A Moçambique Expresso (Mex), subsidiária da Estatal LAM, confirmou hoje a retoma imediata das operações, que envolvem voos domésticos e regionais, duas semanas após a suspensão, depois de acordado um plano de pagamento de uma dívida à Embraer.
Numa comunicação interna, com data de hoje, assinada pelo diretor-geral da companhia, Faustino Massitela, e à qual a Lusa teve acesso, é confirmado que a Mex está em condições de garantir o “restabelecimento das operações normais com efeitos imediatos”.
Na origem da decisão está um entendimento com a construtora brasileira Embraer para o pagamento, em 17 prestações, até janeiro de 2025, de uma dívida de mais de 1,167 milhão de dólares (1,1 milhão de dólares), conforme termos do acordo a que a Lusa teve acesso.
Com a aplicação deste acordo, o diretor-geral da Mex refere que as áreas técnica e de operações da companhia “confirmaram” que voltaram a ter acesso à plataforma FlyEmbraer na noite de terça-feira, necessária para a gestão da frota, pelo que “estão sanadas as causas que levaram à decisão da suspensão das operações”, em 31 de agosto.
Segundo informação da companhia, a Mex opera três aeronaves do tipo Embraer 145 para vários destinos no país e na região, nomeadamente ao serviço da LAM, que enfrenta fortes dificuldades financeiras que em abril levaram o Governo a colocá-la sob gestão da sul-africana Fly Modern Ark (FMA).
“Para além de prover a LAM com aviões de médio porte para o cumprimento do horário LAM, a Mex faz assistência em terra e diversos outros serviços (…) De todos estes serviços, a Mex recebe apenas o equivalente a 200.000 dólares, valor que é usado para pagar uma parte dos salários do pessoal”, lê-se numa outra comunicação, de 29 de junho último, assinada por Faustino Massitela, que a Lusa noticiou anteriormente.
“A não canalização dos valores à Mex coloca a empresa em situação de falta de liquidez para honrar os seus compromissos com fornecedores, colocando a empresa em risco de fechar portas”, acrescenta-se.
Na mesma carta, alertava que desde 01 de junho que se regista por parte da LAM “uma redução substancial na utilização da frota Mex, o que compromete a capacidade desta de gerar receita para suportar os seus custos, para além de subutilização dos recursos financeiros disponíveis”.
Além disso, a companhia “tem vindo a acumular dívidas com fornecedores, cuja participação nas operações da Mex é vital para a continuidade” da empresa, neste caso associadas a motores e manutenção, por parte da Rolls-Royce, Embraer e American General Supplies.
“É nossa opinião que a LAM e MEX, envolvendo a FMA, devem encontrar uma solução urgente para as situações aqui referidas. A não resolução destes assuntos colocam a Mex em situação de parar as operações a qualquer momento”, alertava, na mesma carta, o diretor-geral, algo que se concretizou em 31 de agosto.
Uma das dívidas da Mex é à Embraer, de 1.167.309,89 dólares (cerca de 1,1 milhão de euros), que a companhia reconhece numa outra comunicação, enviada em 14 de novembro à empresa brasileira, referente à aquisição da frota ERJ145.
Nessa carta, a Mex chegou a propor à Embraer pagar 50% nessa dívida, no início deste ano, de 583.654,95 dólares (550 mil euros). Sem resolução desta dívida, a direção da Mex reconhecia já então que o diferendo “impede de receber ou solicitar qualquer serviço ou apoio técnico da Embraer”.
A empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) reduziu a sua dívida em 57 milhões de euros, desde abril, e continua em recuperação, avançou em 29 a administração da Fly Modern Arc.
“Sobre a restruturação da dívida, neste momento, depois de três meses, conseguimos uma redução da dívida em 61,6 milhões de dólares [57 milhões de euros]”, afirmou Sérgio Matos, representante da FMA, em conferência de imprensa em Maputo.
Quando a FMA assumiu a gestão da companhia aérea estatal em abril, a LAM tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares (277,7 milhões de euros), de acordo com dados fornecidos na altura.
Sérgio Matos avançou que a diminuição dos encargos com credores resulta de “lançamentos corretos de transações em conformidade com as normas internacionais de contabilidade, com as práticas contabilísticas geralmente aceitáveis e com as diretrizes contabilísticas do tesouro nacional”.
