A viagem do papa Francisco a Moçambique, de 04 a 06 de setembro, inclui uma missa no maior estádio do país, um encontro inter-religioso e uma visita a um hospital, entre várias iniciativas, segundo o programa hoje divulgado pelo Vaticano.
A chegada do papa está marcada para sexta-feira, dia 04 de setembro, às 16:30 (menos uma hora em Lisboa), com uma cerimónia de receção no aeroporto internacional de Maputo.
No dia seguinte, Francisco fará uma visita de cortesia ao Presidente da República, Filipe Nyusi, no Palácio de Ponta Vermelha, no centro da capital, seguindo-se um encontro com as autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, no mesmo local.
Dali a poucos quilómetros, já na baixa de Maputo, o líder da igreja católica dirige depois um encontro inter-religioso com jovens no pavilhão desportivo de Maxaquene.
Após um almoço na Nunciatura, o papa Francisco encontra-se com bispos e sacerdotes e outros membros da comunidade católica na Catedral da Imaculada Conceição.
Para sexta-feira, dia 06 de setembro, estão agendados eventos na periferia de Maputo: uma vista ao Hospital do Zimpeto e uma missa no Estádio do Zimpeto - o maior e mais moderno estádio do país - seguindo-se uma cerimónia de despedida no aeroporto de Maputo com saída para Madagáscar pelas 12:40.
A vista papal a África vai continuar até dia 10 de setembro passando por Madagáscar e ilhas Maurícias.
No caso de Moçambique, esta será a segunda visita de um papa, 30 anos depois de João Paulo II. (Lusa)
A fundação Suíça, denominada Global Aliance for Improved Nutriction (GAIN), que trabalha em Moçambique, desde 2011, no âmbito do desenvolvimento nutricional, revela que uma em cada três pessoas é mal nutrida, em todo o mundo, sendo que, neste grupo, 821 milhões sofrem de desnutrição crónica.
A informação consta do relatório intitulado “Análise situacional sobre a nutrição no local de trabalho em Moçambique”, divulgado semana passada, pela organização em parceria com a Confederação das Associações Económicas (CTA), no qual sublinha ainda que a desnutrição é responsável pela morte de 3,1 milhões de crianças menores de cinco anos, para além de deixar cerca de 165 milhões de crianças desnutridas.
Para GAIN, a desnutrição, em Moçambique, é uma questão que afecta todos os grupos etários espalhados por todo o país, causando problemas tanto para o bem-estar dos indivíduos, como manifestados, através de impactos sociais mais amplos.
De acordo com o documento, estima-se que, no país, cerca de 16 milhões de Mts do Produto Interno Bruto (PIB) tenham sido perdidos, devido à desnutrição e perda na produtividade. Acrescenta ainda que, anualmente, o governo gasta cerca de 62 milhões de Mts no combate contra este mal.
O estudo afirma, ainda, que Moçambique é um país com uma população com rápido crescimento, entretanto, esse crescimento é dificultado pela desnutrição e subnutrição.
O relatório indica, igualmente, que 54 por cento de todas as mulheres em idade reprodutiva têm anemia, 8 por cento das mães ainda estão abaixo do peso, 5 por cento dos adultos são obesos e 23 por cento dos adultos estão acima do peso a nível nacional.
As previsões da GAIN apontam que o nosso país continua a ser um dos países mais vulneráveis do mundo. A desnutrição de micronutrientes é um grande impedimento para o desenvolvimento sócio-económico e contribui para um ciclo vicioso de subdesenvolvimento, em detrimento de grupos já desprivilegiados. (Marta Afonso)
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), na função pública, na província de Cabo Delgado, está ainda muito longe de ser uma realidade, devido à resistência dos gestores em aceitar as novas dinâmicas do desenvolvimento e globalização.
Este ano, por exemplo, o Dia da Função Pública foi celebrado sob lema “A Conexão do Empoderamento da Juventude e Migração: Estabelecendo a Cultura de Boa Governação, Tecnologias de Informação, Comunicação e Inovação na Provisão de Serviços”, que veio chamar atenção às entidades governamentais sobre a necessidade de se apostar nas TIC para responder aos desafios de acesso à informação, transparência e boa governação.
Entretanto, o que existe são apenas discursos, o que demonstra, claramente, haver medo e recusa dos dirigentes desta província em aceitar os esforços do governo central, em tornar acessíveis as informações ao público, através das TIC.
