Os terroristas que recentemente abandonaram o litoral do distrito de Macomia têm estado a movimentar-se nos últimos dias em algumas aldeias de Mueda e Muidumbe, chegando a causar alguma agitação que resulta na fuga da população para outras comunidades consideradas seguras.
"Carta" apurou que a deslocação de famílias para outras aldeias foi registada entre sábado e domingo, nas aldeias Homba e nos povoados de Namada e Nanhala em Mueda e Lutete, na zona baixa no distrito de Muidumbe.
Um residente de Matambalale, em Muidumbe, contou que "nas baixas de Lutete, as pessoas viram homens armados, não sabendo do seu destino e, devido à agitação, as pessoas não conseguiram dormir bem na noite de domingo. Algumas pessoas chegaram em Miteda e também acompanhei que em Chapa (aldeia do distrito de Mueda) chegaram pessoas em fuga devido à presença dos terroristas", disse Miguel Simão.
O clima de agitação foi igualmente reportado por um funcionário público em Miteda, ainda no distrito de Muidumbe. "As pessoas fugiram da zona de Lutete, lá na zona baixa, onde têm as suas machambas".
O nosso jornal soube que uma unidade da Força Local foi destacada no domingo para a zona onde os terroristas foram vistos a circular. (Carta)
Enquanto a narrativa governamental defende o investimento em projectos que criem o “bem-estar” do povo moçambicano, a realidade mostra o contrário: o esforço em criar o “bem-estar” dos governantes.
Um anúncio de adjudicação emitido no passado dia 11 de Agosto e publicado no dia 15 do mesmo mês, no Jornal Notícias, mostra que o Governo vai investir mais de 34.4 milhões de Meticais, na conclusão das obras de construção da residência oficial do Administrador do distrito de Larde, no sudeste da província de Nampula.
As obras, adjudicadas à Sidik Comercial e Prestação de Serviços (via concurso público), constam da lista de 14 anúncios de adjudicação (10 por concurso público e quatro por cotação), publicados pelo Governo do Distrito de Larde, na semana passada.
De acordo com o anúncio publicado no jornal Notícias, pela fiscalização das obras, o Governo de Larde vai desembolsar mais de 2.2 milhões de Meticais, valor a ser pago à MD, Consultores Ltd. As obras, refira-se, vão durar 90 dias.
Para além do valor a ser desembolsado pela construção e fiscalização da residência oficial do Administrador, o Governo vai investir 1.5 milhão de Meticais pela aquisição do mobiliário para a referida residência; para residência do Secretário Permanente daquele Distrito; e para residência do Chefe do Posto Administrativo de Mucuali. Aliás, a casa do Chefe do Posto Administrativo de Mucuali será reabilitada, devendo gastar pouco mais de 661,5 mil Meticais.
Entretanto, para empreendimentos de utilidade pública, o Governo de Larde vai desembolsar 3.9 milhões de Meticais para construção de apenas quatro salas de aulas da Escola Secundária de Thopuito; 2.6 milhões de Meticais para pavimentação de 150 metros da via principal daquela vila distrital; e 1.8 milhão de Meticais para construção de duas salas de aulas em Najaca.
O Governo de Larde vai, igualmente, injectar 1.9 milhão de Meticais para a conclusão do edifício do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social; 1.8 milhão de Meticais pelo melhoramento localizado da estrada “Cruzamento R681/Mucuali”.
“Carta” contactou a Secretária Permanente do distrito de Larde, Hayat Paquile, para apurar que tipo de trabalho será executado na residência oficial do Administrador, mas esta disse não dispor de qualquer informação, porém, defendeu que a residência em construção figura na lista das casas-modelo definidas pelo Governo para albergar os Administradores Distritais.
Hayat Paquile negou igualmente revelar quanto já foi gasto na construção da referida residência e convidou o jornal a deslocar-se ao distrito de Larde para ver in loco a obra que está a ser executada.
Refira-se que o distrito de Larde foi criado em 2013, após ser elevado de Posto Administrativo para distrito, pelo que figura na lista de distritos carenciados em termos de infra-estruturas públicas, com destaque para estradas, escolas e unidades sanitárias. Até 2013, Larde era um Posto Administrativo do Distrito de Moma. (A.M.)
Indivíduos desconhecidos munidos de objectos contundentes invadiram a residência de um agente da Polícia da República de Moçambique, no bairro Natikir, na cidade de Nampula, desferindo golpes duros até à morte. O caso ocorreu na noite do último sábado (19), mas a família e os vizinhos não foram capazes de impedir que os malfeitores praticassem o crime que tirou a vida daquele agente.
O Porta-voz da PRM em Nampula, Zacarias Nacute, disse que a corporação ainda não sabe as causas que levaram ao assassinato do seu colega, mas tudo está a ser feito para esclarecer o crime.
