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Os casos positivos de Covid-19, em Moçambique, têm estado a subir de forma bastante rápida, desde a identificação do primeiro caso, na província de Cabo Delgado, no passado dia 01 de Abril. Esta terça-feira, o Ministério da Saúde (MISAU) anunciou que, de segunda para terça-feira, o país registou mais sete casos positivos de Covid-19, tendo passado de 21 para 28, o número total de pessoas infectadas pela doença, sendo que dois são tidos como recuperados.

 

Os sete novos casos, segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, estão relacionados ao primeiro identificado no Acampamento da Total, na Península de Afungi, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, ilustrando, desta forma, como está a ser difícil quebrar o ciclo de contaminação no país, sobretudo naquele ponto do país.

 

Segundo Rosa Marlene, que falava em mais uma conferência de imprensa de actualização de dados de Covid-19, em Moçambique e no mundo, de segunda para terça-feira, as autoridades da saúde testaram 79 pessoas, suspeitas de ter contraído o novo coronavírus, dos quais 72 deram negativos.

 

“O nosso país tem, neste momento, um total de 28 casos positivos para a Covid-19, sendo 20 de transmissão local e oito importados. Os novos casos positivos estão relacionados com a investigação em curso na província de Cabo Delgado”, disse a fonte

 

Por sua vez, o Director-Geral Adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, explicou que, nesta segunda etapa das investigações que decorrem na província de Cabo Delgado, foram colhidas 49 amostras, de um total de 76 contactos em segmento e 40 foram testadas esta segunda-feira, sendo que seis se revelaram positivos para o coronavírus. O outro caso, sublinhou a fonte, resulta dos 17 contactos mantidos na cidade de Maputo. Esta quinta-feira, serão testadas as restantes 27 amostras, recolhidas no Acampamento da Total.

 

“Dos novos casos, todos são do sexo do masculino, cinco de nacionalidade moçambicana, um ucraniano e um italiano. Suas idades variam entre 30 a 60 anos de idade e estão todos em isolamento domiciliar, incluindo todos os contactos. Desta forma, referir que 14 se encontram em Cabo Delgado e 14 na cidade de Maputo. Porém, iniciamos o mapeamento da terceira rede de contactos relacionados com estes novos casos”, acrescentou.

 

Sublinhar que, em média, cada cidadão infectado pelo novo coronavírus no estrangeiro infectou, interinamente, 2.5 cidadãos no território nacional, o que revela a rápida propagação da doença, no país, desde a confirmação do primeiro caso, a 22 de Março último. (Marta Afonso)

Os pais atribuíram-lhe esse nome pomposo: Francisco de Assis – como o do santo –, provavelmente na esperança de que um dia também ele pudesse fazer história. E fez! Em Sofala, contam-se aos dedos os que não veneram a sua obra enquanto Governador Provincial, mas sobretudo a sua ousadia, quando deixou de exercer esse cargo e decidiu dar um “pontapé no charco”, bandeando-se para o lado oposto da “barricada”, indiferente a toda a espécie de represálias que daí pudessem advir.


Os sofalenses – e sobretudo os beirenses – choram hoje a sua morte, na certeza, porém, de que o seu nome ficará indelevelmente gravado, como um dos homens mais corajosos que surgiu naquela província (e quiçá neste país), no período pós-independência.  

Francisco de Assis Masquil perdeu a vida no passado sábado (11), aos 64 anos, em sua casa – para onde recolhera, após um período de internamento hospitalar. Após ter tido alta, e uma vez em seus aposentos, o seu estado de saúde foi-se deteriorando, a tal ponto que acabou sucumbindo.  Ele que foi Governador Provincial de Sofala entre anos de 1986 e 1994.

