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sexta-feira, 20 novembro 2020 07:06

Eleições na Cê-Tê-A: um campo inclinado

Quem me conhece sabe que eu sou apaixonado por eleições. Sei lá! Onde há processos eleitorais, eu estou lá a meter o bedelho. Então, nesse meu 'mete-mete' tenho estado a notar que as eleições na Cê-Tê-A de Dezembro próximo são mais do que eleições. Há muita poeira. Muita sujeira. Há quem quer impedir que os seus adversários concorram. A ideia é sujar social e politicamente os adversários. O objetivo é vencer antes das eleições; fora das urnas. Estão a tentar inclinar o campo do jogo. Perdeu-se a urbanidade. 

 

Mas, o que mais me preocupa é o envolvimento de uma nata jornalística nesse jogo sujo. Deliberadamente ou não, é visível que há certa imprensa fazendo consultoria ao candidato Agostinho Vuma, o atual presidente da Cê-Tê-A. O que é deveras preocupante. Quem quiser fazer assessoria que saia dos holofotes e venha cá para este lado. Que não se aproveite dos espaços nobres para se promover clientes. 

 

Ora, as manchetes desta semana são uma sentença contra o possível adversário do Vuma. Fora de serem parangonas especulativas são também condenatórias. Os jornais viraram tribunais contra o Álvaro Massinga com base em 'informações em nosso poder' e 'nossa fonte bem posicionada na Cê-Tê-A' sem a respeitada presunção de inocência. Hoje, o Massinga é o sujo e o Vuma, o menino bonito. Na verdade, ninguém conhece o Massinga, mas querem fazer de conta que é uma figura sobejamente conhecida no mundo da travessura. Agora só falta dizerem que o Álvaro não pode ser candidato porque roubou mangas da vizinha quando era criança. O Vuma é, hoje, a eterna vitima. O eterno coitado. Não sei como jornalistas que inspiraram gerações se deixam usar como ratoeiras. 

 

Está claro que uma das causas de perpetuação dos africanos no poder é a imprensa. Certa imprensa tem a mania de assumir apetites e dogmatizar pessoas. Uma imprensa idólatra. Uma imprensa mesquinha. Aquela entrevista ao Vuma na tê-vê, aquelas manchetes do 'Público' e do 'Zambeze' são uma autêntica sopa. Uma sopa de legumes geneticamente modificados. 'Tutu mafia!'

 

Recados e especulações deixem connosco que escrevemos coisas sem interesse! Vocês deviam se preocupar em escrever notícias e em informar com isenção e transparência. Deixem de ser acólitos do Vuma! Deixem que o Vuma vença por mérito próprio! Não inclinem o campo do jogo! Podem estar a criar um Trump.

 

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terça-feira, 17 novembro 2020 06:24

Então, é hoje que vamos conhecer o Salimo?

Quero desde já convidar o SERNIC a ver a entrevista de Agostinho Vuma, presidente da Cê-Tê-A, que vai passar nesta quarta-feira no programa 'Mais Negócios' do canal 'Mídia-Mais-Tê-Vê' a partir das 20 e meia. O camarada já sabe das coisas. Aos poucos a memória vai voltando. Quem fala como ele não é gago.

 

Pelo menos, pelo que se diz nos jornais e no trecho da entrevista, o Vuma agora já se lembra que o atentado contra a sua pessoa foi orquestrado dentro da Cê-Tê-A. Isto é, o maestro da intentona é um empresário que quer ser presidente da agremiação nas eleições deste Dezembro que vem. Ou seja, o Salimo é um dos empresários que está ali dentro. Para ser mais claro, é seu adversário. Quer dizer, ele já se lembra do Salimo, só não se lembra se terá dito 'Salimo, o que eu te fiz' duas vezes antes deste atirar. Lembra-se também de tudo o que aconteceu durante o tempo que ficou inconsciente (em coma), mas lembrar-se de ter gritado (ou não) o nome 'Salimo' antes de levar tiro, nada. Deve ser muito doloroso.

 

Mas, enfim... só de saber que o Salimo é um empresário já é um grande alívio. O pessoal operativo do SERNIC devia ver a entrevista dentro da sua viatura e com a chave na ignição para, logo depois do programa, sair para a casa do Salimo. A essas alturas a cela do Salimo já devia ter sido reservada e apetrechada. 

