Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Política

VM7TENTATIVAASSASINATO.jpg

O candidato à Presidência da República de Moçambique Venâncio Mondlane denunciou, na noite de ontem, uma tentativa de assassinato, ocorrido na vila de Quissico, distrito de Zavala, no sul da província de Inhambane. O acto ocorreu durante uma marcha, encabeçada pelo político, no âmbito da pré-campanha rumo às Eleições Presidenciais de 09 de Outubro próximo.

 

De acordo com as informações fornecidas pela Coligação Aliança Democrática (CAD), que suporta a candidatura de Venâncio Mondlane, a tentativa de assassinato do candidato presidencial foi protagonizada por um agente da Polícia da República de Moçambique, com categoria de guarda-estagiário, que se terá infiltrado à paisana na marcha.

 

A CAD conta que o indivíduo foi identificado pelo seu Delegado Provincial, depois de se aperceber da sua presença estranha na linha de segurança do Venâncio Mondlane. “Este polícia, ao longo da marcha, ia empurrando o delegado Provincial que estava protegendo as costas de Venâncio Mondlane. O indiciado, para além de empurrar o delegado, ia chutando os pés do mesmo. O delegado perguntou vezes sem conta por que razão o estava empurrando e chutando em simultâneo. Hélder Cossa, o guarda estagiário, que depois se identificou como ‘polícia especial’ respondia com ameaças, dizendo: não me faças perguntas. Não procure saber de nada”, conta a coligação.

 

Num acto contínuo, realça a coligação, o indivíduo terá tentado furar o cordão de segurança, facto que levou a equipa de Venâncio Mondlane a imobilizá-lo. Consigo, foi encontrada uma arma de fogo, do tipo pistola, com 15 munições.

 

“Estando a arma na posse da delegação, neutralizado o guarda que queria fazer o atentado, uma hora depois aparece um contingente da Polícia com um superior hierárquico a pedir a devolução da arma. Venâncio Mondlane e parte do pessoal da segurança e da delegação recusaram-se a entregar a arma no local da imobilização, tendo afirmado que o fariam no Comando Distrital ou na esquadra próxima”, acrescenta.

 

Segundo a CAD, o caso foi apresentado, primeiro, à Polícia e, depois, à Procuradoria da República do Distrito de Zavala para a instrução do competente processo criminal. No entanto, relata que o indiciado fugiu do Comando Distrital da PRM. (Carta)

LuteroSimango-min.jpg

O Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato às presidenciais de nove de Outubro, Lutero Simango, diz haver situações em que não há abertura do espaço político para os membros e simpatizantes do seu partido em Nampula. Ele alega que os membros do MDM são impedidos de realizar actividades de índole política em alguns pontos daquela província, entretanto, não apontou os autores dessa prática.

 

Simango falava na cidade de Nampula onde esteve em pré-campanha eleitoral e revelou que, devido à intolerância política, algumas sedes políticas foram incendiadas e bandeiras destruídas.

 

"Não pode haver moçambicanos de primeira, de segunda e de terceira, merecemos todos o mesmo tratamento e as mesmas oportunidades. Aqui em Nampula também já começou a intolerância política. Membros do nosso partido estão a ser impedidos de fazer o seu trabalho político. Como se não bastasse, já estão a queimar as nossas sedes e as nossas bandeiras".

 

O líder do MDM acrescentou: "os que praticam esses actos têm medo de perder no dia 9 de Outubro e já começam a intimidar e a ameaçar o povo".

 

Confiante na vitória, o candidato presidencial da terceira força política afirma que uma das apostas do seu manifesto é restaurar a gestão da LAM.

 

"Temos uma política para restaurar a LAM. A companhia precisa de uma nova estratégia comercial e de desenvolvimento para desempenhar a sua função como bandeira nacional no nosso país, porque assim como está, não deve continuar", frisou, apontando que a companhia aérea moçambicana precisa de concorrência. (Carta)

renamo-bandeira111023_3_1 (2).jpg

A cinco dias do arranque da campanha eleitoral, o maior partido da oposição volta a denunciar actos de intolerância política, alegadamente protagonizadas por membros do partido Frelimo. Desta vez, os actos aconteceram no distrito de Tsangano, província de Tete, onde pessoas, até aqui não identificadas, vandalizaram a residência de Bernardo Mário, Delegado Político Distrital daquela formação política.

 

De acordo com as informações partilhadas na noite deste domingo, na página oficial de Ossufo Momade, no Facebook, este não foi o primeiro acto de vandalização ocorrido na residência do seu Delegado Político em Tsangano, sendo que tais práticas acontecem “sempre que há uma comitiva de nível nacional a ir trabalhar na localidade de Chinvalo”.