 

Sétimo na “linha de sucessão”, no que a governadores provinciais de Sofala, pós-independência, diz respeito – substituindo o então “durão” Marcelino dos Santos (1983/86) – Masquil trouxe um novo modelo de liderança, para aquele ponto do país, durante os nove anos (1986/95) em que assumiu as rédeas. Uma lufada de ar fresco. De tal modo que o Governador Provincial que lhe sucedeu, Felisberto Tomás (1995/2000), não encontrou praticamente atrito popular algum – num meio tradicionalmente considerado “indomável” – tendo apenas de dar sequência ao que Masquil iniciara.

 

Uma figura carismática

Não restam dúvidas que Francisco Masquil conseguiu conquistar a admiração pública pelo seu posicionamento no contexto da política moçambicana. Depois de nove anos como Governador Provincial de Sofala, envergando (naturalmente) o “jersey” da Frelimo, desafiou publicamente a sua liderança política, rompendo o vínculo que tinha com o partido no poder, para se juntar ao seu eterno rival: a Renamo.


Mas já antes dessa ruptura, e ainda na qualidade de dirigente máximo da província, Masquil cometeu uma “heresia”: não foi votar, nas primeiras eleições gerais, em Outubro de 1994, alegando ter perdido o seu cartão de eleitor, facto que suscitou muito burburinho nas hostes públicas e, particularmente, nas do seu partido. Terá, provavelmente, sido aí que começou o seu calvário.

Logo a seguir a essas eleições – vencidas pelo partido Frelimo e pelo seu candidato presidencial Joaquim Chissano – Francisco de Assis Masquil teve outra atitude ousada: num acto público, procedeu à devolução do seu cartão de membro do partido Frelimo, o que deu origem, pouco tempo depois, ao seu afastamento do Governo Provincial de Sofala.
Estava mesmo a pedi-las – terão, provavelmente, dito os mais ortodoxos.

Acto contíguo, Masquil, fundou um movimento independentista, o GRM – Grupo Reflexão e Mudança, que concorreu às primeiras eleições autárquicas na Beira, igualmente vencidas pela Frelimo, e pelo seu candidato (de má memória, para muitos beirenses) Chivavice Muchangage.

 

Recorde-se que nesse ano a Renamo boicotou as eleições.

 

Recorde-se também que o GRM de Masquil, era formado, na sua maioria, por ex-militantes dos partidos PCN (Partido de Convenção Nacional), Renamo e Frelimo.

 

O movimento viria pouco depois “esfumar-se” do cenário político, quando grande parte dos seus membros optaram por se filiar à Renamo, em Sofala, num processo que foi iniciado pelo próprio Francisco Masquil, em 1999.  Com todo o seu capital político (e intelectual – diga-se), o ex-governador acabou mesmo sendo eleito deputado da Assembleia da República, pela “Perdiz”. Não obstante, o GRM (por si fundado), chegou a ter alguns membros no Município da Beira, durante o consulado de Muchangage.

 

O afastamento da política

 

Ao fim de uma legislatura (1999/2004) como deputado da AR pela bancada da Renamo, Francisco Masquil retirou-se dos holofotes e da vida política.
E ficou por quase uma década fora do “mainstream”.

Volvidos quase dez anos, surgiu a fazer declarações à media (no âmbito de uma cerimónia pública, na UCM, na qual participou). Justificou esse “sumiço”, com as seguintes palavras: “Eu estou a cuidar mais da minha vida particular. Não estou ligado a nenhuma actividade política. Mas estou aqui mesmo na Beira, e na minha terra natal, Búzi (...) Existe um tempo para tudo: para nascer, existir, crescer, desenvolver e morrer. Acho que existe um tempo para a gente estar fora da Política”.

