Islão - É uma Doutrina baseada no livro sagrado Alcorão ou C’uran e no hadisse - colectânea pelos companheiros (suhabas) dos ensinamentos do Profeta Muhamad (que a paz esteja com ele).
Muçulmano - O declarante e praticante da doutrina (fé) Islâmica - monoteísta seguidor de Abraão, que Adora Deus, acredita nos seus profetas, nos Anjos, nos Livros Sagrados, na Predestinação e no Dia do Juízo Final.
Cristão Católico - O monoteísta, baptizado, modelado pelo Profeta Jesus Cristo e seus Apóstolos, com fé na doutrina Cristã Católica baseada nos Livros Sagrados, Antigo e Novo Testamento, seguidores da religiosidade praticada pelo Profeta Jesus Cristo, relatado pelos Apóstolos (seus companheiros). Reconhece e obedece a hierarquia da Igreja dirigida pelo Estado do Vaticano representada por um Papa.
Declaração de fé dos muçulmanos - Testemunhar a Unicidade de Deus/Allah e que o Profeta Muhamad é o seu último profeta - não há baptismo, não necessita da intervenção do líder religioso. A religiosidade dos muçulmanos é voluntária e de responsabilidade individual.
No Islão não existem estruturas hierárquicas para avaliar a religiosidade de um crente, muito menos excomungar. Os muçulmanos rezam directamente para Deus, não há intermediários - mortos, vivos, santos, divinos nem profetas.
Esta introdução deve-se ao facto de haver uma tendência de “cristianizar ou catolizar” os muçulmanos:
- Durante o regime colonial português, os praticantes da Fé islâmica eram designados erradamente por "mahometanos”, palavra que só existe na língua portuguesa, causada por um paralelismo com os cristãos por serem seguidores de Cristo (Filho de Deus), denominados Cristãos. Na verdade, a palavra “muçulmanos” significa “Os que se Submetem unicamente a Deus”, seguindo a doutrina.
- No Islão, Allah ou Deus não tem filhos nem parceiros (aliás, é heresia associar Deus)
- No Cristianismo/Catolicismo, existe uma hierarquia (Missionários, Padres, Freiras, Bispos e Cardeais) com poderes discricionários, desde baptizar, abençoar, perdoar, penitenciar, e excomungar, etc.
- No topo da hierarquia Cristã/Católica está o Estado do Vaticano liderado por um Papa, com poderes constitucionais e religiosos absolutos para alterar a doutrina, nomear e exonerar a hierarquia, gerir o património, fazer alianças, mobilizar e declarar guerra, paz, etc.
- No islão não há um Estado repositório do poder religioso, nem líderes capazes de perdoar, condenar ou abençoar os crentes, muito menos declarar guerras.
- Os muçulmanos estão inseridos numa sociedade religiosa horizontal - crentes sem intermediários, rezam, directos para Deus.
A recente narrativa de "terrorismo islâmico” é ofensiva, violenta e degradante - teria fundamento se houvesse uma autoridade, instituição ou estado com poder ou capacidade para declarar conflitos ou guerras em nome da doutrina islâmica, que não é alterável - pode ser interpretada, contextualizada com base na hermenêutica (ijtihad).
O Islão considera também seus profetas, Abraão, Moisés, Jesus Cristo e Muhamad (que a paz esteja com eles) todos ao mesmo nível, em missões contínuas - o Islão ensina que Jesus Cristo/Issah ressuscitará para encerrar o mundo.
O Islão proíbe guerras contra os Irmãos seguidores dos livros sagrados como exemplo judeus e cristãos.
Os muçulmanos também vivem em países bem ou mal-governados como qualquer crente ou cidadão. Todos ou quase todos os governos cometem erros - fazem guerras políticas, territoriais, “exploram” recursos e sabotam o desenvolvimento de outros para proveito próprio, desenvolvem narrativas intimidatórias, etc.
Pelo facto de um determinado país ter uma maioria de cidadãos muçulmanos não responsabiliza a doutrina islâmica pelos actos irresponsáveis e ou condenáveis desses muçulmanos. Da mesma forma, pelo facto de a Europa/Ocidente ter uma maioria de crentes Cristãos/Católicos não se responsabiliza as suas doutrinas pelos actos de genocídios, terrorismo, injustiças etc., praticados pelos seus governos.
