A economia do sector privado de Moçambique voltou a crescer durante o mês de Fevereiro, com as condições das empresas a fortalecerem-se pela primeira vez desde Setembro do ano passado. O aumento seguiu-se ao pior desempenho do sector nos últimos dois anos, apoiado por um novo período de expansão em diversas áreas, incluindo actividade, vendas, aquisições e contratação de pessoal. Os dados constam do relatório do inquérito Purchasing Managers Index (PMI), realizado mensalmente pelo Standard Bank Moçambique.
O documento revela ainda que os volumes crescentes de novos negócios resultaram, assim, num certo grau de pressão sobre a capacidade, uma vez que as encomendas em atraso aumentaram pela primeira vez num ano. Entretanto, maiores esforços de contratação contribuíram para o aumento dos custos dos meios de produção, à medida que as empresas indicaram que se viram obrigadas a aumentar os salários do pessoal.
Efectivamente, em Fevereiro, o PMI aumentou para 50,7, o pico dos últimos sete meses, acima dos 47,8 registados em Janeiro, depois de ter permanecido abaixo do valor de 50 desde Novembro. Com a excepção dos prazos de entrega dos fornecedores, que foram reduzidos, e dos stocks de aquisições, que diminuíram, os restantes sub-índices registaram um aumento e permaneceram acima do valor neutro de 50,0.
Para o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fusio Mussá, os resultados do PMI de Fevereiro assinalaram um crescimento da produção em todos os sectores de actividade económica, excepto na construção, que registou uma contracção tanto na produção como nas vendas. Foi notória a criação de postos de trabalho em todos os sectores, liderados pela agricultura.
“O PMI indicou igualmente um aumento da confiança das empresas, conforme apresentado pelo sub-índice de expectativas futuras, reflectindo muito provavelmente a perspectiva de um novo alívio na política monetária, após o corte de 75 pontos base na taxa de juro directora para 16,5% pelo Banco de Moçambique em Janeiro, assim como as expectativas de retoma do investimento nos projectos de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado, apesar dos relatos da persistência de incidentes de segurança nesta província”, assinalou Mussá.
Entretanto, o economista-chefe do Standard Bank sublinhou que a instituição mantém a sua previsão de alívio prudente da política monetária este ano, o que implica que as condições de financiamento permanecerão restritivas.
Para Mussá, a diminuição dos efeitos de base favoráveis, uma vez que a produção de GLN na plataforma Coral Sul atingiu o nível nominal de capacidade, assim como as pressões persistentes da dívida pública interna e a oferta intermitente de divisas estão na base das previsões de desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto para 4,6% em termos homólogos este ano e 3,8% em 2025, em comparação com os 5% observados em 2023. (Carta)