 

Neste momento, o bandido do Salimo está na sala onde está a decorrer a Assembleia Geral da Cê-Tê-A e deve estar a tremer. Para não nos deixar na ansiedade, o camarada Vuma podia muito bem acabar com esse suspense ainda hoje em plena reunião magna. É uma oportunidade soberba de se revelar a identidade do enigmático Salimo. Espero que ainda hoje, na Assembleia Geral, o Vuma vá ao Salimo e lhe pegue pelos colarinhos e diga 'eis aqui o Salimo!' para todo o mundo ouvir (e ver).

 

De resto, o deputado Agostinho Vuma assume claramente que a Cê-Tê-A é uma confederação criminosa constituída por gangues rivais. E, depois desta flagrante descoberta, ele ainda quer ser presidente dessa mesma associação de bandoleiros. Assim sendo, não sei se haverá melhor ocasião para o Governo acabar com essa agremiação de cangaceiros de fato e gravata antes que comecem a atirar contra os seus trabalhadores. 

 

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segunda-feira, 16 novembro 2020 06:29

O país das panelas

No país das panelas eram as panelas que definiam o 'status' do seu povo. Os que tinham panelas gigantes eram os mais temidos e respeitados. Depois haviam aqueles que tinham as panelas médias, que trabalhavam para os donos das panelas grandes. Haviam também os que tinham panelinhas, que andavam no desenrasque da vida. Por último haviam os sem-panela, esses eram apenas os enfeites demográficos e estatísticos. Na verdade os sem-panela eram o trunfo para os donos das panelas gigantes conseguirem mais panelões em forma de ajudas e donativos da comunidade internacional. 

 

Havia um adágio popular que dizia que 'no país das panelas quem tem panelão é rei'. Os reis, os proprietários das panelas gigantes eram os manda-chuva e não gostavam de críticas. Quem ousasse criticar ou pensar diferente era-lhe arrancada a panela, por mais pequena que fosse. Por isso, haviam milicianos que controlavam os gestos e as falas da população. Esses eram também conhecidos como 'lambe-panelas' ou 'lambe-botas' ou 'lambe-c*s'. Ou seja, esses eram 'lambe-qualquer-coisa'; para eles, o mais importante era lamber. Esses não tinham panelas próprias, não lhes interessava. Preferiam lamber caldeirões alheios a ter que cozinhar e lavar loiça. A preguiça de cozinhar era tanta que preferiram esconder repolho no lugar do cérebro.

 

Dizia eu que um dia o país das panelas viu-se mergulhada numa grande e devastadora confusão. Tudo começou quando um ano antes, Deus enviou um dilúvio sem precedentes à terra das panelas. O Idai, como era chamado, devastou áreas habitacionais e de cultivo destruindo tudo e todos. Fala-se de milhares de mortos e desaparecidos. Foi daí, então, que os reis emprestaram quatro das suas panelas gigantescas aos sem-panela que viviam num centro de acolhimento. Os caldeirões eram geridos pelo Excelentíssimo Senhor Administrador do distrito onde os sem-panela foram acolhidos. Os utensílios foram usados até os sem-panela retomarem a sua vida normal de não ter panela própria.

 

Reza a história que 600 dias depois, no tempo do confinamento compulsivo, dois panelões sumiram. Ou seja, não regressaram aos seus donos. As vasilhas foram procuradas, mas nunca achadas. Os reis enviaram ao administrador uma missiva de resgate das panelas grandes, e nada. O chefe do distrito nunca deu resposta, apenas o silêncio de confissão. Era praticamente uma declaração de guerra.

 

O SERNIC foi acionado para investigar o sumiço das caldeiras. O Parlamento foi forçado a criar uma comissão de inquérito para averiguar o caso. O comandante em chefe das Efe-Dê-Esse ordenou a retirada de todo o contingente militar que se encontrava em Cabo Delgado para fazer buscas na residência do administrador de Maringué, onde se supõe que as super-panelas estejam escondidas. O Chefe do Estado fazia discursos à nação a cada meio-dia. Uma comissão da Ó-Eme-Eme foi enviada para vasculhar as partes íntimas da primeira dama do distrito, ao mesmo tempo que os filhos do administrador estavam a ser interrogados na sede da Ó-Jota-Eme. 

 

Era o caos total. A SADC foi informada e milhares de soldados e especialistas em resgate de utensílios domésticos foram enviados. Uma força conjunta da União Africana já estava na despensa do administrador com ímanes. O Parlamento Europeu foi chamado a fazer o seu posicionamento. Os Capacetes Azuis da ONU já tinham montado as suas tendas no quintal do palácio distrital. A Ó-Eme-Esse falava da necessidade de observância de um intervalo mundial para a Covid-19 porque a preocupação flagrante e imperiosa eram as panelas gigantes do I-Ene-Gê-Cê. O Vaticano já tinha enviado o Bispo de Roma para benzer o quintal do palacete de Maringué.