 

A Renamo repudia o acto e apela às autoridades a encontrar e responsabilizar os infratores. “Não podemos continuar a conviver e normalizar esse tipo de acções repugnantes e condenáveis a todos os sentidos”, defende a “perdiz”, denunciando, igualmente, uma tentativa de assassinato do seu membro, no distrito de Angónia, província de Tete.

 

“Essas acções configuram uma grande violação dos princípios democráticos. A Constituição da República dá a liberdade de escolha e filiação a qualquer ideologia política (…). Parem com perseguições, este país pertence aos moçambicanos e nunca a um grupo de pessoas”, sublinha a fonte.

 

Refira-se que este é mais um caso de intolerância política a ser reportado pela Renamo em menos de 15 dias. No passado dia 6 de Agosto, o maior partido da oposição no xadrez político nacional reportou tentativas de impedimento de acomodação em locais de hospedagem na sede do Posto Administrativo de Dombe, distrito de Sussundenga, província de Manica.

 

Segundo a Renamo, os proprietários das instâncias turísticas justificaram que tal decisão derivava de ordens superiores, emanadas pela Frelimo, “uma atitude que revela falta de espírito de coabitação política e intolerância num Estado de Direito Democrático”. (Carta)

VARIOLA.jpg

A 44ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), orientou, sábado passado, o Secretariado a convocar uma reunião urgente dos Ministros da Saúde da região para avaliar o impacto da varíola de macacos e propor uma resposta regional coordenada para controlar a propagação da doença.

 

De acordo com o comunicado de imprensa, divulgado no fim da reunião, que teve lugar na cidade de Harare, capital do Zimbabwe, a decisão foi tomada após a discussão da situação no continente e na região, na sequência da declaração pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) de que a doença se tornou em uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHIEC) e como uma Emergência de Saúde Pública de Segurança Continental (PHECS), respectivamente.

 

Antecedida de uma reunião dos chefes da diplomacia regional, a 44ª Cimeira da SADC exortou os Estados-Membros a reforçar a vigilância da doença, os testes de diagnóstico e os cuidados clínicos, a prevenção e o controlo das infecções, bem como a sensibilização para a doença a todos os níveis da comunidade. Além disso, a Cimeira manifestou a sua solidariedade e apoio aos Estados-Membros afectados pela varíola de macacos e solicitou ainda à OMS, ao CDC África e a outros parceiros a disponibilização de recursos necessários ao combate da doença na região.

 

O surto da varíola dos macacos (ou Mpox) aconteceu em 2022, na República Democrática de Congo. Durante o surto, mais de 70 países foram atingidas, nos quais morreram menos de 1% das pessoas infetadas. Segundo dados do CDC África, a que a agência Lusa teve acesso semana passada, o Mpox foi detectado em 13 países este ano e que mais de 96% dos casos e mortes são no Congo. Dos novos, o destaque para Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, todos com ligação a um no Congo.

 

Já na Costa do Marfim e na África do Sul, as autoridades de saúde reportaram surtos de uma estirpe diferente e menos perigosa do vírus, que se disseminou globalmente em 2022. O número de casos subiu 160% e o de mortes 19% comparado com o mesmo período do ano passado.

 

Até semana finda, tinham sido registados mais de 14 mil casos e 524 pessoas morreram. Segundo o CDC África, quase 70% dos casos no Congo são crianças menores de 15 anos, que também representam 85% das mortes. O mpox transmite-se, sobretudo, pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual.

 

Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infectar terceiros sem saber que estão infectadas.

 

Em 2022 a OMS declarou o mpox como emergência global depois de se ter espalhado para mais de 70 países que não tinham qualquer historial de contacto com o vírus até então, tendo afectado, sobretudo homens homossexuais e bissexuais. (Carta)

AtaquesArmadosCD260220 (1).jpg

Uma operação militar em larga escala, lançada pelas forças moçambicanas e ruandesas, está em curso desde finais de Julho no Posto Admnistrativo de Mucojo, distrito de Macomia, em Cabo Delgado, para desalojar os grupos terroristas que operam na região. A ofensiva vai até ao posto administrativo de Quiterajo, mais a norte de Mucojo.

 

Alguns relatos dão conta de que alguns civis teriam sido feridos ou mortos durante os intensos bombardeamentos devido ao poder de fogo das forças moçambicanas e dos seus aliados.

