O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Celso Correia, disse sexta-feira que o país tem condições para ser “um ator” no mercado internacional de café, defendendo a necessidade de mais investigação e investimentos naquela cultura agrícola.
Celso Correia falava durante a abertura da primeira edição do Festival do Café, que decorre em Maputo.
“O café moçambicano é orgânico, respondendo à demanda do mercado internacional, onde o consumidor é cada vez mais interessado por produtos orgânicos, e constituindo uma oportunidade para o país entrar como um ator” no mercado internacional, afirmou.
Moçambique está bem posicionado na classificação internacional, uma vez que o café produzido no país está qualificado na “classe de cafés especiais”, prosseguiu Celso Correia.
Esse patamar, continuou, pode colocar o produto moçambicano na “classe de cafés raros”.
O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural apontou a aposta na importância da cultura de café na conservação da biodiversidade como outra vantagem de Moçambique no mercado global, uma vez que esta abordagem tem merecido uma grande atenção de organizações internacionais com influência no mercado do café.
No campo social, a produção em Moçambique começa a ganhar importância, porque é atualmente fonte de renda para cerca de cinco mil pequenos agricultores e envolve 15 empresas, afirmou.
“Com a adesão [de Moçambique] à Organização Internacional do Café, assinada em Junho de 2023 em Londres, está aberta uma oportunidade para atrair investimento e assistência técnica para o desenvolvimento de uma indústria nacional do café, que pretende se posicionar no mercado global de forma competitiva”, sublinhou o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
A diretora-executiva da Organização Internacional do Café, Vanúsia Nogueira, também considerou que Moçambique tem potencial para vir a tornar-se num grande produtor e exportador de café, porque dispõe de espécies de grande qualidade, e existe um compromisso abrangente entre entidades relevantes na aposta nesta cultura.
“Há aqui em Moçambique regiões com grande potencial para a produção de café”, disse Vanúsia, brasileira oriunda de uma família com grande tradição na produção de café no país da América Latina.
Moçambique deve testar a viabilidade económica de espécies já identificadas, visando preparar-se para o aproveitamento do crescente mercado mundial de consumo de café, acrescentou.
Citando estudos, a diretora-executiva da Organização Internacional do Café disse que pelo menos 2,5 mil milhões de “xícaras” de café são consumidas diariamente no mundo e 25 milhões de famílias estão envolvidas na produção desta cultura.(Lusa)
A Cornelder de Moçambique, através do seu Terminal de Carga geral, fixou, recentemente, um novo recorde na produtividade de embarque de blocos de granito, ao alcançar uma produtividade bruta média diária de 6,357 toneladas, o que supera a média geral de 3,400 toneladas diárias. A operação foi realizada em 39 horas, entre os dias 28 e 29 de Maio último e, no total, foram embarcadas 10,374 toneladas.
De acordo com fonte da Cornelder, a produtividade alcançada, no navio True Mariner, é resultado de "mudanças estruturais implementadas na forma de planificar e executar operações deste género, com um plano de estivagem desenhado de forma minuciosa, em conjunto entre o Terminal e o Supercargo, uma melhor coordenação entre as operações de cais e a área de armazenamento e uma melhor organização e localização dos blocos de granito no parque".
Pesaram ainda, para o alcance destes resultados, a excelente performance dos equipamentos recentemente adquiridos pela Cornelder de Moçambique, frutos do contínuo investimento na modernização da frota.
Os modernos tractores de terminal, atrelados especiais e empilhadeiras de garfo de grande dimensão, assim como a dinâmica resultante da aplicação do novo Sistema Operativo de Gestão do Terminal foram cruciais para o alcance deste marco, acrescentou a mesma fonte. (Carta)
O presidente da Associação Comercial da Beira afirma que o porto daquela cidade está a perder carga para Dar Es Salam devido à “insuficiência dos corredores nacionais”, com 500 mil toneladas desviadas este ano para a capital tanzaniana.
“Dizem que as nossas estatísticas melhoraram em relação ao ano passado em 2, 3 ou 5%, mas eu digo que sim, podia ter sido 20%. Então, as pessoas pegam esses números como se fosse um desempenho positivo dos nossos corredores, está errado, nós estamos a perder cargas em relação ao Dar Es Salam. Este ano só já foram desviadas para Dar Es Salam mais de 500 mil toneladas”, disse Félix Machado aos jornalistas.
O porta-voz dos empresários da Beira, capital da província de Sofala, participou na quarta-feira numa conferência sobre transporte e logística em Moçambique, e apontou a insuficiência do Corredor da Beira, defendendo que o mesmo é crucial para o desenvolvimento daquela região do centro do país.
“Até adubo para Zimbabué está a ser descarregado em Dar es Salam. Então, há ineficiências do nosso corredor [que liga a Beira ao Zimbabué] que não podemos esconder”, sublinhou Machado, sobre a situação no segundo maior porto moçambicano.
A solução para alavancar o setor de logística e transporte, segundo o presidente da Associação Comercial da Beira, é a união de esforços entre o Governo e o setor privado para definirem com clareza o que o país pretende, como ao nível de custos e benefícios, mas também pela eliminação da burocracia e da corrupção.
