Moçambique está entre os cinco países com maiores casos de Malária estimados em cinco por cento, na África Subsaariana, de acordo com o Relatório Mundial da Malária de 2017, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apontando ainda a inexistência de progressos significativos na redução global desta epidemia.
É nesta perspectiva que a Agência de Desenvolvimento da União Africana (NEPAD) em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-profissional, através do Grupo Internacional de Biossegurança (GIBS), reúne especialistas de biossegurança provenientes de diversos países africanos, para um Seminário de Treinamento da Capacidade Regulatória em Matéria de “Gene Drive”, que terá a duração de três dias, em Maputo.
“Gene Drive” é uma abordagem técnica baseada em alterações genéticas que podem ajudar a restringir a quantidade de mosquitos anopheles, causadores da malária, reduzindo a propagação desta doença endémica.
Segundo o Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-profissional, Jorge Nhambiu, o seminário vai ajudar a desenvolver uma compreensão de base adequada sobre abordagens e suas potenciais aplicações em vários sectores, incluído a agricultura.
“O Gene Drive constitui para Moçambique uma oportunidade nobre de fortalecer as nossas capacidades em regular de forma mais consciente e consentânea com as estratégias internacionalmente adoptadas de combate a doenças endémicas como a malária”, disse Nhambiu.
O dirigente espera que, com o seminário, os participantes adquiram conhecimento científico que é requerido para conduzir o processo de avaliação e gestão de riscos e na tomada de decisão baseada em ciência, no que diz respeito às propostas do “Gene Drive”.
Por seu turno, Olalekan Akimbo, Representante do NEPAD, afirmou que o “Gene Drive” vai impulsionar o aumento da frequência de um gene desejado do mosquito anopheles, causador da Malária. (Marta Afonso)
Três meses depois de o Governo ter prometido licenciar os veículos de caixa aberta, vulgo my loves, para o transporte de passageiros em algumas rotas da Área Metropolitana de Maputo, esta quinta-feira, a Agência Metropolitana de Transporte de Maputo (AMTM) apresentou um novo protótipo destes veículos para o transporte de passageiros e carga.
Trata-se de 22 veículos pesados mistos (cinco com tracção e 17 sem tracção), com capacidade para transportar 34 passageiros sentados e uma tonelada de carga para as áreas cujos autocarros não conseguem aceder, devido à precariedade das viagens. De acordo com o Director da AMTM, António Matos, o projecto-piloto será introduzido nas zonas de Boquisso (Município da Matola), Santa Isabel (Marracuene) e Machangulo (distrito Municipal de KaNyaka).
Segundo António Matos, as viaturas visam dar mais dignidade aos utentes destas vias, sobretudo de sexo feminino que se sentiam constrangidas com os “antigos” my loves. “O my love não traz dignidade aos nossos passageiros”, reconhece a fonte.
Os “novos” my loves contêm assentos, alpendre e, segundo o Director da AMTM, contêm ainda uma tomada e internet. “A ideia foi melhorar as condições em que os nossos concidadãos são transportados. Reconhecemos que ainda não é o transporte ideal, mas devido à precariedade das vias, introduzimos este protótipo de veículos”.
Refira-se que o novo Regulamento de Transporte em Veículos Automóveis, a entrar em vigor este mês, veda o transporte de passageiros em veículos automóveis de mercadorias, exceptuando “o transporte de passageiros dos locais em que outras alternativas não se ofereçam, servindo de alimentadores para os principais corredores e terminais”. (Carta)
Uma semana depois do Director Provincial de Saúde da Zambézia, Hidayat Kassim, ter lançado um alerta nos distritos de Milange e Morrumbala, devido à sua localização fronteiriça com Malawi, país tido como estando em risco de registar surto de ébola, segundo um aviso da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado a 02 de Julho, o Ministério da Saúde (MISAU) e a OMS, em Maputo, vieram a público, esta quarta-feira, afirmar que Moçambique e Malawi não correm risco de registar aquela epidemia.
Segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, a ébola nunca foi um problema de saúde pública em Moçambique, no entanto, a triagem que está a ser feita destina-se a todos os cidadãos provenientes da República Democrática do Congo (RDC), pelo que, “não se deve falar de alerta vermelho para Moçambique porque não tem”.
Aos jornalistas, o Director Provincial da Saúde da Zambézia afirmou que os postos de rastreio seriam instalados naqueles distritos, devido à suspeita de surgimento da doença no vizinho Malawi. Garantiu ainda que o alerta ora activado vem de uma orientação da OMS ao MISAU, que diz ser urgente a montagem dos postos de vigilância nas duas fronteiras que separam os dois países.
Entretanto, Rosa Marlene desdramatiza estas informações e garante que Moçambique não possui nenhum contacto fronteiriço com a RDC. É que, segundo a fonte, não há casos de ébola, nem no Malawi e nem em Moçambique, os dois países possuem baixo risco de contrair a epidemia.
“Nós apenas reforçamos os postos de controlo e a vigilância de rotina, de forma a detectar com prontidão os casos de ébola, recomendamos também a província de Tete para o segmento de Malawi de modo a perceber o que está a causar pânico”, reiterou Marlene.
Marlene explicou ainda que, além da RDC, existem apenas dois países que registaram casos de ébola, um no Uganda e outro no Ruanda porque tiveram contacto com os casos existentes na RDC.
Por seu turno, Djamila Cabral, representante da OMS, em Moçambique, disse que, olhando para o caso da RDC, que até o dia 06 de Agosto último, registou 2.687 casos de ébola, esta é a razão mais do que suficiente para estarmos preocupados com esta doença.
“Apesar de a OMS ter declarado em Julho último a ébola como emergência de saúde pública de carácter internacional, o risco para todos os países continua baixo, mas não é zero em nenhum país do mundo”, alertou Cabral.
