Tudo indica que o Governo moçambicano e o maior partido da oposição no xadrez político nacional, a Renamo, continuam em sintonia no que ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) diz respeito. Esta segunda-feira, procederam ao lançamento do processo na província de Manica, região centro do país.
A cerimónia que simbolizou o arranque formal do processo decorreu em Chiuala, distrito de Báruè, numa área onde se encontra implantada uma importante base daquela formação política. Em Manica, espera-se que venham a ser desmobilizados 782 antigos guerrilheiros da Renamo.
O Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado do maior partido da oposição, lembre-se, prevê abranger cerca de cinco mil guerrilheiros. A conclusão do processo está prevista para Dezembro deste ano.
Até Dezembro do ano passado, tal como dera a conhecer o Presidente da República, Filipe Nyusi, durante a apresentação do informe sobre a Situação Geral da Nação, haviam sido encerradas, no âmbito do DDR, as bases de Savane, Muxúnguè, Inhaminga, Chemba, Marínguè e Mabote.
À data, o Chefe de Estado dissera, igualmente, que haviam sido desmobilizados 1.490 guerrilheiros, entregues 192 armas e 4.139 munições de diverso calibre. E que aguardam pelo processo de DDR 3.731 guerrilheiros do maior partido da oposição.
O lançamento do DDR, em Manica, foi testemunhado pelo Secretário de Estado, Edson Macuácua, e pelo Secretário-Geral da Renamo, André Magibire. Na ocasião, Macuácua considerou o DDR um importante caminho para o alcance da paz efectiva no país.
Por seu turno, André Magibire começou por dizer que o DDR é um processo irreversível. De seguida, disse que o mesmo não só beneficiará apenas os antigos guerrilheiros da Renamo, como também a um grupo de oito antigos combatentes que se haviam juntado à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo.
O DDR, sublinhe-se, resulta dos entendimentos alcançados entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, que culminaram com a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, a 06 de Agosto de 2019.
Entretanto, o processo que tem em vista o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado da Renamo tem sido ensombrado pelos ataques militares que vêm sendo perpetrados pela auto-proclamada Junta Militar da Renamo. Este movimento dissidente da Renamo tem alicerçado os ataques na contestação à liderança de Ossufo Momade.
No entanto, nos últimos tempos, o movimento tem enfrentado uma onda de deserções, encabeçada por indivíduos que eram próximos a Mariano Nhongo. Juntaram-se ao DDR, por exemplo, o então porta-voz da Junta Militar, João Machava, o chefe do Estado-Maior, Paulo Nguirande, e ainda André Matsangaíssa Júnior, sobrinho do fundador da Renamo. (Carta)