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Adelino Buque

Adelino Buque

terça-feira, 11 junho 2024 11:35

ANC: a queda do libertador!

“O partido ANC, ao sair de 249 deputados em 2014, para 230 em 2019, não se deu ao trabalho de casa, para fazer uma introspecção sobre o que estava mal e o que estava bem, sobretudo, o que deveria capitalizar para uma mudança do paradigma. Continuou a afundar, cada vez mais o partido para, nas eleições de 2024, cair, de forma estrondosa, para os 40,2% com direito a 159 lugares no Parlamento. O erro do ANC pode ser o erro de muitos partidos libertadores em África. Perderam o princípio de auscultar o povo para tomarem decisões, as lições são várias, é hora de se prevenir”.

 

AB

 

“Em 1960, depois do Massacre de Shaperville (quando forças policiais atacaram pessoas que protestavam contra o apartheid, deixando cerca de 250 vítimas, entre mortos e feridos), o líder sul-africano deixou de lado a premissa de não-violência e começou a defender actos de sabotagem contra o governo.

 

Mandela recebeu treinamento de guerrilha na Argélia, norte da África, e foi um dos fundadores do Umkhonto we Sizwe, braço armado do CNA, segundo a Britannica.

 

No ano de 1963, Mandela foi levado a julgamento sob acusações de sabotagem, traição e conspiração. Acabou sentenciado à prisão perpétua, tendo escapado por pouco da pena de morte.

 

Nelson Mandela ficou 27 anos preso e, nesse período, tornou-se o grande símbolo da luta contra o apartheid, inclusive para a comunidade internacional. Ele foi solto em 1990, quando o sistema de segregação racial estava a deteriorar-se.”

 

In National Geographic, Rubrica: Quem é Mandela

 

O partido ANC da África do Sul é, sem dúvidas, um partido histórico da nossa região, fundado em 1912 em Bloemfontein. Seria ilegalizado no apogeu do regime do Apartheid em Abril de 1960, para, passadas três décadas, mais concretamente a 02 de Fevereiro de 1990, o regime do Apartheid, sob liderança de Frederik de Klerk, suspender as restrições políticas ao ANC e de mais partidos políticos na África do Sul, naquilo que foi considerado um acto heroico e ímpar na história. Lembre que o Apartheid era considerado um crime contra a humanidade.

 

Com o fim das restrições políticas na África do Sul, ensaia-se o fim do regime segregacionista na África do Sul. Na sequência, Nelson Mandela, preso em 1963, seria liberto em 1990, para, três anos depois, em 1994, realizarem-se as eleições multirraciais na África do Sul. Reza a história que a África do Sul sempre realizou eleições, contudo, os pretos não eram eleitores, de tal sorte que, num país de mais de 28 milhões de habitantes, quem votava eram perto de 3 milhões de brancos. Os pretos, mestiços e indianos não votavam.

 

Nas primeiras eleições multirraciais, o partido de Nelson Mandela coligou-se ao partido Comunista e aos Sindicatos, tendo ganho as eleições com a expressiva percentagem de 62,4%, com direito a 252 assentos no parlamento. Mas o ponto mais alto da popularidade do ANC, foi em 2004, quando conseguiu 69,7% com direito a 279 assentos, nas penúltimas eleições, isto é, em 2019, o partido de Nelson Mandela, teve o seu pior desempenho de sempre, com 57,5%, com direito a 230 assentos. Provavelmente, a direcção do partido não levou a sério este mau desempenho e, nas recentes eleições, conseguiu 40,2% com direito a 159 assentos no parlamento, o que torna o partido vulnerável e com pior desempenho de todos os tempos.

 

O dilema do ANC é como governar com este desempenho!

 

Depois do anúncio dos resultados eleitorais, dando vitória ao ANC, contudo, sem maioria que lhe permitisse eleger o Presidente da República e a formação do Governo, o ANC terá iniciado as conversações com alguns partidos, destaque para o ND, cujas conclusões são desconhecidas. Outros partidos também foram contactados, mas parece ter havido diferenças que poderiam comprometer um Governo de coligação. Para tal, o ANC viria com a fórmula do GUN, usada por Nelson Mandela em 1994 e, por aquilo que é público e segundo escreve o Jornal Noticias de 10 de Junho de 2024, edição nº32.260, “oposição sul-africana recebe proposta do ANC com frieza”, o ANC ensaia uma ampla inclusão.

 

A ampla inclusão refere-se a negociar com todos os partidos pequenos, que participaram das eleições na África do Sul, mas o que isso poderá significar? Eis a questão que se coloca, considerando que, caso os três partidos mais votados, ND, MK e EFF, que representam 45,9%, não colaborem, o ANC poderá ter dificuldades acrescidas para governar e, sobretudo, para eleger o Presidente da República. Não será difícil aos três partidos convencerem dois ou mais partidos pequenos a não se aliar ao ANC.

 

Com as coisas como estão, eventualmente, a África do Sul necessite de mais uma ronda eleitoral ou a oposição se organiza para indicar um Presidente, o que é pouco provável. Esperemos para ver. Entretanto, o calendário não joga a favor do adiamento de decisões e, sendo assim, o que nos espera no país dos nossos irmãos? Será o fim do partido histórico que esteve sob liderança de um homem especial, reconhecido e respeitado no mundo! O partido de Nelson Mandela a afundar-se, quem o salva?

 

Adelino Buque

“São muitos moçambicanos que, conscientes ou não, fazem o papel ridículo de apoiar tudo que é de fora, sobretudo, no que diz respeito a denigrir as nossas conquistas como país independente. Nesta reflexão, não pretendo, de forma alguma, dizer que somos um país de santos, mas que não sejam os outros a dizer e nós, pura e simplesmente, segui-los. Moçambique possui hoje gente formada a diferentes níveis e por diferentes escolas do saber. Temos uma massa crítica que, usando o seu intelecto para dentro, pode derrubar o Estado, sem armas e através de denúncias do que é simplesmente mau e indesejável para o nosso desenvolvimento. Não aceitemos ser divididos. Lutemos por Moçambique!”

AB

“O FMI é o exército americano com dólar em vez de porta-aviões. Querem transformar os países africanos em escravos económicos, eles pressionam para desvaliações, para que tudo possa ser comprado barato, pelas multinacionais, esta é a nova colonização económica. Moçambique não é o único exemplo africano que prova isso”, lê-se na página 63 de La Traquenard que quer dizer “A Armadilha”.

Jean Boustani disse a Guebuza que Teófilo Nhangumele, com quem vinham trabalhando há muito tempo, pediu 50 milhões de dólares, referindo que tal valor era para a Presidência. Guebuza respondeu: “Senhor Boustani, estamos a falar de um grande projecto estratégico. A minha resposta é simples: ninguém, nem eu, nem qualquer outro funcionário moçambicano, está autorizado a receber um cêntimo para avançar como deveria. Se alguém te pedir dinheiro, recuse e vem falar comigo”.

