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Crime

Mais uma cidadã foi raptada pelos insurgentes no troço entre as aldeias Cogolo, Posto Administrativo de Mucojo, e Ilala-sede, no Posto Administrativo de Quiterajo, no distrito de Macomia, província de Cabo Delgado.

 

O grupo de insurgentes que aterroriza a população dos distritos da zona norte da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, não pára de causar mais mortes, entre civis e militares. De acordo com as nossas fontes, no passado sábado (10 de Agosto), matou nove militares das Forças de Defesa e Segurança (FDS), em Mocímboa da Praia.

 

Segundo nos foi revelado, tudo começou quando os militares das FDS decidiram atacar uma das bases logísticas dos insurgentes, sediada numa zona complicada. A área é composta por colinas e florestas e, na sua incursão, as FDS foram recebidas com ʺrajadasʺ de balas, numa acção que não permitiu a recuperação dos corpos dos nove militares.

 

Sete dias depois, isto no dia 17 de Agosto (último sábado), de acordo com as fontes e relatos da população na aldeia de Milamba, em Quiterajo, no distrito de Macomia, quatro pescadores foram surpreendidos pelos insurgentes, quando regressavam de mais uma actividade pesqueira. Segundo narraram as mesmas fontes, três foram decapitados e um escapou das mãos dos insurgentes.

 

Na mesma aldeia e no mesmo dia, registou-se ainda mais um ataque, no qual sete civis foram surpreendidos pelos insurgentes, quando saíam de Quiterajo (onde estavam refugiados) para Milamba. As fontes contam que o grupo trajava uniforme das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

 

Outra acção assassina dos insurgentes aconteceu em Ilala, onde um cidadão de nome Mussá foi também surpreendido, juntamente com o amigo, pelo grupo insurgente quando voltava da sua machamba. O amigo conseguiu escapar dos insurgentes e, à “Carta”, conta que o amigo foi decapitado e, posteriormente, decepados os órgãos genitais, que se acredita se destinam ao tráfico ou a acções supersticiosas. Aliás, a última acusação do Ministério Público, submetida ao Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, integra três curandeiros dos distritos de Nangade, Macomia e Mecúfi.

 

Nyusi aponta Beira como “bastião” do financiamento da insurgência

 

No entanto, na semana passada, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse estar na posse de informações que dão conta de existirem, na segunda maior cidade do país, Beira, cidadãos moçambicanos e residentes que estão a financiar o grupo insurgente, que actua nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Palma, Mecúfi, Muidumbe, Nangade e Quissanga, na província de Cabo Delgado.

 

Nyusi fez estas declarações durante o IV Encontro Nacional da Juventude, que decorreu na cidade da Matola, província de Maputo. Trata-se de um novo dado partilhado, publicamente. (Omardine Omar e Paula Mawar)

Fontes da “Carta” contam que Francisco Campine, Secretário Permanente do Ministério da Defesa Nacional (MDN), encontra-se ferido e hospitalizado na vizinha República da África do Sul, depois de um ataque aéreo supostamente ocorrido quando saía de Mocímboa da Praia, na semana passada.

 

Segundo as fontes, Francisco Campine seguia num voo que se acredita ter sido abatido pelos insurgentes, que desde 5 de Outubro de 2017 vêm aterrorizando os distritos da zona norte da província de Cabo Delgado. Os detalhes sobre o ataque são escassos e o Ministério da Defesa Nacional está fechado em “copas”, relativamente ao assunto.

 

quarta-feira, 14 agosto 2019 06:21

Decapitadas quatro pessoas em Muidumbe

Quatro pessoas, todas do sexo masculino, foram decapitadas no último sábado, nas machambas de Miangalewa, no distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado. O ataque, protagonizado pelo grupo armado que aterroriza a província desde Outubro de 2017, teve lugar durante o dia.

 

Segundo as fontes, as vítimas foram surpreendidas nos seus campos de produção, junto do rio Messalo, naquele que foi o terceiro ataque registado naquela parcela em menos de 40 dias. De acordo com as fontes, no local, as vítimas encontravam-se acompanhadas de uma mulher que, segundo estas, teria sido dispensada para informar a comunidade acerca do sucedido. (Carta)

O Tenente-Coronel Artur Vasco Jambo, pertencente ao Batalhão Trovoada das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), na província de Sofala, vai a julgamento, na próxima quinta-feira (15 de Agosto), acusado do crime de exploração ilegal de madeira, tentativa de suborno e uso de armas proibidas.

 

O processo-querela com o número 60/6ª/2019, em que ainda são co-arguidos o cidadão Henriques Dias Sande, coordenador de venda da empresa EDN, Ltd. (Edson, Dylaka e Neurice) e outros quatro indivíduos (não conseguimos apurar os nomes), será julgado pela 6ª secção do Tribunal Judicial da Província de Sofala, na cidade da Beira.