O gestor revelou que a LAM está em negociações com a fabricante Boeing para o reembolso de 23 milhões de dólares resultantes do pré-pagamento de uma nova aeronave que não chegou a ser entregue à transportadora moçambicana.
Nos últimos três meses, a empresa registou um aumento de 24% no número de passageiros transportados, para mais de 56 mil, e subiu a receita de voos em 10%, para 671 milhões de meticais (quase 10 milhões de euros).
Apesar de a LAM ter saído da insolvência, a transportadora precisa de mais aparelhos para assegurar uma operação que permita a liquidação da sua elevada dívida e geração de lucros, notou o gestor.
A FMA diz que conseguiu que a LAM cumpra requisitos de manutenção da sua frota impostos pelos regulamentos internacionais e contenção de custos inerentes a este serviço.(Lusa)
O arranque do segundo dia da pioneira conferência BFSI, enquadrada no lema "Transformação Digital para um Sistema Financeiro Inclusivo, Sustentável e Desenvolvimento da Indústria de BFSI", foi marcado pela intervenção do Ministro dos Transportes e Comunicações, Sua Excelência Mateus Magala, em representação do Governo de Moçambique.
Ele reiterou a transformação digital como prioridade governamental, sublinhando o papel preponderante do sector privado neste avanço.
O Ministro também destacou a importância estratégica do sector bancário e de seguros na transformação estrutural de vários sectores chaves da economia moçambicana, tendo referido que apesar dos evidentes avanços tecnológicos, Moçambique ainda enfrenta um ritmo lento na evolução do acesso aos serviços de seguro e financeiros.
Para enfrentar este desafio, forneceu algumas recomendações, onde se destacam a inovação tecnológica, aprimoramento da experiência do cliente, segurança de dados, cultura de agilidade, colaboração e a importância do foco na conformidade regulatória. Foi igualmente sublinhada a necessidade de uma profunda incursão na literacia financeira e tecnológica.
Com estas directrizes estabelecidas, as expectativas para as sessões de hoje são elevadas, prometendo insights profundos, estratégias e soluções significativas para moldar o futuro do sector em Moçambique.(Carta)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou ontem (13), na província de Gaza, que o executivo projecta vias alternativas à Estrada Nacional Número Um (EN1), para reduzir a dependência da única infra-estrutura que garante a ligação norte e sul. A estrada alternativa em alusão poderá constar do próximo Programa Quinquenal do Governo, a ser aprovado pela Assembleia da República, o parlamento moçambicano, para assegurar que sejam discutidos os investimentos necessários para a operação.
O troço em projecção terá como ponto de partida no distrito de Macia, Gaza, até Inchope, província de Manica, contornando a província de Inhambane, o que permitirá que as pessoas que saem do norte de Gaza possam ter alternativa para chegar à zona centro e norte.
A estrada poderá observar o troço Macia-Chokwé, Macarretana, Mabalane, Mapai, Massangena, Espungabera, Sussundenga, Chimoio e até Inchope, com a previsão de construção de uma ponte sobre o Rio Save que liga Massangena, em Gaza, e Espungabera, em Manica, zona centro. Nyusi assegurou que já iniciou o processo de mobilização do financiamento para a concretização da iniciativa.
O anúncio foi feito ontem durante a entrega da Estrada Macia-Chokwé, que beneficiou de obras de reabilitação e ampliação, num troço de 62 quilómetros, com investimentos da REVIMO.
“De um tempo para cá, temos vindo a trabalhar arduamente para a introdução de estradas alternativas à EN1 em alguns dos seus troços”, esclareceu Nyusi.
Disse que o país não pode continuar a depender de uma só estrada, visto que qualquer situação anômala na via cria constrangimentos à circulação de pessoas e bens, sendo necessário reverter com a projecção de outras vias alternativas.
“Nós vimos isso em Cabo Delgado, para se chegar a Mocímboa, só há um único troço e, quando tivemos problemas, só aí pensamos numa alternativa, mas aprendemos. Aqui mesmo no 3 de Fevereiro, quando há problemas, ficamos entupidos”, disse Nyusi.