Todos os povos têm Direitos, independentemente das suas crenças. Há 4000 anos, estes direitos foram inscritos durante a Civilização Babilónica situada na Mesopotâmia (actual Irão/Iraque) conhecido como o “Código de Hamurabi” - serviu de base para a maioria das constituições pelo mundo fora inclusive a “Carta dos Direitos Humanos da ONU”.
Como exemplo, podemos visitar a Constituição Britânica que teve como base a “Magna Carta da Inglaterra no ano 1215, no seu artigo 39, que passo a citar “nenhum homem livre poderá ser mantido preso, privado de seus bens, posto fora de lei ou banido, ou de qualquer maneira molestado... a menos que por julgamento legítimo de seus pares e pela lei de terras”, fim de citação. Este artigo 39 é um extracto do Código de Hamurabi, entre outros decretos podemos destacar:
- A lei do Talião - dente por dente, olho por olho;
- A lei de Terras e o direito privado;
- A lei da Família;
- O Direito Comercial, etc.
Os muçulmanos e cristãos/católicos são tão bons e tão maus como qualquer cidadão crente ou não crente de outras confissões religiosas ou crenças. Lutam pelo poder como qualquer outro, têm o direito e dever (religioso e constitucional) em defender a sua Pátria, Família, e Recursos entre outros.
Nós no hemisfério Sul, África, Ásia, Médio Oriente e América do Sul, conhecemos essa "narrativa de terrorista”, quando os nossos heróis Ghandi, Ben Bella, Nkuruma, Luther King, Mao, Cabral, Nyerere, Machel, Arafat, Khomenei, Mandela, Fidel, Khadaffi, Mugabe, etc., foram “apelidados de terroristas “por lutarem pela libertação da ocupação e exploração colonial e apartheid. Mais tarde “Nobelmente “premiados, reconhecidos e condecorados como heróis da paz mundial. Hoje, nos EUA, celebra-se o dia de Martin Luther King, como feriado nacional.
Desde as guerras das Cruzadas no ano de 1080 que o Médio-Oriente, onde habitam Judeus, Cristãos e Muçulmanos vê as suas riquezas e recursos pilhados pelos Europeus (cuja maioria é católica), sendo que, além da riqueza material, roubavam propriedade intelectual - o primeiro Livro de Anatomia escrito no ano 1020 pelo Iraniano/Iraquiano Ibn Sinã - quando levado para a Europa (Império Romano), o nome do autor original foi apagado e passou a chamar-se “Avicena", nome romano. Este Livro de Anatomia é, ainda hoje, a base das Ciências Médicas nas diferentes edições pelo mundo fora. Esta particularidade define a ética e confirma a história.
Os verdadeiros terroristas nunca se identificam como tal “são lobos com peles de cordeiros". Os mais velhos em África, em particular em Moçambique, sabem porque sentiram na pele a forma como fomos empobrecendo - culturalmente, socialmente e economicamente - ao longo da colonização, em particular, depois de 1930, com o início do Estado Novo (Salazar).
Os ditos “terroristas islâmicos” matam dezenas de milhares civis, destroem cidades e países inteiros - detentores de recursos, em particular hidrocarbonetos (oil & gas) em quase todas as ex-colónias no Hemisfério Sul - 70% das vítimas destes grupos terroristas são os muçulmanos, porém, há um denominador comum nestas guerras - os recursos, hidrocarbonetos e minerais continuam a ser explorados e exportados 66% para o Ocidente, apesar das guerras.
O meu pai (que era um operário) dizia-nos: “se não sabes quem fez, procura quem se beneficiou”.
Há sim terroristas muçulmanos, cristãos, católicos, hindus, judeus, agnósticos, ateus, budistas, animista, etc.
Alguns dos nossos Cientistas, Investigadores, Doutores, Escritores e Jornalistas devem demonstrar maior intelectualidade e independência, ao invés de funcionarem como câmaras eco estereotipadas dos “malfeitores tradicionais”.
A história serve de referência, para não repetirmos os erros do passado.
Albert Einstein definiu INSANIDADE como “fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes”.
A luta continua!
Amade Camal