 

Um dos mentores da UCM

 

A cerimónia pública a que acima fizemos referência aconteceu na Universidade Católica de Moçambique, instituição, aliás, para cuja fundação Francisco Masquil contribuiu decisivamente. Reza a história – lavrada no livro de honra daquela instituição – que «… A ideia da criação da Universidade Católica de Moçambique surge, com Dom Jaime Pedro Gonçalves, Arcebispo da Beira que, com alguns fiéis e entidades da cidade Beira, com destaque para o então governador de Sofala Dr. Francisco de Assis Masquil conversaram sobre a criação de uma universidade na cidade da Beira, que seria denominada Universidade Católica da Beira cuja vocação consistiria na promoção da Paz e Reconciliação através da oferta de um ensino de qualidade a todos os jovens moçambicanos…»

E não foi por acaso que, na celebração dos 10 anos daquela instituição, Francisco Masquil, orgulhosamente, afirmou o seguinte: “Sinto-me satisfeito e com um sentimento de missão cumprida, porque aquilo que nós queríamos foi possível de fazer e é bom constatarmos que estamos no bom caminho.  A princípio foi difícil, até porque estávamos numa fase em que a Frelimo queria ter Paz com a Igreja Católica, e uma das formas encontradas foi devolver todos os bens da Igreja, e foi esse o meu (primeiro) grande esforço nesse projecto”.


Apoiante de Daviz

 

Em 2008, o antigo governador da província de Sofala e fundador do Grupo Reflexão e Mudança, GRM, Francisco Masquil, suportou a candidatura independente às autárquicas, do edil da Beira, Daviz Simango.  Não foi, portanto, de estranhar que no site do CMB, tivesse sido publicada uma mensagem de condolências, no próprio dia (11) em que se soube da morte de Francisco Masquil.
Ei-la na íntegra:

 

«Até sempre Masquil

 

O Conselho Municipal da Beira, CMB, tomou conhecimento, na tarde de hoje, 11 de Abril, da morte de Francisco de Assis Masquil, vítima de doença, Governador de Sofala de 1986-1994.Masquil sempre trabalhou para o desenvolvimento da província, em particular da cidade da Beira, onde residia até à data da sua morte.

 

Sofalenses e moçambicanos em geral perdem um grande amigo, um quadro competente e corajoso, que lutou para o bem da população. Conselho Municipal da Beira, CMB, apresenta à família enlutada as mais sentidas condolências. Paz a sua alma.» (Homero Lobo)

No último domingo, 12 de Abril, os residentes da Ilha do Ibo, um dos locais que acolhe grande parte dos refugiados, provenientes dos distritos de Macomia e Quissanga, severamente assolados pelos ataques protagonizados pelo “grupo sem rosto”, na província de Cabo Delgado, viveram momentos de pânico.

 

Segundo contam as fontes, tudo se deveu aos tiros ouvidos pela população, durante a madrugada daquele dia (presume-se que tenha sido por volta das 3:00 horas), tendo-se chegado à conclusão de que se tratava de mais uma ofensiva dos insurgentes que, na sexta-feira, atacaram o Arquipélago das Quirimbas.

 

Entretanto, durante o dia, a população foi explicada o que havia acontecido. De acordo com as fontes, os tiros terão sido disparados por militares que se encontravam junto ao mar, quando estes alegadamente “respondiam” a um barco, cujos ocupantes ignoraram os elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Segundo as fontes, dois barcos, supostamente transportando pescadores, terão tentado entrar na Ilha do Ibo àquela hora. Abordados pelos militares, estes permaneceram no silêncio, o que suscitou a ofensiva das FDS contra os ocupantes dos barcos. As fontes afirmam que alguns ocupantes se lançaram ao mar.

 

À “Carta”, as fontes garantiram que os ocupantes capturados afirmaram que tentavam fugir por pensar que os militares que estavam naquele local fossem integrantes do grupo que aterroriza a província, desde 05 de Outubro de 2017. Relatam ainda que disseram que não sabiam que era proibida a circulação durante a noite.

 

Os supostos pescadores capturados foram libertos durante o dia por se tratar de pessoas conhecidas na comunidade. As fontes não clarificaram qual era a proveniência dos referidos pescadores e muito menos o que lhes levou a circular naquela zona durante a noite, conhecendo a realidade que se vive nela, havendo, portanto, dúvidas se terá sido um falso alarme ou aborto de uma chacina naquela região.

