Quando Rogério Zandamela tomou conta do Banco de Moçambique vindo do FMI em 2016 atiraram-lhe logo com a alcunha de Xerife, alguém que empunhava uma estrela reluzente de autoridade no peito e duas “smith and wesson” nos coldres. A imagem era como que para matar uma sede por autoridade...o sector financeiro, apanhado na armadilha dos bonds das Ematuns, precisava de um valente safanão. O Metical derrapava a olhos vistos. A banca comercial apenas cumpria a espaços os índices prudenciais do banco central. Impondo uma política monetária restritiva, o Xerife amainou a erosão inflacionária e estabilizou a taxa de câmbio na ordem dos 60 Mts por cada USD. O maior teste, no entanto, estaria por vir. O Moza mergulhara numa crise profunda principalmente motivada por seu envolvimento na contratação da nociva dívida oculta, e outras coisas de gestão patentes numa auditoria da Ernst and Young.
O novo documento de estratégia da EDM (2018/2028) coloca uma fasquia ambiciosa: levar eletricidade a todos os recantos de Moçambique até 2030. Mas o documento, com uma lógica de intervenção clara, que enfoca também em coisas como qualidade e corporate governance, coloca o dedo nalgumas feridas: os valores subsidiados que a Eskom sul-africana paga pela energia da HCB. O atual PCA da EDM, Mateus Magala está de saída, devendo deixar a empresa em finais de Setembro.
Esta manhã foi desfeito, em Pemba, um dos equívocos mais recorrentes sobre afinal quem vai beneficiar, em Moçambique, do procurement local da Anadarko. No início do evento, o tema parecia ainda um tabu. Um dos representantes da Anadarko disse que a multinacional americana já tinha previsto gastar na fase da construção dos seus dois trains de LNG 2.5 bilhões de USD. "Para beneficiar as empresas registadas em Moçambique e as empresas propriedade de moçambicanos". Esta colocação carregava o peso da reserva, o receio do politicamente incorreto, um recurso de linguagem para não ferir susceptibilidades.