Foi por isso que, durante a celebração do Dia da Função Pública, a 23 de Junho, os funcionários e agentes do Estado imploraram ao governo de Júlio Parruque para promover formações sobre o uso das TIC, de modo a concretizarem os desafios de acesso à informação e da boa governação.
Da análise feita pela “Carta”, concluiu-se que o uso das TIC, para a disseminação de informações de interesse público, ainda é uma miragem na província de Cabo Delgado.
A nossa reportagem visitou a página oficial do Governo da Província de Cabo Delgado, na internet, tendo constatado que a mesma se encontrava desactualizada. Mesma situação acontece com a conta oficial daquele governo, na rede social Facebook, que não partilha novas informações, desde 23 de Março findo.
A nível dos governos distritais, quase não há nada. Para além de falta de actualização das páginas webs, muitos governos distritais não possuem contas e/ou páginas no Facebook, uma plataforma a que tem recorrido o Chefe do Estado, para a sua propaganda. Dos 17 governos distritais (Meluco, Mueda, Muidumbe, Nangade e Pemba), apenas cinco possuem contas na maior rede social do mundo.
Entretanto, dos cinco distritos, apenas dois ousaram publicar algo, por exemplo, neste mês de Junho. São eles os governos distritais de Mueda e Meluco.
Com esta realidade, podemos concluir que o Centro Provincial dos Recursos Digitais de Cabo Delgado encontra-se desligado da sua missão, que é de apoiar os Centros de Multimédias Comunitários e os Governos Distritais a informar o cidadão, através das TIC, sobre as grandes decisões tomadas em relação à situação política, económica e social da província. (Carta)
Cerca de seis milhões de moçambicanos, com maior enfoque para crianças em idade escolar, correm o risco de perder a visão, devido ao Tracoma Fulcral. O continente africano é o mais afectado, com 18 milhões de pessoas, sobretudo as mais pobres.
Estes dados foram partilhados pelo Ministério da Saúde (MISAU), esta quarta-feira (26 Junho), em Maputo, durante a Reunião Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Eliminação do Tracoma no mundo, uma doença causada por uma bactéria e que afecta a vista.
Durante o evento, o vice-Ministro da Saúde, Leopoldo da Costa, disse que a doença constitui um problema de saúde pública, afectando 66 distritos, destacando-se os das zonas centro e norte, com maior prevalência, que vai de cinco a 29 por cento.
O Tracoma Fulcral é uma doença causada por uma bactéria e que afecta a visão e está relacionada com a deficiência de funcionamento do saneamento do meio, disponibilidade de água, défice de latrinas, entre outros factores.
Segundo a especialista em doenças tropicais do MISAU, Marília Massangai, nos 66 distritos afectados pelo Tracoma, a OMS está a orientar uma estratégia, em que os casos são tratados nas unidades sanitárias, porém, nos pontos mais endémicos. Sublinha que o tratamento está a ser feito em campanhas de tratamento massivas e que, até finais do ano passado, o sector da saúde havia realizado 68 por cento da cobertura.
“Os pacientes que se encontram numa fase mais avançada da doença, que é da cegueira, beneficiam-se de cirurgias, mas também, em colaboração com outros sectores, procuramos garantir que tenham um bom saneamento do meio, que haja disponibilidade de água em boas condições, construção de latrinas, para que se reduza o peso desta doença nestes locais”, sublinha a fonte.
Já a representante da OMS, em Moçambique, Djamila Cabral, pediu a intervenção de todos, sobretudo da sociedade civil, para a erradicação da doença até 2020.
“Precisamos de novos doadores e de novas pesquisas operacionais para aperfeiçoar a maneira como implementamos a Estratégia SAFE (S-cirurgia, A-antibióticos, F-limpeza facial, E-melhoria ambiental), para acelerar o fortalecimento do sistema de saúde e integrar as medidas-chave nos cuidados de saúde primários”, explicou Cabral. (Marta Afonso)
A Global Alliane for Improved Nutrition (GAIN), através do seu estudo sobre nutrição, no local de trabalho, diz que o estado nutricional dos trabalhadores moçambicanos está muito longe do desejado, devido à incapacidade financeira das empresas.
A tese foi apresentada, esta quarta-feira (26 de Junho), pela Gestora do Projecto Nutrição no Local de Trabalho, naquela organização não-governamental, Diva Dessai, falando à imprensa, no âmbito do lançamento do Relatório sobre nutrição no local de trabalho.
