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Economia e Negócios

quinta-feira, 14 novembro 2019 04:06

AMECON quer transformar-se em Ordem dos Economistas

António Tivane

A Associação Moçambicana de Economistas (AMECON) reúne-se hoje num seminário de reflexão visando a sua transformação em Ordem dos Economistas. “Carta” entrevistou o actual Presidente da agremiação, António Tivane.

 

Ele disse que a falta de recursos é o principal Calcanhar de Aquiles da organização e isso decorre de uma incapacidade de produzir receitas ao nível institucional. Segundo Tivane, a fraca colaboração dos membros da AMECON é outro problema que caracteriza o seu quotidiano e “grande parte dos integrantes não se identifica com a causa da agremiação”.

 

No seu diagnóstico, Tivane reconhece que a AMECON não tem poder de influenciar a definição de políticas económicas do Governo, o que é evidenciado pela sua actuação limitada no debate público. 

 

Na sequência deste diagnóstico negro, Tivane diz que a solução é transformar a Associação em Ordem dos Economistas de Moçambique. “Queremos nos transformar numa Ordem para ampliar nossa actuação, contribuindo para o desenvolvimento económico do país”. Segundo ele, o estatuto de Ordem vai permitir à entidade contribuir para o crescimento económico do país, por exemplo, através da elaboração de políticas públicas.

 

 “O estabelecimento de uma Ordem faz-se através de um Decreto. Significa isto que uma Ordem faz parte daquelas instituições sob administração indirecta do Estado. O Governo pode delegar algumas acções que achar delegáveis a uma Ordem, mas isso não acontece com uma associação”, explicou o gestor da AMECON. A futura Ordem de Economistas pretende ser a consultora da sociedade em matérias económicas. “Queremos que os políticos, as empresas e a sociedade em geral nos usem para ajudarmos na resolução dos problemas que minam o desenvolvimento do país”, afirmou Tivane.

 

O processo dessa transformação ainda vai levar tempo. O actual elenco directivo, cujo mandato trienal termina em Abril de 2020, realiza hoje o primeiro seminário de reflexão sobre a ideia. Trata-se de buscar legitimidade dos associados. Fundada em 1997, a AMECON conta neste momento com cerca de 550 membros de todo o país. (Evaristo Chilingue)

A consultora FocusEconomics piorou a previsão de crescimento de Moçambique para 0,4% este ano, mas espera que em 2020 a economia acelere para 4,4%, mais 0,2 pontos percentuais do que na previsão anterior. "A economia deverá ganhar tração no próximo ano, na sequência da recuperação dos estragos causados pelos furações tropicais, e com o início da construção dos investimentos ligados ao setor do gás natural", lê-se na análise de dezembro às economias africanas.

 

 No relatório, enviado aos clientes, esta consultora sediada em Barcelona alerta, no entanto, que "as tensões políticas elevadas resultantes das eleições e o crescente défice na balança corrente colocam riscos às previsões", que apontam para uma aceleração do crescimento económico para 4,7% em 2021.

 

 A inflação, apontam, deverá aumentar para 4,8% em 2020 e 5,4% em 2021 devido aos efeitos dos furacões na produção agrícola, que pressionam a subida dos preços. No relatório deste mês, a FocusEconomics dá ainda conta do pagamento aos credores dos 726,5 milhões de dólares (cerca de 656 milhões de euros) em títulos de dívida soberana, considerando que o acordo "é positivo para a confiança dos investidores e para a ajuda externa".

 

 O Governo de Moçambique informou em 30 de outubro os credores dos títulos de dívida soberana que já tem “todas as condições e autorizações necessárias” para avançar e pagar a reestruturação da dívida, tendo feito nesse dia um pagamento de cerca de 40 milhões de dólares (36 milhões de euros). O documento, enviado então aos investidores, anunciou também "a satisfação das condições de liquidação e confirma que a data de liquidação ocorrerá no dia 30 de outubro de 2019, de acordo com os termos do Memorando de Solicitação de Consentimento".

