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segunda-feira, 13 abril 2020 08:37

A oposição e o evangelho político de conveniência

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"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons" (Martin Luther King), - principalmente, dos que fingem ser bons.

 

Muitas pessoas me perguntam onde arranjo tanta inspiração para falar ou para escrever. A minha resposta tem sido uma e única: neste país ninguém precisa de inspiração para falar ou escrever, o próprio país já inspira a qualquer um. Nós estamos a viver num ambiente inspirador, num país inspirador. Neste país não falta assunto para falar ou escrever. Só não fala ou não escreve quem não quer, quem não gosta. 

 

Por exemplo, podíamos falar sobre o porta-voz da Polícia que convocou a imprensa para dizer que as Efe-Dê-Esse estão em prontidão combativa e reforçadas para fazer incursões contra os insurgentes em Cabo Delgado. A propósito dessa conferência de imprensa, gostaria de endereçar a minha admiração àqueles jornalistas que participam de eventos onde se falam esse tipo de piadas e não dão uma gargalhada sequer. É que eu teria caído na sala de tanto rir. Eu não consigo congelar piadas para rir mais logo. Eu havia de rir ali naquela sala até me expulsarem. 

 

Mas, também podíamos falar sobre os mais de 50 milhões de meticais que o Estado irá oferecer aos 250 deputados para a sua "penosa" reintegração social. Confesso que este assunto já não me cria nenhuma indignação pelo nível de imbecilidade que carrega. Acho que os meus anticorpos acabaram criando resistência e imunidade a esse tipo de asnice. Este assunto, quanto a mim, já ultrapassou os níveis de idiotice eticamente permitidos. 

 

Agora, em relação a este assunto, o que me deixa indignado mesmo é a unanimidade da casa. O consenso da família. O que me deixa perplexo é a concordância da nossa oposição parlamentar. Quando o debate é sobre benesses dos deputados, os argumentos da oposição escasseiam. A verborreia desaparece. A retórica se atrofia. Fica-se num mutismo triunfante de bradar os céus. 

 

É muito triste isso! Onde estão aqueles "Messias" da RENAMO e do Eme-Dê-Eme que ano após ano chumbam os orçamentos do Estado por não reflectirem os reais problemas do povo?! Esses 50 milhões de meticais para reintegração dos deputados refletem os reais problemas do povo?! Os quatro milhões de meticais que cada deputado vai receber estão alinhados com os objectivos de desenvolvimento da população?!

 

Para ser sincero, eu estou preocupado com esse profetismo político dos partidos da oposição. Preocupa-me essa política de dízimo. Não se difere dos Onórios desta vida que desaparecem quando chega o momento de provarem a profecia. A RENAMO e o Eme-Dê-Eme tentam fazer entender que são diferentes da FRELIMO, mas, na verdade, não passam de sósias um do outro. São tão iguais e vulgares como rãs em tempo de chuva. São muito famintos. São muito cobardes e hipócritas. Por essas e outras coisas, dou graças às Deus por esses "profetas" não estarem no poder. Pior ainda quando sinto na pele os efeitos Tocova e Vahanle. Uma autêntica vergonha! A mim não enganam!

 

Sinceramente, eu esperava que malta Muchanga, Bismarque, Venâncio, Sousa, e companhia - que nos habituaram com o seu evangelho político - ligassem o seu microfone para dizer "meus senhores, vamos evitar coisas de vergonha aqui! Como é que vamos gastar 4 milhões para cada deputado num momento como este? Vamos deixar isso para o governo comprar ventiladores e cloroquina para aqueles nossos irmãos que não têm condições de ir ao ICOR. Na minha língua, há um ditado que diz isto e aquilo...". Ou será que alguém falou alguma coisa sobre isso e eu não ouvi!

 

- Co'licença!

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