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Adelino Buque

Adelino Buque

sexta-feira, 03 junho 2022 08:50

Moçambique: País com que se Dialoga!

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“Sinto-me orgulhoso, de ser Moçambicano, mesmo em um contexto de muitas dificuldades, quer de natureza económica, quer de natureza social, se um Pais como a Rússia, gigante económico e militar nos procura, é porque temos valores a defender, se um Pais como a Ucrânia nos procura e quer nosso apoio é porque somos relevantes no contexto das Nações, pena que, a nossa oposição Parlamentar viva do passado, muita pena mesmo! O Embaixador Pedro Comissario, nas Nações Unidas, está a fazer a parte que lhe cabe, Moçambique chega la.”

 

AB

 

Moçambique, um País da região Austral de Africa, ladeado, nas suas fronteiras, por Países falantes do Inglês, o que, em outras palavras, Países que estiveram sob dominação Inglesa, enquanto Moçambique esteve sob dominação Portuguesa, isto é importante realçar porque, se formos a fazer a análise, é o Pais que, teve de se armar para lutar contra o seu colonizador, enquanto os restantes tiveram as suas independências em outros contextos.

 

Por exemplo, o Zimbabwe, lutou contra o Ian Smith, que dominava através de minoria racial, a Africa do Sul também, no entanto, estes Países estiveram sob dominação Inglesa, os opressores, com que o ANC e a ZANU tiveram de lutar, eram, igualmente, filhos da Africa do Sul e do Zimbabwe! Ou seja, outros interesses internos falaram mais alto porque, da Inglaterra estiveram todos livres e mantinham relações de cooperação com a antiga colonia.

 

Moçambique, que esteve sob dominação Portuguesa, no que se refere ao desenvolvimento, é o País mais pobre da região, apesar da sua dimensão territorial e as riquezas nela emprenhadas, quer no solo e no subsolo, isto porque, o colonizador, era ou é se quisermos, o pobre da Europa, parte do território Moçambicano foi usado a troca de favores pelos Ingleses, incluindo o cunho da moeda, ou seja, nesses locais de Moçambique, não era Moçambique porque hasteavam bandeira e moeda diferente da de Portugal.

 

Esta pobreza de Portugal, foi nos repassada e, Moçambique, depois da Independência, tornou-se dependente em vários domínios, talvez aqui reconhecer que, em muitas coisas também regredimos na pós-independência, não é fácil reconhecer mas é verdade isto, a nossa opção ideológica, não tínhamos outra opção, a nossa opção sobre o centralismo económico seguido do liberalismo, destruiu, parcialmente, os ganhos coloniais e os ganhos da revolução e, estamos numa espécie de um País a renascer, com todos os problemas que isso acarreta!

 

Moçambique, hoje, é um Pais com que se Dialoga.

 

Noto, hoje, com alguma satisfação, fruto do posicionamento estratégico de Moçambique, que muitos Países procuram-nos para dialogar, nos últimos dias, vimos emissários da Ucrânia e da Rússia a deslocarem-se a Maputo para influenciar a posição de Moçambique em relação a Guerra entre Rússia e a Ucrânia, isto, fruto da neutralidade de Moçambique em relação a esta Guerra. Engana-se quem pensa que esta procura de Moçambique para o diálogo é fruto do acaso, não senhor!

 

A procura de Moçambique para o diálogo é fruto de muita coisa que está acontecendo no nosso território nacional, é fruto da movimentação Diplomática de Moçambique no contexto das Nações, é fruto de exploração dos nossos recursos naturais e, poderia enumerar aqui uma serie de coisas que influenciam, o importante mesmo, é notar que, gigantes do mundo económico nos procuram e nos pedem audiência, isso é importante, na minha opinião.

 

Hoje falamos da carestia da vida em consequência da Guerra entre a Rússia e a Ucrânia, curiosamente, são estes dois Países que nos procuram para dialogar, nos procuram para saber se podem contar connosco, não é Moçambique que vai de joelhos pedir ajuda porque estamos com fome e a beira de uma catástrofe humanitário, notar que, a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia levantou o velho problema das dependências Europeias, o Gás, os Cereais, tanto para os Europeus quanto para o resto do mundo e, sobretudo para a Africa.

 

Aqui, os nossos dirigentes, devem saber capitalizar isto, não e todos os dias que Países com a dimensão da Rússia nos procuram para dialogar e, aqui, abro um parenteses para dizer que, a nossa oposição Parlamentar não soube capitalizar a presença da delegação Russa na Assembleia da Republica, independentemente do passado, sabemos que a Rússia esteve sempre a favor do nosso Governo e a Renamo, na sua qualidade de Guerrilha, tinha apoio do outro lado mas, hoje, a Renamo é uma força politica de relevo na vida de Moçambique, na se deve perder pelo passado atualize a sua politica externa, bom, não é sobre a Renamo que faço esta reflexão.

 

Sinto-me orgulhoso de ser Moçambicano nesta fase da vida, sinto-me orgulhoso porque, caso a nossa Diplomacia saiba seguir as tendências, Moçambique poderá demarcar-se e se tornar em um País definitivamente com quem se dialoga e não continuar como um simples recetor das decisões de outras nações do mundo, neste contexto, faço votos que seja eleito membro não permanente da Nações Unidas e para isso o nosso Diplomata Residente, Pedro Comissario, muito tem feito, obrigado Moçambique “quem te conhece não te esquece jamais”.