 

Enquanto isso, os Estados Unidos acusavam a Rússia de ter desviado as caldeiras. A Rússia dizia que não iria mais aceitar essas acusações. O Conselho de Segurança da ONU falava de intromissão da Rússia e seus aliados em assuntos culinários alheios. 

 

Era tudo uma grande confusão. Um turbilhão. Não sei como isso acabou, só sei que o país continuou o mesmo... das panelas. Não era de surpreender: o camarada Administrador queria apenas se sentir rei.

 

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sexta-feira, 13 novembro 2020 07:37

Nada contra!

Surgiu um fora-da-lei na cidade da Beira, no bairro da Manga. Um bucéfalo-anácroto chamado Manuel - Parte Coco. Um daqueles bípedes que, em condições normais de temperatura e pressão, deveria estar na ala 'zê', das celas do lado Norte, da Cabeça-do-Velho ou da Bê-Ó há muito tempo. 

 

Esse tal é um capanga que cobrava impostos de palhota aos moradores do bairro da Manga para garantir segurança contra próprio. Um brutamontes que espancava toda a gente e até agentes da Lei e Ordem. Um arruaceiro que criava desordem de tal maneira que até os moradores prestavam vassalagem. Um gajo com nível de perigosidade 'Xis-Plus'. 

 

Hoje, estamos a tratar esse crápula com uma fama de bradar os céus. O país parou para apreciar os seus bíceps e tríceps. Fomos resgatar arquivos com vídeos de um certame de partir cocos com socos em que ele foi campeão e recordista. O Manuel - Parte Coco é a solução dos nossos problemas. Em tempos de crise e sofrimento como estes, esse 'efe-dê-pê' ficou mais importante que a Cruz Vermelha. 

 

Hoje, esse hominídeo conta com uma legião de fãs incrível. Já é um 'influencer'. Já vai começar a fazer 'laives' de como espancar cidadãos de bem até desmaiarem ou como bater polícias até perderem os sentidos. Agora as pessoas vão ao hospital para fazer selfies com ele. Até médicas e enfermeiras-estagiárias se dirigem à sua cama, na enfermaria, para tirarem fotos para a posteridade. É a treva! Mas, isso é trauma da guerra dos 16 anos ou o quê?! A vida nos traumatizou assim tanto que perdemos o discernimento do certo e do errado?! Nada contra. Deve ser a tal liberdade de expressão. Do tipo, 'no meu mural eu publico o que eu bem entender'. É o tal de 'eu faço piada como me apetece, o cell é meu, os megas comprei com meu dinheiro'.

 

Nada contra, ouviu, pessoal! Nada mesmo! Nhongos, Nhangumeles, insurgentes, Changs, Os-Que-Não-Comem, Anibalzinhos, Mandongas, gatunos, larápios & companhia limitada têm fãs aqui. E por quê não o Parte-Coco?! Ele também é filho de Deus. Que pecado cometeu?! Não foi ele que matou Jesus. Então, por quê não promover os seus feitos?! Por quê não torná-lo famoso?! O mais interessante é que alguns desses fãs e panfletistas desse asqueroso são os ativistas sociais e os acérrimos defensores dos Direitos Humanos. Os nossos 'humanos direitos'. Nada contra, gente!

 

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quarta-feira, 11 novembro 2020 06:47

Brincadeira tem hora!

Esta semana, a Pê-Gê-Ere enviou ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo uma acusação contra Manuel Chang e mais três antigos funcionários do Banco Central no âmbito das dívidas ocultas. Nos próximos dias o Tribunal deverá chamar os indiciados para ouví-los. Okey! Beleza!

 

Só não entendo por que é que o Ministério Público insiste em enviar esses processos aos Tribunais quando devia enviá-los ao Gungu ou Mutumbela Gogo. Não entendo por que é que essas peças sobre gatunos de estimação não são ensaiadas e exibidas no Cine Teatro Gilberto Mendes ou no Teatro Avenida. Por que é que a doutora Beatriz não negocia um horário com a direção do Gungu ou do Mutumbela Gogo para usarem aqueles espaços? É que só assim a Procuradoria teria mais público nas suas atuações. Só assim as suas peças seriam mais conhecidas. 