Cabral reiterou ainda que não há casos de ébola nem no Malawi e nem em Moçambique e que tudo que está a ser feito “são medidas para que as pessoas estejam preparadas, caso existam, porque o risco não é zero em qualquer canto do mundo”.
Entretanto, enquanto a página da OMS diz que até o dia 04 do corrente mês foram registadas 1.843 mortes, a representante da OMS, em Moçambique, diz que até o dia 06 deste mês morreram 1.811 pessoas vítimas de ébola. (Marta Afonso)
Três reclusos morreram a tiro e sete sofreram ferimentos graves, na sequência de tumultos ocorridos hoje no Estabelecimento Penitenciário Regional Norte, o maior no norte de Moçambique, disse o diretor da instituição, Álvaro Arnaça.
Em conferência de imprensa, Álvaro Arnaça afirmou que dois guardas prisionais sofreram ferimentos ligeiros, durante os confrontos entre os prisioneiros e os guardas prisionais e membros da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), enviados para o local.
Os confrontos iniciaram-se depois de um guarda prisional ter deixado cair uma granada de gás lacrimogéneo durante uma revista de rotina num dos pavilhões das celas da prisão, provocando a libertação de fumo.
O incidente terá provocado uma reação violenta por parte dos reclusos, declarou Arnaça.
Os prisioneiros incendiaram escritórios e o posto de saúde da cadeia, obrigando à intervenção dos bombeiros, que conseguiram controlar as chamas.
Os guardas prisionais e a UIR só conseguiram dominar a situação uma hora depois do início dos confrontos.
A cadeia, situada na província de Nampula, alberga mais de 1.700 reclusos.(Lusa)
O académico e antigo Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula, defende que o processo de pacificação do país não pode ficar nas mãos de políticos, pois, estes já fazem a sua parte. Na óptica do primeiro Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) “é necessário que todos façamos a nossa parte para que a paz seja efectiva”.
O académico manifestou as suas ideias, esta terça-feira, em Maputo, durante o seu discurso na palestra sobre Integridade dos processos eleitorais, organizada pelo Instituto para a Democracia Multipartidária-IMD.
No seu breve comentário, momentos antes da Assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, entre os Presidentes da República e da Renamo, Mazula afirmou que a instabilidade no país se manifesta após as eleições, porque “depois deste processo, as pessoas lavam a cabeça com sentimento de missão cumprida e se esquecem de fazer um acompanhamento com sabedoria, ética e transparência”.
“Podemos afirmar que estamos perante a terceira edição do Acordo Geral de Paz e, para que o mesmo prevaleça, todos temos a responsabilidade de levar avante este acordo”, advertiu o académico.
Adiante, salientou que a assinatura do Acordo dá um ambiente de tranquilidade, entretanto, “o mais importante é que não nos esqueçamos que, com as eleições que se avizinham, a CNE e o STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) não se devem deixar corromper para que esta paz prevaleça”. (Marta Afonso)
O professor catedrático Brazão Mazula e antigo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), durante as primeiras eleições multipartidárias na história deste país, defende que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) “não podem e nem devem trabalhar em esquema”, mas num espírito de transparência patriótica, dizendo “não” aos partidos políticos para que tenhamos eleições credíveis.
Falando na palestra sobre “Integridade dos Processos Eleitorais: Lições e desafios para as Eleições Gerais e Provinciais”, realizada esta terça-feira (06 de Agosto), em Maputo, organizada pelo Instituto para a Democracia Multipartidária-IMD, Mazula disse que os partidos políticos não devem corromper os órgãos eleitorais e estes (CNE e STAE) devem trabalhar como gémeos colaborando um com o outro neste processo.
Dissertando sobre a integridade no processo eleitoral, o académico referiu que o mais importante é a educação da pessoa, pois, “não basta apenas ter muito conhecimento e possuir muita informação, se não for educada”.
“É na contagem dos votos, onde se deve demonstrar esta integridade”, apontou, explicando ainda: “a pessoa precisa saber que está neste processo, como membro do órgão eleitoral para servir a pátria”, pelo que “a CNE e o STAE devem ter critérios e definir muito bem o perfil de quem vai ser o recenseador e o membro da mesa de voto”.
Comentando em torno dos dados do recenseamento eleitoral, na província de Gaza, recentemente, divulgados pelo STAE, o antigo Reitor da Universidade Eduardo Mondlane disse ser necessário haver respeito aos cidadãos, pois, estes devem estar sempre a frente e não os interesses particulares, pelo que a CNE e o STAE devem planificar as suas acções com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que garantiu não existirem os dados produzidos pelos órgãos eleitorais.
Por seu turno, o Bastonário da Ordem dos Advogados, Flávio Menete, defendeu que o segredo da transparência no processo eleitoral passa pelos Membros das Mesas de Voto (MMV). “Os MMV devem ser seleccionados com muita rigorosidade, ética e serem bem formados porque eles estarão presentes no palco das operações eleitorais e têm uma grande responsabilidade eleitoral. Devem verificar se as coisas estão a ser bem-feitas ou não, precisam transmitir confiança ao eleitorado, assegurar que haja uma reclamação atempada e que seja resolvida de forma rápida”, explicou o jurista.
Para concluir, Menete disse ainda que o processo eleitoral deve ser limpo e os partidos políticos deverão agir com ética, educando os seus membros e simpatizantes, evitando conflitos e assumindo com clareza que ser diferente não constitui um problema. Lembre-se que as VI Eleições Gerais e III das Assembleias Provinciais terão lugar no próximo dia 15 de Outubro de 2015 e irão eleger, pela primeira vez, os Governadores Provinciais. (Marta Afonso)