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Guy Mosse

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O Governo procedeu esta quarta-feira (06 de Março) à entrega de cinco escolas, três centros de saúde e 800 habitações, totalizando 808 infra-estruturas, às comunidades afectadas pelos ciclones Idai e Kenneth em 2019 na cidade da Beira. Estas actividades foram lideradas pelo Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), através do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones Idai e Kenneth (GREPOC), marcando um passo firme na reconstrução resiliente na província de Sofala.

 

Trata-se de infra-estruturas construídas no âmbito do Programa de Mecanismo de Recuperação (MRF), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e União Europeia em recursos financeiros, materiais e humanos para a recuperação dos meios de vida e reconstrução resiliente das infra-estruturas.

 

Dados facultados pela Secretaria do Estado de Sofala indicam que, do universo das escolas construídas, quatro estão localizadas na cidade da Beira e uma em Mutua, distrito de Dondo.

 

Consta ainda a entrega dos centros de saúde do Sengo, centro de saúde de Chinamacondo, no distrito de Dondo, centro de saúde da Manga Loforte (Bloco externo e farmácia), na cidade da Beira, bem como 800 habitações, das quais 538 são construções convencionais e resilientes novas e 262 reabilitadas na província de Sofala.

 

No acto da entrega, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, referiu que as intervenções de reabilitação e/ou construção de habitações e escolas permitiram que mais de mil famílias das comunidades afectadas passassem a ter acesso à habitação condigna e resiliente, assim como 10.955 alunos passaram a ter acesso à educação em salas de aula condignas e seguras, o que permite ter as condições psico-pedagógicas condignas para o ensino e aprendizagem.

 

“Solicitamos que conservem estas infra-estruturas, que elas não sirvam apenas como local educacional, mas também uma oportunidade para surgimento de talentos em várias áreas desportivas e culturais. Quero agradecer aos nossos parceiros, em especial aos doadores do Programa de Mecanismo de Recuperação, por terem direccionado palavras de conforto e imediatamente canalizaram os seus apoios para aliviar o sofrimento das comunidades afectadas, em coordenação com o Governo de Moçambique”, disse Carlos Mesquita.

 

Por sua vez, o embaixador da União Europeia, António Maggiore, e o representante do PNUD, Edo Stork, comprometeram-se a apoiar não apenas em momentos de desastres, mas também em iniciativas diversas para o desenvolvimento sustentável de Moçambique. “O nosso papel como parceiros é contribuir para a melhoria das condições de saúde e educação das pessoas desfavorecidas, para que haja um desenvolvimento mais sustentável das comunidades”, destacou Maggiore. (Carta)

À medida que as populações globais envelhecem, África continua a ser um bastião de promessas juvenis, com cerca  de 70% da população do continente com menos de 30 anos. Este grupo demográfico pode ser uma mais-valia – mas apenas se for desenvolvido – capacitando-o através da formação e dando-lhe espaço para participar no crescimento das economias dos seus países.

Em Moçambique, por exemplo, através da Secretaria de Estado e da Juventude, desde 2020, anualmente, o Governo promove o Prémio Jovem Criativo, e impulsiona projectos juvenis em três áreas: criação artística, inovação tecnológica e empreendedorismo.

No entanto, o desbloqueio do investimento do sector privado no desenvolvimento dos jovens continua a ser fundamental, existindo uma necessidade de intervenções específicas do sector. Ao mesmo tempo – com 72 milhões de jovens africanos desempregados – a tarefa de melhorar as competências e capacitar os jovens é enorme.

 

Isto é especialmente verdade no sector criativo. Aqui, o MultiChoice, assumiu a responsabilidade de desenvolver o seu próprio sector, através das suas academias MultiChoice Talent Factory (MTF) em todo o continente.

 

As academias MTF oferecem programas de treinamento de um ano para estudantes de 13 países, combinando instrução prática e teórica em disciplinas como cinematografia, edição, produção de áudio e storyteller, para além de oferecerem oportunidade aos estudantes africanos de aprimorar as suas habilidades ao lado de grandes nomes da indústria.