O estudo, que avalia o estado nutricional dos trabalhadores moçambicanos, foi realizado pela GAIN, em parceria com a auditora KPMG, com o objectivo de aumentar o nível de conhecimento e consciencializar o empresariado nacional sobre como prover uma alimentação nutritiva dos trabalhadores para a melhoria não só da saúde, como também para o aumento da produtividade da empresa.
Segundo o Presidente do pelouro da Política Laboral e Acção Social da CTA, António Sousa, a nutrição no local de trabalho é vista como uma acção extremamente importante, pois, vai para além de um simples exercício de providenciar refeições aos trabalhadores, mas de prover uma alimentação nutritiva, de modo a melhorarem as suas condições de saúde, proporcionando, assim, uma melhor produtividade e maior retorno das actividades das empresas.
“Quando nós providenciamos alimentos para os trabalhadores, no local de trabalho, estamos a intervir responsavelmente na sociedade. Entretanto, com a divulgação deste estudo, a CTA tem o propósito de advogar junto do governo, fazendo com que, através das plataformas existentes, fiscais e entre outras, possa criar incentivos para garantir que mais empresários possam abraçar a causa, dando uma alimentação nutritiva aos seus trabalhadores”, disse Sousa.
O estudo foi dividido em três partes: a primeira traz uma análise legal, fazendo uma abordagem do quadro jurídico, no sentido de avaliar que leis e normas existem que regulam a alimentação ou a nutrição do trabalhador.
A segunda parte é um roteiro de advocacia da causa da nutrição no local de trabalho, em que em Moçambique recomenda o grupo de parceiro estratégico para a advocacia.
A terceira parte é uma análise de negócio que é uma pesquisa e avaliação às empresas e trabalhadores sobre a sua capacidade actual, quais são as suas necessidades, para em função disto se definir as intervenções que devem ser feitas, no país, que sejam à medida da real capacidade, não só do país como também das empresas nacionais.
Realizado durante os 12 meses do ano passado, o estudo usou uma amostra de 20 empresas nacionais, grandes, médias e pequenas, que fornecem e que não fornecem alimentação, sendo que as que fornecem estiveram em pequeno número, com destaque para as multinacionais.
O estudo recomenda que os programas de nutrição no trabalho podem gerar retornos de aproximadamente três USD para cada um USD e podem também resultar em menos dias de doença e acidentes dos trabalhadores. (Marta Afonso)
O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosario, disse a jornalistas em Nova Iorque que o governo está a elaborar uma matriz de projectos, por áreas e sectores, a ser realizada na reconstrução da cidade central. da Beira, que foi devastada pelo ciclone Idai em Março. Os primeiros desembolsos, das promessas de 1,2 mil milhões de dólares feitas na conferência de doadores realizada na cidade da Beira em 31 de Maio e 1 de Junho, são esperados em Julho e Agosto, daí a necessidade de assegurar uma matriz de projectos.
Rosario falava numa conferência de imprensa, marcando o fim de uma visita de trabalho a Nova York, onde participou da Quarta Sessão Temática Especial das Nações Unidas sobre Água e Desastres.
“Cabe a nós projetar a matriz do que fazer e como e quando fazê-lo durante a fase de reconstrução”, disse ele. “Sabemos que os aspectos técnicos e administrativos estão em andamento, o que garantirá que os primeiros desembolsos começarão a fluir em Julho e Agosto”. Na matriz de projetos, dois se destacam. Uma é a infra-estrutura fundamental, como estradas e pontes, ferrovias e linhas de transmissão de eletricidade. O outro é o alojamento. Em ambas as áreas, reparos de emergência foram realizados imediatamente após o ciclone, mas ainda há muito a ser feito.
“Queremos dividir o pacote que emergiu da conferência da Beira em vários projetos bem estruturados e direcionados que podemos vender aos nossos parceiros”, disse Rosario. “Há quem queira apoiar o setor de saúde, outros interessados no abastecimento de água, outros na habitação - daí a preparação de pacotes para instituições internacionais e até para personalidades”. As representações diplomáticas moçambicanas vão também desempenhar um papel importante, acrescentou, porque devem acompanhar os contactos feitos com parceiros individuais e institucionais que expressaram o desejo de trabalhar com Moçambique. (AIM)