Vocês não imaginam o que acontece no interior daquelas paredes e grades. As coisas pelas quais passamos! Há dias que pensamos que quem devia estar no nosso lugar é quem diz proteger-nos. A exploração sexual ou escravatura sexual que somos submetidas já perdura há mais de uma década!
Chamo-me Yola dos Anjos, reclusa número 141, bloco C, condenada a 30 anos de prisão efectiva e cumprindo pena desde 2006 em Ndlavela, a maldita Cadeia feminina da província de Maputo. Reconheço que no passado errei, porque estava inserida numa gang que aterrorizou a capital de Moçambique na primeira década do século XXI. Estava envolvida em furtos e assassinatos. Fui condenada porque guardava, vendia produtos roubados e cozinhava para eles.
Hoje quando olho para o tempo arrependo-me bastante, mas tenho a fé que um dia terei a minha liberdade e serei um novo ser-humano – uma mulher adulta mais rejuvenescida! Deixem o meu passado de lado, porque estou a escrever este assunto hoje para vos explicar que quando cheguei a Ndlavela; lá para os anos 2006 ou 2007 esta realidade já existia e pelo que vivemos toda a estrutura fazia parte do esquema (…). Eu fui uma das pessoas que durante anos sofreu nas mãos desta gente. Na altura eu tinha 23 anos de idade com os atributos e molhos ainda fresquinhos. Embora já tivesse feito, uns dois ou três abortos, mas tudo estava em dia!
Num belo dia quando já estava na cadeia há cinco meses, fui chamada para um gabinete de uma das chefes que prontamente disse que tinha uma bolada que todos sairíamos a ganhar caso eu cooperasse. Perguntei-lhe: “que bolada é essa?”. Eis que ela respondeu, que poderia trabalhar para eles, vendendo o corpo para homens "bem posicionados económica e socialmente" em troca de dinheiro e regalias infinitas na cadeia enquanto cumpria a pena de 30 anos de prisão efectiva.
Espantada, voltei a perguntar, qual é a outra alternativa? Eis que a chefe olhou-me de cima para baixo e vice-versa e disse: "vais conhecer o bloco A do inferno na terra e todo sofrimento que existe nele. Logo, Yola dos Anjos, caso não queiras fazer parte e cooperar devidamente vais implorar para morrer, ou seja, é pegar ou largar – podes ir!".
Naquele dia saí do local em lágrimas e fui a minha cela pensando em tudo que havia sido dita. No dia seguinte, vieram seis guardas e levaram-me para um gabinete onde fui mais uma vez ameaçada e como bacela obrigaram-me a "dar" para dois deles! No fim, disseram que ela estava pronta para o trabalho.
De 2006 – 2014 não imaginam em quantas pensões, casas particulares e hotéis fui obrigada a estar e a prostituir-se. Nem eu, já não mim lembro. Foi um momento que só tinha que obedecer e em troca ficava tranquila na minha cela, comendo, assistindo televisão, descansando depois de ter suportado vontades de homens depravados e o medo de perder a vida estranhamente na cela! A minha história foi cruel. Fui explorada sexualmente dentro e fora de Ndlavela.
Com a idade avançando, aos poucos fui sendo afastada das preferidas, também muitos clientes deles já haviam passado por mim e já não era uma "coelhinha ou pombinha" desejada, uma vez que os valores monetários são previamente pagos aos chefes (cafetões).
A verdade é que o esquema, não é de hoje! Assim como, não é de uma ou duas pessoas, é um sistema e não está só em Ndlavela, abrange há vários estabelecimentos, e felizmente o Centro de integridade Pública (CIP) investigou e revelou, este! Mas acreditem, que caso, nada venha a ser feito, nós as reclusas fomos submetidas a esta situação, vamos passar por momentos tenebrosos.