 

Desde a sua criação, em 2018, o programa da MTF graduou em toda a África mais de 300 profissionais, jovens cineastas que agora estão levando histórias africanas para o mundo. Em Moçambique, concretamente, já são oito graduados, que perfazem cinco turmas, cuja quinta iniciou recentemente os estudos na Zâmbia.

 

Trata-se de Gerson Amaral e Ludmila Mero (2019), Amarilis Gule & Maira Taucale (2020), Nelson Faquirá e Melissa Babil (2022), Dulany Sedemo e Genilson Matuca (2023) e Hidlson Valentim e Yurchade Machava (2024).

 

Actualmente, Gerson Amaral trabalha para o canal Maningue Magic e Ludmila numa Organização Não Governamental, tal como Maira Taucale, graduada como a melhor estudante da África Austral e quem recebeu uma formação de três meses em Nova Iorque. Já Amarilis Gule é empreendedora. Nelson Faquirá, por sua vez, venceu recentemente sessão de pitch de projectos ao Maningue Magic e está a produzir a sua segunda série para o canal que estreia em maio e Melissa, sua colega de formação, trabalha como freelancer. Dulany Sedemo e Genilson Matuca, os últimos graduados, encontram-se em estágio na TV Miramar.

 

Esta realidade moçambicana confirma a pesquisa da MTF, que cerca de 92% dos graduados da MTF Academy passam a trabalhar no sector criativo. Como parte da sua formação, muitos alunos de MTF começam a trabalhar em produções existentes em canais MultiChoice como Maningue Magic e Maningue Magic Kool, bem como Africa Magic, Maisha Africa ou Mzansi Magic.

 

E é assim que a MultiChoice contribui significativamente para a economia africana em geral – apostando na capacitação dos jovens e produção de conteúdos de qualidade para as suas audiências. A MultiChoice chega a 23,5 milhões de lares, e a mais de 100 milhões de pessoas, em 50 países africanos. Contar histórias africanas de qualidade tem sido a chave do seu sucesso. O investimento no desenvolvimento da indústria de entretenimento, através do MTF, desempenhará um papel crucial para perpetuar esse sucesso no futuro.

quinta-feira, 07 março 2024 02:46

CNE constitui 9.165 postos para recenseamento

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) determinou a constituição de 9.165 postos de recenseamento para as eleições gerais de 09 de outubro, 391 dos quais no estrangeiro, conforme deliberação a que a Lusa teve acesso na terça-feira.

 

Segundo a deliberação da CNE, serão instituídos 8.774 Locais de Constituição e Funcionamento de Postos de Recenseamento Eleitoral, que vai decorrer de 15 de março a 28 de abril, em todo o país. Acresce 372 locais para recenseamento em países africanos, para o círculo de África, e 19 para o círculo eleitoral dos restantes países, em ambos os casos apenas relativamente às eleições legislativas e presidenciais.

 

Os 9.165 postos de recenseamento a constituir em todo o país, dos quais 1.277 na província da Zambézia, 1.262 em Nampula e 1.137 em Tete, obrigaram à mobilização de 6.033 brigadas.

 

Moçambique realiza em 09 de outubro as sétimas eleições gerais, que incluem presidenciais, legislativas e provinciais.

 

“Estão em curso as atividades preparatórias do recenseamento eleitoral cuja projeção do número de eleitores que se devem fazer à votação, isto é, incluindo os que se recensearam aquando da realização das eleições autárquicas de 11 de outubro de 2023, é de 16.497.501 eleitores”, disse em 22 de fevereiro Paulo Cuinica, porta-voz da CNE durante uma conferência de imprensa em Maputo.

 

Segundo o porta-voz, do total de votantes previstos, 16.217.816 estão em Moçambique e os restantes 279.685 no estrangeiro.

 

O Conselho de Ministros de Moçambique aprovou em 30 de janeiro o decreto que determina novas datas para o recenseamento para as eleições gerais de outubro, devendo iniciar-se em todo o país em março, alteração justificada pela necessidade de se evitar que o recenseamento eleitoral “coincida com o tempo chuvoso” e de contornar “a fraca adesão da população ao recenseamento eleitoral”.