 

 O caso das dívidas ocultas está relacionado com as garantias prestadas pelo anterior executivo moçambicano, durante os mandatos de Armando Guebuza, a favor de empréstimos de cerca de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) para as empresas públicas Ematum, MAM e Proindicus. A justiça moçambicana e a justiça norte-americana, que também investiga o caso, consideram que parte desse dinheiro foi usada para o pagamento de subornos a cidadãos moçambicanos e estrangeiros. (Lusa)

Andrew Pearse

 Andrew Pearse, antigo director do Credit Suisse que confessou ter recebido 45 milhões de dólares de subornos em conexão com as dívidas ocultas, investiu parte deste dinheiro na compra de blocos de exploração de petróleo e de gás na Polónia e no Estado norte-americano de Novo México. Agora estes activos serão confiscados pelo Governo dos Estados Unidos da América (EUA), em conexão com o caso que está a ser julgado em Brooklyn, Nova York. Pearse era director da Global Fund Group na Credit Suisse, quando foram negociados e aprovados os empréstimos da ProIndicus e da EMATUM.

 

 Confessou ao tribunal que jogou papel importante na manipulação de informação sobre o risco económico, reputacional e de corrupção de Moçambique e da Privinvest - empresa que iria executar os projectos a serem financiados. O papel de Pearse permitiu a concessão de mais de 1.4 mil milhão de dólares de empréstimo às empresas de Moçambique, valor do qual ele recebeu 45 milhões de dólares de comissões ilícitas.

 

 Para além desta aquisição, o antigo bancário investiu o dinheiro de corrupção na compra de uma empresa imobiliária na África do Sul, denominada Farsight Limited. “A Farsight Limited é uma empresa que possui activos na África do Sul e essas propriedades estão incluídas no confisco (…). Adquiri essas propriedades em 2015, com o produto do crime.

 

Que eu saiba, eles valem entre 2 e 3 milhões de dólares”, disse Pearse ao tribunal.

 

 Poços de Petróleo

 

 “Concordei em perder os meus interesses em todas as empresas da Palomar. Há uma série de empresas que a empresa original da Palomar Capital Advisors - que era a consultora dos empréstimos moçambicanos - possui, principalmente concessões de petróleo e gás na Polônia. Entendo que tenho que entregar ao governo tudo…”, disse Pearse.

 

 O antigo bancário explicou que o principal activo dessas empresas é um campo de gás na Polónia. «Acredito que está avaliado entre 35 e 40 milhões de dólares”, disse. “A minha parte desses activos foi adquirida usando os fundos que eu recebi como produto do crime em relação ao assunto em questão”, acrescentou.

 

 A Palomar também adquiriu direitos para explorar campos de petróleo no Novo México em 2013. “Adquiri-os com meus parceiros na época, Iskandar Safa  e Jean Boustani. Adquiri minha parte dessa propriedade usando o dinheiro que recebi da Privinvest em relação a esses projectos, que foram os produtos do crime”, disse ao tribunal”, confessou. 

 

Importa lembrar que Pearse é acusado de vários crimes pelo seu papel nas dívidas ocultas, que dariam uma pena de prisão de aproximadamente 40 anos. Fez acordo com o Governo norte-americano para cooperar, contando toda a verdade que sabe sobre as dívidas ocultas. Em troca poderá ganhar atenuação da pena. Como parte do acordo, Pearse decidiu entregar os seus activos para confisco. Pearse falou ao tribunal no dia 16 de Outubro, antes do CIP iniciar a cobertura presencial do julgamento no tribunal mas tivemos acesso ao relatório da sua audição, que consta nos anexos deste documento. (Borges Nhamire, do CIP, em Brooklyn)

O valor dos prémios emitidos pelas companhias de seguros a operar em Moçambique atingiu 3325 milhões de meticais (52,1 milhões de dólares) no segundo trimestre de 2019, uma quebra de 30,26% face ao montante contabilizado no primeiro trimestre, informou o Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique.

 

O ramo Não-Vida, em que se concentra a maior parte dos seguros contratados no país, registou uma contracção de 31,73% no valor dos prémios em termos trimestrais, que passaram de 4227,2 milhões de meticais de Janeiro a Março para 2885,6 milhões de meticais de Abril a Junho. O segmento Incêndio foi aquele que registou uma queda mais elevada, de 64,19%, ao ter o montante dos prémios baixado de 1277,1 milhões para 439,4 milhões de meticais.

 

O ramo Vida registou igualmente uma quebra no valor dos prémios, de 18,78%, que passaram de 541,5 milhões para 439,8 milhões de meticais, ainda segundo as contas trimestrais do Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique. O valor dos prémios nos ramos Vida e Não-Vida em termos acumulados desde o início do ano atingiu 8094 milhões de meticais (cerca de 126,9 milhões de dólares).