A senhora Ministra da Justiça esteve aqui e felizmente a direcção foi suspensa! Mas os guardas e cozinheiras ainda estão por aqui. Nada peça sobre eles. Por nós esteja gente toda deveria expulsa, acusada, condenada e presas. Porque com os subalternos ainda em funções isto vai se tornar ainda mais insuportável nos próximos dias – esta gente é capaz de tudo para manter o seu status quo – a escravatura sexual moderna.
Senhora Ministra, como mulher e mãe, coloque-se no nosso lugar e análise! Por nós, se existissem condições, este estabelecimento prisional deveria ser encerrado, mesmo se fosse temporariamente, porque este lugar não reabilitou e muito menos integrou socialmente alguém – as nossas almas foram queimadas em Ndlavela.
Excelências, se querem resolver este problema, removam o capim tirando todos os seus componentes, por que se quiserem cortar a parte de cima, esta situação vai agudizar-se e talvez até haja estranhas mortes de reclusas!
A senhora Ministra e o senhor Presidente, precisam mostrar que em Moçambique existem Leis e que os Direitos Humanos são respeitados – que a impunidade não pode vencer a dignidade humana e a verdade!
Texto de imaginação, mas baseado em factos reais.
Minha pátria, meu sangue,
Teus braços, minha alma, meu sofrimento,
Teu suor, meu sonho, minha loucura
Teu choro, minha angústia, minha felicidade desejada
Tuas lagrimas, meu desespero,
A tua guerra, é minha, sou eternamente teu,
O sangue derramado, é minha perdição, é meu demónio eterno,
Minha pátria, meu único sonho, meu único horizonte,
Tua existência, é meu único destino,
O teu luto, é minha morte, é meu eterno perigo
Os teus gritos, a minha insónia, a minha esquizofrenia,
Minha pátria, meu Moçambique, meu segredo público
Acredito em ti, és combativa, morro contigo porque és eterna,
Ensinaste-me o patriotismo lá na Escola primaria Criadora do Homem novo, lá no Songo,
Sou teu filho, sou tudo o que te posso dar, minha pátria,
Minha alma, meu ser, és a minha substância,
Minha pátria, minha felicidade angustiada,
Amo-te, meu sonho permanente,
És tu, sempre foste tu em todos os tempos,
Estou orgulhoso, és única, minha pátria única,
Os meus soldados, os meus amores eternos, os meus eternos camaradas,
Combates o inimigo, dás-me orgulho,
Não adormeces, eu durmo, és a minha segurança,
Tu estas sempre acordada,
És minha tranquilidade,
Minha pátria, minha paixão eterna.
Minha pátria, és o meu horizonte,
Cada filho morto por ti, é minha morte,
Morro em cada filho que derrama o sangue por ti, és minha,
Existo hoje, porque sacrificaste-te muito,
Minha pátria, amo-te,
Quero-te sempre, amo-te sempre.
Não existo sem ti, minha eterna pátria.
Escrevo esta missiva numa altura em que a nossa "casa" está em "chamas". Escrevo para dizer que o "nosso modus vivendis em Matalana" foi exposto ao público e ao mundo. A humilhação e a violação constante dos nossos direitos em nome da preparação para um "futuro melhor" e protecção e segurança da pátria veio à tona.
Não escrevo para me justificar e muito menos expôr tudo, mas para dizer que Matalana é onde meus sonhos foram colocados à prova. Aqui em Matalana, ser mulher com atributos é um pesadelo (...) "todos querem passar por ti, se não é por bem será por mal. Como foi com a Mbyte, menina linda lá das bandas de Bajone, na Maganja da Costa, rosto de actriz Indiana, corpo desenhado que nem uma guitarra descrita na música ‘Ana parece novela’ de Matias Damásio”.
O sonho da Mbyte era fazer parte da polícia e um dia ser Comandante-Geral da corporação. Tão jovem e habilidosa, o pecado dela foi ser admitida em Matalana e o instrutor "Muthu" dizer que esta seria minha por bem ou por mal. Aquilo foi o fim para ela. Mbyte voltou grávida e está infectada. Hoje pensa em tirar e desistir da vida. Mesmo com tantos conselhos de nós as amigas, ela diz que a família não lhe aceita, porque desonrou a mesma. Mesmo quando diz que foi violada por várias vezes pelo instrutor, a família não entende.