 

Refira-se que a situação gerou pânico naquele local turístico e alguns cidadãos recorreram às matas para se esconder. Aliás, as fontes garantem que algumas pessoas ficaram feridas, porém, não há registo de óbitos. (Carta)

Desde Outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado, região norte do país, vive um clima de terror, pânico e medo implantado por indivíduos ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo. Em meio à “catástrofe”, emergiu Luís Fernando Lisboa, Bispo da Diocese de Pemba, uma voz que teima em não se calar perante as atrocidades que vêm sendo perpetradas pelo “bando atacante” e pela inércia do Governo do dia em dar cobro à situação naquele ponto do país.

 

E porque nunca se conformou com a triste realidade a que está sujeita a população daquela circunscrição territorial, Luís Fernando Lisboa, ao estilo que nos habituou, voltou a quebrar o silêncio em torno do drama que se vive naquela província.

 

“Eles estão cada vez mais a empoderar-se, estão cada vez mais ousados”. Estas foram as palavras usadas por Dom Luís Lisboa para descrever a real situação terreno, em entrevista recentemente concedida ao Centro para Democracia Multipartidária (CDD).

 

Segundo Lisboa, os insurgentes estão cada vez mais a empoderar-se e não cessam de semear luto, terror e dor em Cabo Delgado, província que também virou o centro das atenções, mais uma vez pelas piores razões, pelo registo “massivo” de casos da Covid-19, concretamente no acampamento da multinacional francesa, a Total.

 

O Bispo de Pemba avançou que os ataques continuam a ter lugar e a resposta continua a não ser efectiva, daí que nunca houve trégua. Adiante, Dom Luís Lisboa considerou, perante o actual cenário, de cínica a narrativa governamental, segundo a qual, a situação no teatro das operações está devidamente controlada.  

 

“Eu não vou julgar ninguém, mas a resposta até agora não foi efectiva, tanto é que os ataques continuam, nunca houve trégua. Eles estão cada vez mais a empoderar-se, estão cada vez mais ousados. A única coisa que eu não aceito é o cinismo de dizer que está tudo sob controlo”, disse Luís Fernando Lisboa, em entrevista ao CDD. 

 

Num outro desenvolvimento, Lisboa avançou que Cabo Delgado encontra-se hoje numa situação de isolamento e abandono, de tal sorte que, tal como disse, sentia que a província sequer fazia parte do território nacional.

 

“Muito sofrimento”, tal como disse, são as palavras que descrevem fielmente a situação a que está sujeita a população daquela província, que, independentemente da faixa etária (idoso ou criança), num contexto de estrema pobreza, é obrigada a dormir nas matas. 

 

“Cabo Delgado vive hoje uma situação de isolamento, nem parece que fazemos parte de Moçambique. Nós sentimo-nos isolados, abandonados, porque desde que essa situação começou, há dois anos e meio, quase nada se reporta nos jornais, nas rádios e nas televisões. Quem assiste os noticiários à noite fica com a impressão de que não está a acontecer nada em Cabo Delgado. Quando não dizem nada é como se não tivesse acontecido nada em Cabo Delgado. Mas há muito sofrimento do povo que vive nesta província, um povo que já era pobre e agora está espoliado, está a ver as suas casas a serem queimadas e dorme no mato. Imagine idosos e crianças dormindo no mato, vivendo no mato”, disse Luís Lisboa.

 

“Toda a zona norte de Cabo Delgado é um barril de pólvora”

 

E porque a situação no terreno não era nada animadora, Luís Lisboa avançou que os ataques estavam longe de conhecer o seu término, ressalvando que não descartava a possibilidade dos insurrectos atacarem mais distritos. Lisboa vincou que, se os insurgentes chegaram a visar Mocímboa da Praia (com grande contingente militar e levaram armas, carros e comida), mais do que uma demonstração de força, era prova inequívoca de que toda a zona norte de Cabo Delgado era um “barril de pólvora”.

