Dois projectos estruturantes, orçados em mais de 160 milhões de dólares norte-americanos e em fase avançada de implantação na província de Maputo, zona sul de Moçambique, asseguram a criação de 1.700 novos postos de emprego para jovens. Trata-se da Safira Mozambique Lda., sediada no distrito da Moamba, vocacionada à produção de material de construção, sobretudo tijoleira, um investimento de 100 milhões de dólares e que vai empregar 1.000 trabalhadores.
O segundo é o Moz Ferro Chrome, que também está a ser implantado no distrito da Moamba, orçado em mais de 60 milhões de dólares, com o arranque de produção projectado para 2025, criando mais de 600 postos de trabalho. A informação foi avançada ontem em Maputo, pelo director provincial da Indústria e Comércio, Joel Nhassengo, em entrevista à AIM, sobre a evolução da indústria transformadora local.
“Temos empresas que estão a ser implantadas neste momento a nível da província, visando levar o desenvolvimento às comunidades. A Safira Mozambique Lda. vai actuar na produção de tijoleira, com um investimento de 100 milhões de dólares, empregando 600 trabalhadores e a outra é a Moz Ferro Cromo”, disse a fonte.
Segundo Nhassengo, em paralelo, o governo provincial está a envidar esforços para replicar o modelo do Parque Industrial de Beluluane, na província, para beneficiar os projectos âncoras, nomeadamente Cimentos Dugongo, Coca-Cola, Cervejas de Moçambique, entre outros. A nova abordagem visa levar grandes unidades produtoras a catapultar o desenvolvimento a nível das comunidades, através da criação de novos postos de trabalho e desenvolvimento da economia local.
“O que sucede é que, tal como ocorre no Parque Industrial de Beluluane, que há várias pequenas e médias empresas que prestam serviços aos grandes projectos naquele espaço, pretendemos que surjam também empresas ao redor dos projectos âncoras que vão surgindo nos distritos”, salientou.
Como forma de criar um ambiente de negócios saudável na província, o Conselho Executivo Provincial tem privilegiado o diálogo com o sector privado através de várias plataformas criadas para o efeito, visando atrair investimento para o sector. Segundo o interlocutor, a matriz industrial da província de Maputo está a ganhar nova dinâmica, com a desconcentração das unidades produtoras que no passado estavam concentradas na cidade da Matola, para aproximá-las cada vez mais às comunidades.
A província de Maputo detém o maior parque industrial do país, com 1.086 indústrias transformadoras, entre elas, as pequenas e médias empresas e um universo de 256.744 estabelecimentos comerciais.
Refira-se que, na última sessão extraordinária, o Conselho Executivo Provincial reconheceu que se regista uma redução da produção da indústria transformadora na província, caracterizado pelo encerramento de quatro empresas de cimento, nomeadamente, a Cimento Nacional, África Cimento LDA, Maputo Cement and Steal e S&S Cimentos.
O órgão justifica o cenário por um conjunto de factores que afectaram o país, nomeadamente, a Covid-19, as inundações, a redução do poder de compra das famílias moçambicanas e o declínio da indústria metalúrgica de base por falta de reinvestimento e manutenção periódica. (AIM)
O Governo moçambicano prometeu ontem concluir o pagamento dos salários em atraso das Forças de Defesa e Segurança até ao final do mês, avançando que os casos pendentes já foram verificados.
“Todos os esforços estão a ser feitos para que concluamos o pagamento dos salários em atraso das Forças de Defesa e Segurança. Os valores estão disponíveis e está a decorrer neste momento o processo de transferência dos montantes para as contas dos funcionários”, disse vice-ministro da Economia e Finanças, Amílcar Timane, momentos após uma reunião do Conselho de Ministros em Maputo.
Em causa está uma ordem do chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, dada na sexta-feira, para que o pagamento de elementos das Forças de Defesa e Segurança, com cerca de dois meses de atraso salarial, voltasse a ser feito pelas plataformas anteriores, até que os problemas de “inconformidade detetados” na aplicação da nova tabela salarial sejam ultrapassados.
“Enquanto a plataforma para os salários especiais não estiver ainda concluída, os remanescentes membros das forças de segurança deverão ser pagos usando o processo anterior, a partir de segunda-feira. (…) Se não conseguiu introduzir esses na base de dados, paga no sistema anterior. Depois, quando terminar, embarque”, afirmou Nyusi, ao discursar na Presidência da República.
Segundo o vice-ministro da Economia e Finanças, o pagamento começou no fim-de-semana, mas o principal objetivo continua a ser migrar para a nova tabela salarial. “Nós estamos a caminhar para uma reforma e devemos focar-nos nestes objetivos. Nós acreditamos que até ao final de agosto vamos proceder ao exercício de cadastro dos funcionários remanescentes”, disse Amílcar Timane, avançando que está em curso também uma auditoria feita pelo Ministério da Economia e Finanças que vai facilitar o processo de migração para o novo modelo.