 

A Empresa Moçambicana de Seguros (Vida e Não-Vida) fechou o semestre como líder de mercado, com uma quota combinada nos dois trimestres de 20,8%, a que se seguiram a Hollard Moçambique Companhia de Seguros (Não-Vida), com 15%, a ICE Seguros (Não-Vida) com 13,3%, a Seguradora Internacional Moçambique (Vida e Não-Vida) com 12,1% e a Global Alliance Seguros (Vida e Não-Vida) com 9,8%.

 

Os custos com sinistros aumentaram 9,8% no segundo trimestre, quando comparado com o primeiro, ao terem passado de 2328,9 milhões para 2557,3 milhões de meticais, atingindo 4886,3 milhões de meticais no primeiro semestre. A maior parte dos sinistros ocorreu no segmento Incêndio, em que os custos para as companhias de seguros aumentaram 154% para 1287,7 milhões de meticais. (Macauhub)

Victor Gomes

Falando ontem (11), em Maputo, no âmbito da mudança da marca Barclays Bank para Absa Bank Moçambique, o Vice-governador do Banco de Moçambique, Víctor Gomes, apelou à banca maior reforço da segurança das operações e transacções efectuadas no país. À segurança, Gomes acrescentou a qualidade na prestação dos serviços, com a formação profissional dos agentes da banca comercial. Segundo o gestor, os apelos surgem num contexto em que o sector bancário tem vindo a registar profundas transformações, o que demanda dos bancos um esforço adicional para acompanhar este movimento global e servir melhor os seus clientes.

 

“O cliente bancário de hoje é mais informado exigente e consciente dos seus direitos o que demanda que os bancos sejam exímios na prestação dos seus serviços, reforçando a formação profissional, os seus quadros, assegurando a qualidade no atendimento ao público e a segurança das operações e transacções efectuadas”, afirmou Gomes perante membros do Conselho de Administração e colaboradores do Absa Bank Moçambique.

 

Com a adopção da nova designação, o gestor espera que o Absa Bank Moçambique continue a ser uma instituição que prima pela excelência na disponibilização dos seus serviços e continue a ser um banco de referência tanto a nível nacional, como internacional.

 

Na ocasião, a Presidente do Conselho de Administração (PCA), do Absa Bank, Luísa Diogo, explicou que, ao adoptar o nome Absa, o banco está a preservar a sua rica herança africana, e promover iniciativas relevantes que visam contribuir para desbloquear ainda mais o potencial de Moçambique e apoiar o seu crescimento acelerado.

 

Luísa Diogo

 

“Nós começamos como Banco Popular de Desenvolvimento, depois passamos para o Banco Austral, Barclays Bank de Moçambique, até ao que hoje assumimos Absa Bank Moçambique”, lembrou Diogo, tendo sublinhado que a instituição assume a nova designação com capacidade para concorrer a nível global.

 

O Absa Bank Moçambique faz parte do Absa Group Limited, presente em 12 países africanos e possui um escritório de representação em Londres. O grupo está cotado na Bolsa de Valores de Joanesburgo, África do Sul, possui um balanço com activos totais superiores a 91 biliões de USD e é um dos maiores grupos de serviços financeiros de África. (Evaristo Chilingue)

O Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, foi, na última Sexta-feira (08), eleito Presidente da Câmara Agrícola Lusófona (CAL), em Assembleia Geral realizada na Cidade do Porto, Portugal, avança um comunicado recebido na nossa redacção.

 

De acordo com a nota, no CAL, Vuma irá ampliar as oportunidades de desenvolvimento da agricultura em Moçambique, bem como outros mercados. “A colaboração com a CAL surge no âmbito da internacionalização da CTA, bem como a promoção do agro-negócio como prioridade número um do actual elenco da Confederação, plasmado no seu Plano Estratégico 2017-2020”, sublinha o comunicado.

 

A CAL é uma associação empresarial sem fins lucrativos que promove a divulgação do agro-negócio a nível internacional com particular ênfase nos países de língua portuguesa, nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

 

A Associação permite às organizações e às empresas estabelecerem parcerias para promover a internacionalização, a inovação e o empreendedorismo. Trata-se de uma entidade reconhecida pelos Governos da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP). (Carta)