 

Sobre o número exacto de pessoas que já perderam a vida desde que o conflito eclodiu em Cabo Delgado, Luís Lisboa não conseguiu ser verdadeiramente preciso. No entanto, estabeleceu, no campo das estimativas, que pouco mais de 500 pessoas haviam já perdido a vida, desde que os ataques a alvos civis e militares iniciaram em Outubro de 2017.    

 

“A pandemia da Covid-19 está em segundo plano”

 

E porque a pandemia da Covid-19 é o tema actualmente em voga, Luís Lisboa não se coibiu de dar o ponto de situação. Tal como disse, a pandemia da Covid-19 não é, neste momento, a prioridade. A prioridade da população é, sim, segundo Lisboa, a segurança.  

 

“Infelizmente, aqui em Cabo Delgado, a pandemia da Covid-19 está em segundo plano, a segurança está no topo das prioridades. As pessoas estão aglomeradas e recebendo outras famílias, outras estão no mato e partilham utensílios e outros bens”, sentenciou.

 

De acordo com as autoridades oficiais, o país, pelo menos até a tarde ontem, havia registado um total de 21 casos de indivíduos infectados pela Covid-19. (Carta)

segunda-feira, 13 abril 2020 08:10

Insurgentes matam e fazem reféns nas Quirimbas

A chacina mostra-se ainda longe de terminar na província de Cabo Delgado, onde nos últimos dias o grupo armado, que aterroriza os distritos da zona centro e norte da província, tem exibido a sua musculatura, perante a inoperância das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Depois de escalar Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe, na última sexta-feira, o grupo escalou o Arquipélago das Quirimbas, onde causou cinco vítimas mortais, das quais três por afogamento, quando tentavam fugir do local. Uma pessoa foi carbonizada e outra foi baleada. Um dos mortos é um agente económico local, segundo fontes locais.

 

De acordo com as fontes, o grupo deslocou-se àquele Arquipélago, no final do dia de quinta-feira, depois de se fazer passar de cidadãos civis, para conseguir atravessar para aquele ponto do país. As fontes referem que o grupo posicionou-se no local durante a noite, tendo iniciado as suas acções macabras durante a madrugada.

 

Para além das cinco pessoas mortas, as fontes garantem que o grupo também fez refém cerca de 60 pessoas, entretanto, acabariam sendo libertadas. As fontes não clarificaram em que circunstâncias os reféns foram libertados. Acrescentam que, durante o período de pânico e terror, um helicóptero foi visto a sobrevoar a zona, mas não foi testemunhada nenhuma acção de combate ou retaliação, pelo que não se sabe se o mesmo pertence ou não às FDS.

 

Como tem sido hábito, os insurgentes vandalizaram infra-estruturas sociais locais, como a Escola Primária local, a Residência oficial do Chefe do Posto Administrativo, Centro de Saúde e residências da população.

 

Com o medo e pânico generalizado, a população decidiu abandonar aquele ponto turístico para a parte continental, levando consigo bens pessoais e um mar de incerteza. Na ilha do Ibo, o medo e o pânico também se espalham pela população, temendo um novo ataque militar.

 

Referir que no ataque levado a cabo pelo grupo à aldeia Muambula, no distrito de Muidumbe, as fontes falam de cinco mortos e vandalização de algumas infra-estruturas sociais importantes, como a Missão de Nangololo, onde fica uma das antigas igrejas da província de Cabo Delgado; a Escola Secundária local e vários estabelecimentos comerciais. (Carta)

Foto: O PAÍS

Iniciada a 18 de Março passado, a discussão sobre reajuste do salário mínimo para oito sectores de actividade está estagnada, conforme disse à “Carta” António Souza, Presidente do Pelouro da Política Laboral e Social, na Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). Como razão, o nosso interlocutor apontou a crise provocada pela Covid-19.