 

Adelino Buque

terça-feira, 31 maio 2022 08:27

Educação: Quando tudo parecia bem!

“Quando uma Jovem Licenciada escreve na sua página do FACEBOOK assim (mição comprida) com direito à fotografia empunhando o Diploma e buquê de flores da ocasião, significa que algo vai demasiado mal no nosso sistema de educação. Quando os livros escolares são produzidos sem o mínimo rigor na correcção, significa que a negligência atingiu o auge”.

 

AB

 

Quando digo “quando tudo parecia bem” refiro-me ao facto de o País ter uma massa de Jovens com formação superior a todos os níveis em quantidade suficiente para “tocar o barco a andar” baseado em recursos humanos locais. As nossas Universidades estão pejadas de gente sedenta de formar-se e quase todos os anos saem quadros aparentemente formados para reforçar o mercado de trabalho, digo aparentemente formados porque, ao constatar todas estas gralhas, estes erros todos de uma comunicação para o público, fica claro que algo não vai bem.

 

É tema de debate, nas redes sociais, o Livro de Ciências Sociais da 6ª Classe, onde aparece “Limites do grande Zimbabwe: Mar Vermelho e Golfo de Áden. A Sul, Malawi e Zâmbia, a Este, Oceano Índico e o Rio Inharrime é chamado Rio dos Bons Sinais”. Aqui o problema não está nos professores, não está nos alunos, está ao nível mais alto do sistema de educação que, a meu ver, pode não estar até no Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, pese embora, deveria ter detectado isto antes da distribuição.

 

Digo pode não estar na educação porque, na verdade, todos sabemos que, para a edição do livro, deve-se passar por muitas etapas, desde a revisão, editação, retornar a revisão/limpeza para que saia tal como se pretende. No entanto, num sistema em que o Livro Escolar é produzido no exterior, lembrar que, temos alunos neste momento sem o Livro Escolar e não há ideia sobre quando chega, esta ginástica de ensaio antes da publicação fica difícil, salvo se tivermos revisores e editores no local de produção desse mesmo Livro Escolar.

 

Esta reflexão não pretende, de forma alguma, isentar de responsabilidade o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano. Pretende, sim, lançar a reflexão para outras áreas que não são estritamente este sector vital. Diz-se à boca cheia que, se “queres destruir um País, mata a educação”, entretanto, não creio que os funcionários da educação sejam “suicidas” e que queiram matar o seu próprio sector. Certamente, serão colegas de outros sectores que percebem de educação que pretendem aniquilá-los.

 

Convenhamos, enquanto não se resolver o problema de produção interna do Livro Escolar, estes problemas serão recorrentes e, repito, a questão não deve ser vista, estritamente, na educação e desenvolvimento humano, todos os sectores do Governo devem ser responsabilizados por estes erros, desde a economia e finanças que diz não ter dinheiro, a indústria que nega existência de capacidade interna para a produção, assessores do Governo que se mantêm indiferentes ao problema da educação, digamos, este problema é do Conselho de Ministros, como um todo!

 

No princípio do ano, o debate foi sobre os conteúdos e aqui, sim, a educação e desenvolvimento humano tem responsabilidades acrescidas, sem isentar outros sectores da sociedade civil. A existência de uma massa crítica não significa a dispensa de consulta a outros sectores da sociedade sobre matérias a educar no sistema. Na verdade, a educação deve ser de participação de todos, mas, como não podemos fazê-lo, existem grupos da sociedade representativos a consultar e se as pessoas responsáveis pela produção de matérias se acharem suficientemente capazes e não precisarem de consulta, pode residir aí o erro, que merece correcção imediata!

 

Caro amigo! Já imaginaste um debate de estudantes sobre a localização de um determinado ponto geográfico, um a defender aquilo que estudou e que o professor o classificou como BOM e outro a defender aquilo que é universalmente correcto e baseado nas suas pesquisas e de autodidatismo!? O outro a provar por A+B que está certo e a prova é o que vem escrito no Livro de Educação Oficial? Evitemos embaraços, ao Governo, em última instância, compete criar condições para que a educação não seja o que vivemos hoje. Repito, temos bases para que a educação avance sem sobressaltos, precisamos é de capacitar esses quadros, fornecendo capacitações, reciclagens e outras formas para que as coisas estejam sob carris.

 

Não se pode ter um produtor de conteúdos escolares em regime de “past-time”, não se pode ter um revisor de conteúdos escolares enquanto professor “turbo” que deve dar aulas em múltiplas escolas para poder sustentar a família. Deve-se criar condições materiais para que as pessoas afectas nesses sectores estejam 24 sobre 24 horas a pensarem no trabalho que devem realizar. Se não tiver trabalho objectivo, a leitura deve ser o seu refúgio.

 

A terminar mesmo, esta reflexão vai longe, quero parabenizar os Pais e encarregados de Educação pela permanente preocupação para com a educação dos filhos e educandos, a sociedade de um modo geral que lê matérias sobre a educação e constata e denuncia estes erros. Esta é, na minha opinião, uma demonstração clara de vontade de ver as coisas a correrem bem neste sector vital da vida de uma Nação. Continuemos firmes, por uma educação abrangente e de qualidade!

 

Adelino Buque

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