Muito do que se sabe e escreve
Sobre a biografia do teu vasto corpo
Desde o Norte ao Sul, do Leste a Oeste
Foi-nos por mentes estrangeiras embeberado
Como esponja seca exposta a rios de abundantes águas
Assim, a tua nobre história nos foi maquinosamente revelada!
Ó mãe África
Nós, teus filhos e tuas filhas,
Julgamos-te orgulhosamente
Pelas coloridas e caríssimas capulanas asiáticas
Escoltadas de lenços feitos em cabeças despenteadas.
Nós, teus filhos e tuas filhas,
Sorrimos com lábios batonizados
Reclamando a injustiça que sofremos do racismo
Que também se aloja em nós perante nossos irmãos.
Afinal, ó mãe África
Qual é mesmo a nossa verdadeira raça?
Será que está na cor da nossa enegrecida pele
ou no conteúdo das nossas quase entupidas mentes?
Afinal, ó mãe África
Qual é mesmo a nossa língua?
Swahili, Árabe, Afrikans, Changana, Sena ou Emakua
Ou Inglês, Espanhol, Português, Francês e Mandarim?
Diz-nos, ó mãe África
Quem realmente nos pode ajudar
Em meio a tantas incertezas e maquilhadas hi(e)stórias?
Diz-nos, ó mãe África
Para onde foi o tempero que nos uniu
E deu à luz os 59 anos que em humandemia celebramos?
Diz-nos, ó mãe África
Será que os teus verdadeiros filhos
Sumiram com o emergir de uma era independente
Ou as astutas ovelhas ganharam o formato de lobos?
Diz-nos, ó mãe África
A quem confiaste a tua verdadeira história?
Aos teus filhos euroamerisiaticamente colonizados
Ou sua versão actualizada, importadores de colonização?
Aos senhores feudais que outrora nos colonizaram
Ou a sua versão capitalista africanamente modernizada?
Afinal, ó mãe África
Quem realmente carboniza o teu sonho
E de todos teus filhos, de crescer e desenvolver?
São agentes político-financeiros estrangeiros
Que nos apoiam a cometer brilhantes asneiras
E a envenenar a nossa afrirmandade sanguínea
Para depois surgirem como disciplinados auditores-investigadores
Ou teus quase ingénuos filhos, verdadeiros nacionalobistas
Que compactuam com estes malabarismos macabros?
Diz-nos, ó mãe África
Em meio a tantas e importadas maquilhagens
Hoje, ubuntu já não mais nos une como outrora
E a linguagem que ansiamos educacionalmente aprender
Entupida de memes e vídeos sem conteúdos, nos contamina.
Afinal, ó mãe África
Quem são os teus verdadeiros filhos?
Os líderes políticos e libertadores de ontem
Ou todos que nasceram do teu vasto ventre pátrio?
Afinal, ó mãe África
Porque a pobreza se recusa nosso pátio abandonar
Se em teu vastíssimo corpo de berço da humanidade
Banhado do mais sustentável recurso, teus jovens txiladamente embebedados,
Descobrem-se vestígios de abundantes recursos naturais, aquáticos e petrolíferos?
Afinal, ó mãe África
Quem são as tuas verdadeiras filhas?
As que pegaram na caneta e aprenderam a discutir o feminismo importado
Ou as que, submissas, sobrevivem com marcas de enxadas em suas palmas?
Afinal, ó mãe África
Quando os teus jovens filhos e filhas
Tomarão as rédeas da tua geografia
Serão protagonistas da tua tão sofrida moderna história
Dominarão as áreas da circunferência da tua economia
Ensinarão teus filhos com a devida qualidade técnico-científica
E comandarão os destinos deste navio que carrega teu vasto, mas sofrido povo?
Diz-nos, ó mãe África
Quando teus velhos filhos
Como bons atletas, com olhos fitos no futuro, para o bem comum
Passarão o bastão da tão desgastada governação para as novas gerações
Que sucumbem no desemprego alimentado pelo exacerbado custo de vida?
Diz-nos, ó mãe África
Quando a formação académica e saúde de qualidade
Voltarão a pisar e habitar no teu vasto pátio
Hoje mais terra de gente de outras geografias
Que usurpa e domina sobre tudo e todos?
Diz-nos, ó mãe África
De onde virá a nossa esperança?
Mesmo assim, ó mãe África
Hoje cimentamos a certeza de que a tua juventude
Que caminha entorpecida e txiladamente adormecida
Receberá a luz da consciência e do espírito pan-africanista
E com eles fará o transplante da chama da tua vigorosa veia pensante
Definindo caminhos e alternativas de resposta acertadas
Para travar os vários desafios que aos teus filhos atormentam
E conduzir a tua vasta e riquíssima geografia ao porto desejado
Abrindo assim uma nova página para escrever a tua tão esperada história
Onde prevaleçam o mérito, a verdade, a coesão e a justiça social!