In Semanário Canal de Moçambique, edição nº 771 de 05 de Junho de 2024, citando o Livro “A Armadilha” de Jean Boustani.

Diz-se na gíria popular que “os anjos da casa não fazem milagres”. É verdade, muito do que diz o Senhor Jean Boustani, no seu Livro La Traquenard, citado pelo Canal de Moçambique, ouvimos no julgamento das dívidas ocultas, nos depoimentos de António do Rosário, então Director da Inteligência para a área económica do SISE. Mas muitos de nós, porque estavam em causa avultadas somas de dinheiro, não quisemos ouvir, ainda que ouvíssemos, quem éramos nós. O Ministério Público e o Juiz da causa é que tinham que ouvir, mais nada!

 

Muito recentemente, esteve em solo pátrio uma Missão do FMI – Fundo Monetário Internacional, para avaliar o desempenho de Moçambique e produziu as polémicas constatações de que a Autoridade Tributária, do valor que arrecada, 80% serve para o pagamento de salários e nós, como “bons” cidadãos que somos, saímos à rua a dizer que os beneficiários dos 80% da colecta dos impostos são uns improdutivos e que deveriam ser “demitidos” em massa. Estamos a falar de professores, de pessoal de saúde, do exército e da PRM, ente outros.

Mais uma vez, parece-me que o FMI – Fundo Monetário Internacional prepara-nos para medidas drásticas, como aquelas que foram aplicadas a Moçambique, desde o ano de 2016, salvo erro, em que o Orçamento do Estado passou a não beneficiar de qualquer apoio dos parceiros internacionais, com a alegação da “descoberta” das dívidas ocultas que, para Jean Boustani, foi uma espécie de “Golpe de Estado” apoiado por moçambicanos devidamente posicionados no sistema de governação.

Nesse mesmo contexto, ouviu-se a hostilização do antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, a ser acusado de “ladrão” por algo que, em consciência, jamais faria. Hoje, o Livro de Jean Boustani, com o título “La Traquenard”, escrito pelo jornalista Francês Erwan Sezneen e citado pelo Canal de Moçambique, na edição de 05 de Junho de 2024 traz outros dados. Mas o mal está feito, Cabo Delgado e as províncias circunvizinhas estão em “chamas” devido à insurgência que pode ter como origem a desestabilização referida, para a desvalorização do metical e facilitar a pilhagem dos nossos recursos naturais.

A questão que se coloca é: até quando, nós moçambicanos, continuaremos a colaborar com o estrangeiro na desvalorização das nossas próprias conquistas como Nação? É verdade que os nossos dirigentes, em alguns casos, ávidos de enriquecimento fácil e rápido, facilmente aderem a esse tipo de atitudes, mas teremos de ser nós próprios moçambicanos a denunciar e a exigir que se “purifique” o sistema e não repetir tudo que vem de fora, com simples propósito de nos empobrecer, na famosa nova vaga de “colonização de África” de que somos certamente vítimas.

No Livro, Jean Boustan cita a ameaça estratégica da China e da Rússia, nos seguintes termos: “entre 2000 e 2014, a China investiu mais de dois mil milhões de dólares em Moçambique em obras de infra-estruturas e empréstimos (sem juros) à agricultura e isso faz parte de uma política africana mais ampla, porque a China investe em muitos países. Mas Moçambique tem um papel especial: O País é muito rico em recursos naturais e é a saída marítima para muitos países sem litoral, como Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e até África do Sul. Maputo é Porto de Johannesburg, estando a apenas 545 Km de distância”, diz Jean Boustani, citado pelo Canal de Moçambique.

 

Mas adiante, o mesmo Boustani é citado a dizer: “é difícil ter a certeza sobre este assunto, mas o ano de 2015 é talvez o ano em que os Estados Unidos começaram a dizer que era hora de recuperar uma posição em Moçambique, para contrariar os objectivos dos seus rivais Chineses e Russos” fim da citação.


Apesar de abundantes informações sobre os interesses do Ocidente em Moçambique, claramente, que contam com a colaboração interna, muitas pessoas informadas preferem ignorar e dar voz àqueles que pretendem realizar a chamada “nova forma de colonização económica “que o faz através das suas multinacionais, o FMI – Fundo Monetário Internacional, que esteve recentemente em Moçambique, não fala sobre a não contribuição dos mega-projectos através dos impostos no Orçamento do Estado. Contudo, faz questão de enfatizar a necessidade de se criar o famoso Fundo Soberano, nada contra!

 

Ora, você tem alguma receita, resultante de exploração dos recursos naturais, que te obrigam a não gastar, alegadamente, porque os recursos irão se esgotar e as gerações vindouras não irão beneficiar, caso não se crie o fundo, mas não querem fazer um balanceamento entre a sustentabilidade da dívida a ser contratada, com dinheiro dos recursos estagnado como Fundo Soberano. Será que não temos seres pensantes em Moçambique? Por favor, acordem!

Adelino Buque

“A aparição pública do político Venâncio Mondlane para entrega da sua candidatura à Presidência da República sem dúvidas que irá tirar sono a vários actores políticos, com destaque para Ossufo Momade, Presidente do partido Renamo. E não se enganem, o partido Frelimo terá de se reinventar, do ponto de vista discursivo.

 

Terá de dizer o que irá mudar para oferecer emprego aos jovens, o que irá mudar para oferecer habitação aos jovens, acesso ao ensino, dentre várias outras carências que a juventude enfrenta. É hora de reflexões políticas de muita seriedade e antevejo a Renamo de Ossufo Momade, depois das eleições, como um partido irrelevante na política nacional. Se calhar, é antevendo essa irrelevância que alguns falam de alguns militares mortos da Renamo e dizem que estão vivos. Por favor, preparem estratégias para fazerem face ao fenómeno político chamado Venâncio Mondlane”.

 
AB


Venâncio Mondlane inscreveu-se, a 06 de Junho de 2024, pelas 14h30, no Conselho Constitucional, para concorrer às Presidenciais de 09 de Outubro de 2024. Uma das razões desta reflexão é o número de assinaturas que conseguiu para poder concorrer: nada mais nada menos que 110.000 (cento e dez mil) assinaturas, tendo entregue ao Conselho Constitucional as 20.000 (vinte mil), o máximo permitido por Lei.


Para que não houvesse dúvidas, Venâncio Mondlane e seu mandatário portavam as restantes 90.000 (noventa mil) à porta do Conselho Constitucional e Mondlane desafiou os jornalistas presentes, querendo, para conferir. Ora, quando ouvi aquilo, fiquei estupefacto. Um homem sem suporte de uma organização política conseguir, em tão pouco tempo, aquela quantidade de assinaturas, segundo ele, válidas!

