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Crime

Foram detidos, na última semana, no Aeroporto Internacional de Maputo, dois cidadãos estrangeiros, sendo um de nacionalidade norte-americana, de nome Rodney Baldus (65 anos de idade) e outro de nacionalidade canadiana, de nome Dennis Hawkins (59 anos de idade), na posse de 9 kg de heroína embalados em pacotes de bolachas e doces.

 

Segundo apurámos, Dennis Hawkins, de nacionalidade canadiana, foi detido pelas 16 horas da última quinta-feira (25 de Julho), na posse de 4.4 kg de heroína, quando pretendia seguir para Itália. O norte-americano, Rodney Baldus, foi detido pelas 5 horas e 30 minutos da sexta-feira (26 de Julho), quando transportava 4.6 kg de heroína. Ele também seguia para a Itália.

 

Cinco pessoas perderam a vida, na passada quinta-feira, em mais um ataque levado a cabo pelos insurgentes, na aldeia Cogolo, no Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia. Trata-se de três civis (dois idosos com deficiência visual e uma menor) e dois militares, cujas vidas foram interrompidas por mais uma incursão militar do grupo que aterroriza a província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017.

 

A Procuradora-Geral Adjunta da República, Amabélia Chuquela, alerta para possibilidade do alastramento dos ataques armados que se verificam na província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, para outras províncias, caso não se tome medidas urgentes para desmantelar, por definitivo, o grupo que aterroriza os distritos da zona norte daquela província.

 

O alerta foi dado, esta quarta-feira, em Pemba, a margem da formação de procuradores, juízes e outros quadros do sector judiciário e não só, em matérias ligadas ao terrorismo, promovido pela Nações Unidas.

 

“Os ataques armados, em Cabo Delgado, parecem não ser um problema, mas se não forem controlados agora e não se apostar na prevenção e repressão, este fenómeno pode alastrar-se para outras províncias”, disse Chuquela aos jornalistas, apelando, desta forma, a mudança de atitudes por parte de todos envolvidos na luta contra esta acção, entre os quais, o Ministério Público.

 

Entretanto, a Procuradora-Geral Adjunta afirma que “não se pode resolver o problema dos ataques armados sem meios, tanto na investigação, como prossecução e nos julgamentos, incluindo nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), que são os primeiros a terem contactos com os insurgentes no campo de batalha”.

 

A magistrada sublinhou ainda que a falta de meios materiais e financeiros constitui uma das principais causas que está dificultar o combate aos insurgentes, pelo que, sugere um investimento sério na segurança do Estado, sobretudo, nos órgãos de justiça.

 

De acordo com a Procuradora, para que haja um real combate aos insurgentes, em Cabo Delgado, é urgente que se aloque fundos para área de investigação que, na sua óptica, constitui uma situação sine quo non para prevenção da barbárie que todos os dias vive-se naquele ponto do país.

 

Reconhecendo ser uma novidade, no país, Amabélia Chuquela reiterou a necessidade de se alocar fundos, meios sofisticados, para além de haver uma acção coordenada entre os investigadores judiciais, procuradores, juízes e as FDS, de modo a recolher-se informações e provas concisas, capazes de viabilizar e prevenir mais ataques dos insurgentes.

 

Num outro desenvolvimento, Chuquela mostrou-se preocupada com o nível de violência dos insurgentes, que tem atacado civis e militares, nos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Palma, Nangade e Quissanga.

 

“Há sinais que poderão, no futuro, levar-nos a concluir estarmos perante um caso de terrorismo ou extremismo violento, por isso, este fenómeno de Cabo Delgado exige uma análise cuidadosa e uma atenção especial”, argumentou Chuquela.

 

Contudo, a que destacar o facto de a Justiça, em particular o Tribunal Provincial de Cabo Delgado, já ter absolvido 138 indivíduos que eram acusadas de estar envolvidos com os ataques. As duas sentenças até aqui lidas só condenaram 61 pessoas, com penas que variam entre 12 e 40 anos de prisão maior. Em Abril, o Tribunal de Cabo Delgado condenou 37 pessoas e absolveu 133 e, em Junho, condenou 24 e absolveu cinco. (Paula Mawar e Omardine Omar)

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) defende a necessidade de se empreender mais esforços com vista a combater a crescente ameaça do comércio ilícito na costa oriental de África. Segundo a instituição, Moçambique está a tornar-se cada vez mais um centro de tráfico de drogas e crescentes acções terroristas.

