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sexta-feira, 20 março 2020 06:14

O "pretérito mais-que-perfeito" da vida

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Se tivéssemos pensado em colocar baldes de água e sabão no Ministério das Finanças, Ministério da Defesa, Presidência da República e Banco Central para higienizar as mãos dos nossos dirigentes, talvez hoje tivéssemos algum dinheiro guardado para fazer face ao novo coronavírus. 

 

Se tivéssemos desenvolvido o hábito de medir a temperatura das reais intenções das pessoas que entram no país através dos aeroportos internacionais, talvez o Boustani não tivesse entrado nem tomado a taça de champanhe na festa de aniversário do pai de Júnior. 

 

Se tivéssemos tido a sabedoria de valorizar a quarentena dos suspeitos, talvez hoje não estivéssemos a gastar dinheiro e tempo em resgates de um gatuno aventureiro e desleixado. 

 

Aliás, se tivéssemos tido a coragem de colocar os suspeitos de roubo do erário público em quarenta domiciliária, talvez hoje não fossemos tão ricos em gatunos. Talvez não tivéssemos desenvolvido um afecto patriótico por larápios e, nessa ordem de ideias, talvez o Téo não tivesse inventado a tabela periódica de gatunos. Quem sabe, talvez, hoje, estivesse ocupado em inventar coisas mais úteis como a vacina do corona. Aí talvez o próprio Pai Grande o tivesse reconhecido publicamente no Comité Central. 

 

Se tivéssemos decretado o estado de emergência, o uso obrigatório de máscaras e a proibição de abraços e beijinhos na rua e com desconhecidos, talvez o Júnior não tivesse conhecido aquela meretriz francesa. Talvez o coito não tivesse acontecido e talvez nem tivesse havido o pedido de comprar uma vivenda de milhões de dólares no sul da França. 

 

Se nos tivessem avisado que existem distúrbios assintomáticos, talvez não tivéssemos caído na lábia da autoestima, da pobreza está nas nossas cabeças, da revolução verde, do atum e quejandos. Talvez tivéssemos desconfiado daqueles delírios do Pai Grande. 

 

Não é fácil conjugar o "pretérito mais-que-perfeito". O pior é que, quando se usa com exemplos concretos da vida, dá vontade de chorar. O "pretérito mais-que-perfeito composto" do modo indicativo ou subjuntivo, então, hummmmm... nem val'apena! Quem inventou essa cena, páh? Desisto! 

 

- Co'licença!

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