Com efeito, a partir de hoje passo a admirar este homem que, para mim, se torna um verdadeiro fenómeno político. Não haja confusão entre admirar e ser seu seguidor. Não sou seu seguidor, mas admiro a sua crença, persistência, a sua vitalidade e vontade de estar e ser na política. Repito, Venâncio Mondlane é um caso de estudo e faz frente a várias formações políticas existentes há muito mais tempo no País. De forma oficial, convenhamos, não é possível ignorá-lo.

Estive a pensar se realmente o partido Renamo, refiro-me à sua direcção, teve medo da sua participação como concorrente, para a liderança do partido. O que estarão a pensar essas mesmas pessoas com Venâncio Mondlane candidato à Presidência da República. Nas conversas de rua e da esquina, há quem já vaticina a Renamo numa situação de irrelevância política e Ossufo Momade a ser crucificado pelos seus pares.

Ora, a desvinculação voluntária de Venâncio Mondlane do Partido Renamo e da Assembleia da República será explorada até à exaustão pelo próprio e seus seguidores. Aquilo que os dirigentes da Renamo fizeram na posição de “quero, mando e posso” já não poderão fazer na arena de concorrência à presidência da República. Estarão preparados a ter um manifesto que os afaste do fenómeno Venâncio Mondlane? Eis a pergunta que não cala!

A questão não se coloca exclusivamente à Renamo. Que discurso trará a própria Frelimo para a Juventude? Quando falamos de emprego, habitação, formação escolar entre outras exigências de momento, que tem estado a ser motivo de cada vez maior distanciamento entre o Governo e a Juventude! Na condição de partido no poder, a Frelimo deve, desde já, mostrar que, de facto, as coisas irão mudar, mostrar pela prática, por acções no terreno. Não me pergunte como, mas promessas não valem hoje.

Ouvi e gostei de ouvir, do candidato da Frelimo, que pretende resgatar os valores da primeira República, sob liderança de Samora Moisés Machel. Para mim, que vivi esse tempo, faço ideia do que se refere, mas os jovens e adultos, nascidos depois de 1980, não sabem, o que é pior é que não querem saber, querem a solução dos problemas que vivem hoje e a solução era para ontem!

Uma coisa é certa, os partidos políticos, concorrentes às eleições de 09 de Outubro de 2024, devem estar à altura dos desafios de momento, a guerra dos dezasseis anos não é motivação para votação, a luta pela democracia não diz nada aos jovens nascidos depois de 1990, que são a maioria. O “Futuro Melhor” não galvaniza gente com carências de um pouco de tudo. A questão é: e agora?

 
Adelino Buque

quarta-feira, 05 junho 2024 11:07

Carta aberta aos adeptos do Baía de Pemba!

Antes de mais, o que é um adepto? Independentemente do que seja, para responder a esta pergunta, consultei o Google e veja o que encontrei.

“1- Adepto, que é iniciado e conhecedor de uma doutrina, religião, seita ou ciência, 2 – que adere a uma doutrina ou a um movimento, seguidor, partidário, 3 – que admira muito determinada pessoa ou coisa, admirador”

In Google

Vamos por partes. O Jornal Notícias escreve, na Edição nº 32.255 de 04 de Junho de 2024, página 23, a notícia com o título “Adeptos do Baía de Pemba contestam Artur Semedo”. A notícia é desenvolvida e destaca-se que os adeptos pediram a saída de um jogador de nome Kabine, alegadamente, reforço a pedido do treinador Artur Semedo e pedem a demissão do próprio treinador, Artur Semedo.

Em rigor e no futebol, considera-se o adepto como o 12º jogador, aquele que nos momentos maus e nos momentos bons puxa e moraliza a equipa, aquele que faz de tudo para desmoralizar o adversário a favor da sua equipa, sabido que, no jogo de futebol, existem três resultados possíveis, que são:

1)      Vitória;

2)      Empate e;

3)      Derrota.

No caso em apreço, a equipa do Baía de Pemba teve um empate com o Ferroviário de Lichinga, uma equipa que, em termos de classificação, está acima do Baía de Pemba. Olhemos para os resultados obtidos pelas duas equipas até à 7ª jornada:

a) Baía de Pemba realizou sete jogos, obteve como resultados duas vitórias, dois empates e duas derrotas. Tem oito pontos;

b) O Ferroviário de Lichinga realizou sete jogos, obteve duas vitórias, três empates e duas derrotas. Tem nove pontos.

Ora, analisado desta forma, questiona-se o que os adeptos do Baía de Pemba contestam efectivamente. Estava em causa duas equipes com mais ou menos o mesmo tipo de “performance” no jogo e saíram empatados. É verdade que nenhum treinador, que tenha autoestima, entra para um jogo para perder, nenhum jogador, como avançado, entra para não fazer golos, ou seja, dito desta forma, as primeiras pessoas afectadas pelo grau de desempenho é o jogador e o treinador. Certo que nem sempre os jogadores estão no seu melhor dia, o verdadeiro adepto deve saber isso!

Ora, os senhores Antumane Ndze e Felito Pires Nacaia devem saber do que me referi. Para quem não está a par do assunto, esses dois senhores são os que falaram para o Jornal Notícias, são estes adeptos que obrigaram a direcção do Baía de Pemba a “mobilizar” um contingente policial para amainar os ânimos e permitir a saída do campo. É preciso ter-se muito cuidado com este tipo de adepto porque mais desestabilizam do que apoiam a equipa.

Escrevo esta Carta Aberta aos adeptos do Baía de Pemba para chama-los à razão e pedir que deixem a equipa técnica e os jogadores trabalharem sem pressão. Para já, na minha opinião, a equipa está bem, saibam apoiar nos momentos em que a equipa não está bem, porque, infelizmente, esses momentos existem em tudo. Dizer que a vossa atitude pode representar a desmoralização do grupo de trabalho e os resultados disso forem aqueles que menos desejam para o Baía de Pemba. Sejam pacientes, temos longa caminhada pela frente. Um apelo à direcção do Baía de Pemba para não se precipitar na tomada de decisão. Façam contas e incentivem o balneário para trazer resultados, procurem educar os adeptos para estarem mais com equipa que contra. Como disse acima, no futebol, existem três resultados possíveis e o empate é o menos mau, obrigado.

 
Adelino Buque

“África do Sul, um país situado no Sul de África, com uma área territorial de 1.219.912 km2, uma população de 57.780.00 pessoas, é banhado pelos Oceanos Atlântico e Índico, com uma extensão do litoral de 2.780 km. Os sul-africanos têm 11 línguas oficiais, cultura diversificada. De 1948 a 1994 teve um regime segregacionista, entre brancos, pretos, mestiços e indianos. O que é o Apartheid afinal? O Apartheid foi um regime político que se pautou na segregação racial e que esteve em voga na África do Sul de 1948 a 1994. Esse sistema foi sustentado por um partido político de extrema-direita, o Partido Nacional. Os direitos da população negra sul-africana foram gradativamente retirados para fomentar privilégios da minoria branca da população. Nesta reflexão, pretendo fazê-lo sem tabus. Não entendam isso como racismo, que não é".