“Parece que há ideias diferentes por causa da existência de vários intervenientes, cada um quer puxar para o seu lado e no fim ninguém entende a ninguém, e depois surgem esses problemas”, concluiu Machado.
O Governo moçambicano anunciou em outubro que pretende investir 290 milhões de dólares na expansão e modernização do Porto da Beira, província de Sofala, um dos mais importantes de Moçambique e que serve outros países da região.
"O Governo aprovou o Plano de Negócios do Porto da Beira, no qual está previsto um investimento até 290 milhões de dólares [276 milhões de euros] nos próximos 15 anos para a expansão e modernização do Porto da Beira, dependendo das condições do mercado", disse o ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Mateus Magala.
O ministro, que falava na abertura do fórum de negócios para o Corredor da Beira, que decorreu naquela cidade, avançou igualmente que os estudos já realizados apontam para um incremento exponencial do volume de contentores manuseados neste porto, em torno de 300%, nas próximas duas décadas.
Assim, como resultado destes investimentos, a capacidade de manuseamento de contentores passará dos atuais 300 mil para 700 mil contentores por ano, entre outras melhorias, como o aumento da capacidade de manuseamento de carga geral, armazenamento, acessos e outros.
Os portos moçambicanos movimentaram em 2023 mais de 63 mil toneladas de mercadorias, um aumento de 12,3% face a 2022, praticamente metade a partir de Maputo, segundo dados da execução orçamental noticiados anteriormente pela Lusa.
Este desempenho contrasta com o movimento portuário de 56,1 mil toneladas de janeiro a dezembro de 2022, mas alguns portos até registaram quebras no ano passado.
No porto de Maputo, o maior do país, foram movimentadas mais de 31,2 mil toneladas de mercadorias, um aumento de 16,7% face a 2022, seguido do porto de Nacala-Velha, com 13,8 mil toneladas (+20,3%), do porto da Beira, com 13,6 mil toneladas (-1,3%) e do porto de Nacala, com três mil toneladas (+14,9%).
Por outro lado, a “redução da produção de manuseio de combustível e magnetite” influenciou o movimento no porto de Beira, justifica-se no relatório.(Lusa)
A engenheira florestal Milagre Nuvunga, com passagem em funções de direcção no Ministério da Agricultura, organizações internacionais e actual Directora-Executiva da Fundação MICAIA, é a keynote speaker da 2ª edição da Conferência Mulheres na Economia, organizada pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade – FDC -.
Durante 15 anos, Nuvunga passou pelas funções de Directora de Investigação Florestal e de Silvicultura e Vida Selvagem, tendo a seguir trabalhado dez anos nas Nações Unidas e na Fundação Ford. De regresso a Moçambique, em 2008, participou na criação da família de instituições MICAIA (que compreende uma fundação moçambicana e uma empresa social, bem como uma instituição de caridade sediada no Reino Unido e gerida por um conselho de voluntários), onde actua como Diretora-Executiva da Fundação.
Um dos seus principais interesses profissionais está em garantir que as mulheres tenham a oportunidade de participar de forma lucrativa e poderosa em meios de subsistência baseados na natureza e que, ao fazê-lo, as suas vozes sejam cada vez mais ouvidas e a confiança cresça no desafio às iniquidades da sociedade patriarcal.
Na 2ª edição da Conferência Mulheres na Economia, a ter lugar na próxima segunda-feira (17), ela irá abordar os caminhos e alternativas para autonomia e resiliência económica das mulheres, tema central do evento, seguindo-se uma conversa aberta entre esta e a PCA da FDC e activista social, Graça Machel. As duas mulheres irão reflectir, a partir da sua experiência, sobre as acções para acelerar as transformações políticas, sociais, culturais e económicas necessárias para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária entre homens e mulheres.
A conferência inclui quatro oficinas temáticas, que irão abordar, na óptica de janelas de oportunidades de negócio para as mulheres, a inclusão financeira; inovação, tecnologias e empreendedorismo; indústria extractiva e energia; e mudanças climáticas.
Espera-se que o Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, Ministra da Mulher, Género e Acção Social, Nyeleti Mondlane, mulheres e homens de diferentes extractos sociais, organizações nacionais e internacionais e parceiros de cooperação de cooperação participem da reunião.
A Conferência Mulheres na Economia é uma iniciativa da FDC, lançada em 2023 com objectivo de contribuir para afastar as barreiras que impedem a insercção da mulher nos sectores económicos.
No dia 25 de Maio, a cidade foi surpreendida pela destruição repentina da Casa Macamo, um edifício ligado à memória de várias gerações que guardam emoções fortes sobre aquele edifício. O anúncio público por parte do Conselho Municipal de Maputo da interdição da demolição constituiu um alívio para essas almas. Dois dias depois, uma segunda surpresa: os destruidores continuaram a demolição total sem qualquer obediência à instrução das autoridades municipais. A casa foi-se!