 

“Fixa o período entre 15 de março e 28 de abril de 2024 para a realização do recenseamento eleitoral no território nacional, nos distritos sem autarquias locais, e de atualização nos distritos com autarquias locais, e de 30 de março a 28 de abril para a realização do recenseamento eleitoral no estrangeiro”, lê-se no comunicado da Presidência, emitido após a reunião do Conselho de Ministros em Maputo.

 

Moçambique tinha agendado o recenseamento para as eleições gerais de outubro para o período entre 01 fevereiro e 16 março, descrito como o pico da época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

 

Em Cabo Delgado, província a norte que nas últimas semanas voltou a registar ataques terroristas que provocaram destruição, morte e dezenas de milhares de deslocados, está prevista a instalação de 796 postos de recenseamento e a constituição de 512 brigadas.

 

O ministro da Defesa Nacional de Moçambique afirmou em 29 de fevereiro que “há condições” para realizar o recenseamento eleitoral em Cabo Delgado, para as eleições gerais de 09 de outubro, apesar dos ataques terroristas das últimas semanas.

 

“Nós estamos neste momento a fazer o recenseamento militar. Estou a realizar o recenseamento militar em todos os distritos de Cabo Delgado, por outras palavras, o que é que eu quero dizer é que há de haver [para o recenseamento eleitoral]. Onde não houver condições, nós vamos dizer. Mas há condições para haver recenseamento em Cabo Delgado”, disse Cristóvão Chume, em declarações aos jornalistas após uma reunião, em Maputo, com uma missão da União Europeia.

 

Vários ataques terroristas nas últimas semanas, sobretudo nos distritos do sul da província de Cabo Delgado, provocaram ainda a destruição de casas, hospitais e escolas, levando à fuga de dezenas de milhares de pessoas para a vizinha província de Nampula.(Lusa)

A economia do sector privado de Moçambique voltou a crescer durante o mês de Fevereiro, com as condições das empresas a fortalecerem-se pela primeira vez desde Setembro do ano passado. O aumento seguiu-se ao pior desempenho do sector nos últimos dois anos, apoiado por um novo período de expansão em diversas áreas, incluindo actividade, vendas, aquisições e contratação de pessoal. Os dados constam do relatório do inquérito Purchasing Managers Index (PMI), realizado mensalmente pelo Standard Bank Moçambique.

 

O documento revela ainda que os volumes crescentes de novos negócios resultaram, assim, num certo grau de pressão sobre a capacidade, uma vez que as encomendas em atraso aumentaram pela primeira vez num ano. Entretanto, maiores esforços de contratação contribuíram para o aumento dos custos dos meios de produção, à medida que as empresas indicaram que se viram obrigadas a aumentar os salários do pessoal.

 

Efectivamente, em Fevereiro, o PMI aumentou para 50,7, o pico dos últimos sete meses, acima dos 47,8 registados em Janeiro, depois de ter permanecido abaixo do valor de 50 desde Novembro. Com a excepção dos prazos de entrega dos fornecedores, que foram reduzidos, e dos stocks de aquisições, que diminuíram, os restantes sub-índices registaram um aumento e permaneceram acima do valor neutro de 50,0.

 

Para o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fusio Mussá, os resultados do PMI de Fevereiro assinalaram um crescimento da produção em todos os sectores de actividade económica, excepto na construção, que registou uma contracção tanto na produção como nas vendas. Foi notória a criação de postos de trabalho em todos os sectores, liderados pela agricultura.

 

“O PMI indicou igualmente um aumento da confiança das empresas, conforme apresentado pelo sub-índice de expectativas futuras, reflectindo muito provavelmente a perspectiva de um novo alívio na política monetária, após o corte de 75 pontos base na taxa de juro directora para 16,5% pelo Banco de Moçambique em Janeiro, assim como as expectativas de retoma do investimento nos projectos de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado, apesar dos relatos da persistência de incidentes de segurança nesta província”, assinalou Mussá.