 

AB

 

“O governo da África do Sul é formado por um sistema de Três Poderes  (Executivo, Legislativo e Judiciário), sendo que o presidente do país, chefe do poder Executivo, é eleito de maneira indirecta, por um sistema que depende do Legislativo. Os representantes políticos do Legislativo são escolhidos pela população, por meio da votação em partidos. A duração de um governo nacional na África do Sul é de cinco anos, e a Assembleia Nacional é composta por 400 representantes. O actual presidente do país é Cyril Ramaphosa

 

A cultura da África do Sul é muito diversificada e marcada pelos diferentes povos que formaram o país. O território possui 11 línguas oficiais e diversas práticas religiosas. O principal ritmo musical praticado e ouvido pelos sul-africanos é o kwaito, sendo que a música tradicional africana é muito valorizada. Já o prato principal é chamado de braai, uma carne grelhada, muito parecida com o churrasco brasileiro. No Desporto, além do futebol, a África do Sul possui grande tradição no rugby, no críquete e no hóquei em campo”.

 

In Google

 

Pessoalmente, considero um ganho enorme para a boa Governação da África do Sul e o Partido DA. Contudo, esta aliança pode ser penalizadora para o ANC nos próximos pleitos eleitorais, não porque o DA seja um Partido que não advoga o desenvolvimento da África do Sul, antes pelo contrário, pelas suas origens, o próprio ANC diabolizou a emergência deste Partido que, hoje, parece certo que com ele formará uma coligação para governar.

 

Dentro do próprio ANC pode não haver clareza sobre o que advoga o DA para a África do Sul, a sua política externa, sobretudo a relação com as organizações como a União Africana e a própria SADC, sendo que a atitude da direcção do ANC seja aliança por exclusão que propriamente por ideologia e ou estratégia de ganhos repartidos. Neste caso, arrisco-me a dizer que o ANC sairá a perder a médio e longo prazo.

 

No texto acima, extraído do Google, pode se ler que a África do Sul tem 11 línguas oficiais, com uma cultura diversificada. Isso, para um país com mais de 58 milhões de habitantes, pode ser um suicídio político. Não creio que os dirigentes do ANC não saibam, mas reina neles um sentimento de orgulho. Não podem ensaiar uma aproximação com o MK porque é liderado por Jacob Zuma, com EFF embora não atingisse a maioria que precisa, mas poderia encontrar um partido que, em termos ideológicos, seria mais compreendido que o DA, pelo povo sul-africano.

 

O Apartheid foi uma realidade na África do Sul, desde o ano de 1948 até 1994. As leis colocavam pessoas em função da sua cor da pele, eram brancos, pretos, mestiços e indianos, e isto ainda está na cabeça de algumas pessoas e o ANC, coligado com o DA, partido considerado de brancos, com alguns pretos, não cairá bem na maioria da população. O perigo é, efectivamente, o ANC passar para a oposição a favor do MK, que ainda representa esperança do povo sul-africano e porque não o EFF, o que seria mais perigoso, devido ao extremismo que advogam. Veja a seguir sobre o estabelecimento do Apartheid na África do Sul.

 

"Na década de 1940, uma série de transformações estavam em curso na África do Sul. A industrialização e o desenvolvimento económico do país aumentaram as taxas da presença da população negra nos grandes centros. A discriminação racial afectou a acomodação do fluxo de trabalhadores negros, e isso aumentou as tensões entre negros e brancos.

 

A população branca, principalmente de origem holandesa (então chamada de africânder), reagiu ao aumento da presença dos negros nas cidades e às pressões por melhorias políticas. Esse grupo minoritário e defensor das medidas de segregação foi liderado por Daniel François Malan, pastor filiado ao Partido Nacional.

 

Nas eleições gerais de 1948, Daniel François Malan iniciou uma campanha pelo Apartheid, isto é, uma extensão das medidas segregacionistas na África do Sul. A defesa do aumento das medidas de segregação racial ecoou entre os eleitores sul-africanos (só os brancos votavam), e isso fez com que o Partido Nacional conquistasse o maior número de assentos no Parlamento. Começava, então, o Apartheid"

 

In estabelecimento do Apartheid na África do Sul

 

Por isso, arrisco-me a pensar que a população negra pode considerar a aliança do ANC com o DA um retrocesso nos ganhos do período pós-Apartheid, uma traição a Nelson Mandela, que ficou 27 anos preso pelo Apartheid e cuja libertação simboliza e simbolizou o fim do regime segregacionista. Mas o problema é dos sul-africanos. Aqui também temos os nossos próprios problemas que não são poucos. Esta reflexão pode ser entendida por alguns como tendo um cunho racista, mas nada disso, estou aqui a reflectir sobre os possíveis impactos que podem advir dessa aliança que parece certa na vizinha África do Sul. Sem insultos, aceito debate aberto!

 

Adelino Buque

quarta-feira, 29 maio 2024 07:04

Renamo: suicídio político anunciado!

“Ao colocar de fora da Comissão Política do Partido Ivone Soares e Manuel de Araújo, figuras com capital político e potencial invejáveis, na minha opinião, o partido Renamo está a cometer um “suicídio” político, de forma mais infantil. Na política, não valem os nossos prazeres, mas aquilo que cada “peça” representa para o conjunto, lembrando que a província da Zambézia, sozinha, meteu em 2019 41 deputados, o que representa mais de 20%.

 

A Cidade de Maputo, gostemos ou não, passou a ostentar os emblemas do partido Renamo em apoio a Venâncio Mondlane e falo do círculo de debate político mais relevante. Entretanto, a Renamo, pura e simplesmente, hostiliza a figura que mais visibilidade deu ao partido. Nesta reflexão, não pretendo apoiar a candidatura de Venâncio ou seu partido, chamo atenção a algumas incongruências políticas que podem até elevar o orgulho pessoal de algumas figuras, no entanto, remetem o partido a um “suicídio” político anunciado. Reflictam!

 

Dos actos irreflectidos da Renamo, a Frelimo pode sofrer danos colaterais, por isso nada de abrir champanhe por antecipação. Não haja dúvidas de que Daniel Chapo será o nosso próximo Presidente da República, contudo, o resto pode precisar de muitos concertos e reflexões. Vamos reflectir, Moçambique é de todos nós.

 

AB

 

O recente Congresso do partido Renamo, em que o Presidente Ossufo Momade saiu vencedor no escrutínio para o Presidente do partido e os actos subsequentes mostram que o partido não está em condições de viver em tolerância democrática interna e demonstra, de forma grave, a intolerância política, ao ostracizar alguns quadros que, aos olhos de muitos, possuem um enorme potencial político e podem, querendo, fazer “dançar” a Renamo, sob liderança de Ossufo Momade. Na minha opinião, no partido, devem militar, não somente as pessoas que voluntariamente se inscrevem, mas o partido deve ser capaz de manter os membros relevantes e influentes dentro da esfera política!