 

É que do jeito que a Pê-Gê-Ere está a proceder dá a impressão de estarmos perante um processo sério que vai dar num julgamento também sério. Eu acho que devíamos deixar os Tribunais fazerem o que de melhor sabem fazer: condenar pilha-galinhas e ouvir malta Matias Guente e Nuno Castel-Branco. Vamos deixar que os Tribunais cumpram com as suas atribuições. Essas brincadeiras de mau gosto de malta Beatriz e compadres dela deviam fazer em espaços próprios. 

 

Teatro no átrio do Tribunal não fica bem. Uma peça teatral precisa de ensaios, aplausos e gargalhadas. Por exemplo, o ator que vai fazer o papel de Manuel Chang deve ensaiar bem e o público precisa de estar a vontade para rir também a vontade. Quando o juiz estiver a fazer as perguntas, as pessoas vão soltar gases de tanto rir. Quando os advogados de Chang e desses outros três atores ex-funcionários do Banco de Moçambique estiverem a falar, de togas e sotainas, vai ser muito engraçado. E isso não fica bem numa sala de Tribunal. 

 

Doutora Beatriz, o povo precisa de ver essas peças! O povo precisa de se divertir a vontade. De resto, nos últimos anos, as vossas criações artísticas têm sido muito boas, mas pecam por estarem a levar muito a sério. Vocês é que estragam. Não sei como é que vocês podem pensar que uma peça teatral num Tribunal pode ter graça. 

 

Faxavor, não banalizem a arte! Enviem esses processos para o Gungu ou Mutumbela Gogo. Aliás, deixem malta Juju e Branquinho fazerem essa cena. E vocês voltem a dormir. Brincadeira tem hora, principalmente quando é de mau gosto.

 

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quarta-feira, 04 novembro 2020 09:22

Doutora Buchili, seja humilde!

Em Setembro último, a digníssima Pê-Gê-Ere doutora Beatriz Buchili enviou um grupo de procuradores para ouvirem o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, no âmbito de um Processo Autónomo em curso na Pê-Gê-Ere sobre a famigerada 'escandaleira' das dívidas ocultas. Em resposta, Guebuza disse simplesmente que não tinha apontamentos sobre essa matéria, que nunca tinha ouvido falar disso e que nem sabia de que disciplina se tratava. Por fim, Guebuza remeteu a Pê-Gê-Ere a falar com o antigo Ministro da Defesa que, segundo Guebuza, sabia de tudo. 

 

De lá a esta parte, a doutora Buchili ficou zwiiiiiii... num silêncio pós-orgasmico. A madame não apareceu mais. Não falou mais nada. Deve estar a suar para descobrir quem é esse antigo Ministro da Defesa, onde vive, onde trabalha. Até deve estar a pensar que o velho Tchembene lhe matrecou, do tipo 'xeee, se nós não tínhamos Ministro da Defesa no antigo governo!' Ou, então, deve estar a pensar que era Manuel Chang. Ya, do tipo Chang era o mega-ministro da Defesa e Finanças.

 

Peça ajuda, doutora! Se não conhece onde vive o antigo Ministro da Defesa, peça ajuda. Se não conhece onde é o seu atual gabinete, nós estamos aqui, como sempre. Nós conhecemos a geografia deste país como a palma da mão. Aquele velho hábito de se meter na vida alheia tem lá as suas vantagens. Podemos usá-lo a favor dos interesses do Estado.

 

Se a doutora já não se lembra do antigo Ministro da Defesa, é compreensível. A doutora trabalha maningue. É normal que se esqueça de algumas caras. Então, fale conosco, doutora! Nós estamos a monitorar essa cena. Não nos esquecemos das pessoas facilmente. É fofoca, sim; mas é para ajudar. Aquilo que em sociologia chamaríamos de fofoca ao serviço da verdade. A bisbilhotice a favor da unidade nacional. Só queremos facilitar as coisas. Contacte-nos! 

 

Este assunto está longo demais. É muita lerdice. Não podemos atrasar pôr pessoas na cadeia por causa de esquecimento. Quando o assunto é devolver dinheiro do povo não podemos gaguejar. Se a missão é pegar quem enfiou abacaxi na gente que sejamos céleres. Este filme está todo em câmera lenta. Não pode.

 

Não se acanhe, doutora! Um mês a procurar um antigo Ministro não é normal. Peça ajuda! Seja humilde! Nós já notamos que a doutora não faz ideia de quem seja a pessoa. Mas nós estamos aqui. Lance um anúncio 'procuro pessoas para me acompanharem à casa ou ao escritório do antigo Ministro da Defesa, de BORLA' e veja como o povo moçambicano é solidário. Lance uma campanha 'a fofoca ao serviço do Estado' e veja até onde vai a boa fé deste povo. Use e abuse.

 

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