 

Entretanto, o economista-chefe do Standard Bank sublinhou que a instituição mantém a sua previsão de alívio prudente da política monetária este ano, o que implica que as condições de financiamento permanecerão restritivas.

 

Para Mussá, a diminuição dos efeitos de base favoráveis, uma vez que a produção de GLN na plataforma Coral Sul atingiu o nível nominal de capacidade, assim como as pressões persistentes da dívida pública interna e a oferta intermitente de divisas estão na base das previsões de desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto para 4,6% em termos homólogos este ano e 3,8% em 2025, em comparação com os 5% observados em 2023. (Carta)

 

Será que o ‘bem’ pode vencer o ‘mal’? Este é o enredo da telenovela Mahinga – Super Clube Privado, que vai estrear hoje, 4 de Março, às 18h30, no canal Maningue Magic. A nova telenovela explora a vida de duas pessoas que lutam para se afirmarem como os verdadeiros herdeiros da família.

 

A trama desenrola-se na capital angolana, Luanda, onde se assiste ao dramático conflito entre o ‘bem’ e o ‘mal’. A batalha começa no Clube Privado Mahinga, onde os jovens buscam por diversão. Karina, proprietária do Clube, envolve-se em brigas com a Deolinda - filha biológica do feiticeiro falecido.

 

Deolinda é a verdadeira herdeira. Mas descobre seus poderes sobrenaturais, muito mais tarde, pese embora não tenha intenções de usá-los. Karina, interpretada pela reputada Grace Mendes, tenta tirar proveito de ter crescido na família para perseguir seus próprios interesses egoístas.

 

Torna-se uma luta pela sobrevivência de Karina. Enquanto Deolinda, a verdadeira herdeira, faz de tudo para manter a paz,Karina, com génio da maldade, entende que ambas não podem coexistir no mesmo espaço - uma delas tem que desaparecer.

 

“Estamos entusiasmados em lançar a nossa segunda telenovela angolana, depois d’O Rio’, no canal Maningue Magic. Ter alguns dos maiores talentos internacionais a trabalhar nesta novela é uma excelente oportunidade para trocarmos experiências e recursos entre criativos locais e internacionais. Continuamos comprometidos em contar e apoiar as produções locais. Esperamos a reação e o envolvimento do público com a novela Mahinga – Super Club Privado”, explicou João Ribeiro, Director do Canal Maningue Magic.

 

“Mahinga” é uma telenovela original da Diamond Films, escrita por Tomás Murias, Tomás Ferreira, Yolanda Chilombo, Deolinda Guise e Noé João, com a coordenação de Eduarda Laia e a produção executiva de Sérgio Neto, Gregório Sousa e Allen Mamona.

 

Fique ligado e assista à telenovela Mahinga Super Clube Privado, aqui, no canal Maningue Magic, na DStv (posição 503) e GOtv (posição 8), a partir de 4 de Março, às 18h30, de segunda à sexta-feira.

quarta-feira, 06 março 2024 02:25

Abatidos dois terroristas no distrito de Ancuabe

Dois terroristas foram abatidos durante um confronto com os Namparamas (guerreiros que surgiram na década de 1980 no contexto da guerra civil) na última sexta-feira (01), nas proximidades do rio Megaruma, que separa os distritos de Chiúre e Ancuabe. Os dois terroristas fazem parte de um grupo que circulou semana passada no distrito de Ancuabe, no sul de Cabo Delgado.

 

Fontes disseram à "Carta" que, no mesmo confronto, dois elementos da força local foram igualmente feridos e evacuados para o hospital provincial na cidade de Pemba. No fim-de-semana, num breve contacto entre o governador Valige Tauabo e os residentes de Metoro, a população enalteceu as acções de perseguição dos terroristas pelos Namparamas. (Carta)

Uma organização da sociedade civil moçambicana acaba de submeter uma denúncia contra a Polícia da República de Moçambique (PRM), a nível da província de Nampula, por ter violado os direitos humanos durante as eleições autárquicas de 2023, realizadas no dia 11 de Outubro em 65 municípios do país.