 

Quando foi ao Congresso, a Renamo tinha um candidato “temível” para Ossufo Momade, neste caso o Venâncio Mondlane, que se revelou e se revela um autêntico “animal” político e, em contramão, um Ossufo Momade, cujo “capital” reside num passado que muitos não querem recordar, que é da guerra dos 16 anos, que a Renamo moveu contra o Governo de Samora Machel, Joaquim Chissano e porque não, contra o povo Moçambicano. O “capital” do General Ossufo Momade reside nas armas, algo que a cada dia fica ultrapassado. Veja-se na Frelimo, por exemplo, quem diria que o General na Reserva, Hama Thai, poderia estar de fora do Comité Central? Façam leituras, caros políticos!

 

Mas o pior veio na indicação dos membros da Comissão Política da Renamo. A Comissão Política que prescinde de uma concorrente à presidência do Partido, que fica em terceiro lugar, com 12% de votos, a Comissão Política que prescinde de um Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, com todo o potencial político que tem e influência fora desta região política, certamente, concordarão comigo, quando digo das duas uma, falta de uma oficina política íntegra ou uma visão política míope!

 

Devo recordar que a Província da Zambézia, sozinha, neste mandato, meteu na Assembleia da República 42 deputados, contra o número anterior de 43, um influente num circulo eleitoral como este pode significar um autêntico “suicídio” político. Uma candidata que se queda em terceiro lugar, com 12% de votos, depois de todos os episódios que aconteceram no Congresso da Renamo, isto só pode ser do interesse de pessoas e não do partido e, por conseguinte, o partido pode vir a ser o maior perdedor nas eleições de 09 de Outubro de 2024.

 

Lembre também que a Cidade de Maputo contou com 13 mandatos nas eleições de 2019, contra os 16 nas eleições anteriores. Na Cidade de Maputo, o centro de debate político por excelência, o partido Renamo passou a ter visibilidade graças ao cabeça-de-lista para as autarquias locais, que é nada mais e nada menos que o rejeitado pela Renamo Venâncio Mondlane. Devo dizer que, depois das Autarquias de 2023, a Renamo, na Cidade de Maputo, passou a ter a visibilidade que jamais teve e a Renamo despreza esse facto.

 

Imaginemos num caso em que Venâncio Mondlane se torna candidato às presidenciais. Imaginemos que o Presidente do Município de Quelimane o apoia, como parece ser. Imaginemos que a terceira mais votada no Congresso da Renamo e, posteriormente, marginalizada se rebele e, por conseguinte, apoia a candidatura de Venâncio Mondlane. Vaticino uma derrota retumbante da Renamo e sua passagem à terceira força, se não a quarta. Caso o MDM faça o seu trabalho, nos círculos como Nampula, Zambézia, Sofala e outros, certamente a Renamo e Ossufo Momade podem sair “machucados” dessas eleições e avisos não faltaram!

 

A política é uma espécie de jogo colectivo com o qual você deve aprender a viver e conviver, quer goste ou não porque é útil para o colectivo. Marginalizar pessoas cujo peso político é enorme tem e pode ter consequências graves. A Renamo e a Frelimo também devem medir os seus actos, na hora de decidir sobre os seus candidatos a vários órgãos. A questão não é vocês quererem, a questão é o que representa a pessoa em causa para o partido.

 

Que fique claro, esta análise não tem por objectivo apoiar a candidatura de Venâncio Mondlane, uma pessoa que se revela um político consistente. Ainda que caia, levanta-se de forma extraordinária, não fosse as várias petições que apresentou nos diferentes tribunais e que lhe deram razão. A Renamo pode até faltar respeito aos tribunais, mas não faltará respeito, decerto, às escolhas do povo a 09 de Outubro de 2024. Por isso repito, oficinas políticas precisam-se, em especial no partido Renamo, ou então vamos assistir a um suicídio político anunciado!

 

Adelino Buque

Como é público, decorre, de 15 a 17 de Maio, a Conferência Anual do Sector Privado, vulgarmente designado por CASP. Trata-se de uma plataforma de diálogo que representa o culminar do diálogo que inicia com a interacção entre os Pelouros da CTA e os Ministérios económicos e/ou transversais, onde as partes instituem equipes técnicas, que se debruçam sobre matérias relevantes que preocupam o sector. De três em três meses ou menos, essas matérias técnicas são levadas ao Ministro de Tutela para ter o tratamento julgado conveniente.

 

Isto ao nível central, mas o diálogo público-privado também está descentralizado, sendo que a CTA tem Delegações nos distritos e nas províncias, onde o diálogo acontece e versa sobre matérias de interesse local e específico. Essas matérias podem e devem ter solução local, sendo que as que, pela sua natureza, requerem a intervenção dos órgãos centrais, as delegações da CTA reportam aos pelouros e estes canalizam o assunto aos respectivos Ministérios.

 

No diálogo público-privado, foi instituído o CEMAN, que é um espaço de diálogo público-privado liderado pelo Primeiro-ministro da República de Moçambique. Trata-se de um evento que se pode considerar preparatório da CASP – Conferência Anual do Sector Privado. Neste espaço de diálogo, são discutidas matérias contidas na Matriz de diálogo e não só, para que a Conferência Anual do Sector Privado tenha como objecto fazer o balanço da Matriz entre o Sector Privado e o Governo do dia e fazer uma nova Matriz para o ano subsequente, elencando matérias que merecem o tratamento, nesse lapso de tempo.

 

Dito isto, o Diálogo Público-Privado parece uma plataforma que corre numa plataforma harmónica, mas não é bem assim. O Diálogo Público-Privado tem tido os seus solavancos, devido a matérias, muitas vezes, de difícil abordagem e sobre as quais, muitas vezes, o sector público não possui resposta, não propriamente por falta de vontade, mas por não possuir soluções à vista. Dou o exemplo dos raptos de empresários nacionais, que é um fenómeno que o sector privado, que é vítima, tem estado, de forma recorrente, a solicitar soluções ao Governo. Entretanto, os resultados não são palpáveis aos olhos de quem está fora do diálogo e não parece haver preocupação para estancar o fenómeno.

 

Nada disso, a complexidade do assunto e o facto de mexer com as instituições de soberania podem ser o “calcanhar de Aquiles” do problema. Repare que, para a resolução deste fenómeno, somente o sector público deve intervir, porque compete à Polícia da República de Moçambique manter a ordem e segurança públicas em Moçambique. Mas, de forma recorrente, esta instituição queixa-se de falta de meios para fazer face à crescente onda de criminalidade e sua sofisticação. Sem querer limitar esta reflexão à análise de raptos somente, trago como exemplo que o Sector Privado, através da CTA, tem estado a trabalhar afincadamente para a solução do problema, mas, aos olhos das pessoas, parece que nada se faz, sobretudo, quando se é vítima do fenómeno. Mas voltemos à XIX Conferência do Sector Privado.