Segundo o Chefe do Estado, no seu traçado mais a jusante, a EN1 é atravessada por vários rios, tornando a infra-estrutura mais vulnerável a cortes na época chuvosa, devido à subida dos caudais dos rios, embaraçando a ligação entre as regiões sul, centro e norte. (AIM)
Cresceu dois Milhões de Gigajoules (MGJ) o gás natural produzido nos últimos 12 meses pelo Projecto de Gás Natural de Pande e Temane, em Inhambane, operado pela Sasol e pela Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH), uma sociedade controlada pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
Em Relatório e Contas referente ao ano fiscal da CMH, findo a 30 de Junho de 2023, consta que a Joint Operation composta por aquelas empresas e não só vendeu para diferentes clientes, desde internos até de fora do país, 177.9 MGJ, em 2023, contra 174.2 MGJ vendidos em 2022, um aumento de 2.09 MGJ.
Do total da quantidade vendida, cerca de 150 MGJ foram vendidos para África do Sul, restando 27.9 MGJ para clientes moçambicanos, nomeadamente, 11 MGJ para Central Térmica de Ressano Garcia, 7.8 para o consumo doméstico e 7 MGJ para a Matola Gas Company. Com essas vendas, a CMH viu o seu lucro crescer 82%, tendo saído de 36.9 milhões de USD registados no exercício económico de 2022 para 67 milhões de USD em 2023.
No Relatório e Contas, a CMH reporta ainda que no exercício económico de 2023 pagou 100% do lucro líquido apurado no exercício financeiro de 2022, no montante de 36.9 milhões de USD. Relativamente aos impostos, o relatório refere que a CMH pagou 38.2 milhões de USD ao Estado, dos quais 95% em Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), 4% em Impostos sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS) e 1% em contribuições destinadas à segurança social.
O balanço da CMH mostra que, até 30 de Junho de 2023, a empresa tinha um passivo total avaliado em 120.5 milhões de USD, contra 128.9 milhões de USD em 2022 (uma queda de 8.4 milhões de USD), face a um activo total avaliado em 382.5 milhões de USD, contra 360.8 milhões de USD registados em 2022, o que representa um aumento em pouco mais de 20 milhões de USD.
Na Joint Operation que explora gás natural em Inhambane, a Sasol Petroleum Temane (SPT) participa com 70%, CMH, 25% e 5% para o International Finance Corporation (IFC), membro do Banco Mundial. (Evaristo Chilingue)
O segundo painel da conferência BFSI em Maputo concentrou-se na "Transformação Digital no Sector BFSI: *Novos* *Modelos de Negócio no Sector de Seguros".* Especialistas da indústria debateram as potencialidades e os desafios da digitalização no sector.
Destacou-se a importância de adaptar-se às realidades de cada país e da relevância do sector de seguros na atração de investimentos estrangeiros. Embora haja esforços para popularizar os serviços de seguros, a transformação digital ainda é tímida.
A promoção da literacia financeira e tecnológica e a criação de uma cultura de seguros foram apontadas como essenciais. O painel ainda ressaltou a necessidade de regulamentação eficiente, colaboração global e investimentos em startups tecnológicas.
Foi sublinhada a importância de colocar o cliente no centro dessa revolução, oferecendo soluções adaptadas e lembrando que a África desempenha um papel crucial no cenário global.(Carta)
No terceiro painel da Conferência BFSI Mozambique, o foco incidiu sobre os serviços financeiros móveis e o Open Banking, identificados como tendências que têm o potencial de revolucionar o panorama financeiro moçambicano.
Especialistas destacaram a promessa destas inovações em penetrar comunidades tradicionalmente desbancarizadas e abrir portas para oportunidades de negócio inéditas. Ao mesmo tempo, sublinhou-se a vital importância de garantir a segurança e privacidade dos dados dos usuários, uma medida crucial para consolidar a confiança nos serviços digitais e consequentemente impulsionar a sua massificação.
Foi também enfatizada a necessidade de inclusão digital, assegurando que estes avanços sejam acessíveis à pessoas com deficiência e para aquelas em situações financeiras mais vulneráveis. A discussão convergiu ainda para a urgência de estabelecer um quadro legal robusto que facilite a expansão dos serviços financeiros em Moçambique.
A uniformização e disponibilização destes instrumentos legais são vistas como etapas fundamentais para solidificar e orientar o crescimento do sector. Além disso, foi ressaltado que serviços financeiros digitais partilhados não só melhoram a conveniência para os utilizadores mas também têm um impacto directo na massificação destes serviços.
Apesar dos desafios evidenciados, o tom da conferência foi de um optimismo cauteloso, vislumbrando um futuro financeiro mais inclusivo e inovador para Moçambique.(Carta)