De acordo com informação anterior do Ministério da Economia e Finanças, os atrasos no pagamento de salários das Forças de Defesa e Segurança devem-se a problemas de cadastro no novo sistema de pagamento, tendo em conta a migração para o sistema único iniciada em junho, sendo que antes era feito através dos ministérios do Interior e da Defesa.
Durante o seu discurso na sexta-feira, Filipe Nyusi admitiu que o país atravessa um “momento bastante sensível”, face aos atrasos que a aplicação do novo sistema e respetivas ferramentas eletrónicas para conciliar dados está a provocar no pagamento de salários na administração pública, apesar de o Ministério da Economia e Finanças já ter garantido que 99% dos trabalhadores foram pagos.
“O Governo, de forma incessante, deve procurar estabilizar e devolver a justiça salarial. A partir deste pódio, pedimos a todos os funcionários e a todos os moçambicanos para caminharmos juntos nesta marcha corajosa, procurando resolver o problema dos que garantem o funcionamento do Estado. Precisamos de corrigir as injustiças e/ou as discrepâncias salariais, introduzindo métodos capazes de reduzir irregularidades que por vezes propiciam a corrupção ou criam desigualdades dentro das carreiras profissionais equivalentes ou entre elas”, pediu Filipe Nyusi.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, que realizam uma greve há um mês, prestando apenas serviços mínimos.
A nova tabela salarial foi aprovada em 2022 por forma a eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controlo a médio prazo, mas o arranque fez disparar os salários em cerca de 36%, de 11,6 mil milhões de meticais/mês (169 milhões de euros/mês) para 15,8 mil milhões de meticais/mês (231 milhões de euros/mês).
A nova matriz salarial no Estado tem 21 níveis, entre 8.756 e 165.758 meticais (entre 134 e 2.580 euros), em vez de 103 escalões, como ocorria anteriormente. (Lusa)
Os órgãos eleitorais do país estão a trabalhar na implementação de uma plataforma digital que utiliza inteligência artificial (IA) para promover a integridade da informação. A iniciativa tem por objectivo combater a desinformação durante os processos eleitorais, sobretudo nas autárquicas de 11 de Outubro que se avizinham.
A informação foi partilhada esta segunda-feira (14), em Maputo, pela porta-voz do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), Regina Matsinhe, durante um briefing à imprensa sobre o actual ponto de situação das actividades preparatórias das VI Eleições Autárquicas.
Sem revelar os intervenientes, a fonte explica tratar-se de um mecanismo digital e inovador. “Estamos envolvidos na implantação da nova plataforma digital e inovadora sobre inteligência artificial para promover a integridade de informação”, disse Matsinhe.
Para já, sabe-se que a plataforma em referência é desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para uso dos países membros.
O instrumento já foi utilizado em pleitos eleitorais de países como o Líbano, Tunísia, Líbia e Perú. Moçambique será o primeiro país da África Austral, bem como de língua portuguesa a utilizar a plataforma.
O STAE dispõe actualmente de cerca de 4,5 mil milhões de meticais (cerca de 70 milhões de dólares americanos) para cobrir toda a logística do processo eleitoral até ao dia da votação.
O valor servirá para cobrir todo o processo, desde a preparação, formações, aquisição de materiais que estarão disponíveis em todas as mesas de assembleia de voto, transporte para alocação e recolha dos brigadistas, equipamento de trabalho, entre outras actividades de logística e gestão dos recursos humanos.
Para suportar todas as despesas inerentes ao processo eleitoral autárquico 2023 e gerais de 2024, são necessários 18,7 mil milhões de meticais (292 milhões de dólares), dos quais 6,7 mil milhões para 2023 e 8,7 mil milhões para 2024/2025. (AIM)
O governo pretende robustecer e conferir alguma independência à Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), com vista a responder aos desafios impostos pela sociedade e pelos agentes económicos. Para o efeito, decorrem projectos visando elevar a INAE a uma autoridade nacional de actividades económicas, disse ontem o porta-voz da INAE, Tomás Timba, em conferência de imprensa, no âmbito do lançamento da semana dos 14 anos da instituição.
“Pretende-se agregar mais competências a esta instituição, facto que permitirá uma actuação mais célere”, explicou.
Timba reconheceu que, apesar de a INAE ter registado vários ganhos ao longo dos 14 anos, a título de exemplo, a consciencialização dos cidadãos sobre os ilícitos económicos e seus direitos como consumidor, a instituição ainda enfrenta vários desafios.
Referiu que a segurança cibernética constitui um desafio para a INAE, pois, segundo Timba, ainda se regista circulação de informações falsas em nome da instituição.
“Por exemplo, na última semana, esteve a correr nas redes sociais informação dando conta de que a INAE teria divulgado que determinado sumo não era apropriado para o consumo, o que não corresponde à verdade”, disse.