Escrevo este ensejo para revelar que (in) felizmente os instrutores e nem os meus colegas pensaram em tocar-me porque dizem que tenho postura de comando ou o famoso “vilão Fenda”, o homem que violentou o actor Jean- Claude Vandamme. Porque eu não mostro os meus dentes para ninguém, que minha bunda é rija que nem a pata da “galinha do mato”. Que eu venço todos os homens nos treinos, seja em artes marciais, tácticas operativas, resistência ou qualquer outro exercício. Eles têm medo de mim.
Mas hoje quando vejo que algumas passaram por um total inferno. Anteciparam um projecto de vida que não tinha chegado a hora. Trocaram de sonhos forçosamente, devido à gula excessiva dos inspectores M Pino, Choquito ou Tembesi. Penso que estou num lugar errado. Penso que eu tinha que fazer algo. Mas não fiz! Mas de repente, surge uma voz no fundo dos meus tumultuosos pensamentos e diz: continue para que faças o diferente. Para que defendas todas as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência.
“Fiques para que o mal não vença o bem. Para que a fisionomia da mulher não alimente apetites insanos e competitivos dos homens. Só cabe a pessoas como tu colocarem a ordem nas fileiras. A usarem do lado bom da formação e instrução para servir a nação”, diz-me a tal voz.
Escrevo esta carta para dizer que em Matalana também tem mulheres diferentes que não são preguiçosas e de uso descartável. Escrevo este ensejo para revelar que as anteriores 15 e as actuais nove são uma gota no oceano dos horrores que ocorrem em Matalana, Muinguine, Montepuez, Mueda, Nacala, nas esquadras, comandos, ministérios afectos e outros locais, onde mulheres que querem a farda têm passado.
Texto de imaginação, mas inspirado em factos reais.
O meu interesse por Luísa Diogo não será movido propriamente por uma obsessão, mas por um sentimento de que ela é um farol de outra luz, é isso que eu sinto. A minha relação com esta mulher não passa de um amor platónico, é por isso que mantenho a expectativa encandescente de vê-la no cume. Na verdade ela está lá, mas há quem a quer fazer passar por uma simples lamparina colocada por debaixo da mesa, Luísa nasceu para luzir, e muitos têm medo desse foco intenso de luz.
Em 2010, à caminho de Cabora-Bassa, passei por um lugarejo chamado Nhabulebule, e disseram-me que é ali onde nasceu essa manhúngwè, sem que os seus pais soubessem que estavam dando à luz um astro que brilharia na turbulência das nuvens. Luísa significa “guerreira gloriosa”, “combatente famosa” ou “célebre nas batalhas”. Então, com este nome, o bebé que nascia não tinha outro caminho que não fosse o das montanhas de pedra, onde vai cintilar com um cajado invisível, mas que existe. Nas nas suas mãos.
Os algozes da Luísa Diogo têm em mente que é preciso barrá-la antes que faça estragos. Também sabem que a uma “guerreira gloriosa” não se demove, não há qualquer possibilidade nesse sentido, é por isso que não dormem quando pensam nela. O pior é que Luísa está pronta a sorrir em todos os momentos, mesmo estando no cadafalso, é isso que lhes atemoriza. Nunca veio cá fora pedir seja o que for, “combatente famosa” não pede, pois sabe que ainda não chegou o tempo da última passada. A passada crucial!
Em Nhabulebule não há nyau (dança contestatária dos povos shewa), Luísa Diogo não contesta, usa as asas de águia que trás por dentro para se manter nas alturas onde os pequenos jamais chegarão. Ela será para sempre o paradigma dos nyúngwès e de todos os povos de Tete e de todos os moçambicanos que defendem essa utopia de um novo amanhecer. No coração da Luísa, todas as dores vão esbater-se.
