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sexta-feira, 10 junho 2022 06:53

2024: Antevê-se uma Anarquia Geral em Moçambique!

Escrito por

Group 262mmmm

“Esta é uma reflexão que deve ser feita de cabeça fria e com os pés no chão, para que seja tomada a decisão mais adequada para o nosso País”

 

 

PR Filipe Jacinto Nyusi, no encerramento do Comité Central da Frelimo

 

“Num território nacional com 462 dirigentes de nível Distrital, 5.610 membros das Assembleias Distritais, estamos, sem nos apercebermos, a criar um Estado de anarquia geral, hoje, com poucos partidos políticos representados na Assembleia da República, a gestão da coisa pública é deficiente e a desinformação passou à regra. Imagina com tantas vozes representando o Povo! Sejamos pragmáticos se queremos ver o País a desenvolver, caso contrário, vamos às eleições e criemos uma absoluta anarquia geral”

AB

 

As declarações do Presidente da República e Presidente do Partido Frelimo estão a dar dores de cabeça a muitos sectores da sociedade civil e dos Partidos políticos em Moçambique. Enquanto Ossufo Momade considera que as eleições das Assembleias Distritais devem acontecer em 2024, alguns sectores da Sociedade consideram que a Frelimo está a recuar porque não está preparada para as eleições Distritais de 2024, o que é discutível.

 

Moçambique possui, neste momento, 154 Distritos em todo o território nacional, sem contar com os Distritos Urbanos nas Cidades autarcizadas. Isto significa que teríamos, em 2024, 187 cidadãos eleitos a nível deste escalão a dirigir Municípios e Distritos e, sem considerarmos a média de 30 membros nas Assembleias Distritais, teremos 5.610 das Assembleias Distritais e Municipais, para além dos Deputados da Assembleia da República e das Assembleias Provinciais, um autêntico exército de “representantes do Povo” ao mais baixo escalão!

 

Há um debate que me parece furtar-se de objectividade, pois muitos consideram que a eleição das Assembleias Distritais foi uma exigência do Partido Renamo no quadro da descentralização no País. Pode ser, mas, a partir do momento em que essa exigência é inscrita na Constituição da República, passa a património nacional, é um dever de todos cumprirem e, ao Presidente da República, cabe garantir esse cumprimento, até aqui tudo bem.

 

É dever dos Moçambicanos reflectirem sobre a viabilidade das decisões tomadas e, aqui, o Partido MDM vem a público dizer que esta situação é fruto de exclusão política porque, na tomada de decisão, não foi tida e nem achada. A questão que se coloca é: afinal o que faz o MDM na Assembleia da República? Quando as decisões tomadas são contestadas aparta-se de responsabilidade e, quando as mesmas são do agrado do Povo, eles tiveram influência!

 

Nesta reflexão, pretendo chamar a atenção dos Partidos Políticos com assento Parlamentar, como seja a Frelimo, Renamo e MDM, a vossa comunicação pública, sem saberem, a chamada do Presidente Filipe Nyusi à reflexão, pode colocar-vos em rota de colisão com os vossos apoiantes e membros porque, caso prevaleça o não, o que dirão a estes!?

 

A outra coisa importante, na minha opinião, é a reflexão a ser feita em sede dos próprios Partidos Políticos e encontrar um posicionamento racional de cada Partido. Temos de ser pragmáticos na nossa acção e reparem que não estou a dizer que seja bom ou mau adiar as eleições das Assembleias Distritais, mas, se as assembleias Provinciais são autênticos “bonecos”, o que será das Distritais?! Mais, se tivermos o Conselho Municipal Distrital, o Governo Distrital e a Secretaria do Estado Distrital, estamos a falar de 462 homens e Mulheres com poderes no País ao nível deste escalão, uma autêntica anarquia a instalar-se em Moçambique, convenhamos!

 

Adelino Buque

Sir Motors

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