 

XIX CASP tem um significado especial, tanto para o Governo como para a CTA

 

Esta XIX CASP tem um significado muito especial, primeiro, porque Moçambique vai a eleições presidenciais, legislativas e provinciais em Outubro de 2024, o que equivale dizer que, por parte do Governo de Moçambique, depois de Fevereiro de 2025, haverá novos “players” para o Diálogo Público-Privado, a começar pelo nível mais alto, que é o Presidente da República. Muitas figuras concorrem para esse posto de Presidente da República e não sabemos, ainda, qual será o desfecho. Contudo, esperamos que, independentemente de quem seja o próximo Presidente da República, o diálogo seja mantido, por se ter mostrado como uma plataforma útil para a melhoria do ambiente de negócios.

 

Dizer que o Diálogo Público-Privado não é algo institucionalizado ainda, por isso não vincula, de forma obrigatória, as instituições públicas. Ele resulta da vontade das partes, o que, na minha opinião, não é bom para o ambiente de negócios. O Diálogo Público-Privado deve ser oficializado, sendo que a sua operacionalização poderia depender do Governo do dia. Esperemos que o novo Governo o faça, bem como torne a CASP uma marca desse diálogo. Entretanto, consta que a CTA já avançou com a reserva do nome junto das instituições de direito.

 

Embora o Diálogo Público-Privado não tivesse um carácter obrigatório, devo dizer que o actual Presidente da República, Filipe Nyusi, participou das IX Conferências do Sector Privado e o único em que não participou é porque não se realizou, devido à COVID 19, por isso não se pode colocar em causa a vontade ou não de dialogar. Ele sempre esteve disponível, podendo se questionar os resultados, mas governar é como uma equipe de futebol de onze, quando a equipe não ganha, o culpado é o treinador e não os jogadores. No caso em apreço, Filipe Jacinto Nyusi é o treinador, o capitão é Adriano Maleiane, Primeiro-Ministro, e os jogadores são os Ministros!

 

Por isso, esta XIX CASP deve servir de despedida ao bom treinador da equipa, que é Filipe Jacinto Nyusi, ao capitão Adriano Maleiane e aos jogadores, independentemente, se foram bons ou maus jogadores. Igualmente, esta XIX CASP serve de despedida ao Presidente da CTA Agostinho Vuma, por ter cumprido os dois mandatos, como Presidente da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique.

 

Agostinho Vuma, Presidente da CTA, deixa legado à instituição!

 

Por ocasião do fim do seu mandato, como Presidente da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Agostinho Vuma pretende deixar um legado, através da sistematização do que foi o Diálogo Público-Privado, nos últimos 10 anos em Moçambique, curiosamente, o que equivale dizer que Agostinho Vuma irá deixar um espólio do seu mandato, que coincide com o mandato de Filipe Nyusi, Presidente da República. O sector privado, de um modo geral, espera com ansiedade esse espólio, sistematizado de forma cronológica e reduzido a LIVROS.

 

Mesmo para terminar, agradecer ao Governo de Moçambique, liderado por Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique, por ter estado muito perto do Sector produtivo nacional através da CTA e, igualmente, agradecer a Agostinho Zacarias Vuma, por ter levado a bom porto os interesses do Sector Privado durante estes 10 anos da sua Governação. Para os dois, Filipe Jacinto Nyusi e Agostinho Zacarias Vuma, ide em paz e estamos gratos pelo trabalho que realizaram em prol de um bom ambiente de negócios. Continuem nos inspirando nesta caminhada!

 

Adelino Buque

terça-feira, 14 maio 2024 12:28

Agricultura no Regadio do Chókwè!

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“Produtores de hortícolas e outros frescos no Regadio do Chókwè, em Gaza, clamam por uma indústria de conservação e processamento para rentabilizar a cadeia de valor de produção na região. Os agricultores afirmam que, por falta de indústria de processamento agrícola, anualmente, somam prejuízos enormes com a deterioração de grandes quantidades de produção. Entretanto, o Administrador Distrital de Chókwè, Eceu Muianga, tranquiliza os camponeses com a promessa de retoma, ainda este ano, das actividades do Complexo Agroindustrial de Chókwè que garante absorver grande parte do tomate cultivado na área”.

 

In Jornal Noticias Edição nº 32.233 de 09 de Maio de 2024, primeira página.

 

Confesso que tudo o que se refere à produção agrícola, independentemente do local de produção, me cativa e me enche de curiosidade, por isso, quando vi o título “Agricultores pedem fabrica de processamento”, fiquei curioso e, depois da breve leitura, voltei a reler, para perceber se não estava equivocado. De acordo com o Jornal Noticias, os agricultores dizem somar enormes prejuízos, por falta de uma indústria de processamento. Na minha opinião, uma matéria destas merece um tratamento mais aprofundado, sobretudo, quando se sabe que, nessa região, tivemos várias indústrias de processamento que, por razões diversas, pararam de laborar.

 

Aqui, não uso a expressão “faliram” para não suscitar debates desnecessários. O que é facto é que a nova fábrica de Chilembene, salvo erro, não chegou a laborar em pleno, por falta de matéria-prima e as informações veiculadas na altura prendia-se com os preços que os agricultores queriam do seu tomate que não era compatível com os preços para o tomate para a indústria. Ora, se este entendimento não existir, provavelmente, o Administrador pode fazer promessas de que amanhã será cobrado e, eventualmente, terá dificuldades de dar resposta que satisfaça os referidos camponeses!

 

Por outro lado, é importante que os agricultores ou camponeses estejam conscientes de que o produto para processamento não é propriamente refugo ou rejeito do consumo fresco, pelo que a produção deve estar virada para esse fim industrial e com preços muito mais baixos que a produção para consumo de tomate fresco, mais para a indústria. O industrial deve dizer qual a variedade que lhe interessa, não pode o agricultor ou o camponês produzir o tomate de uma variedade do seu gosto e querer que a indústria consuma!

 

Ora, faço esta reflexão de forma emocional porque, durante largos anos da minha vida, trabalhei na região de Chókwè, na aquisição de vários frescos para a empresa onde trabalhei e trabalho. Aqui não falo por suposição, falo com conhecimento de causa. O meu colega farta-se de contar a história dos agricultores desta região e alguns dirigentes da mesma. Fala, por exemplo, de um dirigente que se queixou ao Presidente Samora Moisés Machel, na altura, dizendo que o tomate estava a apodrecer em Chókwè. O meu colega mandou um camião cavalo para resolver o problema e o camião cavalo regressou de Chókwè com menos de duas dezenas de caixas. Não havia tomate apodrecendo ali!

