Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

terça-feira, 20 abril 2021 08:07

Juma Aiuba reloaded*: Haja juízo nos Juízes

Escrito por

O país está de tanga. Estamos a travar com jantes. Não temos dinheiro para financiar o nosso próprio orçamento do próximo ano. Não temos dinheiro para financiar eleições gerais do próximo ano.

 

Não temos remédios nos hospitais. Não temos carteiras nas escolas. Paramos de contratar professores e enfermeiros por falta de verba. As progressões também pararam.

 

Para piorar: ninguém quer arriscar em dar-nos crédito. Somos caloteiros porque não estamos a conseguir pagar a meia-parte-da-metade da primeira tranche do fiado que contraímos fora. Estamos sujos na praça. Perdemos credibilidade.

 

Enquanto isso:

 

Aparece um punhado de indivíduos de toga e sotaina que exige ampliação das suas mordomias e dos seus parentes. Até passaporte diplomático exigem.

 

Pede-se uma vida condigna a um povo que vive uma vida indigna. Pede-se uma vida justa a um povo que vive uma vida injusta injustamente. Um povo injustiçado, para ser mais claro.

 

Era suposto que num Estado de Direito, qual o moçambicano(?), o Conselho Constitucional fosse um fórum instrutor e orientador do Estado. Que os Juízes deste fórum fossem indivíduos cuja idoneidade ética, moral e profissional não levantasse quaisquer tipos de discussões. Que fossem togados que dominam não só as leis, mas também os contextos e os circunstancialismos das circunstâncias que tais leis são aplicadas. Que fossem guias do Estado e do povo.

 

Juízes costumam ter juízo. Mas os daqui, não.

 

Publicado em 11-12-2018

 

*Desde a primeira edição de Carta, em 22 de Novembro de 2018, o cronista Juma Aiuba impregnava nestas páginas o doce sabor da sua escrita. Sua morte abrupta foi um tremendo golpe. Para tentar manter sua voz viva, Carta decidiu reeditar semanalmente uma das suas crónicas. Seu perfume permanecerá vivo!

 

Este espaço é oferecido pela:  

   

No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.

Sir Motors

Ler 2371 vezes