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sexta-feira, 26 agosto 2022 07:31

Moçambique entre os 10 países com Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo do mundo nos últimos 15 anos

O Relatório da Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que Moçambique está entre os piores no ranking mundial, na análise efectuada entre 1992 e 2019. Dos 189 países analisados, Moçambique está entre os 10 países com o IDH mais baixo. Entre 2014 e 2019, teve uma melhoria de duas posições, encontrando-se na posição 181ª desde 2018.

 

Lançado nesta terça-feira, pelo Observatório do Meio Rural, o IDH analisou indicadores como saúde, educação e rendimento. Entretanto, o Relatório indica que, entre 1992, ano em que Moçambique assinou o Acordo Geral de Paz, e 2019, a tendência do IDH é crescente, mas sem grande impacto.

 

“Em 2019, Moçambique estava com (0,456) e é bem superior ao de 1992 (0.226). Em termos relativos, pode-se observar que o IDH de 2019 apresenta um valor um pouco mais que o dobro de 1992. Ainda assim, Moçambique pertence ao grupo de países com IDH baixo”, refere o documento.

 

“Ainda que se verifique crescimento do IDH em todas as províncias e zonas e, consequentemente, a nível nacional, a posição de crescimento médio anual do IDH é cada vez menor. O crescimento médio anual do IDH, verificado na primeira década (entre 1990 e 2000) foi de 3,07% por ano, na década seguinte (entre 2000 e 2010) 2,71% e, na última década (entre 2010 e 2019), foi de 1,44% por ano”, acrescenta o relatório.

 

O documento diz ainda que, entre 1992 e 2019, a tendência do IDH por província e zona é crescente. Verifica-se que as províncias de Sofala, Manica, Inhambane, Maputo e Maputo cidade apresentam os maiores coeficientes do IDH.

 

Entretanto, os dados do Global Data Lab (GDL) revelam que, em média, as províncias da zona Sul apresentam o maior IDH, seguindo-se as províncias da zona Centro e todas as províncias tiveram uma taxa de crescimento positiva no IDH no intervalo de 1992 a 2019. Porém, as províncias de Sofala, Manica e Nampula apresentaram uma taxa de crescimento superior à taxa de crescimento nacional. Em média, as províncias da zona Centro são as que mais cresceram, seguindo-se as províncias na zona Norte.

 

De acordo com o Relatório, foram os índices de educação e saúde os que mais fizeram subir o IDH, sendo o contributo do rendimento baixo.

 

Os dados do Relatório referem ainda que Moçambique não possui ritmo de melhoria suficiente para sair dos últimos lugares do ranking internacional.

A superação dessas deficiências (handicaps) implica reformas profundas no modelo de desenvolvimento e seus padrões de acumulação, medidas de estabilização macro-económica e coerentes entre si, a priorização dos sectores de produção para o mercado interno, com dinamização das relações inter-sectoriais e criadoras de emprego, políticas sociais que contribuam para mais equidade social e espacial e instituições públicas, privadas e da sociedade civil eficazes.

 

Em concreto, o documento diz que a agricultura e, sobretudo, a longo prazo, a sua transformação estrutural, bem como do conjunto da economia, são necessárias para um crescimento com equidade e edificação de uma economia menos dependente. (Marta Afonso)

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