 

Segundo apurámos, tudo começou no passado dia 21 de Novembro de 2018, em Lunga, Localidade de Casa Banana, no Posto Administrativo de Vanduzi, distrito da Gorongosa, província de Sofala, quando os fiscais do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) flagraram quatro indivíduos num “estaleiro” ilegal dentro da concessão florestal da empresa EDN, Ltd., na posse de 20 toros da espécie proibida Mondzo (cujo nome científico é combretum imberbe) e de uma motosserra.

 

Flagrados, os quatros indivíduos foram exigidos a respectiva licença de autorização de exploração de recursos florestais, documento que o grupo não conseguiu apresentar. “Aflito”, o grupo tentou subornar os fiscais com um valor estimado em 500 Mts, quantia prontamente recusada por estes, que optaram por detê-lo e encaminhá-lo para o Posto de Fiscalização mais próximo para iniciar a tramitação do processo legal, antes de submeter o caso à Procuradoria-Geral da República, a nível daquele distrito.

 

Segundo a fonte, já no Posto de Fiscalização, os indivíduos afirmaram que trabalhavam para o Tenente-Coronel Artur Vasco Jambo e, para confirmar a versão, ligaram para este que, em conversa com um dos fiscais, disse que trabalhava para o proprietário da concessão EDN Ltd. Diante destas declarações, os fiscais solicitaram que o mesmo viesse com a documentação legal, ou seja, licença de autorização de corte e, em resposta, o Tenente-Coronel Jambo afirmou que viria ao encontro dos fiscais para “lhes dar dinheiro” e desligou o telefone.

 

Conforme conta a fonte, chegado ao local, Artur Vasco Jambo, para além de estar embriagado, o mesmo tentou subornar os fiscais com um valor estimado em 12 mil Mts, o que não se concretizou, uma vez que, segundo a fonte, os fiscais queriam os documentos que autorizavam a exploração da madeira ao largo do PNG.

 

Ao local, sublinham as fontes, Jambo fazia-se acompanhar por Henriques Dias Sande que, diante dos fiscais, se identificou como responsável na coordenação da venda de madeira entre a empresa EDN, Ltd e cidadãos chineses. Posto isto, continua a fonte, os fiscais anunciaram que iriam deter o Tenente-Coronel, porém, este tentou colocar-se em fuga, mas sem sucesso, pois, perdeu o controlo da viatura e foi embater contra uma ponteca. Não tendo conseguido fugir, o Tenente-Coronel Jambo tentou disparar contra os fiscais, mas estes conseguiram neutralizá-lo e desarmá-lo.

 

Já neutralizado pelos fiscais, por questões de segurança, a arma foi inspeccionada, tendo-se descoberto que a mesma apresenta um número de série ilegível. Questionado sobre a origem e propriedade da arma, Artur Jambo respondeu: “vocês pensam que eu sou o quê?”. De seguida, os fiscais vasculharam a viatura, tendo encontrado dois carregadores e um total de 24 munições da pistola do tipo Makarov.

 

Durante o interrogatório, Artur Jambo revelou ser Tenente-Coronel do Batalhão Trovoada das Forças Armadas e que a arma que portava lhe tinha sido alocada, de acordo com o documento de dispensa emitido pelo Quartel que apresentou na altura e que, estranhamente, referia que o número da arma era ilegível.

 

Na altura dos factos, todos os suspeitos foram encaminhados à Procuradoria Distrital de Gorongosa para a legalização da sua detenção, porém, na ocasião, foi requerida a liberdade provisória de todos os arguidos, mediante o pagamento de caução, fixado em 165 mil Mts para Henriques Dias Sande e 30 mil Mts para o grupo dos quatro indivíduos.

 

Entretanto, mesma sorte não teve o Tenente-General que viu o seu pedido de liberdade provisória recusado por, alegadamente, haver receio de continuidade de actividade criminosa e perturbação da instrução do processo, uma vez que já tinha sido condenado, em Outubro de 2018, numa sentença que tinha transitado em julgado, no Tribunal Judicial do Distrito de Gorongosa, pelo mesmo tipo de crime – exploração ilegal de recursos florestais. Viria a ser restituído à liberdade a 11 de Dezembro (quase um mês depois), depois de pagar caução no valor de 395 mil Mts.

 

Referir que o juiz nomeado para julgar o caso é o mesmo que, no início deste ano, conduziu o processo que culminou com a absolvição de sete cidadãos chineses e outros 13 moçambicanos, mesmo perante as supostas provas factuais apresentadas pelos investigadores. (Omardine Omar)

Os distritos de Palma, Macomia, Mocímboa da Praia e Nangade, na província de Cabo Delgado, tornaram-se epicentros de decapitações, destruição de propriedades, medo e combates entre um grupo armado ainda não identificado, que aterroriza aquela província desde Outubro de 2017, e as Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

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