A meu ver, o assunto tem quatro vertentes, nomeadamente: (1) a da memória e da estética urbana, (2) a da preservação do património, (3) a da legalidade e (4) a da credibilidade das instituições. Duma reflexão preliminar sobre o assunto, emergem-me algumas ideias que aqui se são expostas.
Do ponto de vista das memórias, a Casa Macamo, que recebeu essa designação por se situar na rua José Macamo, na zona da Ponta Vermelha, foi construída pela família Pendray, no tempo colonial tendo revertido a favor do Estado na época da independência. A Presidência, nessa altura, usava aquele espaço para receber vários convidados. Depois, a Casa Macamo foi administrada pelo Gabinete da Primeira Dama que, a dada altura, a entregou a uma instituição de caridade, a Associação dos Amigos da Criança - AAC. Pela beleza da sua localização e do seu jardim, tornou-se um local de muitos eventos. Há assim uma geração de pessoas que ali passaram momentos inesquecíveis como aniversários, casamentos, baptizados ou simples festas de família ou amigos. Portanto, é compreensível a comoção por esta destruição. Contudo, não constitui argumento legal ou arquitectónico para impedir a sua destruição.
Do ponto de vista do património histórico, a questão não é linear. A Casa Macamo, à vista de vários entendidos na matéria, não parecia ter características que lhe pudessem conferir a categoria de Património da Cidade. Mas só não parecia porque, na verdade, a Casa Macamo faz parte dos 222 edifícios inventariados num trabalho conjunto de um grupo da Faculdade de Arquitectura da UEM solicitado pelo Conselho Municipal de Maputo e o Ministério da Cultura, no ano de 2010. A selecção dos edifícios foi realizada com base, e cito, “nas percepções de pessoas singulares e colectivas, instituições e especialistas nas áreas do Património, da Arquitectura, da História e da Antropologia Cultural”. Ora, diz a lei que, uma vez inventariado, o edifício não deve ser destruído até à decisão da sua aceitação ou não como património. Sendo assim, a Casa Macamo não deveria ter sido demolida antes dessa decisão que tarda pois os sucessivos governos nunca se pronunciaram sobre tal estudo.
Já no que respeita à legalidade da demolição, não existem quaisquer dúvidas. A demolição de qualquer edifício carece de autorização prévia mediante procedimentos bem estabelecidos. De acordo com as autoridades municipais, não foi emitido qualquer tipo de licença que autorizasse a demolição da CM, e portanto nenhum dos procedimentos obrigatórios por lei foi seguido. Ou seja, a demolição é ilegal e as medidas previstas para a responsabilização pelo crime devem, por força de lei, ser realizadas. Uma delas é a confiscação dos equipamentos usados para o efeito, o que não foi aconteceu pois quem quer que seja que o esteja a fazer não só ficou com os equipamentos como prosseguiu com a demolição. Assim, a demolição foi feita no completo e redobrado desrespeito pela lei do país. Pior porque, não obstante o aviso, os prevaricadores agravaram os crimes.
Fica difícil impor a lei e ordem aos cidadãos quando ela não é aplicada de forma consistente pelas próprias autoridades. O Conselho Municipal de Maputo veio a público anunciar a interdição e prometer o seu esclarecimento. Espera-se agora que venham a público cumprir o prometido.
A produção de ouro em Moçambique cresceu 33% no primeiro trimestre, em termos homólogos, para mais de mais de 460 quilos, acima do projetado, indicam dados do Governo a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com um relatório do Ministério da Economia e Finanças que detalha a produção e extração mineira, Moçambique produziu em três meses 461,09 quilos de ouro, registo que compara com os 346,30 quilos do mesmo período de 2023, correspondendo a 29% da meta para todo o ano de 2024, que é 1.583,59 quilos.
Cada quilograma de ouro vale atualmente cerca de 68 mil euros no mercado internacional, pelo que a produção total moçambicana do primeiro trimestre representa praticamente 31,5 milhões de euros.
Moçambique já tinha batido em 2023 o recorde de produção de ouro, com mais de 1,6 toneladas, acima do projetado para o ano passado e para 2024, indicam dados da execução orçamental noticiados anteriormente pela Lusa.
De acordo com um relatório do Ministério da Economia e Finanças com a execução orçamental de janeiro a dezembro, o país produziu 1.666,4 quilos de ouro, um aumento de 32% face aos 1.263,8 quilos de 2022, já um recorde.
Tratou-se também de uma realização de 124% face ao inicialmente planeado pelo Governo moçambicano, mas também acima das projeções para este ano, que apontam para a produção de 1.583 quilos de ouro.
“O plano de produção do ouro indica um crescimento de 3% comparativamente às projeções para o ano 2023”, lê-se nos documentos de suporte da proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024.
O documento acrescenta que esse crescimento esperado resulta “do maior controlo da mineração artesanal”, mas também face ao “desempenho positivo das empresas produtoras” do país.
“Com maior enfoque para a empresa Explorator, Lda., pelo facto de, numa das frentes de exploração, a empresa contar com a Mutapa Mining Processing, Lda. Por outro lado, temos a retoma das atividades da empresa KD Prospero”, lê-se ainda no documento.(Lusa)