A equipa técnica que faz presentemente a manutenção da rede SIMO (pagamentos electrónicos, POSs e ATMs) fez ontem uma intervenção técnica no sistema, resultando na sua desconfigurarão, disse à “Carta” uma fonte conhecedora das operações da rede. De acordo com a fonte, ontem a equipa reparou numa certa lentidão da rede e decidiu-se por uma intervenção nas máquinas que suportam o sistema. E desconfiguraram-nas. Ou seja, o problema não se verifica com a aplicação da BizFirst nem com a base de dados.
Pedimos a fonte para “trocar a explicação em quinhentas”. Ei-la: a aplicação trabalha com uma configuração. Primeiro configuras as máquinas e depois é que instalas a aplicação. Se essas máquinas desconfigurarem, a aplicação não arranca. E esta configuração é complexa porque são usadas máquinas virtuais. Se tens problemas na virtualização das máquinas, elas deixam de se ver umas às outras. Se o sistema que gere essas máquinas virtuais se perde, perdes tudo. Grosso modo, é um problema de sistemas.
Entretanto, o sistema está sendo gradualmente reposto (ATMs e POSs). A reposição do funcionamento da rede SIMO verificou no início desta tarde.
Lembre-se que, em Novembro, após o apagão, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, apontou para a entrada de um novo operador, a Euronet (que fornece hoje os serviços ao BIM) mas essa empreitada foi abandonada pois o sistema da Euronet não funciona para uma rede interbancária (20 bancos, como a nossa). A solução continuou a ser o “software” da BizFirst, mas com uma equipa técnica de suporte distinta, alegadamente de competências limitadas. (M.M.)
O comício do candidato presidencial do partido FRELIMO, Filipe Nyusi, ontem em Nampula, iniciou em ambiente de festa, mas terminou numa tragédia que causou a morte de 10 pessoas e dezenas de feridos em Nampula. Tudo começou quando no fim do evento, que teve lugar no Estádio 25 de Junho, com capacidade para pouco mais de 20 mil pessoas, a moldura humana tentou sair do portão ao mesmo tempo, e às pressas, gerando-se uma enorme confusão e a asfixia e ferimento de alguns militantes.
Algumas das vitimas perderam a vida a caminho do Hospital Central de Nampula, segundo nos revelou o motorista de uma ambulância, que não quis ser identificado. A fonte não descartou a possibilidade do aumento do número de óbitos nas próximas horas. Ontem, no Hospital Central de Nampula, a azáfama era intensa, com figuras destacadas da campanha da Frelimo, como Celso Correia, Carlos Mesquita, Margarida Talapa, entre outras, chegando em viaturas luxuosas.
O trabalho de jornalistas não foi facilitado. Membros e simpatizantes da Frelimo impediam a todo custo que os jornalistas captassem imagens ou colhessem quaisquer informações, alegadamente para “não manchar o partido e criar aproveitamento político”. Um repórter de imagem da Haq TV, uma estação televisiva islâmica que opera em Nampula, escapou da agressão física por intervenção de outros militantes, mas foi-lhe apontada uma arma de fogo por um desconhecido. Um jornalista da TV Sucesso viu parte da sua câmara danificada. Ele foi forçado a apagar as imagens que havia captado. Uma das figuras da intimidação a jornalistas é um conhecido advogado de nome Chomar, que concorre a deputado da Assembleia da República.
