida. Os sul-africanos deportaram 40.289 cidadãos do nosso país, contra 2.597 dos malawianos. O Zimbabwe e Tanzânia deportaram 240 e quatro (4) moçambicanos, respectivamente.
O porta-voz do SENAMI lançou um apelo a todos os cidadãos nacionais que queiram permanecer noutros países para observarem as normas de permanência. “Todos os países com os quais a República de Moçambique tem acordo de isenção e vistos é apenas de 30 dias, com excepção da Tanzânia onde o período foi alargado para 90 dias. Terminado esse prazo, o cidadão acaba sendo considerado um ilegal’’, acrescentou.
De acordo com a SENAMI, em 2017 e 2018 foram expulsos de Moçambique 53 cidadãos estrangeiros de nacionalidade etíope, por entrada ilegal no território nacional. Aos visados também foi interditada a entrada no nosso país durante um período de 10 anos. Como resultado de 12.699 acções de fiscalização levadas a cabo em todo território nacional, foram interpelados 11.347 cidadãos estrangeiros por terem o DIRE (documento de autorização de residência no país) caducado e não terem comunicado a mudança de domicílio, dos quais 9.388 regularizaram a situação, e 1.959 foram repatriados para os respectivos países. (M.A.)
Um recolher obrigatório está em vigor desde sábado da semana finda na vila de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, por causa dos ataques protagonizados desde Outubro de 2017 naquela província por grupos armados.
A decisão de decretar um recolher obrigatório em Mocímboa da Praia foi tomada pelo Conselho Municipal daquela vila, interditando a circulação nocturna de veículos pesados, ligeiros, motorizadas, bicicletas, e peões, bem como o exercício de qualquer actividade comercial e de lazer no período que vai das 21H:00 às 04H:00.
Numa breve entrevista à “Carta”, Fernando Neves, presidente do município de Mocímboa da Praia, disse que a medida foi tomada a pedido da população, por já não se sentir segura desde que começaram os ataques. Neves explicou que enquanto os ataques prevalecerem o recolher obrigatório na vila de Mocímboa da Praia funcionará como um mecanismo de segurança e precaução. (O. O.)