A vidraça cristalina permitia descobri-la a partir do lugar onde me encontrava sentado, também alguns subsídios luminosos na ordem de uns tantos luxes faziam com que ela cintilasse.
O seu brilho foi o grande chamamento, despertou-me, fui arrebatado pela beleza que ela emanava, venci a timidez que me era característica e pedi para que o servente a chamasse.
A vontade de tê-la por perto medrava a medida que ela se aproximava acompanhada pelo servente.
Quando chegou olhei-a mumificado, sem saber o que dizer, ela trajava uma saia branca com fundo vermelho e adornos dourados e na parte superior tinha um véu branco que lhe cobria o rosto. Exalava uma beleza peculiar que a distinguia das demais.
A apreciação unilateral durou o tempo suficiente de perceber que ela era humilde e este sentimento conferiu-me a ousadia de descobrir-lhe o semblante.
Beleza sublime que me convocou para um êxtase sem igual, divaguei perdidamente por um mundo onírico onde ela era a minha princesa.
Era de origem belga e estava em Moçambique há pouco tempo e já tinha um grandíssimo grupo de admiradores e pretendentes.
A cara dela não me era estranha já a tinha visto amiúde em muitos lugares da cidade de Maputo, sempre impondo seu charme em cada lugar que habitava.
Não demorei a confirmar que eu era seu novo apaixonado e que lhe seria eternamente fiel, pisquei-lhe o olho e ela continuou serena.
Senti que uma tácita relação de intimidade surgira entre nós, segurei-a com a mão direita senti a frescura do seu corpo serpenteando o meu ser, fiquei domado pela sua sumptuosidade. Prontos ela acabava que me possuir sem dizer uma única palavra.
Era a primeira vez que eu me enamorava por uma estrangeira, fora sempre fiel às cá da terra, mas esta forasteira usurpava minha alma.
Depois de confirmada à vontade mútua de nos possuirmos, levei-a aos meus lábios e beijei-a profusamente, toda a minha paixão ficou selada naquele acto. A continuidade amorosa ia-se cimentando com beijo atrás de beijo.
A música que se fazia ouvir metamorfoseou-se com a minha embriagues e solícito levei-a a pista, evoluímos na dança, sempre a segurando firme com a mão direita por vezes a beijava e experimentava uma nova frescura dos seus lábios, e assim ia sucando a essência áqueo do seu magnifico ser.
Voltamos à mesa e as diligências para nos conhecermos melhor aumentava, eu com o meu olhar usurpador e ela ali sempre fresca para mim.
Os meus comparsas de paródia que estavam nas proximidades acompanhadas de duas nativas falavam animados. O ruído das suas gargalhadas por vezes roubava o conluio que se operava entre eu e ela.
Quando me levantei para ir aos lavabos tropecei e logo os meus companheiros anularam a queda.
- Temos que ir embora – conferiram quando se aperceberam da minha embriaguez.
- Não, preciso ficar com ela – disse convicto.
Quando voltei dos lavabos ziguezagueando eles ficaram convencidos que precisavam de me acompanhar à casa.
Ainda vociferei para desencoraja-los, mas eles não se deixaram intimidar, ampararam-me lado a lado e forçaram-me a sair.
Mas antes de abandonar o local gritei:
- Amo-te Stella.