Ontem, o Comité Provincial da Frelimo deu conta, num comunicado, da ocorrência, mas não indicou o número de feridos nem fez antever a abertura de um inquérito para apurar com detalhe os contornos da tragédia. (S.L. em Nampula)
A Renamo tem um plano para “vencer” as eleições em Gaza, que passa pelo envolvimento de antigos guerrilheiros da sua base de Funhalouro e pela intimidação de membros das assembleias de voto. As “acções secretas” estão descritas numa correspondência assinada pelo Secretário Geral da Renamo, André Magibiri (denominada INSTRUÇÃO PARA A PROVÍNCIA DE GAZA) enviada para membros destacados da Renamo em Gaza (e a que “Carta” teve acesso de fontes internas da Renamo, insatisfeitas com a ideia do recurso às armas). Ontem, tentamos, em vão, ouvir André Magibiri, sobre a sinistra estratégia. Eis o teor integral do documento:
RENAMO
Sede Nacional
___________________
Gabinete de Eleições
ASSUNTO: INSTRUÇÃO PARA A PROVÍNCIA DE GAZA
Com vista a garantir um controlo eficaz do voto da RENAMO nas Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais em todas as Mesas das Assembleias de Votos, o Gabinete do Secretariado Geral da RENAMO elaborou a Estratégia Seguinte:
Queremos garantir pela primeira vez na província de Gaza a nossa vitória, elegendo o maior número de Deputados para a Assembleia da República.(Carta)
O colectivo de juízes da 7ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), liderado pelo juiz Rui Dauane, condenou, na manhã desta quinta-feira (12 de Setembro), o antigo Embaixador de Moçambique na Federação Russa, Bernardo Marcelino Chirinda, a uma pena de 10 anos e oito meses de prisão efectiva e uma indemnização ao Estado moçambicano no valor de 8.661.568,00 Mts. A mesma secção condenou também o antigo Adido Administrativo e Financeiro daquela Embaixada, Horácio Matola, a uma pena de 09 anos de prisão efectiva.
No Processo Querela n° 20/2016/7ª-B, Bernardo Chirinda foi acusado e condenado por ter praticado 23 crimes de peculato, ocorridos entre 2003 a 2012, quando o diplomata representava Moçambique, nas terras de Vladimir Putin.
Na mesma senda, Horácio Matola, então Adido Administrativo e Financeiro, foi acusado e condenado a 20 crimes de peculato. Na sentença lida nesta manhã, em Maputo, o Juiz Rui Dauane avançou 151 factos que comprovaram os crimes de Chirinda e Matola.
Referir que no princípio, a acusação do Ministério Público elencava também o crime de abuso de cargo/ funções, mas, no entender dos juízes da 7ª Secção Criminal do TJCM, os arguidos não podiam responder por duplos crimes.
No entanto, Filipe Sitóe, um dos advogados de Bernardo Chirinda, garantiu que irá recorrer da sentença. Lembrar que, em Março último, a 7ª Secção Criminal do TJCM condenou, também a 10 anos de prisão efectiva, a antiga Embaixadora de Moçambique, nos Estados Unidos da América, Amélia Sumbana, por prática de crimes de abuso de cargo e de função, peculato, branqueamento de capitais e violação de direito de legalidade e respeito pelo património público. (Omardine Omar)
“Ossufo Momade, presidente da Renamo, é quem está a ordenar os ataques”. Foi com estas palavras que o Presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, o Major General Mariano Nhongo, reagiu, na tarde desta terça-feira, quando instado a se pronunciar sobre os ataques a alvos civis na região centro do país.
Em conversa telefónica com “Carta”, no final da tarde de ontem, Nhongo disse não ter dúvidas de que Ossufo Momade, Presidente da Renamo, é quem está a orquestrar e ordenar os ataques naquele ponto do país, isto porque o presidente da Renamo, na sua óptica, é um “traidor”.
Nhongo avançou que não havia qualquer possibilidade de ser a Junta Militar da Renamo a autora moral e material dos ataques porque, até hoje, está comprometida em encontrar, em conjunto com o Governo, uma solução para o que chamou de “verdadeiro braço armado da Renamo”. Nisto, disse ao nosso jornal que na próxima segunda-feira (16) vai enviar uma carta, usando os canais apropriados, para o Governo de Filipe Nyusi, na qual estarão vertidas aquelas que são as principais preocupações do grupo.
O Major Geral defende com “unhas” e “dentes” que Ossufo Momade é responsável pelos ataques por este ser, tal como disse, um “traidor” e que está a proceder naqueles moldes para que a responsabilidade seja imputada à Junta Militar, isto porque ela se opõe de forma aberta e frontal à sua liderança.
Nhongo disse que Ossufo Momade não só traiu a Renamo como também os entendimentos que o líder histórico do partido, Afonso Dhlakama, conseguiu estabelecer com o actual Presidente da República, Filipe Nyusi, no âmbito do diálogo político e hoje está a atentar contra um acordo de paz que ele próprio rubricou.
