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quarta-feira, 16 dezembro 2020 07:02

Senhores empresários, tenham uma boa votação!

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Ainda ontem tive de dar uma resposta longa à uma pergunta de um primo meu que vive em Inhambane, que era: mas, primo, por que te interessam as eleições da Cê-Tê-A? Eu: ora, primo, nós fazemos parte de uma sociedade. Essa sociedade é composta por médicos, engenheiros, professores, chapeiros, banqueiros, estudantes, prostitutos, atletas, empresários, advogados, políticos, mukheristas, governantes, contabilistas, etecetera. Ou seja, é um corpo constituído por vários órgãos que devem comunicar e interagir, sem importância hierárquica entre si. Se um órgão falha, o resto não vai funcionar como deve ser. 
Engana-se, pois, quem pensa que eleições da Ordem dos Advogados devem interessar apenas ao doutor Timbana; da Cê-Ene-É, ao Muchanga; da Efe-Eme-Efe, ao Tico-Tico; da Cê-Tê-A, ao Salimo... Abdula, neste caso. Engana-se mesmo! Uma presidência da Cê-Tê-A arrogante não cria empregos seguros e, muito menos, empregados prósperos. Lembre-se que a estrutura do I-Ene-Esse-Esse (lá onde guardamos as nossas poupanças) é composta por pessoas oriundas da Cê-Tê-A. Aliás, o actual Pê-Cê-A do I-Ene-Esse-Esse é um empresário proposto pela Cê-Tê-A em cumprimento aos mandatos periódicos e rotativos. Sem contar que o sector privado emprega milhões de moçambicanos e participa daquelas negociações anuais do aumento de salário. É escusado dizer que a Cê-Tê-A é uma agremiação lobista da naipe empresarial nacional e um interlocutor válido e legítimo junto do governo. 
Então, primo, ainda pensa que Cê-Tê-A é coisa de malta Prakash, Kekobad, Buque, Vuma, Massinga e companhia? Quer queiramos quer não, a Cê-Tê-A faz parte das nossas vidas. Então, eu não gostaria de ouvir de novo que o presidente da Cê-Tê-A aconselhou o governo a não pagar décimos terceiros, a não promover progressões nas carreiras do funcionários, a não aumentar salários mínimos, etecetera. Não gostaria de ouvir de novo que um empresário levou as nossas já desnutridas poupanças para comprar seus aviões. Não gostaria de ouvir de novo que um empresário em comissão de serviço no I-Ene-Esse-Esse quer comprar bilhete turístico para a sua amante com o dinheiro que estamos a poupar com infernal sacrifício. Isso dói!
Eu até nem queria falar mais deste processo eleitoral. Mas, agora, com essa novidade que nos chega, segundo a qual um dos candidatos a presidência da Cê-Tê-A distribuiu cheques 'mal passados' que os bancos não conseguem engolir nem com água nem com vinho, podemos dizer que a casa caiu de vez. A ser verdade, é muito triste e constrangedor. Não conheço os estatutos da Cê-Tê-A, mas não acho razoável que um cidadão supostamente em conflito com a Justiça esteja a concorrer à presidência de uma instituição séria. Isso pode não ser bom para ele, mas também para o colectivo. Como é que os associados vão escolher um presidente que supostamente corre o risco de tomar posse na prisão. É bastante embaraçoso.
Resta saber se excelentíssimos senhores empresários estão interessados e engajados em mudar o rumo e a imagem da vossa casa. Se querem continuar a ser vistos como arrogantes e insensíveis. Se ainda preferem ser conhecidos como caloteiros, burladores e mafiosos. Se gramariam de ser dirigidos directamente da Bê-Ó. Sei lá, vocês é que sabem que pessoas podem melhorar o ambiente de negócios e a relação com os trabalhadores. Vocês se conhecem. A bola está do vosso lado.
Isto não é campanha. É observação. Depende de vocês, empresários, apenas! Nós 'os povos' estamos aqui dhuuuuu... a vos olhar. Tenham uma boa votação!
- Co'licença!
 
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