 

Exercício de Compra de Tomate em Chókwè!

 

Pessoalmente, durante mais de três campanhas, fiz parte de uma equipa interessada no tomate de Chókwè. Na nossa equipa integravam pessoas em representação da indústria de massa de tomate, que tinha uma exigência específica, indústria de processamento do tomate inteiro, cujas exigências são outras, o tomate fresco, com outras exigências e as variedades, igualmente, devem ser diferentes. Por exemplo, para a conserva de tomate inteiro, é uma variedade diferente do tomate para massa, o nível de maturação também é diferente. Estarão os camponeses e agricultores preparados para esse tipo de produção?

 

Eu não conheço o Complexo Agro-Industrial de Chókwè, mas trabalhei com o Complexo Agro-Industrial do Limpopo. Fazia o processamento do tomate, mas quem garantia a produção para esse processamento não eram camponeses, nem a Cooperativa dos Heróis Moçambicanos que, na altura, tinha um nível de produção comercial, eram as empresas do Estado que faziam essa produção.

 

Depois do Complexo Afro-Industrial do Limpopo, creio ter ido a LOMACO, cuja estadia durou o tempo que durou e teve grande entrave na sua produção, devido ao mercado. Os últimos lotes de produção comercializável foram de massa de tomate em latas de 5 kg, essas latas de tomate, devido a formas de conservação, causaram um enorme alvoroço na Baixa da Cidade de Maputo. Num dia de calor, as latas começaram a rebentar, as pessoas, que não sabiam do que se tratava, começaram a correr em debandada. Felizmente, não durou muito tempo e o pânico ficou controlado e foi reposta a tranquilidade pública.

 

Por isso, julgo que para reportar assuntos de agricultura, numa região como Chókwè, é preciso dispor de muito tempo. Não basta ouvir o choro do agricultor ou camponeses, não basta ouvir o representante do Estado, é importante ouvir quem vai colocar a “mão na massa” no caso a referida Empresa, Complexo Agro-Industrial do Chókwè, sob pena de fazer-se promessas não exequíveis. Mas valeu, deu para produzir esta reflexão que julgo ser de alguma utilidade para quem queira enveredar por este tipo de negócios.

 

Adelino Buque

sexta-feira, 03 maio 2024 20:36

Moçambique: Procura-se um Presidenciável!

Moçambique é um país da costa oriental da África Austral que tem como limites: a norte, a Tanzânia; a noroeste, o Malawi e a Zâmbia; a oeste, o Zimbabwe, a África do Sul e a Suazilândia; a sul, a África do Sul; a leste, o Oceano Índico designado por Canal de Moçambique.

 

Com uma superfície de 799.380 km2, Moçambique possui 30 milhões de hectares de terra arável, mas somente 5,5 hectares é que são usados para o cultivo agrícola.O país possui amplos recursos, fontes abundantes de água, energia, recursos minerais e depósitos de gás natural liquefeito (GNL), recentemente descobertos ao largo da sua costa. O país tem três portos marítimos profundos e uma reserva potencial relativamente grande de mão-de-obra.

 

Segundo o recenseamento de 2022, Moçambique possui 32.97 milhões de habitantes e, destes, 60% sabem ler e escrever. O país possui ainda um total de 53 instituições de ensino superior, sendo Universidades: nove públicas e 10 privadas, Institutos Superiores: oito públicos e 19 privados, Escolas Superiores: duas públicas e duas privadas, Academias: três privadas. Muito dificilmente, poderei contabilizar o ensino médio e primário nesta reflexão, entretanto, é preciso lembrar que, nos primeiros anos de escolaridade, o ensino é gratuito.

 

Moçambique possui 61 Partidos Políticos e 14 Coligações Partidárias, segundo dados de 2019, sendo que, neste ano, teremos eleições Presidenciais, legislativas e Provinciais. Os partidos políticos estão a par desta importante agenda política, no entanto, até hoje, 03 de Maio de 2024, nenhum partido possui um candidato para cada uma destas eleições, o que, de certa forma, mostra que o sistema político moçambicano pode estar em decadência!

 

A Frelimo, partido no poder, tem estado a ensaiar aprovar seus candidatos a candidato sem sucesso e, de tanta excitação, o número de interessados subiu de forma exponencial. São muitos membros que se acham presidenciáveis, o que chega a “banalizar” a função de Presidente da República. Mas, atenção, isto não é culpa dos que se acham presidenciáveis, mas culpa interna nos partidos políticos.

 

O segundo partido do país marcou o seu congresso por força de queixas nos Tribunais nacionais, exactamente para a escolha do seu candidato, ou seja, tem sido difícil encontrar candidatos às presidenciais em Moçambique. A questão que se coloca é: porque será?

 

Uma leitura empírica pode levar-nos a concluir que, nos diferentes partidos, por motivos pouco claros, existe o receio de mudanças. Há uma tentativa de as pessoas agarrarem-se aos lugares de poder e não querem mudanças, sobretudo, ao nível das lideranças.Na Frelimo, por exemplo, um partido sexagenário, não é aceitável, aos olhos do eleitor, ainda que não seja membro da Frelimo, esta falta de definição de quem é quem!

 

Os dirigentes da Frelimo têm-se desdobrado em desculpas, que se pode considerar, desculpas de “mau pagador” como sói dizer-se em gíria popular, porque são justificações que, se ao seu nível são aceitáveis, do ponto de vista público, pura e simplesmente, são inadmissíveis. Lembre que hoje, 03 de Maio, a Frelimo, finalmente, é suposto ter os seus candidatos a candidatos, de onde sairá um candidato efectivo a Presidente da República. No entanto, ontem, 02 de Maio, é que deveriam ter saído esses pré-candidatos e não saíram até à noite. Porquê!

 

Definitivamente, a atitude dos partidos políticos nacionais é de difícil compreensão e, aqui, não está em causa se é partido no poder, se é partido parlamentar. Nenhum de todos os 61 partidos registados apresentou candidato e tão pouco partidos pequenos se aproximaram entre si para efeitos eleitorais. Isto é de lamentar e é preciso dizer que é difícil encontrar pessoas Presidenciáveis em Moçambique!

 

Adelino Buque

quinta-feira, 02 maio 2024 07:49

Portugal e o 25 de Abril de 1974

“Ainda hoje, muitos não sabem que foi um livro que deu origem ao acontecimento que mudou o País em 1974 e que bastou ao mais prestigiado General Português de então apenas uma frase-choque para derrubar em poucos dias o Regime (a vitória exclusivamente militar é inviável). Essa declaração do General António de Spínola, no seu livro (Portugal e o Futuro), sobre a guerra no Ultramar, arrasou por completo a credibilidade do Governo de Marcelo Caetano e provocou um autêntico terramoto no País”

 

Mas coloca-se a questão: esse livro foi muito lido? Se teve algum impacto na sociedade Portuguesa?

