Então, podemos assumir de uma vez por todas que este truque de cuspir sobre a imagem do adversário faz mesmo parte do marketing político nacional. Que ser Assessor Político de um partido ou candidato, de manhã, e Analista Político "imparcial", a noite, é normal. Que é eticamente aceitável viajar na comitiva do candidato do "governo do dia", como seu estratega, hoje, e ser convidado a falar da vida do candidato da oposição, como cientista político, amanhã.
É que desde os primórdios tempos dos Gê-40 Seniores tenho estado a assistir este fenómeno por aqui - gastar tempo e dinheiro cuspindo sobre a imagem do adversário em forma de análise. Parece que a cena funciona assim: Se não consegue limpar a bota do seu patrão, então suja a bota do adversário. Ou seja, se a bota do boss está tão suja que não dá para limpar, então procure a bota do adversário do seu patrão e cague nela. Se não consegue puxar o saco de quem paga, então encontre o saco do adversário e rasgue.
Podemos, então, apelidar este serviço inovador de "cuspe-botismo". Uma espécie de aplicativo do lambe-botismo moderno exacerbado. Um kiwismo tecnologicamente muito avançado. É como se fosse um Android na escova.
Foi isto que vimos há uns dias numa dessas tê-vês da praça: um "cuspe-bota" que foi à uma televisão, pura e simplesmente, para cuspir ranho-com-escarro ao adversário do patrão. Assim tipo um cientista contratado por um certo partido para fazer análises profundas e promover a sua boa imagem ir a imprensa para "desanalisar" a saúde do partido adversário, num momento em que o seu próprio partido também necessita de análises muito mais profundas, sérias e urgentes. O truque agora é emiscuir-se e desdenhar o adversário. Fofocar boatos com base em rumores.
Parece que o "cuspe-bota" tem de nascer com o cérebro no talhão do intestino grosso. A criatividade destes jovens - quando o assunto é comer mahala - não val'apena... Nem dá para acreditar que o seu DUAT encefálico está correcto. É muita criatividade, gente!
- Co'licença!