 

Numa entrevista em que o Jornal queria saber o estágio das discussões sobre o reajuste salarial, Souza afirmou que, desde a introdução de medidas restritivas de circulação e reunião e não só, com vista a conter a propagação do vírus, as rondas negociais entre o Governo e a CTA estão estagnadas. Após a paralisação, a fonte disse não saber quando irão retomar.

 

“A discussão está paralisada. Há muitas limitações por causa das medidas restritivas. E, por enquanto, não temos informação adicional”, afirmou o Presidente do Pelouro da Política Laboral e Social na CTA.

 

Por consequência da paralisação das discussões, o nosso entrevistado acrescentou que o processo de reajustes ainda não está concluído, facto anormal, mas compreensível, embora provoque maior preocupação aos empregadores.

 

“Esta situação preocupa-nos”, afirmou Souza, numa altura em que faltam 20 dias para o primeiro de Maio, dia internacional dos trabalhadores, uma efeméride que, habitualmente, se celebra após a aprovação dos novos reajustes salariais.

 

Relativamente tarde, para a tomada de decisão, a preocupação da CTA centra-se no facto de não haver ainda data para retomar as rondas negociais.

 

A discutir-se o aumento salarial, numa altura em que as empresas experimentam dias difíceis e desafiantes por causa da crise provocada pela Covid-19, questionamos o Presidente do Pelouro da Política Laboral e Social na CTA, se há garantia de reajuste salarial e se este ano os empregadores subiriam os salários.

 

Face à questão, Souza não disse “sim” e nem “não”, mas deu uma resposta que apela à reflexão por parte dos decisores políticos: “Nós estamos mergulhados numa crise. Algumas empresas estão a fechar, outras estão a despedir trabalhadores. Nesta situação, não sabemos ainda se vamos conseguir pagar salários nos próximos meses”, queixou a fonte.

 

Face à crise, a CTA propôs num estudo, encaminhado há dias ao Governo, várias medidas, sendo uma o alívio da carga salarial das empresas, pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), principalmente, nos sectores de turismo, transportes (aviação civil e transporte rodoviário) e agricultura, por um período de seis meses, sujeito à prorrogação dependendo da evolução da pandemia nos próximos meses.

 

A agremiação acrescenta que o alívio, por via do INSS, ou através de um subsídio de suporte para apoiar as empresas a manter o pagamento de salários durante este período, visa assegurar a manutenção dos postos de trabalho.

 

Para minimizar os prejuízos, o Presidente do Pelouro da Política Laboral e Social na CTA voltou a apelar, em entrevista, à celeridade por parte do Governo, na aprovação de incentivos para salvar empresas e empregos. Com celeridade, mas contra expectativas da classe empresarial privada, o Governo reagiu sobre esta matéria na última sexta-feira (10 de Abril).

 

Falando em mais uma conferência de imprensa sobre a actualização dos casos de infecção por coronavírus no país, uma acção levada a cabo pelo Ministério da Saúde (MISAU), o Inspector-geral de Trabalho, afecto ao Ministério de Trabalho e Segura Social, Joaquim Siúta, esclareceu o seguinte: “O INSS não paga salários, paga sim os subsídios por doença, no caso de impedimento por doença comprovada por um atestado médico, emitido pelas autoridades de saúde”.

 

E porque a pandemia está realmente a afectar a classe empresarial, Siúta informou que até à data 217 empresas tinham comunicado o Governo estarem a registar prejuízos devido à Covid-19, dos quais 187 decidiram suspender contratos de trabalho, tendo as restantes adoptado medidas que variam entre férias colectivas, teletrabalho, redução da carga horária e regime rotativo de trabalho. Com essas medidas, aquele Inspector disse que foram afectados 6.4 mil trabalhadores. (Evaristo Chilingue)