 

A resposta a essa pergunta é dada por Leonidio Paulo Ferreira, do Diário do Noticias de Portugal, Lisboa.

 

“Sim, muito lido e com grande impacto. Spínola não era um oposicionista nesta altura. Era uma figura do regime, que tinha comandado as forças armadas na Guiné e que ocupava o cargo de Vice-Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Por isso, o livro representou a admissão por parte de uma figura militar cimeira de que Portugal não conseguiria vencer as guerras militarmente e de que o futuro teria de passar necessariamente por uma solução política. É certo que Spínola não é a primeira pessoa a dizê-lo, mas isto dito e publicado, repito, por uma figura de destaque, funcionou como uma verdadeira pedrada no charco e teve grande acolhimento em meios políticos e militares, em círculos diplomáticos e empresariais, na sociedade em geral.”

 

In Leonídio Paulo Ferreira, Diário do Noticias

 

Em Moçambique e de uma forma geral, fala-se muito pouco sobre as reais causas do 25 de Abril de 1974, provavelmente, para não ofuscar a Luta de Libertação Nacional, desencadeada pela FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique, contudo, julgo eu que o não aprofundamento das causas do 25 de Abril de 1974, simplesmente, nos empobrece como nação, porque ficamos com um saber amputado.

 

Na recente passagem por Portugal, como é meu hábito, percorri algumas Livrarias de Lisboa, à procura de Literatura sobre o 25 de Abril. Recebi muitas recomendações, de amigos e até de alguns convivas de ocasião, mas em nenhum momento me falaram do Livro do General António de Spínola, com o título “Portugal e o Futuro”, lançado no dia 22 de Fevereiro de 1974. Também ninguém me falou da obra do João Ceu e Silva, com o título “O General que começou o 25 de Abril, dois meses antes dos capitães”, cuja 1ª edição aconteceu em Fevereiro de 2024.

 

Segundo o autor do Livro “O General que começou o 25 de Abril dois meses antes dos Capitães” João Ceu e Silva, com destaque no primeiro parágrafo desta reflexão, efectivamente, são muito poucas pessoas que relacionam o 25 de Abril de 1974, com a obra do General António de Spínola, com o título “Portugal e o Futuro” mesmo em Portugal, mas o mais relevante nesse livro é o reconhecimento do General António de Spínola de que “a vitória, exclusivamente militar, é inviável”. Portanto, isto, dito por um militar do nível do General, naturalmente, provoca um grande impacto na sociedade no geral e nos militares de baixa patência, por isso caberia aos capitães a materialização de um Golpe de Estado que deita abaixo o Estado Novo de Marcelo Caetano.

 

Se o Livro com o título “Portugal e o Futuro” teve um impacto tremendo no seio da sociedade Portuguesa, quer me parecer que as “Províncias Ultramarinas” se mantiveram indiferentes às correntes de então. Só assim se pode justificar a reacção dos portugueses residentes em Moçambique, em relação aos Acordos de Lusaka, assinados entre Portugal e a FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique.

 

Nos acordos de Lusaka, resultado das reuniões de 05 a 07 de Setembro de 1974, o Governo Português fez-se representar pelas seguintes figuras que assinaram o documento: Ernesto Augusto Melo Antunes (Ministro sem Pasta), Mário Soares, (Ministro dos Negócios Estrangeiros), António de Almeida Santos (Ministro de Coordenação Interterritorial), Victor M. Trigueira Crespos (Conselheiro do Estado), Antero Sobral (Secretário do Trabalho e Segurança Social do Governo da Província de Moçambique) Nuno Alexandre Lousada (Tenente Coronel de Infantaria), Vasco Fernando Leote de Almeida e Costa (Capitão Tenente da Armada) e Luís António de Moura Casanova Ferreira (Major de Infantaria). Por parte de Moçambique, rubricou Samora Moisés Machel, na qualidade de Presidente da FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique.

 

No texto do acordo, saliento os dois primeiros pontos que são:

 

      “1- O Estado Português, tendo reconhecido o direito do Povo de Moçambique à Independência, aceita por acordo com a Frente de Libertação de Moçambique a transferência progressiva dos poderes que detém sobre o território nos termos a seguir enunciados.

 

  1. A Independência completa de Moçambique será solenemente proclamada em 25 de Junho de 1975, dia do aniversário da fundação da Frente de Libertação de Moçambique.” Fim da citação.

 

As reacções de grupos radicais não se fizeram esperar, no entanto, contra a reacção dos colonos radicais de Lourenço Marques, houve uma reacção à altura de pretos pro-Frelimo, residentes na Cidade de Lourenço Marques (poucos) e muitos outros nos arredores da Cidade, com destaque para o popular Bairro da Mafalala. Aqui veja o que encontrei na internet sobre o assunto:

 

“Alguns membros do grupo Galo eram militantes clandestinos da FRELIMO desde a criação do movimento nacionalista em 1962. Outros eram soldados no Exército colonial português, alguns na reserva e outros ainda em serviço. Mas a grande maioria parece ter aderido a partir das várias células de esclarecimento e mobilização postas a funcionar pelos grupos pró‑FRELIMO logo após o 25 de Abril. A posição anti‑FRELIMO do sector colonial mais radical, integrando grupos extremistas e paramilitares, bem como do movimento Frente Independente de Convergência Ocidental – FICO (todos integrantes do MML), também teve um efeito na popularidade da FRELIMO entre a população africana de Lourenço Marques e arredores. Tudo leva a crer que a euforia da liberdade, a esperança do fim do regime colonial, a confrontação aberta entre os grupos contra e pró‑FRELIMO tenham reavivado a memória das humilhações coloniais entre a população africana de Lourenço Marques. É neste quadro que se pode situar a grande onda de violência que os africanos levaram a cabo entre 7 e 10 de Setembro e, mais tarde, a 21 de Outubro, em resposta à ainda mais brutal actuação dos grupos coloniais extremistas paramilitares. Mas a violência do 7 de Setembro foi, em geral, um efeito “natural” do fim de um regime colonial que sempre assentou na violência. Como sublinhou Frantz Fanon, a descolonização é sempre um fenómeno violento (2004: 35)”.

 

In Revista Críticas de Ciências Sociais nº 106 de 2015, Galo amanheceu em Lourenço Marques.

 

Por tudo isto, penso que vale a pena aprofundarmos o nosso conhecimento sobre o 25 de Abril de 1974 em Portugal. Na teoria, éramos mesmo País, simplesmente, nós estávamos no Ultramar. Os acontecimentos em Portugal, naturalmente, afectam-nos, como nos afectou o 25 de Abril de 1974 de forma positiva. O reconhecimento deste facto não coloca em causa o mérito da Luta de Libertação Nacional, antes pelo contrário, valoriza a nossa luta. Nós, africanos falantes do português, somos a causa do 25 de Abril, devemo-nos orgulhar disso.

 

Adelino Buque

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