 

Num comunicado, a que “Carta” teve acesso, a organização revela que a heroína, uma das drogas mais consumidas no mundo, tem chegado e transitado pela região, ida da Ásia Ocidental, tal como marfim e a madeira têm sido traficados, através dos portos desta região do continente para os mercados asiáticos. Observa, aliás, que a região oriental de África é um pólo crescente de venda e proliferação de recursos valiosos, retirados dos países, clandestinamente, enfraquecendo ainda mais as economias frágeis.

 

O UNODC entende ainda que os ciclones tropicais, que atingiram o país, entre Março e Abril deste ano, têm permitido que grupos terroristas e do crime organizado se aproveitem da situação precária do país para realizar o comércio ilícito e recrutar moradores desesperados para compensar suas perdas.

 

Segundo César Guedes, o recém-nomeado Representante do UNODC, em Moçambique, na zona norte do país, especialmente, na província de Cabo Delgado, a situação vem se deteriorando em ritmo acelerado. Citada no comunicado, a fonte afirma que os chamados grupos terroristas aumentaram, desde Janeiro último, a intensidade dos ataques, que deixaram mais de uma dúzia de mortos somente no mês de Junho.

 

Face a esta situação, o UNODC diz que vai ajudar o país a responder a ameaças à paz e estabilidade, assim como apoiar no reforço da segurança regional, em particular na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).

 

Justificando a nomeação de César Guedes, o Director Executivo do UNODC, Yury Fedotov, que recentemente identificou o nosso país como prioritário para beneficiar da rápida implementação do Plano de Acção da instituição, disse que a decisão visa coordenar a oferta abrangente de assistência que reúna perícia entre as áreas de mandato da organização.

 

O UNODC garante ainda já estar a fornecer respostas para alguns dos desafios mais prementes no controlo de fronteiras no mar e pelo ar, dando exemplo do lançamento, em Abril último, do primeiro treino de controlo de contêineres nos portos marítimos e cargas aéreas.

 

“Moçambique é um dos países onde a experiência do UNODC vem fazendo uma diferença real nos esforços da comunidade internacional para combater as tendências globais de tráfico ilícito”, disse Miwa Kato, Director da Divisão de Operações da organização.

 

“O UNODC está lado a lado com o Governo a fornecer apoio para reforçar a capacidade das instituições de aplicação da lei e da justiça criminal, ajudando ao mesmo tempo e protegendo as pessoas mais afectadas pelo abuso de drogas e HIV/SIDA, especialmente mulheres e crianças”, acrescentou.

 

Refira-se que, durante a visita do Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o Presidente da República, Filipe Nyusi, reconheceu e agradeceu, junto deste, a abertura de um escritório do UNODC, no país. (Omardine Omar)

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Os ataques militares, levados a cabo por um grupo de insurgentes, na província de Cabo Delgado, estão cada vez mais ascendentes. De acordo com fontes da “Carta”, na noite do passado domingo, os atacantes realizaram mais uma incursão, na aldeia Matapata, a menos de 20 km da sede do distrito de Palma e da comunidade de Quitupo, na Península de Afungi, local onde será construída a Fábrica de Liquefacção do Gás Natural, da bacia do Rovuma.

 

O ataque, narram as fontes, resultou na morte, por decapitação, de dois cidadãos do sexo masculino. As vítimas, contam as fontes, foram surpreendidas pelos insurgentes que, depois da acção, rapidamente se puseram em fuga pela mata dentro.

 

A situação voltou a soar alarmes na região, que viu as obras de construção do bairro de reassentamento interrompidas, em Fevereiro último. Assim, na manhã desta segunda-feira (15 de Junho), agentes das Forças de Defesa e Segurança (FDS) foram vistos ao longo da estrada que liga as vilas-sede de Mocímboa da Praia e Palma. Refira-se que há semanas, 11 pessoas perderam a vida, naquele distrito, vítimas dos insurgentes na comunidade de Ntoli. (Carta)

Apesar do governo, na voz do Ministro da Defesa Nacional, Salvador M’tumuke, defender que a acção dos insurgentes, que continuam a aterrorizar a província de Cabo Delgado, está agora confinada aos distritos de Palma, Macomia e Mocímboa da Praia, o facto é que estes continuam a ceifar vidas humanas e a destruir diversos bens.

 

Na última quinta-feira, 11 de Julho, duas aldeias do distrito de Mocímboa da Praia foram vítimas de dois ataques militares, protagonizados pelos insurgentes, que saldaram em uma morte e no incêndio de algumas palhotas.

 

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