"Ainda não sabemos os motivos que levaram à agressão mortal do nosso colega. A polícia está a fazer tudo quanto possível para garantir a responsabilização do autor para que situações de género não venham acontecer na nossa área de jurisdição".
O agente estava afecto ao departamento da polícia de trânsito no distrito de Malema.
Durante a semana finda, a PRM em Nampula, neutralizou 34 indivíduos em conexão com outros seis (6) casos criminais e deteve 11 automobilistas por tentativa de corrupção aos agentes da polícia de trânsito. Também foi registado um acidente ferroviário em Malema e um caso de afogamento no distrito de Nacala.
Entretanto, falando esta segunda-feira na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, o comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, disse que durante a semana finda foram registados, à escala nacional, 14 acidentes de viação. Bernardino Rafael voltou a apelar à necessidade de prevenção dos acidentes de viação. (Carta)
A proliferação das chamadas “bocas de fumo”, locais de venda e consumo de droga, um pouco por toda a cidade da Beira, centro de Moçambique, está a preocupar as autoridades, que tentam lidar com o problema com sensibilização e formação.
Só nas ultimas duas semanas, pelo menos dez pessoas foram detidas pela Polícia da República de Moçambique (PRM) na capital da província de Sofala, acusadas de consumo e venda de canábis sativa e heroína, maioritariamente provenientes dos países vizinhos Maláui e Tanzânia, e do Brasil, segundo as autoridades.
Nilsa Patrício, 22 anos, é consumidora e contou à Lusa que foi influenciada pelo ex-companheiro, há mais de três anos. Acabou por ser detida este mês por agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) na posse de 21 pratas de heroína prestes a consumir.
“Saí de casa, fui até na baixa na zona de Madeira Zinco, fui comprar 21 pratas de heroína. Eu fumo, sei que lá vendem a toda a hora e comprei esta quantidade para fumar", explicou a jovem, em declarações à Lusa, coberta apenas com uma capulana, sem esconder o receio, mas também o frio, após quase quatro dias detida nas celas da 5.ª esquadra da PRM.
“Não tenho uma boa explicação, porque na verdade eu estou perdida e já está errado (...) Estou arrependida por ter entrado neste mundo de droga”, desabafou.
Igualmente viciada, Mariana, de 26 anos, conta que não tem sido fácil parar de consumir, apesar das tentativas: "Quando deixo sinto-me mal, passo mal com dores, náuseas, frio. Estou a tremer porque desde terça-feira não consumo”, confessou a jovem, igualmente detida.
“Já tentei parar um tempo, mas quando eu perdi a minha filha continuei de novo. Aí na Madeira Zinco é o local onde compro sempre, aí se vende e não tem horas. Os nomes das pessoas que vendem eu não conheço, mas conhecia as pessoas, são muita gente que vende", explicou.
Raimundo Tomas, de 28 anos, consome e vende droga nas ruas de Beira, nas já conhecidas "bolsas de fumo". Começou pela influência dos amigos e não mais parou.
“Eu adquiri no Bairro de Macute, com um jovem. Levo para consumir aqui na minha zona e o resto é que eu vendo para uns amigos. Nem sempre tenho clientes fixos, porque não é minha atividade de sempre. Já faço isso há uns dois anos", comentou, sem receios.
Moçambique tornou-se numa das principais plataformas do tráfico internacional de droga, nomeadamente proveniente do continente americano, o que levou as autoridades nacionais a formar, na cidade da Beira, agentes policiais e alfandegários que trabalham nos terminais rodoviários, ferroviários e aeroportuários.
Os agentes passaram a revisitar conteúdos de matérias ligadas à prevenção e combate a tráfico de droga, para identificação eficaz de quem a transporta. Nos últimos 12 meses foram incineradas em Sofala cerca de uma tonelada e meia de várias drogas apreendidas em diversos locais.
Alfeu Sitoe, porta-voz do Sernic em Sofala, explicou que todas as iniciativas em curso decorrem sob coordenação daquela força policial, mas envolvendo também os setores da Educação, órgãos da Administração da Justiça, Autoridade Tributária, Migração, igrejas e mesmo as famílias de jovens e adolescentes.
De resto, a própria força policial de investigação criminal está consciente das zonas da cidade conhecidas dos traficantes, inclusive com a presença da atividade numa rede considerada empresarial e com revendedores de droga até com contratos.
"Aquele local onde há essas atividades de venda e consumo de droga pertence a uma entidade que tem a responsabilidade de tirar aquela gente que está aí”, admitiu Alfeu Sitoe.
