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domingo, 09 julho 2023 16:19

O que faz correr Armando Guebuza?

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Armando Guebuza não larga os holofotes. O antigo Presidente não querer sair de cena. Ele continua a produzir peças inspiradas na historiografia da luta armada da Frelimo, onde ele foi protagonista.
 
Na sua “mise en scene” de hoje (num vídeo postado na sua página no Facebook), Guebuza junta uma narrativa centrada em si mesmo, onde é, ao mesmo tempo, tema e espectador principal. É o culto pelo poder. 
 
Marina Pachinuapa é chamada a protagonizar um monólogo de elogio ao guebuzismo, exaltando o combatente obcecado pela educação das crianças e dos combatentes analfabetos.
 
“Façamos da escola uma base para o povo tomar o poder”!  Este foi um slogan que fez graffiti com as cores da revolução em centenas de paredes e muros deste país. Quem cresceu no respaldo da independência com a Frelimo depois de 1975, lembra-se do slogan. 
 
Mas até hoje todos pensávamos que a criação individual dos militantes da Frelimo era de autoria e pertença da coletividade, numa frente de luta que era uma espécie de “eu” colectivo, que unia o povo.
 
Na encenação de hoje, surge quase que a revelação de que o autor do slogan foi Armando Guebuza. Não ficou claro, mas pareceu uma reivindicação que só pode ser enquadrada no actual percurso de desinteligências entre as comadres. 
 
A intenção profunda da revelação ficou no mistério. Mas porquê o “disclosure” dessa pretensa autoria? Ou chegou a altura de ficarmos a saber os nomes dos verdadeiros autores dos textos ideológicos da Frelimo, incluindo suas palavras de ordem. Já agora, quem escreveu a célebre “A Vitória Prepara-se, a vitória organiza-se”, durante muitos anos estampada nas bancadas do Pavilhão do Maxaquene?
 
Talvez, Samora! Talvez.
 
Seja como for, as aparições teatrais de Guebuza são dignas do divã freudiano. O que ele quer? Regressar ao poder?  Ou apenas exaltar seu papel supostamente instrumental na epopeia libertadora? Educação? Se a Educação foi, na luta pela independência política, uma das armas da Frelimo, por que ela está hoje completamente destruída, em plena luta pela independência econômica? Ela já não dispara. A arma foi mesmo espezinhada tal como foi o colonialismo. E Guebuza não se permite a uma discussão da Educação tal como ela está hoje é o papel da sua Frelimo no escangalhamento dela.
 
Mas e então? O que move o Presidente Guebuza nestas suas encenações de mau gosto, hoje registo monocórdico de Marina, também ela antiga combatente anti-colonial, que protagoniza uma cena de narrativa revolucionária mas surge banhada com os símbolos do capitalismo e da exploração: ouro e ouro e ouro. 
 
Se fosse rubi, ao menos. Dir-se-ia que foi uma oferta do seu marido Raimundo, também ele guerrilheiro contra o capitalismo, hoje um dos donos dos rubis de Montepuez, que se vende por milhões em Singapura ou em leilões da Sothebys nova-iorquina, no coração de Manhattan.
 
Mas o que move Guebuza, na véspera da caótica viagem de Manuel Chang, seu Ministro, para os EUA, apanhado na trama de um calote engendrado no coração do seu consulado?
 
Ele quer ser novamente presidente? Não camarada! Seu lugar é a reforma. Aliás, todos os veteranos de Moçambique devem sair de cena. Já chega! No caso de Guebuza, a coisa fica preta…onde ele toca, ele estraga! Anteviu Carlos Cardoso!
 
Pai, afaste de mim esse cálice…pai! Vinho tinto de sangue!

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