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quarta-feira, 08 janeiro 2020 09:00

Quando a RENAMO "bebia" posse

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Por estas alturas, por aí malta 2010 e 2015, o líder já tinha dado a ordem: não vamos tomar posse! E ficava aquele suspense dos filmes de "cou-boi". Olhares tímidos e de desconfiança.

 

Na concorrência, ensaiava-se a etiqueta da cerimônia. Preparavam-se as xícaras para servir a posse. Degustavam-se os aperitivos.

 

No dia "Dê", a concorrência tomava a sua posse com muito açúcar. Doce e cremosa. Com pompa e circunstância. Sobremesa, um pudim as vezes fosfórico. Palitava-se atum. Falava-se de boladas. Tudo a condizer.

 

Enquanto isso, do oponente, apenas murmúrios e ranger de dentes. Formavam-se grupos que clandestinamente iam "bebendo" a posse a revelia do líder. Sim, eles não tomavam posse, bebiam. Pois, tomar não é beber. Toma-se com estilo. Com pompa e circunstância. Com elegância. Toma-se com hino e aplausos. Beber, bebe-se sem regra. Bebe-se a olhar para os lados. Bebe-se "manera-manera". Bebe-se escondido. Toma-se quente, bebe-se frio.

 

Desta vez, apenas um silêncio lúgubre. Ninguém quer ouvir falar da possibilidade de boicotar a refeição. Ficam nervosos só de ouvir tal ideia. Muita avidez. Bastante impaciência. Maningue ansiedade. Muita democracia.

 

Tudo indica que desta vez será uma tomada de posse misturada e conjunta. Todos vão se sentar à mesma mesa e vão tomar posse ainda quente. Isso é muito bom. As coisas mudaram. Não sei se é organização ou desorganização. Só sei dizer que é democracia. Democracia tem dessas coisas. É normal. Hoje não é ontem.

 

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