Mas eu falo de tudo isto pelo amor platónico que nos liga, a mim e a Luísa, e ela nem sabe que a amo. Nunca me importei que ela saiba ou não, o que conta é que neste meu devaneio, veja essa mulher com sorriso escancarado, planando como a própria águia de Nhabulebule. É essa a minha imaginação.
(P)Ora, (p)ora, a PRM apreendeu cerca de 1400 sacos de "Mbangui" proveniente do Malawi, tendo a África do Sul como destino [Aqui sempre é assim, a droga nunca nos pertence, mas ela cá está, e de forma abundante]. É muita alegria, dizia, muita suruma! E o debate tem sido em torno da legalização, ou não, devemos legalizar ou continuar a desperdiçar uma erva que movimenta biliões, mundialmente, anualmente? E parece que a erva será incinerada, para ser esquecida, como os dois fugitivos que transportavam os pulmões do Bob Marley e The Wailers, rumo a terra do Ramaphosa. Deviam convocar a população para presenciar esse “Mbang-mento”, para ver e sentir o fumo de modo a saber se será ,de facto, "Mbangui", ou se não estarão a queimar folhas de mandioqueira. Çinçeramente
MISAU, parabéns por colocarem ordem na casa. Finalmente ninguém poderá proibir a um jovem de se fazer ao hospital, de calções, chinelos e interior... Aquilo era um tremendo absurdo!
- Sr. Doutor, perdi uma perna, por favor, estou a perder sangue!
- Primeiro vá para casa pôr calças, depois volte para vermos esse problema".
- E se eu morrer pelo caminho?
- Pelo menos estará bem vestido!
Çinçeramente.
"Moçambique entre os cinco países com maior índice de novas infecções em HIV/SIDA". Covid-19 veio com tudo e acabamos nos esquecendo que um exterminador já cá estava. Nem com aquele encerramento de pensões, onde se pensava, até a cabeça doer de tanto pensar, quando as coisas apertaram, houve redução. Estar nesse Top 5 é mau, tão mau quanto o nosso sistema de transporte. O teu rodízio de “My Love” é seguro? Isso dá de pensar … Çinçeramente
Mozão esteve a inaugurar a Estação de Tratamento de Água de Sabié, cuja construção anda na casa dos 220 milhões de USD (incluindo rede de distribuição). Foi categórico, o Mozão, com uma linguagem Sustenta, terra-terra, hídrica, dizia, típica: " Não vai faltar água no Grande Maputo, Durante 1 ano". E ponto final! Ninguém poderá vir dizer que não tem feito cuidados higiénicos e afins por falta de água. Agora, Mozão, é conseguir que esta gente não desperdice... Educação ambiental é assunto sério, mas ainda estamos a debater rasteiras e, antes, foram as "Max Saias"... Çinçeramente
Campeonato Africano de Futebol de Praia! Parabéns aos nossos bravos rapazes, pese embora tenham "morrido" na praia!? Segundo lugar, bem, vamos ao mundial que vai decorrer na Rússia, em Agosto, aposto, com olhos sonhadores, A.K.A 1400 Sacos!? Pelo sim, pelo não, uma coisa é certa, sabemos jogar descalços, na areia, pelo que devemos despejar carradas de areia no Estádio Nacional do Zimpeto, no Estádio da Machava, no Conselho Municipal da Cidade de Maputo, no Ministério dos Transportes e Comunicações, nos Correios de Moçambique, criar um Instituto Nacional Para a Proteção da Areia da Praia, para ficarmos Sidaticos, “I mean” galácticos!? Tanta coisa turva, e afinal, o problema, são as chuteiras? Çinçeramente.
Até para semana. Sem Camisa? Já é Inverno, e a vida é fria, cuide - se!
Palávras-Chave: Mbangui, Legalizar, Mbangui, Legalizar, Mbangui, Legalizar, Carradas, Areia, praia.
Çinçeramente