 

Trata-se do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) que, na passada sexta-feira, 01 de Março de 2024, denunciou os actos indignos da Polícia moçambicana junto da Procuradoria Provincial de Nampula.

 

De acordo com uma nota de imprensa recebida na nossa Redacção, o CDD acusa a PRM de prática de 17 crimes, dos quais, quatro crimes de homicídios (sendo todos por baleamento) e 13 crimes de ofensas corporais qualificadas. A organização defende que a PRM assassinou quatro cidadãos, na província de Nampula: Faizal João, Edrisse Alifo Ussene, Sabonete Saíde e Atibo Juma.

 

Igualmente, acusa a corporação de ter agredido pelo menos 13 pessoas, nomeadamente, Sábado José, Momade Abudo, Ali Carlitos, Firmino Domingos Ibrahimo, Nelo Maurício, Juntinho Lahage, Ali Amade, Sumaila José, Emílio Sílvio Savalo, Yahaia Mucusse Culete, Faustino Jamal e Avelino Severino.

 

O CDD garante ter juntado “todas as evidências”, comprovando efectivamente a existência de vítimas por acção da PRM na província de Nampula. “Outrossim, atendendo à competência que o Ministério Público possui para, oficiosamente, levar a cabo investigações, o CDD acredita que outros tipos legais poderão ser assacados a par dos que foram elencados na denúncia”, afirma.

 

Segundo a organização, a denúncia submetida na Procuradoria Provincial de Nampula visa levar o Estado, através dos órgãos de administração de justiça, a responsabilizar todos os agentes da PRM que se envolveram no cometimento daqueles crimes.

 

“O CDD está certo de que, através das denúncias feitas, se o Ministério Público dedicar-se às investigações, poderá, quiçá, para além dos agentes directamente envolvidos na prática de actos criminais, descortinar a existência de outros e, quem sabe, descortinar os rostos por trás das ditas «ordens superiores»”, acrescenta a fonte, sublinhando estar disponível a cooperar com a PGR, de modo a levar à barra da justiça os agentes que “usam da farda e das armas do Estado para oprimir o povo moçambicano, particularmente em tempo das eleições”.

 

Refira-se que esta é a segunda denúncia a ser submetida ao Ministério Público contra a actuação da Polícia durante as eleições autárquicas de 2023. A primeira foi entregue pela Renamo e visava o próprio Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, porém, o processo foi arquivado, sob alegação de que a chacina promovida pela PRM não foi ordenada pelo respectivo Comandante-Geral da corporação, mas de actos individuais.

 

Lembre que, em Novembro último, o Ministro do Interior, Pascoal Ronda, defendeu, a partir do pódio da Assembleia da República, que não houve excesso na actuação da Polícia durante as VI Eleições Autárquicas e que a sua actuação, nos processos eleitorais, “tem sido ajustada à medida que se consolida o processo democrático no país”. Porém, relatórios da sociedade civil indicam a morte de mais de 10 pessoas em todo o país em resultado das acções da PRM durante o processo eleitoral. (Carta)

 

 

A gigante francesa do petróleo e gás TotalEnergies parece determinada a retomar os trabalhos no seu projecto de gás natural liquefeito (GNL) na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique – apesar do aviso do governo francês de que os cidadãos franceses não devem visitar grande parte da província.

 

De acordo com uma reportagem do Zitamar, o responsável pelos negócios da TotalEnergies em Moçambique, Maxime Rabilloud, visitou na semana passada os distritos de Palma e Mocímboa da Praia, desafiando claramente o aviso do governo francês, que nomeou esses dois distritos como muito perigoso para visitar.

 

Um aconselhamento de viagem de Paris especificou Palma e Mocímboa da Praia, além da capital da província de Cabo Delgado, Pemba, como particularmente perigosas. Esse conselho, publicado em 14 de Fevereiro, “recomendava fortemente” não viajar entre estas cidades ou nas estradas entre elas, devido ao risco de ataques de insurgentes e sequestros. Na verdade, não houve ataques terroristas em Pemba e as forças armadas moçambicanas e os seus aliados ruandeses garantiram a segurança das cidades de Palma e Mocímboa da Praia (embora não de toda a zona rural circundante).

