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quinta-feira, 02 maio 2019 13:18

Ainda se recorda da última campanha eleitoral?

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Investigações sobre as formas como os eleitores reagem à propaganda política e campanhas políticas tem grandes implicações para estrategas políticos, arquitectos do financiamento político e engenheiros do voto. Nos Estados Unidos, as pesquisas recentes focalizam mais sobre efeitos imediatos dos meios de comunicação de massa sobre as intenções de voto. Porém, quão longos são estes efeitos? Esta é uma questão pouco trabalhada tanto lá como cá em Moçambique.

 

Para determinar o poder persuasivo das campanhas político-eleitorais os pesquisadores Seth J. Hill, James Lo, Lynn Vavreck e John Zaller das universidades de Califórnia, Mannheim, Los Angeles respectivamente analisaram os dados sobre os efeitos de propaganda política sobre a intenção de voto para as eleições presidenciais de 2000 e 2006 bem como as eleições locais.

 

Para a eleição de 2000, eles usaram um conjunto de dados que consistem em 12.000 entrevistas telefónicas colectadas pela National Annenberg Election Survey (NAES) entre 01 de Setembro e o dia da votação. Os dados para as eleições de 2006 vieram do Cooperative Congressional Election Study (CCES) de uma pesquisa conduzida pela Internet ao longo de Outubro e Novembro de 2006. Essas pesquisas, combinadas com os dados de votação permitiram os autores explorar os efeitos a curto e longo prazo de publicidade e propaganda política sobre a preferência do candidato e se ela se traduziu ou não em alguma acção política; portanto, eleição do candidato.

 

Dentre tantas conclusões, o estudo concluiu o seguinte:

 

  1. ANALISADOS todos os efeitos de propaganda eleitoral de todas as seis semanas de campanha e até o dia da eleição, cerca de metade de todos os efeitos da publicidade que os eleitores retiveram para a eleição presidencial veio de anúncios veiculados na última semana da campanha; portanto, na sexta semana. A outra metade proveio dos “efeitos sobreviventes” das anteriores cinco semanas de publicidade. Por outras palavras, o estudo revela que as acções publicitárias e de propaganda política da última semana são muito mais importante que as primeiras.
  2. Esta conclusão é congruente com os modelos teóricos que argumentam que a maioria dos efeitos de persuasão política por via da mídia duram pouco tempo em comparação com os pequenos, que duram mais de seis semanas e se calhar muito para além do período eleitoral.
  3. Em eleições municipais, estes efeitos de persuasão decaem muito mais rapidamente. A publicidade provoca mudança de intenção de voto momentânea, de pouca duração; de apenas 1 a 2 dias sem deixar rasto a longo prazo.
  4. A propaganda política funciona. Os eleitores agem sob a influência da propaganda política, o que indica que a comunicação de massa mantém alguma importância ainda que os efeitos de persuasão sejam de curta duração.
  5. Enquanto a maioria dos efeitos de comunicação observados foram mínimas no sentido de que eles tendem a ser de curta duração, se a comunicação política estiver sempre presente, eles ainda podem produzir mudanças duráveis que ao longo do tempo acrescentam-se aos efeitos de longa duração.

 

Os autores observam que os resultados têm uma série de implicações práticas. A curta duração dos efeitos de persuasão significa por outro lado a limitação do poder do dinheiro para comprar indefinidamente um grande número de votos que alguns considerariam positivo.

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