Ainda sobre os desafios, o porta-voz referiu que a INAE não só precisa de melhorar o contacto com o consumidor e com todos os agentes económicos até à base, como também precisa de uniformizar os procedimentos dentro da instituição.
A semana dos 14 anos da INAE, cujas cerimónias centrais terão lugar no sábado (19), em Xai-Xai, província de Gaza, decorrerá sob o lema “14 anos pela legalidade do exercício das actividades económicas e defesa do consumidor".
Durante a semana, segundo a fonte, estão previstas várias actividades, entre as quais, a divulgação das linhas de denúncias; palestras, encontros com agentes económicos, programas televisivos e radiofónicos e acções de sensibilização no mercado.
“As acções que iremos desenvolver ao longo desta semana têm em vista cimentar o espírito de cidadania junto dos agentes económicos, assim como do próprio consumidor”, clarificou. (AIM)
O Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano cresceu 4,67% no segundo trimestre, impulsionado pelo crescimento no setor primário, segundo o relatório das Contas Nacionais divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique.
Este desempenho soma-se aos 4,17% registados de janeiro a março, igualmente em termos homólogos, resultando num crescimento económico acumulado no primeiro semestre de 4,42%, de acordo com o INE.
A economia moçambicana deverá crescer 5% em 2023, segundo a previsão do Governo.
Neste relatório, o INE acrescenta que o desempenho da atividade económica no segundo trimestre de 2023 é justificado “em primeiro lugar” pelo setor primário, que cresceu 8,98% face ao mesmo período de 2022, “com maior destaque” para o ramo da Indústria de Extração Mineira, com uma variação de 42,71%, seguido pelo ramo da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal com cerca de 3,11%.
Seguiu-se o setor terciário, com uma variação de 4,24%, com destaque para o ramo de Transportes, Armazenagem e atividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com um crescimento de 6,85%, seguido pelo ramo de Hotelaria e Restauração com variação de 5,51%, enquanto o ramo dos Serviços Financeiros aumentou 3,40%.
Por último surge o setor secundário, que caiu, em termos homólogos, 6,52%, “induzido pelo ramo da Construção”, com variação negativa de 10,43%, seguido pelo ramo da Indústria Manufatureira, com uma queda de 7,72% e, por último, o ramo da eletricidade, gás e distribuição de água, que reduziu 0,18%.
Segundo o INE, os ramos da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal e atividades relacionadas “tiveram uma maior participação na economia”, com peso conjunto no PIB do segundo trimestre de 25,89%, seguido pelo ramo de Transportes, Armazenagem e atividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com peso de 10,36%.
Em terceiro lugar surge o ramo de Comércio e Serviços de Reparação, com 8,92% do PIB total do trimestre, seguido do ramo da Indústria de Extração Mineira, com 7,48%.(Lusa)
O Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, inaugurou esta segunda-feira (14), um novo rebocador de navios para o Porto de Maputo. Baptizado por “Ntamo”, que em Changana significa “força”, o rebocador foi recentemente adquirido pela concessionária do Porto de Maputo, a empresa Maputo Port Development Company (MPDC), que faz a gestão do Porto há mais de 20 anos.
A inauguração do novo rebocador (com capacidade para puxar navios de 75 toneladas) aconteceu durante o lançamento da comemoração dos 120 anos de existência do Porto de Maputo. São 120 anos de um legado histórico e representativo. Nesse contexto, a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a MPDC juntaram-se para assinalar esta efeméride com a realização de uma série de eventos incluindo um festival musical e cultural, um ciclo de conversas para reflectir sobre diversos temas associados ao porto e à cidade e uma exposição fotográfica, diz uma nota de imprensa recebida na "Carta".
O Porto de Maputo encontra-se na baía de Maputo, na margem norte do estuário do Espírito Santo, que está separada do Canal de Moçambique pelas ilhas da Inhaca e dos Portugueses e pela península do Machangulo. É o maior complexo portuário do país, posicionando-se como o segundo maior da costa oriental africana, além de ser o principal terminal de importação e exportação de cargas de longo curso na nação.
É também o mais movimentado porto moçambicano, superando todos os demais grandes portos nacionais, nomeadamente, o da Beira (Sofala), Nacala (Nampula), Quelimane (Zambézia) e Pemba (Cabo Delgado). O porto é o terminal de três linhas ferroviárias, Goba, Limpopo e Ressano Garcia, escoando produtos da África do Sul, Eswatíni e Zimbábue. Outra ligação de escoamento importante é feita pela rodovia, a Estrada Nacional Número 4 (EN4). É parte fundamental do complexo logístico do Corredor de Maputo.
A existência do Porto confunde-se com a própria história de Maputo, tendo sido fundado em 1544. Recebeu estruturas básicas somente em 1850, época em que passou a ser conhecido como Porto de Lourenço Marques pela administração colonial portuguesa. Entretanto, a data oficial de arranque de operações é de 07 de Agosto de 1903. (Carta)