 

Quanto aos raptos, a embaixada francesa está lamentavelmente mal informada. A grande maioria dos raptos ocorreu em Maputo e na cidade vizinha de Matola, e não em Cabo DOs conselhos de viagem pareceram pegar a TotalEnergies de surpresa. Segundo Zitamar, a empresa reclamou ao serviço estrangeiro francês sobre o momento do alerta.

 

O aviso incomodou claramente as autoridades moçambicanas. O próprio Presidente Filipe Nyusi ficou irritado com os conselhos de viagem e com o facto de o projecto de GNL ainda não ter sido retomado. “Na minha opinião (o reinício do projecto) deveria ter acontecido ontem, ou no mês passado”, disse Nyusi

 

A TotalEnergies continua os preparativos para levantar o “caso de força maior”, que declarou em Abril de 2021, na sequência de um grande ataque terrorista contra a cidade de Palma. Estão actualmente em curso trabalhos no acampamento dos trabalhadores do projecto na península de Afungi, onde foi construída uma enorme entrada para acomodar veículos pesados importados para o projecto. Catracas e máquinas de leitura de impressões digitais controlam a entrada de pessoas.

 

O local, relata Zitamar, é protegido por uma força de 800 homens da polícia e militares moçambicanos e um contingente de 200 homens das Forças de Defesa do Ruanda. A presença militar é paga pelos parceiros do projecto, mas sob um novo acordo, uma vez que o acordo original, que previa que a TotalEnergies pagasse directamente aos militares, foi criticado pelo especialista humanitário independente Jean-Christophe Rufin, num relatório encomendado pela empresa francesa. 

 

Voos charter partem de MaputoZZ para Afungi duas vezes por semana, lotados de funcionários da TotalEnergies e de empreiteiros como a Mota-Engil, empresa portuguesa de engenharia responsável por algumas das obras já em curso no local.

 

Zitamar entende que chegar a acordo sobre financiamento, e não sobre segurança, é o principal obstáculo que resta ao reinício formal dos trabalhos no GNL de Moçambique. O projecto seria financiado principalmente através de 15,5 mil milhões de dólares em empréstimos de instituições financeiras de exportação e bancos comerciais.

 

Os cinco mil milhões de dólares de dívida anteriormente comprometidos pelo Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos estão actualmente pendentes de aprovação. Quando acordado, espera-se que conduza ao desbloqueio de empréstimos de outros financiadores de exportações, como o Korea Eximbank e o Atradius dos Países Baixos, e outros bancos.

 

Enquanto esteve em Pemba, Rabillloud também participou em cerimónias de doação de kits de colírios a um hospital em Palma, para fazer face a um surto de conjuntivite e para inaugurar um gabinete do governo distrital na cidade de Mocímboa da Praia.

 

A visita a Mocímboa da Praia foi claramente uma demonstração de que a TotalEnergies não levou a sério o aviso de viagem do governo francês.

 

Rabilloud também participou no lançamento simbólico da primeira pedra de uma nova estrada pavimentada de três quilómetros que liga a aldeia de reassentamento de Quitunda, construída pela Mozambique LNG para albergar pessoas reassentadas para dar lugar ao projecto, com Senga, a comunidade que cedeu espaço para o reassentamento e terras para os recém-chegados cultivarem alimentos. A nova estrada custou quatro milhões de dólares e inclui um vau sobre um rio sazonal, o que tornará o percurso transitável durante todo o ano.

 

A TotalEnergies financiou esses projetos, mas no futuro todos os projetos sociais serão patrocinados pela Fundação Pamodja Tunawesa (Juntos podemos), uma instituição independente criada sob as recomendações do conselheiro da TotalEnergies, Jean-Christophe Rufin. A fundação terá um orçamento de 200 milhões de dólares financiado pelos acionistas da Mozambique LNG.