Até ao momento foram registados três ataques e o denominador comum é que os autores ainda não foram identificados. O primeiro ocorreu na noite de 1 de Agosto passado no posto administrativo de Nhamadzi, norte da Gorongosa, em que uma pessoa foi baleada no braço. O segundo ocorreu em meados do mesmo mês (Agosto) e foi visada uma ambulância que transportava membros da Frelimo que viajavam da Gorongosa ao norte de Marínguè. O mais recente é datado de 4 de Setembro corrente, quando quatro veículos foram alvos de disparos nas proximidades do Rio Púnguè, na fronteira entre os distritos da Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.
“A junta militar não está a atacar a população. Nós não queremos guerra. Nós queremos viver em paz. São os homens de Ossufo Momade. O Ossufo é que está a criar essa confusão para as pessoas pensarem que é a Junta Militar que está a atacar. Sr, jornalista, Ossufo é um traidor. Traiu a Renamo e os consensos que o presidente Dhlakama alcançou com Filipe Nyusi”, atirou Nhongo.
Mariano Nhongo contou ao nosso jornal que após a realização da conferência, em que foi indigitado por unanimidade e aclamação presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo não vive os melhores dias. Diz que ele (Nhongo) e seus apoiantes estão sendo caçados pelos homens leais a Ossufo Momade. Neste momento, tal como disse, encontra-se na região de Piro, na Gorongosa.
“Ossufo Momade mandou seus homens para me matar. O Fumo foi sequestrado pelos homens de Ossufo. Ele está a perseguir as pessoas”, atirou Nhongo. (Ilódio Bata)
A consultora Bloomberg Intelligence considera que o banco Credit Suisse deverá pagar menos de 75 milhões de dólares (69 milhões de euros) no caso das dívidas ocultas de Moçambique porque os antigos banqueiros declararam-se culpados nos tribunais norte-americanos.
"A declaração de culpados em Maio, Julho e, mais recentemente, a 6 de Setembro aumenta a probabilidade de o banco incorrer em penalizações, que deverão totalizar menos de 75 milhões de dólares, tendo por base as declarações do banco, segundo as quais reteve apenas 23 milhões (20,8 milhões de euros) em taxas pelos negócios", escrevem os analistas numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso.
O valor de 75 milhões demonstra uma forte revisão em baixa face aos cerca de 300 milhões (272 milhões de euros) que a Bloomberg Intelligence estimava, em Janeiro, que o Credit Suisse pudesse ter de pagar.
"Apesar de a acusação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos admitir que os banqueiros contornaram os controlos internos do banco, a má conduta dos indivíduos ainda pode ser imputada ao Credit Suisse porque os banqueiros agiram alegadamente no âmbito do seu emprego no Credit Suisse", escreviam em Janeiro os analistas que apoiam também a agência de informação financeira Bloomberg.
"Estimamos um acordo potencial com as autoridades norte-americanas de 100 a 300 milhões de dólares", vincavam então os analistas.
Para estes analistas, os banqueiros Andrew Pearse, Surjan Singh e Detelina Subeva tiveram "a intenção, pelo menos parcialmente, de beneficiar o banco para que trabalhavam", pelo que as autoridades "podem também procurar perseguir o Credit Suisse por violação das regras de investimento nos mercados financeiros e falhanço de parar a alegada má conduta apesar da existência de 'bandeiras vermelhas'".
O banco, sublinham, "fica mal na fotografia", apesar de não ter sido acusado, "porque tem exposição e faz lembrar o problema de mil milhões de dólares do Goldman Sachs, mas em menor escala".
O valor de 100 a 300 milhões de dólares é encontrado somando as taxas e comissões, que o banco Credit Suisse teria de devolver, às penalizações em que pode incorrer se a Justiça norte-americana decidir ir atrás do banco suíço, dizia a Bloomberg Intelligence em Janeiro.
Desde então, os três banqueiros assumiram ter agido em nome próprio e declararam-se culpados perante a Justiça norte-americana, que investiga uma fraude de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) relativamente a empréstimos a duas empresas públicas moçambicanas. (Lusa)