"Acreditamos que estão aí ilegalmente, não fazem parte do vínculo contratual com esta empresa proprietária daquele lugar, então pode usar-se esta empresa ou esta empresa pode tomar a iniciativa e não só esperar que haja um combate como tal”, apelou, sobre um local considerado "chamativo e convidativo" para aquelas atividades, em pleno Bairro do Pioneiro, outro ponto onde se multiplicam as "bocas de fumo" na cidade da Beira.
Alfeu Sitoe avançou que no ano passado, numa operação, foram apreendidos no interior de uma viatura de transporte de passageiros quantidades consideradas industriais de canábis sativa, vulgarmente conhecida por 'canábis swazi gold', tendo sido detido o cobrador e o motorista por conivência com o crime de tráfico de droga.
“Uma empresa de transporte público no seu terminal, fomos lá e já tínhamos informação que aquele autocarro trazia algumas quantidades e conseguimos apreender. E era essa 'canábis suazi gold' e nessa apreensão o cobrador ficou responsabilizado porque ele é que recebeu a encomenda, sabia o que é e sabia a quem havia de entregar”, rematou.
O porta-voz do gabinete de combate à droga na província de Sofala, António Semente, explicou à Lusa que para travar a circulação da canábis sativa, cocaína e heroína, as drogas mais apreendidas pela polícia, decorre na cidade da Beira a formação de agentes que trabalham nas áreas tidas como centro de trânsito e comercialização destes produtos.
“Temos que chamar atenção a nós todos, que somos os pais, que somos encarregado de educação, para podermos ajudar os nossos filhos que consumir a canábis não faz bem ao indivíduo”, concluiu.(Lusa)
O Centro Africano de Estudos Estratégicos (ACSS) afirma que a violência e as mortes em Cabo Delgado estão actualmente no nível mais baixo em quatro anos. Em Moçambique, o ACSS afirma que a insurgência Al Sunnah wa Jama'a (ASWJ), que começou em Outubro de 2017, aumentou gradualmente, mas começou a desacelerar com a chegada da missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e das Forças de Segurança do Ruanda, em Julho de 2021.
A presença continuada das forças levou a quebras ainda mais substanciais e a redução de vítimas mortais ligadas ao grupo. Pela primeira vez, desde o seu surgimento, os eventos violentos relatados relacionados ao ASWJ caíram 27% e as mortes caíram 43%.
“Trezentos e um eventos e 596 mortes relatadas em 2023 são os menores que Moçambique já viu desde 2019. Isso representa um declínio tanto na frequência de incursões quanto na violência contra civis”, refere.
“Particularmente digno de nota”, afirma o ACSS, “é a queda de 20% no número de ataques a civis, para 171 eventos. A violência contra civis sempre foi uma característica distintiva do ASWJ, representando cerca de 71% dos eventos do ASWJ em média. As fatalidades relacionadas caíram 25%, para 261.”
No Norte de África – Argélia, Egipto, Líbia e Tunísia – o ACSS assinala “uma tendência descendente contínua” iniciada em 2015.
A actividade militante islâmica e as mortes relacionadas no norte da África caíram mais de 75% no ano passado. Isso equivale a 51 eventos violentos e 78 mortes. O teatro agora contribui com apenas um por cento da actividade militante islâmica e menos de um por cento das mortes relacionadas.
O ACSS é um fórum para pesquisa, programas académicos e troca de ideias com o objectivo de aumentar a segurança dos cidadãos, fortalecendo a eficácia e a responsabilidade das instituições africanas. É uma instituição académica dentro do Departamento de Defesa dos EUA estabelecida e financiada pelo Congresso para o estudo de questões de segurança relacionadas à África e servindo como um fórum para pesquisa bilateral e multilateral, comunicação, treinamento e troca de ideias envolvendo militares e civis e está sediada em Washington, DC. (Defenceweb)
Dois indivíduos estão detidos numa esquadra da Polícia da República de Moçambique na cidade de Tete, província do mesmo nome, após serem encontrados na posse de um pangolim, prestes a ser vendido por um valor de 30 mil meticais, numa das zonas daquela urbe. O terceiro integrante encontra-se foragido. As autoridades em Tete disseram que os dois indivíduos cometeram o crime de caça furtiva agravado por se tratar de uma espécie proibida por lei.
A porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na província de Tete, Celina Toque, disse na última sexta-feira que a detenção dos dois indivíduos foi possível graças a um trabalho conjunto com a Administração Nacional das Áreas de Conservação. Segundo Celina Toque, se o pangolim fosse vendido, o Estado seria lesado em 209 mil meticais.
Um dos detidos confirma a participação no negócio da venda do pangolim e narrou que o animal foi capturado em Chiúta, tendo chegado à cidade por intermédio de um amigo. (Carta)