 

Quanto à retoma formal do projecto de GNL, as fontes de Zitamar dizem que esta foi adiada e está agora provisoriamente agendada para finais de Junho. (AIM)

O Projecto OncoInvest, financiado pelo Instituto Camões e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), irá contribuir, ao longo dos próximos três anos, para “melhorar o acompanhamento clínico e a adequação da terapia dos doentes oncológicos em Moçambique, através do reforço dos meios de diagnóstico e das competências dos profissionais de saúde”, referem os serviços de comunicação da FCG.

 

A iniciativa prevê também a criação de um bio-banco de tumores operacional e a divulgação do conhecimento científico por médicos e investigadores moçambicanos na área oncológica, nomeadamente, através da criação de um mestrado em oncologia.

 

O OncoInvest irá ainda promover parcerias com outros centros de investigação e instituições académicas internacionais e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), adianta a Gulbenkian.

 

A execução do projecto – com um financiamento superior a 800 mil euros, sendo 70 por cento de participação do Instituto Camões e 30 por cento da Fundação Calouste Gulbenkian – irá decorrer sob a responsabilidade da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane (FAMED-UEM), e contará com a coordenação de Carla Carrilho, médica e investigadora, em articulação com o Hospital Central de Maputo.

 

Os parceiros técnicos deste projecto em Portugal são o Centro Hospitalar de São João, o Instituto Português de Oncologia do Porto e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP). (7MARGENS)

O Instituto Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres (INGD) de Moçambique apelou ontem aos deslocados dos ataques terroristas em Cabo Delgado para denunciarem a possível presença de insurgentes nos centros de acomodação.

 

“Temos que continuar a ser vigilantes, a saber quem é que está do nosso lado, porque, se calhar, nós, ao sair de Chiúre, para aqui, talvez estejamos a sair com os insurgentes, com aqueles bandidos”, disse a presidente do INGD, Luísa Meque, num encontro, no distrito de Eráti, província de Nampula, com famílias obrigadas a fugir do distrito de Chiúre, província de Cabo Delgado, norte do país, na sequência de ataques terroristas, nas últimas semanas.

 

“Temos que reforçar a vigilância, [saber] quem é que está do nosso lado, quem é que está a receber o nosso apoio”, enfatizou Meque.

 

A presidente do INGD admitiu que a assistência alimentar que está a ser prestada às vítimas da violência armada em Cabo Delgado é insuficiente, devendo ser disponibilizada gradualmente.

 

“Sabemos que nem todos poderão ter, no mesmo momento, o apoio que nós estamos a trazer, porque somos muitos”, declarou Luísa Meque.

 

Face a relatos de que há residentes do distrito de Eráti que também se têm feito passar por deslocados de guerra, para receberem assistência, as autoridades terão o cuidado de assegurar que apenas as vítimas da violência é que vão ter ajuda humanitária, avançou Meque.

 

“Só vão receber o apoio ou a assistência aquelas pessoas que não são daqui, aquelas pessoas que deixaram tudo nas suas casas para vir para aqui”, destacou.

 

Na quinta-feira, o Governo moçambicano disse que 67.321 pessoas fugiram dos ataques armados das últimas semanas na província de Cabo Delgado, avançando que algumas populações já estão a regressar aos pontos de origem.

 

“Nesta altura, nós falamos de cerca de 67.321 deslocados, o que corresponde a 14.217 famílias”, afirmou Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, numa conferência de imprensa, no final da sessão semanal do órgão.

 

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria de 27 ataques em vilas “cristãs” no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma terem morrido 70 pessoas nos últimos dias.

 

Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida ainda a destruição de 500 igrejas, casas e edifícios públicos.

 

As autoridades moçambicanas não comentam a situação operacional, mas a Lusa ouviu nos últimos dias, na vila de Chiùre, relatos de deslocados que chegam à localidade sobre ataques, destruição de hospitais, escolas e casas, além de mortos, provocados em diferentes aldeias do distrito pelos insurgentes.

 

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou na segunda-feira à Lusa que os atos “macabros” que assolam há duas semanas o sul daquela província moçambicana são protagonizados por “grupinhos” de “extremistas violentos”.

 

A província de Cabo Delgado enfrenta há mais de seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

 

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com dados das agências das Nações Unidas, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.(Lusa)

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