 

Uma publicação da Zitamar News, revela que as operações militares são caracterizadas por bombardeamentos sem discriminação entre civis e terroristas. Segundo o jornal, há relatos de lançamento das bombas onde há civis, embora não haja ainda confirmação das vítimas mortais.

 

Devido aos bombardeamentos, muitas famílias, senão todas, que tinham regressado ao posto administrativo de Mucojo, foram nos últimos dias obrigadas a abandonar as suas aldeias regressando à vila de Macomia, onde vivem em condições precárias por falta de assistência humanitária.

 

Várias fontes na vila de Macomia, confirmaram à "Carta", a chegada de muitos deslocados do posto administrativo de Mucojo, maior dos quais, já acolhidos nos bairros Nanga e Namigure. As referidas famílias relatam que fogem dos bombardeamentos de helicópteros usados pelos militares.

 

"A verdade é que mesmo hoje (sábado), chegou muita gente aqui na vila. As pessoas dizem que fogem por causa dos helicópteros. Então é possível que haja mortes e feridos em Mucojo. E como haviam sido informadas para sair, algumas quando chegam aqui na vila não vão ao hospital por medo e recorrem ao tratamento tradicional conhecido por tacatuca", contou a nossa fonte.

 

"Nos últimos dias, a convivência entre as populações e os terroristas era forte, então as forças governamentais e os ruandeses decidiram atacar. Eh por isso que está a chegar muita gente a Macomia vinda de Mucojo. O ambiente lá é de guerra. Todos dias é visto helicóptero e qualquer pessoa é alvo", acrescentou um residente contactado pela "Carta" na manhã deste sábado (17).

 

Segundo o último Relatório do Cabo Ligado, nas últimas duas semanas, as Forças ruandesas lançaram uma grande ofensiva no distrito de Macomia, concentrando-se na floresta de Catupa.

 

De acordo com aquela publicação, esta operação foi lançada depois de em 27 de julho, os ruandeses terem atacado uma posição terrorista em Marere, no sul do distrito de Mocímboa da Praia, uma ofensiva que se estendeu até a área de Quiterajo, distrito de Macomia.

 

O Cabo Ligado afirma no seu relatório que nos dias 29 e 30 de julho, um forte tiroteio foi ouvido ao longo da costa de Macomia, entre Quiterajo e Mucojo, com dois helicópteros em acção. (Carta)

CGE160824.jpg

Uma análise do Centro de Integridade Pública (CIP) à Conta Geral de Estado de 2023 revela que o Governo aumentou o endividamento interno, no ano passado, em prejuízo dos sectores sociais e produtivos, com destaque para a educação, saúde, agricultura e desenvolvimento rural.

 

De acordo com a análise divulgada quarta-feira, em 2023, a execução das receitas e das despesas públicas esteve 8.6% e 0.04% abaixo do previsto, respectivamente. No ano passado, o Governo tinha planificado arrecadar 294,161.8 milhões de Meticais em receitas tributárias (impostos), mas só conseguiu colectar 262,989.1 milhões de Meticais.

 

“Como resultado da fraca execução das receitas face às despesas, houve um agravamento do défice primário e global pós-donativo, que estava previsto em 115,058.7 milhões de Meticais e 73,658.7 milhões de Meticais, respectivamente, para 145,535.9 milhões de Meticais e 93,982.7 milhões de Meticais”, explica a análise.

 

Segundo o CIP, o agravamento do défice foi influenciado, principalmente, pela elevada execução das despesas de funcionamento, que ficaram 7.9% acima do programado, o que resultou na contratação de novos empréstimos públicos, que ficaram 32.8% acima do limite estabelecido no Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), com destaque para a dívida interna, que esteve 42.25% acima da programação.

 

No entanto, em contramão, a despesa de investimento teve uma redução de 25% em relação à programação orçamental. “Essa mudança na alocação de recursos dos sectores produtivos para os não produtivos é frequentemente motivada pela necessidade de cumprir com compromissos urgentes e inadiáveis, como os gastos com salários e remunerações. No caso específico dos salários, que representam mais de 69.0% das receitas tributárias, a execução ficou 9.5% acima do planeado”, defende.

 

De acordo com a análise, as despesas destinadas aos sectores de saúde, educação, agricultura e desenvolvimento rural sofreram uma redução drástica, especificamente no sector agrícola, que teve uma execução de apenas 34.2% do programado. “A tendência de baixa execução no sector de agricultura levanta questionamento sobre o realismo na programação financeira do Estado, principalmente por se considerar o sector de agricultura crucial e base para o desenvolvimento económico do país, conforme emanado pela Constituição da República”. (Carta)

Pág. 61 de 918